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sexta-feira, junho 09, 2023

Histórias do Futebol em Portugal (41)... Na tarde de Páscoa de 1949 o modesto Tirsense fez cair com estrondo o poderoso Sporting da Taça de Portugal

Um lance do célebre jogo entre Tirsense e Sporting


A taça nacional - seja em que país for - tem sempre mais encanto com a aparição dos chamados "tombas gigantes", por outras palavras, quando um pequeno clube de um escalão secundário afasta da prova um emblema de patamar de topo. E então se esse emblema de topo for um "gigante" a surpresa sobe de tom. A prova rainha do futebol português, vulgo a Taça de Portugal, está repleta de capítulos em que David derrotou Golias. Na verdade, desde a primeira edição em que a competição recebeu esta designação, na temporada de 1938/39 o "secundário" Carcavelinhos eliminava o primodivisionário Barreirense logo na 1.ª eliminatória. Cinco épocas mais tarde - em 1943/44 - o primeiro dos chamados "3 Grandes" do futebol luso cai com estrondo aos pés de um clube de uma divisão inferior, mais concretamente o Estoril, que nessa temporada elimina nos quartos-de-final da prova o FC Porto. Canarinhos da Linha que chegariam, aliás, à final da Taça nessa época, culminando assim uma época de glória que teve como epílogo a então inédita subida à 1.ª Divisão.

A lendária equipa do Tirsense que derrotou o Sporting dos Cinco Violinos

Mas o primeiro grande "tomba gigantes", ou por outras palavras, a primeira grande surpresa - ou escândalo, dirão outros  - da Taça de Portugal dá pelo nome de Futebol Clube Tirsense, popular clube nortenho que em 1948/49 elimina o Sporting. Não era um Sporting qualquer este que caiu com estrondo no então pelado Campo Abel Alves de Figueiredo, na tarde de 17 de abril de 1949. Este Sporting era tão somente a equipa dos famosos Cinco Violinos, a equipa que dominava o futebol português de então, o conjunto mais poderoso e mais temido da nossa nação, um combinado quase imbatível. Já o Tirsense era tão só uma modesta e quase desconhecida equipa que atuava na 3.ª Divisão nacional. Talvez por isso, a 1.ª eliminatória da Taça de 48/49 fosse encarada pelos temíveis leões como um mero passeio à terra dos famosos jesuítas produzidos na hoje centenária Confeitaria Moura. Terá assim que pensou o mestre da tática daquele Sporting, Cândido de Oliveira, que para Santo Tirso apenas levou dois dos seus Cinco Violinos, nomeadamente, Vasques e Albano, deixando na capital Peyroteo (lesionado), Jesus Correia e Travassos, sendo que estes dois últimos por motivos de fadiga física, já que o Campeonato Nacional da 1.ª Divisão havia terminado poucos dias antes, e desse modo o Mestre Cândido resolveu dar descanso a alguns dos seus mais virtuosos craques com vista à epopeia europeia que se avizinhava. Ou seja, a primeira edição da Taça Latina, que os leões ambicionavam conquistar. Sporting que ostentava nas vésperas do jogo de Santo Tirso o estatuto de... tri-campeão nacional e vencedor das três últimas edições da Taça!!!

Dos habituais titulares também Veríssimo ficava em casa a contas com problemas físicos, mas ainda assim todas estas baixas estavam longe de fazer antever o sportinguista - e não só - mais pessimista que o seu clube iria sucumbir aos pés do modesto emblema nortenho. Tirsense que tinha, talvez, como principal figura o seu treinador (!), que era nada mais nada menos do que o lendário ex-futebolista Pinga. Notabilizado no FC Porto ao longo de 16 épocas consecutivas, o internacional português nascido na Madeira vivia em Santo Tirso a sua primeira aventura enquanto treinador.

Pinga, o Mestre da Tática do célebre Tirsense

Como já foi dito antes o Sporting chegava a Santo Tirso poucos dias depois de ter carimbado o terceiro título consecutivo de campeão nacional, tendo disputado o último jogo desse campeonato em Guimarães, pelo que após o encontro com o Vitória nem sequer regressou a Lisboa, ficando a estagiar - ou terá sido a descomprimir? - em Famalicão até à mera formalidade que seria o embate com o "terciário" Tirsense para a ronda inaugural da Taça.

Jesuítas que faziam a sua estreia na prova rainha do futebol, há que dizê-lo, e como tal que melhor batismo poderiam ter ao receber no seu humilde campo o tri-campeão nacional e da Taça Portugal!. Já por si este momento era de festa na então vila de Santo Tirso, ainda por cima num domingo de Páscoa!

Para substituir o temível goleador Fernando Peyroteo, o Mestre Cândido lança às feras o estreante Sérgio Soares, então com 20 anos. Ele que era um produto da formação sportinguista, e que fora nessa temporada dos jogadores menos utilizados por Cândido de Oliveira, mas que mesmo assim vinha com a moral em alta, já que havia sido um dos autores dos golos em Guimarães com que o Sporting fechou o Nacional da 1.ª Divisão. Dele esperavam-se pois muitos golos frente ao desconhecido Tirsense, que nessa temporada havia chegado à final do Campeonato Nacional da 3.ª Divisão, uma decisão perdida frente ao Almada.

