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sexta-feira, dezembro 23, 2016

Histórias do Planeta da Bola (18)... Terá sido o Palmeiras o primeiro campeão mundial de clubes?


Palmeiras ergue a Copa Rio de 1951
A recente polémica instalada em torno do número de títulos de campeão nacional alcançados pelo Sporting (18 ou 22) abre-nos hoje a porta para outro facto histórico que durante anos levantou - e continua a levantar - algumas dúvidas sobre a sua autenticidade e, por consequência, importância. Referimo-nos ao título conquistado pelo Palmeiras na Copa Rio Internacional de 1951, que é olhado hoje, com 65 anos de distância, como a primeira ocasião em que foi atribuído a um clube o estatuto de campeão mundial. É no entanto um facto encarado por muitos historiadores desportivos e/ou simples curiosos do fenómeno futebolístico com profunda insignificância, desprovido de veracidade, e como tal sem qualquer tipo de fundamento para sequer constar no Grande Atlas do Futebol planetário. Pelo contrário, outros sustentam que este longínquo torneio realizado em solo brasileiro foi o molde, a inspiração, do atual Campeonato do Mundo de Clubes organizado sob a batuta da FIFA, e que os contornos intencionais desse torneio oficializam o Palmeiras como o primeiro campeão mundial de clubes da história. Não existe, portanto, consenso para este facto histórico que hoje vamos recordar, e que só pela polémica instalada em seu redor merece, sem dúvida, ser retratado com algum detalhe nas vitrinas do Museu Virtual do Futebol.

A Copa Rio
Após uma derrota dolorosa é costume os jogadores, treinadores, dirigentes ou adeptos de uma equipa desejarem que o próximo jogo se realize o mais rápido possível no sentido de esquecer um capítulo sombrio ocorrido no presente. Terá sido este o pensamento dos dirigentes da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) quando em 1951 idealizaram aquele que inicialmente foi batizado de Torneio Mundial dos Campeões. 
Por estes dias o Brasil ainda lutava para esquecer o pesadelo vivido um ano antes, quando o Uruguai roubou, em pleno Estádio do Maracanã, o título mundial aos anfitriões do maior evento chancelado pela FIFA. 
No sentido de limpar as lágrimas do provo brasileiro, a CBD projetou um outro torneio de dimensão planetária capaz de apagar as tristes memórias do Maracanazo de 1950. Um evento que agregasse a si alguns dos maiores clubes do Mundo de então, assim terão idealizado os dirigentes federativos. A ideia agradou de pronto aos membros da FIFA, tendo Ottorino Barassi, o braço direito do então presidente do organismo que tutela o futebol a nível global, Jules Rimet, dado o seu apoio para que o projeto fosse avante. 

O time do Vasco da Gama que na sua cidade falhou o assalto à conquista da Copa Rio
Há, no entanto, uma nota importante a reter nesta história: a FIFA apoiou e autorização a realização do torneio mas não chamou a si a organização do mesmo, atribuindo essa responsabilidade à CBD. Por outras palavras, na época a FIFA não oficializou como seu este Torneio Mundial dos Campeões, facto que só por si gerou ao longo das décadas seguintes muitos pontos de interrogação sobre a veracidade da designação do Palmeiras como o primeiro campeão mundial de clubes da História. Mas voltando aos contornos desta nossa viagem ao passado, com o aval da FIFA dado, a CBD tratou de convidar alguns dos gigantes do futebol internacional de então, na sua esmagadora maioria campeões dos seus respetivos países. Uma das exceções foi o Real Madrid, que mesmo não sendo o detentor do título espanhol de 50/51 recebeu o convite para participar, algo que acabaria por não acontecer devido a incompatibilidades de ordem financeira. Tal como hoje, já naquela época o colosso espanhol exigia elevados cachets para desfilar o seu emblema fosse em que parte do planeta fosse! Também o campeão italiano de 50/51, o Milan, recusou o convite que recebeu para viajar para a América do Sul, dando prioridade à Taça Latina que nesse ano se disputava precisamente em solo italiano. Com a nega dos merengues e dos rossoneri o Torneio Mundial dos Campeões foi integrado pelos vencedores dos dois principais campeonatos estaduais do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, no caso, e respetivamente, o Vasco da Gama e o Palmeiras, aos quais se juntaram os campeões do Uruguai (Nacional), de França (Nice), da Áustria (FK Austria de Viena), de Portugal (Sporting), a Juventus (escolhida para substituir o Milan) e ainda o vencedor da Taça da Jugoslávia da época (Estrela Vermelha). 
A equipa da Juventus que participou na Copa Rio... ou terá sido o primeiro
Mundial de clubes?
Os oito clubes foram divididos em dois grupos de quatro equipas cada, sendo que o Grupo A (integrado pelo Vasco da Gama, Sporting, Austria de Viena e Nacional) teve como cenário a Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro, tendo o palco da competição sido instalado no majestoso Estádio do Maracanã, o tal que no ano anterior amparou as lágrimas de mais de 200.000 brasileiros na sequência da trágica derrota da sua seleção diante do Uruguai. Em São Paulo, no Estádio do Pacaembu, realizaram-se os encontros do Grupo B (composto por Palmeiras, Estrela Vermelha, Nice e Juventus). A bola começou a rolar no dia 30 de junho, sendo que no Pacaembu o campeão paulista realizou uma segunda parte verdadeiramente demolidora diante do Nice, performance traduzida num expressivo score de 3-0, com golos de Aquiles, De León e Richard. Na outra partida, ocorrida no dia seguinte no mesmo local, a Juve sentiu algumas dificuldades para bater por 3-2 o Estrela Vermelha, tendo valido aos transalpinos a tarde inspirada da sua então estrela-mor, o atacante Giampiero Boniperti, autor de dois golos. O campeão italiano repetiu a dose dois mais tarde diante do Nice, sendo que desta feita o golo do triunfo (3-2) surgiu à passagem do minuto 70, por intermédio de Ermes Muccinelli. Com esta vitória a Juventus selava a qualificação para as meias-finais, já que de acordo com os regulamentos do torneio os dois primeiros de cada grupo avançavam para a fase de eliminação direta. No dia 5, e contra todas as expectativas o Palmeiras sentiu grandes dificuldades para bater o Estrela Vermelha por 2-1. O internacional jugoslavo Ognjanov colocou os europeus em vantagem. A perder, o Verdão teve então de puxar dos seus galões e ainda na primeira parte Aquiles empatou, para na etapa complementar Liminha consolidar a reviravolta e garantir a qualificação da sua equipa para as meias-finais. 

