Mostrando postagens com marcador António Stromp. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador António Stromp. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, fevereiro 07, 2022

Arquivos do Futebol Português (21)...

Equipa do Sporting que em 1915 venceu o primeiro título do clube no futebol

O primeiro rugido do leão no futebol lisboeta

1915 é o ano em que o leão rugiu pela primeira vez mais alto que os seus rivais no contexto do futebol lisboeta. É o ano em que o futebol do Sporting conquista o seu primeiro grande título, o mesmo será dizer, o Campeonato de Lisboa. E fê-lo à custa de dois dos seus grandes rivais da época, o CIF e o Benfica. E passamos a explicar o porquê desta nota. Em relação aos primeiros, os sportinguistas reforçaram o seu já valioso grupo com três importantes jogadores do clube dos Pinto Basto, nomeadamente os ingleses John Armour e Standen, e ainda o português Boaventura da Silva. Isto, porque o CIF não participou na edição de 1914/15 do campeonato lisboeta, em virtude de muitos dos seus jogadores ingleses terem sido chamados para as trincheiras da I Guerra Mundial e deixado o clube órfão.

Em relação aos segundo rivais, realça-se a grande contratação de Artur José Pereira. Contratação é uma forma de dizer, pois tal como em 1907, quando o Sporting aliciou (com melhores condições) oito jogadores do então Sport Lisboa, entre estes os célebres irmãos "Catatatu", para o seu grupo, desta feita aproveitou desentendimentos entre a direção benfiquista e alguns jogadores para voltar a pescar no Campo de Sete Rios. Além de Artur José Pereira os leões foram buscar ao rival o guarda-redes Paiva Simões e o médio Francisco Viegas.

Artur José Pereira 
com a camisola
do Benfica...
Mas Artur José Pereira era o grande reforço, já que ele era tão somente a grande estrela do futebol português daquele tempo. Historiadores apontam-no, aliás, como o primeiro grande jogador que o nosso futebol conheceu. O primeiro grande ídolo das multidões.


Ele que nasceu a 16 de novembro de 1889, em Belém, tendo começado a sua carreira no União Belenense, em 1907. O seu virtuosismo levaram-no um ano mais tarde para o Sport Lisboa, de Cosme Damião, tendo de pronto chamado a si o protagonismo daquela equipa, na condição de primoroso médio/organizador de jogo. As suas características eram avançadas para aquele tempo, tendo sido descrito anos mais tarde pelo seu amigo Cândido de Oliveira como um jogador que  «possuía qualidades em que nenhum outro jogador o igualou, a maior de todas definida pela atitude artística. Era completíssimo, perfeitamente ambidextro e com potente remate com os dois pés; jogava primorosamente de cabeça; era um driblador estupendo e tudo isto valorizado por uma combatividade e uma coragem sem limites».

... do Sporting...
Ao serviço do Sport Lisboa, mais tarde batizado de Sport Lisboa e Benfica, Artur José Pereira foi quatro vezes campeão regional, entre 1908 e 1914. Desavenças com a direção benfiquista levaram-no então em 1915 a mudar-se de "armas e bagagens" para o rival Sporting, onde continuou o seu legado de enorme jogador. Ao lado de outros ícones leoninos como Jorge Vieira, os irmãos Stromp (Francisco e António), ou José Bentes, ajuda o Sporting a tornar-se numa temida máquina de bom futebol, contribuindo para a conquista de dois campeonatos regionais e de três Taças de Honra.

... e do Belenenses
Artur José Pereira era um apaixonado por Belém, o bairro que o viu nascer para a vida e para o futebol, e talvez tenha sido essa paixão, e ao mesmo tempo o seu espírito rebelde e ousado, que em 1919 decide deixar o Sporting para fundar o Clube de Futebol "Os Belenenses", num jardim da Praça Afonso de Albuquerque, numa noite de verão (23 de setembro). Entre os outros fundadores do hoje histórico clube da Cruz de Cristo encontravam-se nomes como Francisco Pereira (irmão do craque Artur José Pereira), Carlos Sobral, Joaquim Dias, Júlio Teixeira Gomes, Manuel Veloso, Romualdo Bogalho e Henrique Costa. Artur José Pereira cumpria assim o sonho de fundar um clube de Belém... em Belém, ficando então para a eternidade a seguinte frase da sua autoria: «Somos todos de Belém, porque havemos de jogar noutros?».  Além de notável atleta (representou o clube que ajudou a fundar nesta função ao longo de três temporadas), esta figura notabilizou-se ainda como dirigente e treinador dos Belenenses, tendo lançado muitos jogadores para a ribalta do futebol português.

