sexta-feira, maio 07, 2021

Cidades do Futebol (3)... Turim: o berço do futebol italiano onde nasceu um gigante (Juventus) e um infeliz desta vida (Torino)

Foi em Turim que o futebol em Itália nasceu
Itália é muito provavelmente o país do Mundo onde o futebol exerce uma pressão quase asfixiante sobre os seus protagonistas, o mesmo é dizer sobre jogadores e treinadores. E não são apenas os adeptos a cobrar de forma voraz os artistas da bola quando as coisas correm menos bem, já que também a imprensa desportiva detém um papel extraordinariamente feroz na hora de analisar as exibições e comportamentos de futebolistas e treinadores. Um pouco por todo o país da bota é assim há muitas décadas a esta parte.

A popularidade do futebol em Itália excede aquilo o que se vê e sente noutros países do globo, de tal maneira é a paixão fervorosa com que o Belo Jogo é encarado. E esta paixão registou-se muito antes de o futebol moderno - nascido em Inglaterra - ter visto a luz do dia, pois contrariamente ao que acontece com a maioria dos países da Europa em terras transalpinas já existia um jogo semelhante ao futebol criado por volta do século XVI, o Calcio Florentino. Era uma mistura de futebol e rugby, a partir do qual dizem muitos historiadores que viria a desenvolver-se o futebol moderno.

Efetivamente, este último só floresce em Itália no século XIX por influência britânica, tal como na maior parte do planeta, tendo como berço a região norte do país, mais concretamente na cidade de Turim, embora em Génova e Milão muitos ingleses na última década do atrás citado século dão início ao pontapé na bola em termos mais oficiais com a criação de clubes. Mas é em Turim que o futebol nasce em Itália.

Turim era então, e continua a sê-lo nos dias de hoje, uma cidade industrial, onde predomina(va) a classe trabalhadora, com uma vontade férrea de vencer sob todos os aspetos. Em contraposto está Milão, cidade ligada à moda, que sempre levou um estilo de vida com mais glamour e mais etiqueta.

Edoardo Bosio, o pai do futebol italiano

Edoardo Bosio
Mas voltemos a Turim, onde tudo começou nos anos 80 do século XIX pela mão de Edoardo Bosio, considerado por muitos como o pai do futebol moderno em Itália. Nascido a 9 de novembro de 1864 precisamente em Turim, Edoardo tinha origem helvética, já que o seu pai era suíço de nascimento. Giacomo Bosio, o progenitor de Edoardo, foi aliás fundador da primeira cervejaria em Turim, em 1845, ficando assim claro que a veia do pioneirismo estava patente no ADN da família Bosio. Edoardo começou a trabalhar na casa dos vinte anos para uma empresa têxtil sediada em Nottingham e seria na sequência da sua permanência em Inglaterra que o jovem ítalo-suíço travou conhecimento com o football que se praticava em Terras de Sua Majestade. De volta à Itália, com uma bola debaixo do braço, ele decide fundar em 1887 um clube de futebol, nascendo assim o Torino Football and Cricket Club, o primeiro emblema do futebol moderno no país da bota.

Equipado de camisa listrada vermelha e preta, este clube além de futebol permitia aos seus integrantes praticarem críquete e o remo, outra grande paixão desportiva de Bosio. Porém, é o futebol que rapidamente começa a contagiar os habitantes de Turim, e dois anos depois, em 1889, nascia o Nobili Torino, sendo que a partir daqui a atividade futebolística da cidade orbitava em torno destes dois clubes, os dois mais antigos da Itália, disputando acérrimos encontros entre eles, pelo que podemos afirmar que o Nobili Torino - Torino FCC é o clássico, ou dérbi, mais antigo da Itália.

A camisola do
Torino FCC
Voltando ao Nobili Torino, dizer que assim se chamava porque de facto os seus jogadores eram realmente nobres e aristocráticos, sendo que à frente do clube estava um almirante, de sua graça Luigi Amedeo  di Saboia, também conhecido como Duca (duque) degli Abruzzi. Dois anos e vários duelos depois as equipas de Bosio e dos nobres fundem-se para dar vida ao Internazionale di Torino que participou nos primeiros campeonatos de futebol e cuja existência foi caracterizada pelo início da rivalidade com o Genoa, dando-se assim início às rivalidades inter-cidades, tendo em conta que é na última década do século XIX que o futebol se começa a expandir por outras regiões do norte, nomeadamente Génova e Milão.