Giampiero Boniperti
Faltava saber em que lugar os paulistas iriam terminar esta primeira fase, e talvez por isso o Pacaembu tenha registado uma afluência massiva de torcedores para assistir ao embate da última jornada da fase de grupos ante a poderosa Juve. Na realidade, assistiu-se a uma verdadeira avalanche italiana em direção à baliza paulista. 4-0 a favor dos italianos, o resultado final de uma partida onde brilhou a grande altura Giampiero Boniperti, que voltou a fazer o gosto ao pé em duas ocasiões. Ele que ainda hoje é um dos grandes nomes da história da Vecchia Signora, com mais de 400 jogos disputados com a equipa de Turim ao longo de 10 épocas e quase duas centenas de golos apontados (178 para sermos mais precisos). Boniperti que, refira-se a título de curiosidade, depois de abandonar os relvados enquanto futebolista foi durante largos anos dirigente da Juve, sendo hoje presidente honorário do clube. Foi ainda nos finais dos anos 90 eurodeputado eleito pelas listas da Forza Italia, o partido de Silvio Berlusconi. Com este expressivo triunfo a Juventus conquistava o topo do grupo, e iria medir forças com o segundo colocado do Grupo B, o Austria de Viena, ao passo que o Palmeiras iria enfrentar os conterrâneos do Vasco da Gama, vencedores de uma chave que tinha um Sporting que vivia ainda sob a aura gloriosa dos Cinco Violinos, ou Quatro Violinos, neste caso, porque a temível lança do mais famoso quinteto do futebol português, Fernando Peyroteo, havia-se retirado dois anos antes, restando Jesus Correia, Vasques, Albano e Travassos. A estes juntavam-se outros nomes de peso, casos de Mário Wilson, João Martins, Juca, Canário, Patalino e Ben David. Patalino e Ben David?  
A equipa do Sporting que alinhou diante do Vasco da Gama no Maracanã.
Na fila de baixo,ao centro estava o "convidado" Ben David, entre os Violinos
Jesus Correia, Vasques, Travassos e Albano
Mas estes dois astros dos futebol português dos anos 40 e 50 não pertenciam aos quadros do Sporting, dirão, e com razão, os leitores mais atentos à história do belo jogo. Ambos os jogadores integraram a comitiva leonina que rumou ao Rio de Janeiro na condição de convidados, assim como Serafim, então jogador do Belenenses, que aceitou o convite para vestir de verde nos três jogos que os leões disputaram na meca do futebol brasileiro, o Maracanã. Treinados pelo inglês Randolph Galloway o Sporting partia como um dos mais sérios candidatos à vitória nesta Copa, mas na prática as coisas não correram de feição aquele que era então o grande emblema do futebol lusitano. Aliás, e em jeito de curiosidade, refira-se que em 1951 o Sporting havia vencido o primeiro de uma série de quatro títulos de campeão nacional consecutivos, que haveriam de dar ao clube de Alvalade o primeiro tetra da história do futebol português. Mas no Rio o prestígio do Sporting não se vislumbrou, e logo na estreia os leões sofreram uma das derrotas mais pesadas da prova às mãos do Vasco da Gama. 5-1, numa partida em que atuaram cinco homens que no ano anterior tinham vertido lágrimas naquele mesmo relvado do templo do Maracanã. Friaça, Eli, Maneca, Danilo e Barbosa, cinco jogadores que haviam sido vergados à mestria do Uruguai na final do Mundial de 1950, mas que desta vez saíram com motivos para sorrir do tapete verde sagrado da Cidade Maravilhosa. O tento de honra dos portugueses saiu dos pés de Patalino, um dos três jogadores convidados, e que na altura defendia as cores do seu querido Elvas. No outro encontro desta 1ª jornada o Austria de Viena esmagava por 4-0 o Nacional de Montevideu. 

Verdão festeja um golo na final diante da Juve
Uruguaios que na ronda seguinte vingaram a derrota da estreia, ao aplicar um KO direto (vitória por 3-2) ao desolador Sporting que assim se despedia da possibilidade de lutar pelo título. Neste encontro brilhou mais uma vez o génio de Patalino, ele que aos dois minutos colocou os portugueses em vantagem no marcador, a qual seria no entanto sol de pouca dura, já que dez minutos volvidos Bernardes restabeleceu a vantagem. Pouco depois Jesus Correia recolocou os leões na frente, liderança que seria perdida após o intervalo, altura em que Ramires voltaria a colocar tudo de novo em pé de igualdade. O só seria desfeito a dois minutos do fim, quando Ambrois bateu o mítico Azevedo. A título de curiosidade diga-se que a capitanear a turma do Nacional estava o homem que um ano anos tinha recebido das mãos de Jules Rimet (então presidente da FIFA) o troféu de campeão mundial de seleções, de seu nome Obdulio Varela. 
De pé quente estava o Vasco da Gama, que brindou o Austria de Viena com a mesma receita que havia aplicado ao Sporting na jornada de estreia, ou seja, 5-1, resultado que garantia aos cariocas desde logo a presença na fase seguinte.  
A 7 de julho o Sporting despedia-se da Copa com mais um dissabor, desta feita diante do campeão austríaco, por 1-2. Adolf Huber apontou aos 83 minutos do encontro o golo da vitória dos vienenses, depois de Aurednik ter inaugurado o marcador ao minuto três e de Albano ter restabelecido a igualdade aos 46. Os leões saiam do Rio sem honra nem glória, ao passo que os austríacos carimbavam desta maneira o passaporte para as meias-finais. Isto, porque no outro encontro da terceira e última jornada da fase de grupos o Nacional caiu aos pés do Vasco da Gama por 2-1.