Como treinador conquistou as primeiras coroas de glória para os "azuis", nomeadamente três Campeonatos de Portugal e quatro Campeonatos de Lisboa, tornando este emblema numa das maiores potências do nosso futebol. Para além disto, fez dupla com o seu amigo Cândido de Oliveira nos comandos da seleção nacional. Foi também um respeitado árbitro e sócio de mérito da Associação de Futebol de Lisboa (AFL). Retirou-se do futebol em 1937 por motivos de doença, vindo a falecer vitimado por tuberculose a 6 de setembro de 1943.

Mas voltemos ao título do Sporting no regional de 14/15, para referir que os leões  contabilizaram nove vitórias e apenas uma derrota, ficando em 1.º lugar, com 18 pontos, seguidos de perto do rival Benfica, com 16. Mais atrás ficaram Império, Cruz Quebrada e Lisboa FC.

O Sporting acabou a primeira volta do campeonato regional na frente, apesar da derrota em casa do rival Benfica, por 3-0, num jogo realizado a 17 de janeiro de 1915, e onde brilhou o benfiquista Rogério Peres, autor de dois golos.

A segunda volta abriu com o resultado mais volumoso obtido pelos leões neste campeonato, o 8-0 em casa do Império.

Sporting e Benfica disputavam o título de campeão "taco a taco" e talvez por isso tenhamos chegado à 10.ª e última jornada da prova com o campeão ainda por definir. Quem vencesse o dérbi disputado no Lumiar sagrava-se campeão. E venceu o Sporting, por 3-1, com golos de António e Franscico Stromp, e ainda de John Armour. Estava assim consumado o primeiro título do futebol leonino.  

Mas não se ficaria por aqui o clube verde-e-branco no que concerne a conquistas, já que nessa temporada a AFL organizou a primeira edição da Taça de Honra, uma prova a eliminar,  sendo que à semelhança do que havia feito no campeonato, o Sporting arrebatou o troféu às custas do rival Benfica, que em casa (Campo de Sete Rio) perdeu a final com os leões por 1-3.

Para a eternidade ficam os nomes dos homens que deram a primeira "dobradinha" da história do Sporting, a qual coincidiu com os primeiros títulos obtidos no futebol: Jorge Morice (guarda-redes), Paiva Simões (guarda-redes), Carlos Fernando Silva (guarda-redes), Amadeu Cruz (defesa), Jorge Vieira (defesa), Standen (defesa), Raul Barros (médio), Sebastião Campos (médio), Boaventura da Silva (médio), Artur José Pereira (médio), Theodoro Duarte (médio), Francisco Viegas (médio), António Stromp (avançado), João Bentes (avançado) , Francisco Stromp (avançado), António Rosa Rodrigues (avançado), Guilherme Morice (avançado), Jaime Gonçalves (avançado) e John Armour (avançado).

terça-feira, novembro 09, 2021

Arquivos do Futebol Português (19)...

Seleção da AFL que em 1913 fez uma digressão ao Brasil

Atuar fora do país era no início dos anos 10 do século passado algo raro no panorama do futebol português. Contavam-se pelos dedos de uma só mão as viagens de grupos nacionais ao estrangeiro para medir forças com combinados locais, sendo que a vizinha Espanha havia sido o destino mais longínquo que grupos portugueses haviam feito. Ir ao Brasil era pois algo digno de (vincado) registo, não só pela longa viagem (durava 14 dias de barco) mas de igual modo pelo elevado custo da travessia do Atlântico. Talvez por isso a grande notícia do ano de 1913 tenha sido a deslocação de um grupo português a Terras de Vera Cruz com a finalidade de ali disputar um conjunto de jogos amigáveis com equipas locais. Esta história teve início em 1912, quando o Botafogo do Rio de Janeiro convidou a Associação de Futebol de Lisboa (AFL) para uma visita à Cidade Maravilhosa

O convite não foi de pronto aceite, desde logo pela dispendiosa e morosa viagem, além de que o profissionalismo era coisa que não existia na época e os atletas tinham as suas profissões. Mas com tempo tudo se resolveu. A AFL, na época a maior associação de futebol do país, lá aceitou o convite, reunindo em seguida alguns dos melhores futebolistas que atuavam nos seus campeonatos regionais. O elenco que compôs a seleção da AFL foi recrutado a três clubes, nomeadamente o Sport Lisboa e Benfica, o Sporting Clube de Portugal e o Clube Internacional de Football (CIF). O primeiro emblema contribuiu com oito jogadores, sendo eles, Álvaro Gaspar, Artur José Pereira, Augusto Paiva Simões, Carlos Homem de Figueiredo, Henrique Costa, José Domingos Fernandes, Luís Vieira e Cosme Damião. Já os sportinguistas cederam os atletas Amadeu Cruz, António Stromp, Francisco Stromp, João Bentes e Cândido Rosa Rodrigues, ao passo que o CIF se fez representar por três futebolistas, Eduardo Luís Pinto Basto, Boaventura Belo e Carlos Sobral.