No entanto, era em Turim que o futebol continuava a crescer a olhos vistos e em 1894 nasce o FC Torinese, ao passo que a Royal Gymnastics Society of Turin (já ativa desde 1844) cria em 1897 a secção dedicada ao jogo de futebol. No mesmo ano, um grupo de jovens alunos do colégio clássico Massimo d'Azeglio fundou o Sport-Club Juventus, escolhendo como manto sagrado um elegante uniforme rosa com gravata ou taramelo. Mal sabiam que estavam a dar o primeiro passo de um clube que com o passar das décadas se haveria não só de tornar no emblema mais popular e laureado de Itália como um dos maiores de todo o Mundo, a Vecchia Signora (a Velha Senhora), a toda poderosa Juventus.

Início da competição futebolística em Itália acontece em Turim

O Torinese em 1894
É igualmente em Turim que em 1898 acontece um facto histórico no futebol transalpino, já que este é o ano em que se realiza o primeiro campeonato italiano, organizado sob a batuta da Federação Italiana de Futebol, nascida precisamente em 1898, em Turim, sendo que um dos seus fundadores foi precisamente Edoardo Bosio. E para o primeiro grande torneio nacional quatro equipas mediram forças entre si no sentido de apurar o primeiro campeão de Itália, nomeadamente o Internazionale di Torino, o FC Torinese, o Royal Gymnastics Society of Turin e o Genoa Cricket and Football Club. Foi um torneio eliminatório envolvendo estes quatro clubes, sendo que todos os três jogos foram disputados no Velódromo Umberto I, em Turim, a 8 de maio ao longo de um só dia. O vencedor e consequentemente o primeiro campeão italiano foi o Genoa, que na final bateu o Internazionale di Torino por 2-1 após prolongamento.

Fase de um no Velódromo Umberto I
O Velódromo Umberto I tornou-se assim na primeira grande catedral do calcio italiano, um recinto com capacidade para 15.000 espectadores que havia sido construído em 1895 e destinado ao ciclismo, mas que a partir de 1898 começa a acolher jogos de futebol. Estava localizado no bairro La Crocetta de Torino, dentro do parque Corso Re Umberto, próximo ao hospital Mauriziano. Entre 1904 e 1906 torna-se no campo de ação da Juventus, tendo sido ali que em 1905 a Juve venceu o seu primeiro scudetto (campeonato de Itália). Edoardo Bosio não foi apenas o introdutor do futebol em Itália, ele também foi um dos primeiros intervenientes no retângulo de jogo, tendo participado nas três primeiras edições do campeonato italiano: em 1898 e 1899 pelo Internazionale di Torino e em 1900 pelo FC Torinese. É ele quem marca o  primeiro golo da história do campeonato italiano de futebol, um golo que permitiu ao Internazionale Torino vencer o FC Torinese por 2-1. Precisamente em 1900 o Internazionale di Torino  é absorvido pelo FC Torinese, que, por sua vez em 1906 acolheu um grupo de dissidentes que tinham deixado a Juventus para dar vida a Torino Football Club.

Equipa da Juventus que em 1905 venceu o seu primeiro scudetto

Estávamos a 3 de dezembro quando na Cervejaria Voigt, na via Pietro Micca, se estabeleceu uma aliança entre os membros do FC Torinese e alguns dissidentes da Juventus, que assim deram vida ao Torino FC. Dez dias depois, o novo clube disputa o seu primeiro jogo contra o Pro Vercelli, e o Toro vence por 3-1.