Palmeiras surpreendeu Vasco no duelo brasileiro

Imagem do duelo entre cariocas e paulistas
Pelo que havia feito até então e por jogar diante do seu público, o Vasco da Gama era olhado pela imprensa de então como o grande favorito a alcançar a final. Mas para isso teria de ultrapassar a dupla batalha diante dos conterrâneos do Palmeiras. E dupla porque de acordo com os regulamentos as meias finais seriam jogadas a duas mãos! No dia 12 de julho o Maracanã (lotado) acolheu então o primeiro duelo entre os rivais cariocas e paulistas, sendo que estes últimos para além de partirem como outsiders na bolsa das apostas debateram-se à última da hora com a ausência forçada do seu mítico guarda-redes Cattani, o qual seria substituído por Fábio Crippa. Mas, e como diz o ditado, um azar nunca vem só, e no decorrer do jogo o temível Aquiles é forçado a abandonar o relvado na sequência de um violento choque com o guardião vascaíno, Barbosa. Porém, o Palmeiras não baixou os braços e foi à luta. A atitude guerreira dos paulistas seria premiada com uma justa vitória por 2-1 (com os golos do Verdão a serem apontados por Richard e Liminha).
No mesmo dia, mas no Pacaembu de São Paulo, a Juventus empatava a três bolas com o Austria de Viena, sendo de sublinhar a estupenda exibição individual do dinamarquês ao serviço dos transalpinos Karl Aage Praest, autor de dois golos. Dois dias depois, no mesmo local, as duas equipas voltaram a encontrar-se para o tira-teimas. Depois de um nulo ao intervalo a Juve teve um início de segunda parte verdadeiramente demolidor, e a prova disso é que aos 14 minutos já vencia por 3-0 (dois golos de Muccinelli e um de Boniperti). O melhor que o Austria conseguiu fazer foi reduzir na reta final da partida, mas já sem fôlego para impedir que os italianos fossem os primeiros a carimbar o passaporte para a final do Maracanã.   
E neste templo da bola jogar-se-ia a segunda mão da outra meia final, com o Vasco a entrar em campo com a esperança de inverter o resultado negativo do primeiro encontro. Não conseguiu, porque o Palmeiras esteve simplesmente soberbo no plano defensivo, mantendo o nulo até final que lhe abriu as portas da final.

Vingança em tons de verde na génese do primeiro "título mundial" de clubes


Os dois capitães e o árbitro
antes da final
Sob a arbitragem do austríaco Franz Grill, Palmeiras e Juventus subiram ao relvado de um Maracanã que - mais uma vez - apresentava uma numerosa moldura humana para disputar a primeira mão da final (nota: à semelhança das meias finais também a final foi disputada a duas mãos). A Juve procurava confirmar o favoritismo, até porque na fase de grupos já havia atropelado o Verdão por quatro golos sem resposta. No entanto, esta era uma final, além de que no futebol não há dois jogos iguais. E o Palmeiras viria a confirmar esta teoria por intermédio de Rodrigues, que aos 20 minutos do primeiro tempo bateu Giovanni Viola e selou o triunfo dos brasileiros. Quatro dias mais tarde - a 22 de julho - as duas equipas voltaram a medir forças no derradeiro jogo da competição. A Juventus precisava de marcar dois golos - e não sofrer nenhum - para erguer o troféu diante um estádio repleto que esperava um fim bem mais alegre do que aquele que ali havia acontecido um ano antes por altura do Campeonato do Mundo da FIFA. O dinamarquês Praest ainda colocou o gigante Maracanã em sentido quando aos 17 minutos bateu Crippa pela primeira vez. O fantasma de 1950 voltava assim a pairar sobre o Maracanã. No entanto, e no início da segunda parte Rodrigues aproveita da melhor maneira uma defesa incompleta de Viola - que não segurou um remate de Lima - para fazer o empate. A Juve não esmoreceu, e aos 18 minutos o goleador Boniperti (que seria o melhor marcador do torneio) voltaria a colocar os transalpinos na frente, os quais precisavam agora de mais um golo para levantar o caneco. Esse golo da glória acabou por não acontecer, ou melhor, ele surgiu, mas para o lado do Palmeiras, na sequência de uma magistral jogada individual de Liminha que só parou no fundo da baliza de Viola. 2-2, o resultado final. Com o apito final do francês Gaby Tordjman a festa estalou por todo o Brasil. O Palmeiras era campeão... do Mundo. Sim, do Mundo, foi dessa forma que toda a imprensa da época rotulou os paulistas. Com este título o Brasil inteiro sentia, de certa forma, que o Maracanazo de 1950 não tinha passado de um mero acidente de percurso de uma nação que queria revelar aos olhos do Mundo como a potência que se viria a confirmar nos anos e décadas seguintes.