A epopeia da viagem ao Brasil aconteceu em julho de 1913, tendo a comitiva partido da capital portuguesa a 26 de junho a bordo do Drina, barco pertencente à Mala Real Inglesa. Dois dias antes, o grupo foi brindado com um jantar de despedida no Hotel Francfort, em Lisboa. À partida, centenas de pessoas despediram-se da comitiva lusa, que integrava ainda figuras como Alberto Lima, presidente do Benfica e diretor do jornal O Sport Lisboa; Duarte Rodrigues, também jornalista, mas da revista Tiro e Sport, tendo sido este nome o mensageiro do convite do Botafogo à AFL, já que era o correspondente do emblema carioca em Portugal; e Mário Duarte, futebolista aveirense designado pelo Ministério do Interior para acompanhar a equipa lisboeta.

A comitiva lusa no barco durante a longa travessia no Atlântico

Depois da longa travessia no Atlântico o grupo atraca no Rio de Janeiro no dia 10 de julho. Nesta cidade os lusos disputam quatro desafios. Ante o Scratch, inglês (Rio Cricket e Paysandu) perdeu 1-3, contra o Scratch brasileiro perdeu 0-1, diante da Liga Metropolitana empatou 0-0, e contra o Botafogo ganhou 1-0.

Em São Paulo a seleção da AFL realizou três encontros, contra a Atlética das Palmeiras empatou 2-2, contra o Colégio Mackenzie perdeu 1-5 e contra o Clube Atlético Paulistano ganhou 1-0. Artur José Pereira (3), Carlos Sobral (2) e António Stromp foram os marcadores dos golos portugueses nesta digressão ao Brasil. Ao longo desta estadia em terras sul-americanas a comitiva portuguesa foi alvo de várias homenagens, tendo sido presenteada com troféus, que, segunda reza a história, ficariam retidos na Alfândega quando a delegação regressou a Portugal, pois estavam sujeitos ao pagamento de taxas incomportáveis à época para uma delegação desportiva. E só em 1915, com a ajuda de Francisco Luís da Silva Calejo e com o despacho do primeiro-ministro, Afonso Costa, é que os troféus foram libertados. Outra curiosidade nesta viagem alude ao facto de um dos atletas, no caso Luís Vieira, ter ficado no Brasil a representar o Botafogo, tornando-se assim no segundo jogador português a atuar naquele país, sucedendo, digamos assim, a José Bello, que representou o Fluminense entre 1907 e 1909. 

quinta-feira, julho 22, 2021

Arquivos do Futebol Português (17)...

Edifício/sede da AFL
Em 1911 dá-se a novidade de pela primeira vez em Portugal se cobrarem ingressos para assistir aos jogos de futebol. Mas ainda antes disto a Liga Portuguesa de Futebol (LFP) desaparece, fruto dos sucessivos tumultos que assolavam o futebol lisboeta de então. A indisciplina reinava nas relações entre clubes, causadas por queixas contra árbitros, ou decisões da LPF. Os regulamentos raramente eram cumpridos. Os jogadores mudavam de camisola quando bem lhes apetecesse, os clubes desistiam a meio das provas, além de que a segurança não existia numa época em que as rivalidades levavam os adeptos a ultrapassar a fronteira que separa os bons costumes da selvajaria. Tumulto cujo ponto final foi colocado a 23 de setembro desse longínquo ano de 1910, dia em que nasce a Associação de Futebol de Lisboa (AFL), a entidade que haveria de dinamizar e remodelar o futebol associativo em Portugal dali em diante. AFL que tomou de imediato conta do Campeonato de Lisboa, tendo logo em 1910/11 chamado a si a organização do certame, que iria contar com a participação de sete clubes, nomeadamente o CIF, o Benfica, o Sporting, o Campo de Ourique, o Império, o Lisboa Football Club, e o União Belenense. Notava-se a ausência de alguns clubes históricos dos primeiros anos de futebol em Portugal, desde logo os ingleses do Carcavellos Club, que preferiam agora competir apenas em jogos particulares (!), enquanto que emblemas como o Lisbon Cricket e o Gilman desapareciam, tendo os seus valorosos atletas rumado para outras paragens. O CIF seria coroado campeão de Lisboa na temporada de 1910/11.

A equipa do FC Porto que em 1911
venceu a primeira edição da Taça Monteiro da Costa