Juve mais vitoriosa mas o coração dos nativos de Turim é do Toro

Um dos primeiros dérbis de Turim
Com o passar dos anos a Juventus tornou-se no mais popular e laureado clube de Itália, como já referimos, o clube com mais seguidores em toda o país, sendo que um estudo elaborado em 2007 pelo Instituto Demos-Eurisko dava conta de que a Vecchia Signora tinha em solo italiano 16,3 milhões de adeptos, querendo isto dizer que em cada três adeptos um era da Juve. Este clube construiu um palmarés impressionante até aos dias de hoje, sendo que em todas as décadas desde os anos 20 do século passado sagrou-se campeã nacional, a título de exemplo. Apesar desta popularidade nacional e internacional, não é a Juventus a deter os corações dos verdadeiros nativos de Turim, mas antes o Torino. Tal facto não tem a ver com o número de títulos conquistados, até porque os cetros da Juve são muitos mais do que os do Toro, mas antes pelo envolvimento destes últimos com a cidade, o que lhes valeu a preferência dos adeptos locais. E este aspeto tem uma razão de ser, a qual acontece em 1905, ano em que a Juventus celebra o seu primeiro título de campeão nacional, tendo os seus dirigentes pensado na ideia de levar o clube para fora de Turim, algo que acabou por criar um mau estar não só na cidade como no seio do próprio clube, tendo alguns dos seus integrantes decidido desertar e fundar um novo clube, e assim um ano mais tarde surgia o Torino FC. Os adeptos da cidade passaram então a encarar o Toro como um clube mais envolvido com Turim, ao passo que a Juve passou a granjear o ódio em todas as esquinas da cidade mesmo com todo o sucesso que ia conquistado pelo país fora.   

Porém, o Torino também provou do sabor da glória em algumas ocasiões. o primeiro marco histórico chegou em 1927 quando venceu o primeiro scudetto, um feito repetido um ano depois.

O nascimento do Grande Torino dos anos 40

A equipa do Grande Torino

No entanto, a era dourada do Toro acontece nos anos 40, altura em que é tida não só como a melhor equipa de Itália como de toda a Europa. É a era do Grande Torino, da equipa que venceu quatro campeonatos consecutivos entre 1946 e 1949, além de praticar um futebol vistoso que lhe valeu o título de melhor equipa do Mundo por parte de adeptos, meios de comunicação social e até mesmo dos rivais.

Sob a batuta do lendário treinador Vittorio Pozzo, Il Grande Torino era liderado dentro do campo pelo carismático avançado Valentino Mazzola. Inúmeras façanhas ficam na memória de todos aqueles que viram as obras de arte do Toro na mítica década de 40, a título de exemplo os 125 golos apontados em 47/48, ou a vitória da Itália sobre a então superpotência Hungria em que a Squadra Azzurra era composta por 10 jogadores do Torino. Mas a história deste clube tem tanto de glorioso e mágico como de trágico como mais à frente iremos ver nesta visita a Turim.

Combi
No início do século XX, mais concretamente em 1902, nasce em Turim aquela que pode ser considerada como a primeira lenda, o primeiro grande futebolista a nível nacional e internacional nascido na cidade: Giampiero Combi, o primeiro grande astro das balizas do futebol italiano. Nascido a 20 de Novembro de 1902, Combi desenvolveu toda a sua carreira ao serviço da Juventus, clube por onde percorreu todos os escalões de formação até chegar à formação sénior em 1922. Aí chegado nunca mais largou a baliza da “Velha Senhora” até à data da sua retirada, tendo-se tornado num dos futebolistas de referência do gigante emblema italiano. Durante as 12 temporadas em que defendeu com brilho as cores da Juve venceu cinco scudettos, sendo que o primeiro deles surgiu na época de 1925/26. Os restantes quatro títulos nacionais seriam alcançados na sequência de um poker efetuado pela Juve entre 1930 e 1934.

Apesar de não ser um guarda-redes muito alto – media 1,71m – Combi primava por uma robustez física impressionante que aliada à sua garra e determinação em jogar futebol, por vezes nas condições mais adversas, fizeram dele um dos atletas mais venerados pelos tiffosi (adeptos) daquela altura. Recorde-se neste aspecto uma partida contra o Modena onde actuou com três costelas partidas e um outro encontro ante a Cremonese onde jogou com várias vértebras danificadas.

Possuindo na época um dos conjuntos mais fortes do calcio não era de estranhar que a Juventus fosse um dos principais fornecedores de jogadores às seleções italianas dos anos 30. Uma década de extrema glória para os azzurri que como se sabe arrecadariam dois títulos mundiais (1934 e 1938). E no primeiro deles Combi assumiu-se como um dos atores principais da épica conquista italiana. A jogar em casa a squadra azzurra do lendário treinador Pozzo foi capitaneada e comandada desde a baliza, o mesmo é dizer por Giampiero Combi que nos céus de Roma teve a honra de erguer a primeira Taça do Mundo arrecadada pela Itália. Pela azzurra actuou por 47 ocasiões, tendo-se estreado em 1924 num jogo ante a Hungria, em Budapeste. Para além do título Mundial conquistaria ainda pela equipa nacional a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 1928 (Amesterdão).