Copa Rio de 51 foi o molde do atual Mundial de clubes da FIFA

Gooooollllll de Liminha!
No dia seguinte ao da segunda mão da final, o Palmeiras regressou a São Paulo. À espera da comitiva do Verdão estava uma cidade em peso. A Copa Rio Internacional de 1951 resultou num verdadeiro êxito desportivo, facto que terá levado nos anos seguintes outros pensadores do futebol planetário a organizar torneios de âmbito internacional entre clubes de continentes diferentes. Foi o caso do Torneio de Paris, cuja primeira edição foi realizada em 1957 entre equipas de França, Espanha, Alemanha e Brasil, e que durante alguns anos foi considerado como uma das mais importantes e prestigiadas competições internacionais de clubes. Aliás, muitos dos seus vencedores intitulavam-se mesmo campeões do Mundo.  Em 1960, a UEFA e a CONMEBOL uniram-se na criação de uma outra competição, a Taça Intercontinental, disputada (até 2004) entre os campeões das duas maiores provas de ambas as confederações, sendo que o vencedor deste troféu era encarado como o campeão mundial de clubes. No entanto, em 2005 a FIFA decide chamar a si a responsabilidade de coroar o rei do globo no que a clubes concerne, e de lá para cá organiza no final de cada ano civil o Mundial de Clubes, prova que junta os campeões das cinco confederações do Mundo. E aqui, sim, a nosso ver, podemos rotular o vencedor do Mundial da FIFA como um autêntico campeão mundial, já que no mesmo torneio estão representados clubes de todo o Mundo, contrariamente ao que acontecia com a Taça Intercontinental, que só incluía clubes de duas confederações. 

Jornais titulam Palmeiras
campeão do Mundo!
Mas voltando à Copa Rio de 51 para dizer que para muitos dos adeptos do futebol a nível planetário este torneio não passou disso mesmo... de um mero torneio internacional. No entanto, o Palmeiras sempre viu neste um dos principais motivos de orgulho da sua longa e rica história, intitulando-se desde sempre como o primeiro campeão do Mundo de clubes. Na tentativa de ver reconhecido por parte da FIFA este título uma delegação do Palmeiras construiu já no novo milénio um dossier com a intenção de ser remetido à FIFA no sentido de a entidade máxima do futebol planetário oficializar a conquista de 1951, e desta forma reconhecer o emblema paulista como o primeiro campeão mundial da história. Na resposta, a FIFA, então presidida por Joseph Blatter, reconheceu a vitória do Palmeiras como "de âmbito mundial", embora descartando-se de atribuir um carimbo oficial à efeméride, isto é, tal como em 1951 o organismo não chamou a si a responsabilidade do torneio, e como tal não atribuiu cariz oficial (no âmbito da FIFA) a esta conquista, como, aliás, acontece em relação à Taça Intercontinental, prova somente oficializada pela UEFA e pela CONMEBOL. Apesar de tudo, Blatter e a FIFA emitiram um certificado ao Palmeiras reconhecendo este como o vencedor do primeiro torneio de clubes de âmbito planetário. Parecer confuso? Talvez. Perante isto a questão mantém-se: será justo, ou credível, classificar o Palmeiras como o primeiro campeão do Mundo de clubes? Uns continuarão a dizer que sim, outros asseguram que não. 
A equipa do Palmeiras que se sagrou campeã mundial de clubes em 1951... ou não...

quarta-feira, outubro 16, 2013

Estrelas cintilantes (35)... Ben David

Não fosse o seu excesso de humildade e o facto de a estrela da sorte ter deixado de iluminar cedo de mais o seu caminho, quiçá hoje não estaríamos aqui a recordar uma das lendas dos futebol internacional da década de 50! Diz quem o viu jogar que talento para subir ao Olimpo dos Deuses do Futebol era coisa que não lhe faltava, e a provar isso - uma de muitas provas, aliás - o facto de os mestres ingleses o terem rotulado como o melhor avançado centro que até então tinham visto jogar!!!
Henrique Ben David, assim se chama a nossa estrela cintilante de hoje, considerado o primeiro grande diamante futebolístico extraído de Cabo Verde, onde nasceu a 5 de dezembro de 1926, mais concretamente na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente. Como tantos outros filhos de famílias pobres foi de pé descalço que nas artérias de terra batida conduzia com arte as bolas de trapos que com ele se cruzavam. Figura alta, esguia, com uma impulsão invulgar, detentor de um remate poderoso, e um cavalheiro a tratar o esférico, Ben David despertou de imediato a cobiça dos clubes locais, iniciando aquela que se adivinhava como uma promissora carreira no Clube Sportivo Mindelense, onde ingressou no escalão de infantis, ali permanecendo até aos 18 anos de idade, altura em que o seu talento era já gigante demais para continuar a figurar entre as idílicas paisagens do arquipélago de Cabo Verde.

Estávamos em 1946, e o seu destino seria a metrópole, o mesmo é dizer Portugal, e a sua capital, Lisboa. E desde logo vincou a sua faceta modesta, de moço adverso a ser o centro das atenções em grandes palcos - ou clubes neste caso - pelo que na hora de traçar o seu caminho na sede do Império Colonial escolheu o Unidos de Lisboa, ao invés dos gigantes Sporting, Benfica, e Belenenses, afamados emblemas da capital que tendo travado conhecimento com as qualidades do moço cabo-verdiano logo trataram de o agarrar para as suas fileiras. A razão pela escolha do modesto Unidos era simples, Ben David queria um emprego que lhe garantisse um futuro desafogado, porque o futebol, e parece que já pressentia a sua sina, era sol de pouca dura.
Porém, a empresa que suportava o Unidos de Lisboa deixou de o fazer, e o humilde cabo-verdiano teve de procurar outras paragens, outros portos de abrigo, longe das por vezes sinuosas estradas do estrelato futebolístico. A CUF acenou-lhe com um lugar cativo na sua equipa de futebol, e mais do que isso, muito mais importante para Ben David, um emprego como mecânico de automóveis na sua fábrica.
Mecânico de automóveis, este sim, o grande sonho daquele diamante cabo-verdiano.