A norte, em 1911, dá-se um terrível choque para a nação portista: morre aos 29 anos José Monteiro da Costa, nada mais nada menos do que o refundador do Football Club do Porto. Monteiro da Costa era a alma do FC Porto, tudo o que tivesse a ver com o clube chamava à sua responsabilidade, desde a constituição das equipas para os jogos até aos meros convites endereçados aos associados para assistiram aos empolgantes duelos futebolísticos. Pelo que ele representava para o clube não demorou muito a que um grupo de associados metesse mãos à obra para homenagear o reinventor do FC Porto, ao propor a instituição de um troféu, que seria denominado de Taça Monteiro da Costa, e que dali em diante iria coroar o rei do futebol nortenho. O homenageado não chegou a ver a competição em andamento, já que morreu antes do pontapé de saída. Monteiro da Costa adoece nos primeiros dias de janeiro de 1911, vindo a falecer no dia 30 desse mesmo mês com apenas 29 anos! A nação portista entra em pânico. E agora? Como é que o clube vai sobreviver sem o seu principal impulsionador, sem a sua figura central, sem a sua alma? Foram questões levantadas de imediato por associados e dirigentes do então jovem FC Porto. Temeu-se que pela segunda vez na sua história o clube fosse empurrado para uma morte prematura, medos que no entanto seriam eclipsados na Assembleia Geral de 16 de março desse ano de 1911, altura em que um punhado de seguidores do sonho de Monteiro da Costa decide continuar a aventura em memória do saudoso companheiro. E é pois nesse embalo para o futuro que se edifica a primeira edição da Taça Monteiro da Costa, ou o primeiro Campeonato do Norte, como defendem alguns historiadores desportivos. Convidados para a estreia da citada competição, cujo vencedor teria à sua espera a denominação de campeão do norte (aquém Mondego), seriam os vizinhos do Boavista e do Leixões, para além, claro, do clube anfitrião, o FC Porto, que no final acabaria por fazer a festa.

O certame abriu com um duelo entre matosinhenses e boavisteiros, a 26 de março, com os primeiros a bater sem apelo nem agrado os portuenses por 4-1. A 2 de abril entra em campo o FC Porto, cujos jogadores transportavam consigo a ambição sentimental de vencer aquele troféu tão especial. O oponente foi o Boavista. Resultado final: 3-1 para os portistas. Posteriormente, portistas e leixonenses mediriam forças no derradeiro jogo desta primeira edição da Taça Monteiro da Costa, um duelo que teve contornos de verdadeira final, pois quem vencesse seria coroado como o primeiro campeão do norte. Tal como se esperava foi um desafio muito intenso, e rezam as crónicas que o Leixões esteve várias vezes perto do golo, valendo aos portistas a magnífica exibição do seu guarda-redes, Manuel Valença. E como quem não marca sofre, o FC Porto chegaria ao golo - cujo autor se desconhece - um tento solitário que deu a primeira Taça Monteiro da Costa ao clube da Cidade Invicta, que assim se auto-proclamava o primeiro campeão nortenho do então jovem football.

Para a eternidade ficam pois os nomes dos seguintes campeões: Manuel Valença, Elísio Bessa, Vitorino Pinto, Mário Maçãs, Adelino Costa, Magalhães Bastos, José Bacelar, Camilo Moniz, Carlos Megre, João Cal, e Ivo Lemos. Jogadores treinados pelo mestre francês Adolphe Cassaigne, o homem que haveria de estar nas quatro restantes conquistas do portistas nesta prova.

A seleção nacional da AFL que em 1911 defrontou os franceses do Stade Bordelais

Também em 1991 a recém surgida AFL resolve reunir uma "seleção nacional", para enfrentar os franceses do Stade Bordelais, que a convite da associação lisboeta efetuaram três encontros em território português, um diante do CIF, outro com o Benfica, e por último ante a "seleção" da AFL. Este último desafio decorreu no dia 21 de maio, no Campo da Feiteira, em Lisboa, e a "seleção nacional", equipando de camisola azul e branca (cores da monarquia que então acabara de cair em Portugal), calção branco, e meia preta, alinhou com: Eduardo Luís Pinto Basto (CIF), Merick Barley (CIF), Henrique Costa (Benfica), William Sissener (CIF), Cosme Damião (Benfica), Artur José Pereira (Benfica), António Stromp (Sporting), Francisco Stromp (Sporting), António Rosa Rodrigues (Sporting), Carlos Sobral (CIF), e João Bentes (Sporting). Quanto ao resultado o conjunto luso esmagou o seu congénere gaulês por 5-1.

terça-feira, julho 20, 2021

Arquivos do Futebol Português (16)...

A equipa do Benfica que em 1910 venceu o seu primeiro Campeonato Regional de Lisboa