Abandonou a carreira de futebolista aos 32 anos com um total de 367 jogos no currículo disputados com as cores da sua Juventus. Penduradas as chuteiras Combi continuou ao serviço da Juve por vários anos quer como olheiro quer como colaborador técnico. Morreu em 1956 devido a um enfarte, numa altura em que colaborava com o recém eleito presidente da Juve Umberto Agneli que procurava recolocar a “Velha Senhora” no caminho do sucesso depois de uma fase menos boa do nobre emblema transalpino.

Juve e Toro estabeleceram-se no sul da cidade, com os estádios separados por uma rua. E por falar em estádios não podemos deixar de falar de dois palcos que tiveram uma enorme importância no futebol não só de Turim como da própria Itália.

Communale e Filadelfia, duas catedrais míticas da cidade

Uma imagem atual do Stadio Olimpico
O primeiro viu a luz do dia em 1933, tendo sido construído para o Mundial de1934, e hoje em dia dá pelo nome de Estádio Olímpico, outrora também conhecido como Estádio Communale (municipal). Nesse Mundial de 34 era designado como Benito Mussolini, e tinha capacidade para 65.000 pessoas, tendo acolhido dois jogos do certame, o Áustria - França e o Checoslováquia - Suíça. após a II Guerra Mundial mudou de designação, passando a chamar-se apenas Stadio Communale di Torino, tendo sido na maioria das vezes a casa da Juve.

Este recinto foi palco não só de dezenas de conquistas nacionais como também das primeiras vitórias da Vecchia Signora a nível internacional, e neste aspeto podemos lembrar a primeira conquista europeia, acontecida em 1977, mais concretamente a Taça UEFA, sendo que na primeira mão, ocorrida em Turim, a Juve bateu por 1-0 ao Athletic de Bilbao, tendo perdido a segunda mão em San Mamés por 1-2, mas beneficiando do golo obtido fora de portas para levantar o primeiro caneco internacional. O Communale de Turim foi ainda palco de três encontros do Europeu de 1980, organizado pela Itália, tendo ficado lembrado pelos tristes episódios de holliganismo proporcionado pelos adeptos ingleses cujo quartel general foi instalado precisamente em Turim, onde a seleção dos Três Leões efetuou dois encontros. Com a construção do Estádio Delle Alpi e mais recentemente com a edificação do moderno Juventus Stadium o Communalle perdeu algum brilho, pese embora tenha sido recentemente modernizado para servir de casa ao Torino.

Estádio Filadelfia
Porém, a casa mais emblemática do Toro foi o Estádio Filadélfia, precisamente onde a equipa do Grande Torino encantou as multidões que ali se deslocavam na década de 40. A construção do "Fila", como era conhecido pelos adeptos do Toro, ​​remonta a 1926, a mando do Conde Enrico Marone de Cinzano, presidente do Torino. A obra é de Miro Gamba. 

É um recinto com uma arquitetura muito simples nos sistemas e estruturas, com o aparato decorativo reduzido ao mínimo e limitado ao mastro da bandeira na entrada. A inauguração ocorreu no dia 17 de outubro do mesmo ano, na presença do Príncipe Umberto, da Princesa Maria Adelaide e mais de 15.000 espectadores.

O Filadelfia está intimamente ligada à epopeia do Grande Torino, sendo que para qualquer adversário deste clube sair na década de 40 do Filadélfia invicto era considerado um verdadeiro feito. Ao longo de mais de seis anos o Toro nunca perdeu neste campo.

O desastre aéreo de Superga que acabou com Il Grande Torino

Destroços do avião que transportava 
a equipa do Toro
Esta verdadeira catedral da bola como que morreu com o trágico desaparecimento do Grande Torino no final da década de 40.

A 4 de maio de 1949 o avião Fiat G212 partiu de Lisboa levando a bordo toda a equipa desse mítico Toro. Esta tinha disputado na capital portuguesa um encontro amigável com o Benfica, em homenagem a Francisco Ferreira. O avião transportava 31 passageiros, dos quais 18 eram jogadores do Torino, havendo mais seis homens ligados ao clube e ainda três jornalistas que acompanharam a equipa a Lisboa.