No emblema do Barreiro andou pelos frios pelados dos escalões secundários durante duas épocas (45/46, e 46/47), tendo na primeira delas partilhado o ataque dos operários com dois homens que anos mais tarde - não muitos mais - haveriam de ascender ao tal Olimpo dos Deuses do Futebol. Eram eles Manuel Vasques, e José Travassos, que no Sporting se juntaram a Jesus Correia, Albano, e Fernando Peyroteo, edificando aquela que seria a orquestra mais virtuosa da história do futebol luso, os Cinco Violinos. Mas poderiam muito bem ter sido seis os violinos do clube lisboeta, caso Ben David não tivesse resistido a uma nova investida sportinguista ja em 1951, quando representou os leões - a convite destes - numa digressão que estes fizeram pelo Brasil. Em Terras de Vera Cruz David encantou, e pasmou os ocupantes do colossal Maracanã, o maior templo de futebol do Mundo daquela época, com os seus dotes de temível goleador.

Amor eterno ao Atlético

Na altura em que Ben David brilhou com a camisola leonina no Maracanã o seu coração era já do Atlético Clube de Portugal, popular emblema lisboeta que em 1947 apareceu na vida do talentoso cabo-verdiano. As enormes exibições ao serviço da CUF mais uma vez aguçaram o apetite dos grandes da capital, mas de novo Ben David fugiu dos holofotes mediáticos do futebol nacional, preferindo atravessar o (rio) Tejo em direção ao bairro de Alcântara, berço do pequeno Atlético. Ben David continuava assim fiel à humildade que caracterizava a sua personalidade.
Atlético que lhe ofereceu 500 escudos por mês, não se sabendo no entanto se o diamante africano terá continuado a exercer a sua amada profissão de mecânico na fábrica da CUF. Certo e sabido é que Ben David fez do emblema de Alcântara uma sombra dos grandes do desporto rei lusitano no que toca a lutar por galardões coletivos, isto é, títulos. Por outras palavras, Henrique Ben David colocou o Atlético Clube de Portugal no mapa do futebol português.
Demorou no entanto a afirmar-se na modesta coletividade, que por aqueles dias ocupava um lugar quase despercebido no primeiro plano nacional, isto é, a 1ª Divisão. Fez a estreia com a camisola do Atlético a 5 de outubro de 1947, num encontro ante o Belenenses.
Apesar de marcar muitos golos e de traçar nos retângulos nacionais ótimas exibições, Ben David só explodiu verdadeiramente na época de 1949/50, altura em que guiou o Atlético até um impensável 3º lugar na classificação final - ficando à frente dos grandes FC Porto, e Belenenses - de um campeonato ganho pelo Benfica, dos génios Julinho, Espírito Santo, Arsénio, ou Rogério Pipi.
Porém, uma temporada antes, os seus golos ajudaram o pequeno emblema a pisar pela segunda vez na história a relva sagrada do Estádio nacional, para discutir a final da Taça de Portugal. No duelo com o Benfica os rapazes de Alcântara venderam muito cara a derrota por 1-2.
Nesta célebre temporada de 49/50 os guarda-redes contrários foram vítimas do reconhecido poder de fogo do cabo-verdiano em 21 ocasiões, número apenas superado pelo benfiquista Julinho, o melhor marcador da prova, com 28 tentos.

Ingleses rendidos ao talento do diamante de Alcântara

As boas exibições do diamante daquela que era já a estrela cintilante dos rapazes de Alcântara fizeram com que em 1950 fosse chamado a representar a seleção nacional para o jogo com a poderosa Inglaterra, seleção esta então de má memória para o futebol luso, já que três anos antes havia vergado Portugal por uns humilhantes 10-0! O palco deste novo amigável era o mesmo da concludente derrota de 1947, o Estádio Nacional, cujas bancadas se apresentavam repletas de uma massa adepta que encarava este novo duelo com alguma expetativa e... receio. Estariam Sir Stanley Matthews - a estrela da seleção da rosa - e companhia a preparar outro massacre ao combinado luso? Era a questão que circulava nas graníticas bancadas do Jamor. A resposta chegou pelos pés do génio Ben David, que com uma exibição soberba fez passar quase por despercebidas as diferenças abismais que naquele tempo separavam o modesto futebol lusitano do evoluído football britânico. Apesar da derrota por 3-5 a seleção portuguesa mereceu rasgados elogios, que no plano individual se estenderam a Ben David, autor de dois golos. Reza a lenda que no final do jogo os mestres ingleses teceram rasgados elogios ao jogador do Atlético, classificando-o de tecnicamente muito evoluído, acrescentando que aquele rapaz era tão só o melhor avançado centro que até então tinham visto jogar! Ele que com aquela primeira internacionalização se havia tornado no primeiro nativo de Cabo Verde a vestir a camisola das quinas.

No plano interno, isto é, o campeonato nacional, a chama de Ben David continuava bem acesa, e nas temporadas de 50/51 e 51/52 ele continuou a liderar o seu Atlético no assalto aos lugares cimeiros da 1ª Divisão. Em 50/51 o clube de Alcântara foi 4º colocado, sendo apenas superado pelo campeão Sporting, Benfica, e FC Porto, sendo que plano individual a estrela do Atlético fez o gosto ao pé em 26 ocasiões, o seu melhor registo no escalão principal, ficando somente a três golos do seu ex-companheiro da CUF, o violino Vasques. 