O ano de 1910 marca o fim de uma hegemonia no futebol lisboeta, marca o fim do domínio dos ingleses do Carcavellos naquele que era então o único campeonato disputado em Portugal, o Campeonato de Lisboa. E assim o foi por "culpa" do Benfica, que com a conquista do seu primeiro "regional" interrompe um ciclo vitorioso de três títulos seguidos por parte do Carcavellos. Este foi aliás um ano de ouro para os benfiquistas, que veneram ainda os títulos das segundas e terceiras categorias. O Campeonato Regional de 09/10 teve algumas peripécias dignas de registo, mais concretamente o facto de algumas equipas terem desistido a meio da "corrida", entre elas o próprio Carcavellos, que depois de derrotado pelo Benfica na 7.ª jornada da prova desistiu por uma questão de... supremacia moral! Também o CIF, repleto de ingleses, em solidariedade com os seus compatriotas sai da prova, ao passo que o Sporting segue o exemplo destes dois últimos clubes depois de discordar com a suspensão do seu guarda-redes, Augusto Freitas, que tinha agredido dois jogadores do Benfica no jogo da 9.ª jornada e que terminou com a vitória dos encarnados por 4-0. Já o Império não gostou que lhe tivessem anulado um golo diante do Benfica num jogo das terceiras categorias e também decide abandonar a competição. Naquela que foi a quarta edição do Campeonato de Lisboa só o Benfica comparece em todos os 10 jogos disputados, um facto estranho tendo em conta que o futebol lisboeta vivia uma fase de expansão. Pela primeira vez organizaram-se três campeonatos para as três categorias, tendo sido inscritos um total de dez clubes, nomeadamente o Carcavellos Club, o Sport Lisboa e Benfica, o Club Internacional de Futebol (CIF), o Sporting Club de Portugal, o Sport União Belenense, o Gilman Sporting Club, o Sport Club Império, o Football Grupo de Campo d’Ourique, o Grupo de Sport Cruz Quebrada e o Lisboa Football Club, sendo que no campeonato de 1.ª categoria inscreveram-se seis clubes: Carcavellos, Benfica, CIF, Sporting, União Belenense e Gilman. O Benfica, orientado por Cosme Damião, que além de treinador era ainda jogador e vice-presidente do clube fundado seis anos antes, somente conheceu a derrota em duas ocasiões, ante o Carcavellos na 2.ª jornada, por 0-2, e diante do CIF na 8.ª ronda, também por 0-2. Mas o grande jogo desta época foi quiçá o da vitória sobre os mestres ingleses do Carcavellos, na 7.ª jornada, por 1-0, naquela que foi a segunda vitória da história dos encarnados sobre os ingleses. Depois do triunfo obtido em 1907 o Benfica voltou a vencer os campeões em título três anos volvidos, uma vitória que aconteceu a 23 de janeiro no Campo da Feiteira perante uma multidão de 8000 espectadores. Aliás, sempre que o adversário era o Carcavellos o recinto do Benfica enchia-se de entusiastas adeptos. Nesse célebre encontro o Benfica alinhou com Alfredo Machado, Leopoldo Mocho, Henrique Costa, António Costa, Cosme Damião, Artur José Pereira, Manuel Lopes, António Meireles, Luís Vieira, Germano de Vasconcelos (autor do golo solitário nesta partida) e Josué Correia, nomes que ficam para a história do clube, pois todos eles ofereceram o primeiro título da história ao Benfica que terminou este campeonato com oito vitórias e duas derrotas.

Em 31 de julho de 1910 o clube organizou uma festa para homenagear os seus futebolistas campeões. No Restaurante Bacalhau houve almoço e a respetiva fotografia com futebolistas, dirigentes e convidados, entre eles jornalistas e com exposição dos troféus conquistados em seis anos de existência.

O misto nacional que em 1910 foi a Huelva com as cores do Sporting!

O ano de 1910 fica também marcado pela primeira saída ao estrangeiro daquela que se poderá considerar a primeira seleção nacional da história. Uma seleção nacional equipada à Sporting (!), na verdade. Foi a 27 de agosto de 1910, data que um misto de jogadores de três equipas de Lisboa, nomeadamente o Sporting, o Benfica e o Sport União Belenese, se deslocou a Espanha para jogar com o Recreativo de Huelva. Atuando com o equipamento do Sporting a seleção lisboeta, ou o Sporting reforçado com três jogadores do Benfica - entre os quais pontificava Cosme Damião - e um do Sport União Belenense - segundo muitos historiadores, venceu por 4-0 os espanhóis. A estreia desse combinado nacional resulta de um convite inicial do Recreativo daquela cidade castelhana a Eduardo Luís Pinto Basto, dirigente/atleta do Clube Internacional de Futebol (CIF). Pinto Basto sugeriu o Sporting como substituto do CIF, último clube este que por motivos desconhecidos não se mostrou disponível para viajar até Espanha, acabando o CIF e o Sporting por decidir enviar uma equipa que fosse composta por jogadores provenientes de vários clubes lisboetas. E a equipa que viajou para Huelva e bateu o Recreativo era composta por: António Bentes (Sporting), Augusto de Freitas (Sporting), Henrique Costa (Benfica), Francisco Bellas (Sport União Belenense), António Couto (Sporting), Cosme Damião (Benfica), António Rosa Rodrigues (Sporting), António Stromp (Sporting), Francisco Stromp (Sporting), e Luiz Vieira (Benfica). Reza a história que o encontro foi dominado pelos portugueses, que venceu confortavelmente com golos de Luiz Vieira, António Rosa Rodrigues e Francisco Stromp, este último autor de dois golos.

terça-feira, junho 08, 2021

Histórias do Futebol em Portugal (31)... Ainda antes dos Cinco Violinos brilharem já os Cinco Torpedos encantavam vestindo a pele do leão

Os Cinco Torpedos
Os Cinco Violinos foram com toda a certeza não só o quinteto ofensivo mais virtuoso da história do futebol português como também uma das linhas avançadas mais célebres e poderosas do futebol internacional da década de 40 do século passado.