Debaixo e chuva torrencial e nevoeiro cerrado o avião foi visto a sair de um banco de nuvens e a embater na Basílica de Superga, nas montanhas a leste de Turim. Não houve sobreviventes. Esta tragédia feriu o coração não só dos adeptos do Toro mas todos os que gostavam de futebol, foi na verdade um choque para toda a Itália, e a prova disso é que dois dias após o acidente realizou-se o funeral dos jogadores, no Palazzo Madama, tendo a ele assistido meio milhão de pessoas. Esta tragédia pôs fim à melhor equipa de sempre do Toro, e uma das mais brilhantes que o Belo Jogo já teve em termos planetários, tendo o clube passado as duas décadas seguintes afundado no meio da tabela classificativa. Só na década de 70, em 1976 mais concretamente, o Toro volta a dar sinais da sua vitalidade desportiva, quando se sagrou pela última vez, até à data, campeão de Itália. Aliás, a história do Torino está escrita com sangue, não só o que foi derramado em Superga mas igualmente na década de 60, quando um dos maiores símbolos do clube dentro das quatro linhas morreu ainda jovem vítima de um atropelamento rodoviário. O seu nome era Gigi Meroni, considerado então um dos maiores talentos do país.

Juve campeã da Europa em 85
Com o fim do Grande Torino a Juventus ocupou o lugar do seu rival da cidade, muito por culpa da família Agneli, donos do império FIAT. Esta família fez da Juve um colosso à escala planetária, sobretudo a partir das décadas de 70 e 80 do século passado, com contrataçãod e alguns dos melhores futebolistas do Mundo, como Sivori, Boniek, Platini, Altafini, Scirea, ou Paolo Rossi. Na década de 80 a Juve tornou-se, a título de exemplo, na primeira equipa europeia a vencer as três competições da UEFA, isto é, a Taça dos Clubes Campeões Europeus (em 1985), a Taça das Taças (em 1984) e a Taça UEFA (que havia vencido pela primeira vez em 1977). Nos anos 90 a Juventus enriqueceu as suas vitrinas com mais uma Taça dos Campeões Europeus (em 1996), e duas Taças UEFA (em 90 e 93), graças à ajuda de lendas como Roberto Baggio, Zidane, Didier Deschamps, Paulo Sousa, Del Piero, entre outros astros que vestiram a mítica camisola bianconera (preto e branca).

Enquanto a Juventus era cada vez mais um colosso à escala mundial o Torino deambulava ora pela Série B (2.ª divisão) ora pelo meio da tabela da Série A (1.ª divisão), sendo que a última grande campanha do clube foi na temporada de 1991/92 quando chegou à final da Taça UEFA perdida às mãos do Ajax. Os reveses económicos relegaram o Toro para uma equipa ió-ió, isto é, sobe e desce entre as Séries A e B.

Stadio Delle Alpi, hoje demolido
Por esta altura ambos os clubes partilhavam a mesma casa, isto é, o Estádio Delle Alpi, construído em 1990 juntos das montanhas dos Alpes para acolher jogos do Mundial de 1990, realizado em Itália. Com capacidade para 71.000 espectadores o recinto recebeu cinco partidas desse Mundial, inclusive a célebre meia-final entre Alemanha e Inglaterra. Considerado um dos recintos mais frios do Velho Continente não só pelas baixas temperaturas que se fazem sentir naquela zona mas também porque as suas bancadas registaram quase sempre baixas assistências, mesmo nos jogos grandes da Juve, pelo que foi demolido em 2009. A Juventus comprou por 25 milhões de euros o estádio ao Município de Turim, para no lugar dele erguer em 2011 o ultramoderno Juventus Stadium, onde atualmente disputa os seus jogos. recinto este que acolheu já uma final europeia, em 2014, quando o Benfica foi ali derrotado nas grandes penalidades pelo Sevilha na Liga Europa.

Dérbi Della Mole
Juve e Toro seguiram caminhos distintos ao longo dos anos, no entanto, sempre que se encontram no chamado dérbi Della Mole a rivalidade entra em campo e atinge proporções enormes, ou não fosse este o dérbi mais antigo de Itália e considerado o de maior risco.  

Um comentário:

Anônimo disse...

O Genoa e o Milano têm a mesma origem. O "Toro" sempre foi o clube da cidade.

João Moreira