Por aqueles dias o seu natural talento era já sobejamente conhecido no plano nacional e... internacional. De França chegou a Alcântara uma proposta de um afamado clube daquele país mostrando interesse em adquirir o diamante de Cabo Verde. Era o Stade Français, clube milionário parisiense que propôs a Ben David um luxuoso ordenado de seis mil escudos por mês, acrescido de mil e oitocentos escudos por vitórias obtidas fora de casa, mil por cada triunfo caseiro, e oitocentos escudos por empate. Para além desta tentação financeira, e sabendo da paixão de Ben David pela mecânica, o clube da capital gaulesa oferecia-lhe ainda uma espécie de estágio de especialização em mecânica numa fábrica à sua escolha entre as famosas marcas Citroen, Renault, e Peugeot. Perante estas ímpares condições Ben David não podia recusar a mudança para a majestosa capital francesa. Não recusou Ben David mas fê-lo o Atlético, que para libertar a sua joia pedia 300 contos ao Stade Français, verba essa desde logo recusada por estes, que assim desistiam do sucessor de... Peyroteo!

Sucessor de Peyroteo depara-se com o azar

Para muitos dos especialistas do fenómeno futebolístico daquele tempo Ben David reunia todas as condições para ser o maior avançado centro do país. Muitos diziam mesmo que o sucessor do lendário e feroz - na hora de rematar à baliza - leão Fernando Peyroteo - o maior avançado centro do futebol luso da primeira metade do século XX - estava encontrado. Faltava-lhe quiçá apenas dar o salto definitivo para um grande de Portugal, para poder traduzir em títulos a arte do seu jogo.
Mas Ben David era leal à sua humildade e modéstia, e sobretudo ao seu Atlético, e por Alcântara continuou, tendo em 51/52 realizado mais uma soberba temporada no plano individual ao apontar 24 golos, ficando a apenas quatro do então emergente homem golo do Benfica, José Águas, o melhor marcador do campeonato. Em termos coletivos 1951/52 não correu tão bem a Ben David, que viu o Atlético quedar-se por um modesto 12º lugar!
Em 1952/53 chegou à Tapadinha - o nome do estádio do Atlético - o lendário treinador Joseph Szabo, que tantos títulos havia somado ao serviço do FC Porto e do Sporting. E o que até aqui tinham sido rosas para o talentoso Ben David transformou-se num penoso calvário durante as três épocas que se seguiram. Uma grave lesão no menisco fez com que a sua carreira entrasse prematuramente na reta final. A magia que Ben David trouxera de África eclipsou-se, e até 1954/55, a sua derradeira época como futebolista, ele foi uma sombra de si mesmo! Não tinha sequer 30 anos quando pendurou as chuteiras! Em oito temporadas ao serviço do Atlético o rapaz do Mindelo apontou quase uma centena de golos (98 para sermos mais precisos) em 119 jogos oficiais, e mais do que isso perpetuou-se como o jogador mais lendário da história do popular clube de Alcântara.

Pela seleção nacional atuou em seis ocasiões, sendo que para além do histórico embate com a Inglaterra em 1950, defrontou ainda o País de Gales - a quem marcou um golo, em Cardiff, a 12 de maio de 1951 -, a Bélgica - que a 17 de junho de 1951 também conheceu a veia goleadora de David -, novamente a Inglaterra, e por fim a França, em Paris, a 20 de abril de 1952.
Aquele que outrora fora respeitado, admirado, e sobretudo temido, por adversários de vários quadrantes futebolísticos deixou cedo demais os campos de batalha, mas não o futebol.
Em 55 viaja para os Açores onde inicia uma carreira de treinador ao serviço do Santa Clara. Naquele arquipélago orienta ainda os conjuntos do União Sportiva, do Marítimo (da ilha Graciosa), e do União Micaelense. Posteriormente, e depois de deixar de vez o belo jogo, trabalhou na RTP Açores, sendo o responsável pelo programa Teledesporto.
Curioso, é que nasceu e morreu num arquipélago. Foi pois nos Açores - em Ponta Delgada - que no dia 5 de dezembro de 1978 - precisamente o dia em que completava 52 anos de vida - que o primeiro grande artista nascido em Cabo Verde deixou o mundo terrestre.

Legenda das fotografias:
1-Henrique Ben David com a camisola do seu Atlético
2-Um aspeto aéreo da fábrica da CUF nos anos 40
3-A entrada em campo de uma equipa do Atlético (Ben David surge em terceiro lugar a contar da esquerda para a direita)
4-Com a camisola da seleção nacional
5-Novamente envergando o manto sagrado do clube de Alcântara
6-A equipa do Atlético treinada por Joseph Szabo em 52/53
7-Uma das últimas imagens do homem nascido em Cabo Verde

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Memórias lusitanas (15)...