Defendendo as cores do Sporting Clube de Portugal, Fernando Peyroteo, Vasques, Albano, Jesus Correia e José Travassos são os cinco famosos violinistas dessa memorável orquestra que entre 1946 e 1949 tornou o leão num animal impossível de domar. Porém, muitos antes deste quinteto dar nas vistas um outro núcleo de cinco jogadores brilhou com o manto sagrado do Sporting vestido. Um quinteto de despoletou nos primórdios do clube fundado por José Holtreman Roquette (Alvalade), em 1906, e que pelo seu talento escreveu uma página digna de registo na extensa e gloriosa história do emblema leonino. Ainda que pouco conhecido por parte do grande público afeto ao Belo Jogo se comparado com os Cinco Violinos, este quinteto marcou os primeiro anos de vida do Sporting numa época em que as competições futebolísticas a nível nacional eram ainda muito escassas. Sem mais demoras vamos embarcar na Máquina do Tempo para conhecer os Cinco Torpedos.

E para isso viajemos até à década de 10 dos século XX, altura em que o epicentro do futebol em Portugal estava na capital, que vivia então o fervor dos primeiros campeonatos de Lisboa, que faziam desenvolver a modalidade não só na região mas também no resto do país. O Sporting era então um jovem clube, rico, é certo, já que detinha as melhores condições do futebol lisboeta, fazendo assim jus ao objetivo do seu criador, José de Alvalade, aquando da fundação: fazer do Sporting Clube de Portugal "um grande clube tão grande como os maiores…”.

O país de então vivia a febre do futebol, cujo aumento da popularidade era um facto indesmentível, sendo que os matches atraíam a si assistências bastante consideráveis. O panorama futebolístico da capital era dominado então pelos ingleses do Carcavelos, que haviam vencido as três primeiras edições do Campeonato de Lisboa. Apesar de não lograr alcançar qualquer título até então, o Sporting era uma das equipas mais fortes e virtuosas do futebol daqueles anos, um team muito  respeitado pelos adversários, graças a um conjunto de grandes jogadores. Muitos destes atletas deram início a uma rivalidade que ainda hoje se mantém com os vizinhos do Sport Lisboa (hoje Benfica), e que teve início em 1907 quando oito jogadores dos encarnados resolvem mudar-se para o clube de José de Alvalade, o qual oferecia banhos quentes e demais privilégios aos atletas, então coisa rara no futebol. Entre esses desertores estavam os irmãos Catatau, mais precisamente Cândido Rosa Rodrigues e António Rosa Rodrigues. A estes, já no final da primeira década do século XX, junta-se no Sporting outra dupla de irmãos, os Stromp, nomeadamente Francisco Stromp e António Stromp.

As condições de excelência do Sporting atraíam como já dissemos os melhores jogadores do futebol lisboeta daquele tempo, sendo que outro dos craques de então era o virtuoso avançado João Bentes, que rapidamente se tornou num dos atletas mais importantes do clube, sendo que na passagem para a década de 10 seria eleito o capitão de equipa. Ora, estes cinco nomes que acabamos de mencionar formaram aquela que foi rotulada na altura como a linha avançada mais poderosa e virtuosa do futebol lisboeta daqueles anos, e que ficaria conhecida como os Cinco Torpedos.

Juntos, é certo, que não arrecadaram nenhum título para o Sporting, embora naquele tempo a única competição que existia fosse o Campeonato de Lisboa, mas lograram alcançar exibições fantásticas que ficaram eternizadas nos jornais da época. Atuaram juntos durante quatro temporadas, mais concretamente em 1909/19, 1910/11, 1911/12 e 1912/13. A melhor classificação obtida pelos Cinco Torpedos foi precisamente na última época em que jogaram juntos, tendo o Sporting ficado em 2.º lugar no Campeonato de Lisboa, a quatro pontos do campeão Benfica.  