Campeonato Nacional da 1ª Divisão, Época 1948/49

CAMPEÃO NACIONAL: SPORTING CLUBE DE PORTUGAL

CLASSIFICAÇÃO GERAL:


CLUBES-JOGOS-VITÓRIAS-EMPATES-DERROTAS-GM-GS-PONTOS

1º Sporting----26---20---2---4---100---35---42

2º Benfica---------26---17---3---4---72---34---37

3º Belenenses----26---16---3---7---68---36---35

4º FC Porto--------26---16---1---9---55---37---33

5º Estoril-----------26---12---5---9---76---54---29

6º V.Guimarães---26---11---4---11---47---50---26

7º Olhanense-----26---10---4---12---51---55---24

8º Braga-------------26---11---2---13---39---54---24

9º O Elvas-------------26---7---7---12---46---61---21

10º Atlético-------26---8---5---13---44---68---21

11º Sp. Covilhã----26---9---2---15---50---59---20

12º V.Setúbal-----26---8---4---14---39---61---20

13º Lusitano VRSA--26---7---4---15---23---52---19

14º Boavista--------26---4---6---16---35---89---14

OS RESULTADOS DO CAMPEÃO:

BENFICA: 3-3 / 5-1

BELENENSES: 4-1 / 5-1

FC PORTO: 0-1 / 1-2

ESTORIL: 4-2 / 5-3

V.GUIMARÃES: 3-1 / 3-0

OLHANENSE: 7-3 / 3-1

BRAGA: 0-1 / 4-0

O ELVAS: 4-3 / 7-1

ATLÉTICO: 3-0 / 5-1

SP. COVILHÃ: 2-5 / 7-2

V.SETÚBAL: 1-0 / 3-1

LUSITANO VRSA: 2-0 / 7-1

BOAVISTA: 0-0 / 12-1

OS NOMES DOS CAMPEÕES NACIONAIS:

Albano, Armando, Azevedo, Barrosa, Canário, Dores, Ibraim, Ismael, Jesus Correias, Juvenal, Lourenço, Manuel Marques, Martins, Mateus, Moreira, Passos, Peyroteo, Sérgio, Serra Coelho, Tormenta, Travassos, Vasques e Veríssimo. Treinadores: Cândido de Oliveira e Fernando Vaz.
José Travassos, um dos integrantes dos famosos "Cinco Violinos" ergue o troféu equivalente ao título nacional da temporada 48/49. 

 Clássicos do Futebol Português
(Jogos entre os Três Grandes - FC Porto, Benfica, e Sporting - no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1948/49)



O treinador inglês Ted Smith fez a sua estreia pelo Benfica em 48/49, substituindo no cargo o lendário Lipo Hertzka, que tantas alegrias havia dado aos adeptos encarnados num passado não muito distante. Contudo, a primeira época de Smith aos comandos da nau benfiquista no campeonato nacional esteve longe de ser positiva: perderam o título para o velho rival da Segunda Circular, e não conseguiram um único triunfo nos dérbis disputados com portistas e sportinguistas. Valeu-lhe a conquista da Taça de Portugal! Menos mal!

6ª Jornada

Benfica - FC Porto: 1-1
Data: 24 de outubro de 1948
Campo Grande (Lisboa)
Árbitro: Cunha Pinto (Setúbal)

Benfica: Pinto Machado, Jacinto, Joaquim Fernandes, Moreira, Félix Antunes, Francisco Ferreira, José Pedro, Baptista, Melão, Espírito Santo, e Rogério. Treinador: Ted Smith

FC Porto: Barrigana, Virgílio, Carvalho, Joaquim, Alfredo, Romão, Sanfins, Araújo, Silva, Fandiño, e Vieira. Treinador: Alejandro Scopelli

Golos: 1-0 (Espírito Santo, aos 46m), 1-1 (Fandiño, aos 68m)
Albano e Vasques, dois dos integrantes da famosa orquestra dos Cinco Violinos tiveram um papel fundamental na humilhação que o Sporting aplicou ao rival Benfica na 9ª jornada.

9ª Jornada

Sporting - Benfica: 5-1
Data: 14 de novembro de 1948
Estádio Nacional (Lisboa)
Árbitro: Aureliano Fernandes (Setúbal)

Sporting: Azevedo, Barrosa, Juvenal, Canário, Manuel Marques, Mateus, Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos, e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira

Benfica: Pinto Machado, Jacinto, Joaquim Fernandes, Moreira, Félix Antunes, Francisco Ferreira, Corona, Rosário, Melão, Espírito Santo, e Rogério. Treinador: Ted Smith

Golos: 1-0 (Vasques, aos 15m), 1-1 (Corona, aos 26m), 2-1 (Jesus Correia, aos 55m), 3-1 Vasques, aos 68m), 4-1 (Peyroteo, aos 76m), 5-1 (Albano, aos 82m)

O mãos de ferro Barrigana parece agarrar com firmeza a vitória caseira do seu FC Porto ante o conjunto que em 1948/49 haveria de se sagrar tri-campeão nacional, o Sporting. Aliás, nesta temporada os portistas não perderam um único jogo ante os rivais de Lisboa, mas incompreensivelmente acabaram em 4º lugar, bem longe do lugar mais alto do pódio!

12ª Jornada

FC Porto - Sporting: 1-0
Data: 5 de dezembro de 1948
Campo da Constituição (Porto)
Árbitro: Cunha Pinto (Setúbal)

FC Porto: Barrigana, Virgílio, Carvalho, Joaquim, Alfredo, Romão, Vital I, Araújo, Correia Dias, Sanfins, e Vieira. Treinador: Alejandro Scopelli

Sporting: Azevedo, Barrosa, Juvenal, Canário, Manuel Marques, Mateus, Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos, e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira

Golo: 1-0 (Sanfins, ao 1m)


19ª Jornada

FC Porto - Benfica: 4-3
Data: 30 de janeiro de 1949
Campo da Constituição (Porto)
Árbitro: Reis Santos (Santarém)

FC Porto: Barrigana, Francisco, Carvalho, Joaquim, Alfredo, Romão, Lino, Araújo, Vital I, Sanfins, e Diógenes. Treinador: Alejandro Scopelli

Benfica: Contreiras, Horácio, Joaquim Fernandes, Moreira, Félix Antunes, Francisco Ferreira, Corona, Arsénio, Julinho, Melão, e Rosário. Treinador: Ted Smith