O 11 da seleção de Lisboa vestindo à Sporting que foi a Huelva bater o Recreativo

Quatro dos Cinco Torpedos entraram em 1910 para a história não só do Sporting como do próprio futebol luso pelo facto de terem participado no primeiro jogo internacional daquela que pode ser considerada a primeira seleção portuguesa a atuar no estrangeiro. Foi a 27 de agosto de 1910, data que um misto de jogadores de três equipas de Lisboa, nomeadamente o Sporting, o Benfica e o Sport União Belenese, se deslocou a Espanha para jogar com o Recreativo de Huelva. Atuando com o equipamento do Sporting a seleção lisboeta, ou o Sporting reforçado com três jogadores do Benfica - entre os quais pontificava Cosme Damião - e um do Sport União Belenese - segundo muitos historiadores, venceu por 4-0 os espanhóis. Como já vimos, este misto foi integrado por quatro dos Cinco Torpedos, nomeadamente António Stromp, António Rosa Rodrigues, Francisco Stromp e João Bentes, sendo que este último foi o capitão desta equipa que fez a longa viagem desde Lisboa até Huelva de comboio, isto é, os jogadores apanharam o comboio no Barreiro, no dia 25 às 18H30 e chegaram à cidade espanhola no dia seguinte quando já passava das 20H00. Os golos foram marcados pelo benfiquista Luís Vieira e pelos torpedos António Rosa Rodrigues e Francisco Stromp, sendo que este último fez o gosto ao pé em duas ocasiões. De acordo com os jornais da época terão assistido ao encontro cerca de oito mil espectadores e a Banda Municipal de Huelva tocou os hinos português e espanhol, sendo que à noite houve um banquete de confraternização.

Quem eram os Cinco Torpedos?

João Bentes
Como já vimos os Cinco Torpedos eram constituídos por uma mão cheia de virtuosos avançados, comandados pelo capitão de equipa João Bentes. Nascido em Lisboa, Bentes integrou ainda muito jovem as equipas do Sporting, clube do qual se fez associado apenas um ano após a fundação do clube. Subiu à primeira categoria em 1910. Alinhava como extremo-esquerdo, assumindo a titularidade precisamente na temporada de 1909/10. Destacava-se por ser um atleta polivalente, diz-se que jogava em qualquer posição do terreno, exceto na de guarda-redes. Diz-se que foi ele o encarregado por Eduardo Pinto Basto, capitão do CIF, de escolher a equipa que no tal ano de 1910 foi a Huelva disputar com o Recreativo local o tal jogo internacional que acima recordarmos, isto porque o CIF, já tinha disputado um desafio em Madrid em 1907, tendo sido três anos mais tarde convidado para jogar em Huelva. No entanto, Eduardo Pinto Basto achou que o seu clube não tinha condições para isso e propôs o Sporting para ir em seu lugar. João Bentes, o capitão leonino, encarregou-se a pedido de Pinto Basto de organizar uma equipa para viajar até Espanha, tendo então convidado Cosme Damião, Luís Vieira e António Costa, todos do Benfica, e Francisco Bellas, do Sport União Belenense, para se juntarem aos jogadores do Sporting. No total, Bentes atuou durante 9 temporadas na equipa principal do Sporting, tendo sido uma das figuras destacadas nos primeiros anos de vida do clube, sendo-lhe reconhecida a mentalidade de um líder e de alguém que estava sempre disposto a tudo para triunfar. O seu momento de glória de verde-e-branco equipado terá sido na temporada de 1914/15, altura em que os leões venceram o seu primeiro Campeonato de Lisboa.

Os irmãos Catatau,
Cândido e António Rosa Rodrigues
Cândido Rosa Rodrigues, um dos irmãos Catatau que na boca dos benfiquistas foi um dos traidores que em 1907 trocou o Sport Lisboa pelo Sporting em busca de melhores condições de treino. Nasceu em Lisboa, pela uma da manhã, no primeiro andar do número 144 da rua direita de Belém, e os amigos chamava-lhe Candinho, e juntamente com os seus irmãos António, José e Jorge ficou conhecido por fazer parte dos irmãos Catatau. Em 1904 ele foi um dos 24 fundadores do Grupo Sport Lisboa onde esteve durante três temporadas. Vivendo em Belém ele era um dos principais dinamizadores no início do clube, sendo dos mais assíduos nos treinos. No verão de 1907 ele e mais sete jogadores do Sport Lisboa decidiram então rumar ao recém fundado Sporting Clube de Portugal, atraído pelas melhores condições proporcionadas pelo clube leonino. Cândido rapidamente deu nas vistas no Sporting, jogando a interior-direito. Ele entrou na história do clube leonino por ter sido o autor do primeiro golo da história dos dérbis da capital, isto é, entre sportinguistas e benfiquistas, facto ocorrido a 1 de dezembro de 1907, data em que se disputou o primeiro Derbi Eterno. Jogou no Sporting durante sete temporadas, e dos Cinco Torpedos foi o único que não conquistou qualquer título ao serviço dos leões, retirando-se do clube precisamente na época anterior à conquista do primeiro Campeonato de Lisboa. Foi ainda dirigente do Sporting quando fez parte da segunda Direcção de Caetano Pereira durante a Gerência 1912/13.

António Rosa Rodrigues, também conhecido por Neco, era outro dos irmãos Catatau que em 1907 trocou o Sport Lisboa pelo Sporting. Considerado um dos melhores avançados da sua época esteve 10 temporadas no Sporting, tendo feito parte da equipa que ganhou o primeiro Campeonato de Lisboa da história do clube. Foi um dos sete jogadores do Sporting que integraram a seleção de Lisboa que em 1910 se deslocou a Huelva para defrontar e vencer o Recreativo. Atuando como extremo-direito, na maior parte da sua carreira, viveu outros momentos de grande glamour com a camisola verde-e-branca, sendo de recordar entre muitos exemplos o facto de em 1914 ter vencido o primeiro título de âmbito mais nacional pelo Sporting, os Jogos Olímpicos Nacionais, após ter vencido na final o Império por 5-1. Atuou durante 9 temporadas no Sporting, tendo realizado mais de 60 jogos de leão ao peito.

Francisco Stromp
Verdadeiros ícones da história do Sporting foram os irmãos Stromp. Francisco nasceu no dia 21 de maio de 1892, em Lisboa, e foi um dos primeiros grandes símbolos do clube. Com apenas 16 anos estreou-se na equipa principal do Sporting, emblema cujo manto sagrado defendeu entre 1908 e 1924. Disputou mais de 100 jogos com a camisola verde-e-branca tendo sido por quatro ocasiões campeão de Lisboa (14/15, 18/19, 21/22 e 22/23). Seria aliás na temporada de 22/23 que conquistaria o seu título mais importante durante a passagem pelo clube, o Campeonato de Portugal. Capitaneou a equipa vários anos, sendo que em 1922/23, depois de Augusto Sabbo se ter demitido de treinador, coube-lhe assumir a função de timoneiro, isto é, de treinador, sendo desta forma a sua importância ainda maior na conquista da 2.ª edição do Campeonato de Portugal. Dentro de campo ocupou as posições de médio-direito e avançado-centro, destacando-se pela sua entrega. Para além do futebol, Francisco foi ainda campeão no lançamento de Disco e na estafeta dos 3x100m, tendo também praticado ténis, cricket e rugby. Desempenhou várias funções na qualidade de dirigente leonino, desde funções na Mesa da Assembleia Geral presidida pelo Visconde de Alvalade, até à passagem pelas Gerências de Queirós dos Santos e da Direção de Soares Júnior na Gerência de 1918, chegando a ocupar a vice-presidência da Direção, entre 19 de fevereiro de 1925 e 23 de fevereiro de 1926. Francisco Stromp amava o Sporting, viveu toda a vida para o clube, e a prova disso é que escolheu a data da sua morte no dia em que os leões festejavam o seu 24.º aniversário. A sífilis, doença de que padecia, seria a causa da sua morte, isto porque no dia 1 de julho de 1930 decidiu pôr termo à vida, atirando-se para a frente de um comboio na Estação de Sete-Rios. O seu nome é hoje em dia associado ao mais alto galardão atribuído pelo Sporting, os prémios Stromp, que distinguem entre outros o melhor atleta, treinador, dirigente e futebolista.

António Stromp
Francisco não era tão eclético quando o seu irmão António, um autêntico atleta multifacetado. Nascido em Lisboa em dia de Santo António (13 de junho de 1894), António contava apenas 15 anos quando em 1909 alinhou na 1.ª equipa de futebol do Sporting, ocupando a posição de extremo, preferencialmente à direita. Era dotado de estupendas qualidades físicas que aliadas à técnica fizeram dele não só um grande futebolista como também um virtuoso praticante de ténis, esgrima e cricket. Em 1913, numa viagem ao Brasil ao serviço da seleção de Lisboa, destacou-se de tal maneira que foi alvo de várias condecorações, as quais foram por ele recusadas, prova da sua humildade. Foi uma das peças preponderantes na conquista do primeiro título de campeão de Lisboa por parte do Sporting, tendo marcado um golo na vitória que conferiu o título aos leões no encontro ante o eterno rival Benfica. 

Mas seria no atletismo que a estrela de António iria brilhar mais alto. Em 1910 participou nos Jogos Olímpicos Nacionais, tendo sido um dos grandes destaques da competição ao vencer a prova de salto à vara. Um ano mais tarde venceu a prova dos 100m com um impressionante registo de 12 segundos, registando desta forma um novo recorde nacional naquela categoria. Mas 1912 seria um ano memorável para António no âmbito do atletismo. Para além de ter vencido os 100m e os 200m metros a nível nacional, foi um dos seis atletas que integrou a primeira comitiva portuguesa a marcar presença nos Jogos Olímpicos. Em Estocolmo, porém, António não fez jus às suas qualidades de velocista, não passando das eliminatórias da  prova dos 100m. No ano seguinte voltaria a triunfar nas pistas, sagrando-se campeão nacional dos 100m. Tal como seu irmão Francisco teve o infortúnio de lhe ser diagnosticada sífilis, terrível doença que o fez deixar o desporto e o levaria à morte a 6 de julho de 1921.