Golos: 1-0 (Vital I, aos 2m), 1-1 (Arsénio, aos 4m), 2-1 (Araújo, aos 22m), 2-2 (Melão, aos 26m), 2-3 (Rosário, aos 53m), 3-3 (Lino, aos 77m), 4-3 (Vital I, aos 83m)


22ª Jornada

Benfica - Sporting: 3-3
Data: 21 de fevereiro de 1949
Estádio Nacional (Lisboa)
Árbitro: Libertino Domingues (Setúbal)

Benfica: Contreiras, Jacinto, Joaquim Fernandes, Moreira, Félix Antunes, Francisco Ferreira, Corona, Arsénio, Julinho, Espírito Santo, e Rogério. Treinador: Ted Smith

Sporting: Dores, Barrosa, Passos, Canário, Manuel Marques, Veríssimo, Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos, e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira

Golos: 0-1 (Peyroteo, aos 19m), 1-1 (Corona, aos 43m), 1-2 (Jesus Correia, aos 52m), 1-3 (Peyroteo, aos 56m), 2-3 (Rogério, aos 80m), 3-3 (Corona, aos 88m)


25ª Jornada

Sporting - FC Porto: 1-2
Data: 3 de abril de 1949
Estádio do Lumiar (Lisboa)
Árbitro: Libertino Domingues (Setúbal)

Sporting: Dores, Barrosa, Juvenal, Canário, Passos, Mateus, Armando Ferreira, Vasques, Peyroteo, Travassos, e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira

FC Porto: Barrigana, Virgílio, Carvalho, Joaquim, Alfredo, Romão, Ângelo, Fandiño, Gastão, Sanfins, e Diógenes. Treinador: Alejandro Scopelli

Golos: 0-1 (Gastão, aos ?), 1-1 (Jesus Correia, aos ?), 1-2 (Joaquim, aos 52m)

Melhor marcador do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época 1948/49:

 Peyroteo (Sporting): 40 golos
  
CAMPEÃO NACIONAL DA 2ª DIVISÃO: ACADÉMICA 

Académica de Coimbra, um dos mais populares clubes de Portugal, o primeiro vencedor da Taça de Portugal (em 1939), o emblema dos estudantes, alcançou em 1949 o título de campeão da 2ª Divisão

CAMPEÃO NACIONAL DA 3ª DIVISÃO: ALMADA

ELIMINATÓRIAS PARA APURAR O CAMPEÃO DA 3ª DIVISÃO:

Oitavos-de-final:

Beira Mar – Tirsense: 1-1/1-5
S.L. Viseu – Conimbricense: 4-1/0-2
G.D. Covilhanenses – S.L. Guarda: 5-1/0-7
Rossiense – Torreense: 1-1/1-0
Arroios – Almada: 0-0/1-4
Estrela F.C. – S.C. Estrela: 2-0/1-0
Aljustrelense – Silves: 0-2/2-1


Quartos-de-final:

Monção – Tirsense: 3-2/1-3
S.L. Viseu – S.L. Guarda: 3-2/1-2/0-2 (desempate)
Rossiense – Almada: 0-3/0-3
Estrela F.C. – Silves: 1-1/0-2


Meias finais:  

Tirsense – S.L. Guarda: 4-3/3-0
Almada – Silves: 7-0/3-2

Final:

Almada - Tirsense: 2-0



Taça de Portugal, Época 1948/49

1ª Eliminatória


Sp. Covilhã - CD Beja: 3-2

CUF Barreiro - Sanjoanense: 1-0

Braga - Olhanense: 1-0

Belenenses - Oriental: 4-1

Lusitano VRSA - Silves: 7-0

Tirsense - Sporting: 2-1

Atlético - Barreirense: 2-1

Famalicão - Oliveirense: 2-1

V.Setúbal - Portimonense: 3-1

Académica - Leões Santarém: 3-1

Ac. Viseu - O Elvas: 2-1

Benfica - Boavista: 7-1

V.Guimarães - Estoril: 3-2

FC Porto - Almada: 2-1

2ª Eliminatória

Sp. Covilhã - CUF Barreiro: 4-1

Braga - Belenenses: 1-0

Lusitano VRSA - Tirsense: 5-1

Atlético - Famalicão: 2-1

FC Porto - V.Guimarães: 4-1

V.Setúbal - Académica: 8-1

Benfica - Ac. Viseu: 13-1

Quartos-de-final

Sp. Covilhã - Braga: 3-1

Atlético - Lusitano VRSA: 6-2

V. Setúbal - FC Porto: 1-0

Benfica - Marítimo: 9-3

Meias-finais

Atlético - Sp. Covilhã: 1-0

Benfica - V.Setúbal: 5-0

Final

Benfica - Atlético: 2-1


Data: 12 de Junho de 1949

Estádio: Estádio Nacional, em Lisboa

Árbitro: Paulo de Oliveira, de Santarém

Benfica: Contreiras, Jacinto Marques, Joaquim Fernandes, Francisco Moreira, Félix Antunes, Francisco Ferreira, Corona, Arsénio, Espírito Santo, Melão e Rogério. Treinador: Ted Smith

Atlético: Francisco Correia, Baptista, Abreu, José Lopes, Armindo Correia, Morais, Carlos Martinho, Armando Carneiro, Ben David, Armindo Silva e Caninhas. Treinador: Pedro Areso

Marcadores: Corona, Rogério; Martinho.

Numa altura em que os seus vizinhos e rivais do Sporting dominavam o panorama do futebol lusitano o Benfica deu um ar da sua graça ao conquistar a taça de 48/49