Mas eliminar o poderoso Sporting era sonhar alto demais, ou... não, de acordo com as palavras de Pinga ao jornal A Bola: «Sim, era (será) muito difícil... se os rapazes não tiverem medo... Mas os campeões também perdem». Parecia que o antigo astro do futebol lusitano estava a adivinhar o que iria acontecer.

Num campo de dimensões reduzidas e com um público em alvoroço em volta, o Tirsense mostrou de pronto as garras ao...leão, conforme deu a entender Luís Baptista, o jornalista do jornal da Travessa da Queimada encarregue de fazer a crónica. «Os dez primeiros minutos foram do Tirsense que actuou com entusiasmo». Isto, perante um Sporting descontraído e sem grandes pressas. Depois disto, o leão acordou e passou a impor algum respeito em campo. No entanto, na frente de ataque Sérgio Soares acusava a responsabilidade de estar a substituir o lendário Peyroteo, e não dava o melhor seguimento às várias e flagrantes oportunidades de golo de que dispôs. Seria, porém, o melhor leão desse encontro, Armando Ferreira, que aos 17 minutos colocou o Sporting em vantagem, mas.. foi sol de pouca dura. Entusiasmado quiçá pelo momento de gala que estava a viver, o Tirsense não se remetia à defesa - bem organizada - e segundo o escriba de A Bola muitas vezes passava o meio campo. E numas dessas incursões, Catolino fez o empate (!), num lance em que o lendário Azevedo é apanhado a dormir. Por outras palavras, não se fez à bola, que foi parar à cabeça do avançado jesuíta, rumando em seguida para o fundo das redes. Por incrível que parecesse o modesto Tirsense ia aguentando o leão, e ao intervalo o duelo estava empatado.

O Sporting procurou no reatamento resolver a contenda a seu favor, e até se queixou de uma grande penalidade não assinalada: uma carga do guardião local Daniel sobre João Martins (o tal que apontou o primeiro golo das provas da UEFA a nível de clubes). Os minutos iam passando, e o resultado não se alterava, pelo que o Tirsense ia crescendo... e acreditando. «E a oito minutos do fim, Azevedo lançou com a mão a bola fora da sua baliza. A jogada foi interceptada por um tirsense e concluída por um companheiro apanhando Azevedo ainda mal situado entre os postes. Estava feito o resultado», assim descreveu Luís Baptista o golo de Mendes, o tento que ditou a vitória tirsense por 2-1 e a consequente eliminação do Sporting!

Manchete do jornal A Bola de 18 de abril de 1949

Quiçá ainda atordoados com a pancada, os dirigentes sportinguistas chegaram a protestar o jogo, com o argumento de que o Campo Abel Alves de Figueiredo não reunia condições para acolher um desafio de futebol. Mas o que é certo é que a derrota foi mesmo uma realidade ante um Tirsense que o jornalista Luís Baptista gostou de ver jogar pela primeira vez, um conjunto em que «a defesa e a linha intermediária comportaram-se bem, chegando para quase todos os momentos». E numa análise global a alguns dos novos heróis da vila de Santo Tirso, o colaborador de A Bola escrevia que «o guarda-redes, desajeitado nas defesas não pôs as balizas em perigo de maior. Cruz, Álvaro e Prazeres jogaram bem, Chelas e Joaquim não destoaram. A linha da frente é que é bastante frágil. Apenas Falcão se salientou. (...) Mas o Interesse pela luta, o brio desportivo que os uniu fez com que o Tirsense alcançasse resultado sensacional que ao mesmo tempo nada tem de injusto».

Estava assim consumada a grande surpresa desta edição da Taça de Portugal, diríamos mesmo a primeira grande surpresa da competição, ou como Luís Baptista lhe chamou, um acidente. «Estes "acidentes" da prova servem para criar mais adeptos, maior entusiasmo, maior expansão do jogo e maior expectativa pelos encontros. Há sempre uma possibilidade... mesmo para os mais fracos. Assim aconteceu em Santo Tirso», assim rematou o escriba de A Bola.

O cartoon da Revista Stadium que evoca a grande 
surpresa ocorrida em Santo Tirso

Numa partida em que para a revista Stadium «o Tirsense, da 3.ª Divisão, treinado por esse incomparável Pinga, bateu-se como "leão" e eliminou os "leões" (...) campeões nacionais, equipa cheia de pergaminhos, com uma tática firme, vencedora...», eis a ficha que fica para a história do futebol português, e ainda mais para a do então jovem (com apenas 11 anos de existência) Futebol Clube Tirsense: Árbitro: Augusto Pacheco (Aveiro). Tirsense - Daniel, Joaquim, Chelas, Cruz, Álvaro, Prazeres, Zeca, Falcão, Mendes, Catolino e Mota. Treinador: Artur Sousa “Pinga”. Sporting - João Azevedo, Octávio Barrosa, Juvenal, Canário, Manecas, Mateus, Armando Ferreira, Vasques, Sérgio Soares, João Martins e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira.

terça-feira, junho 08, 2021

Histórias do Futebol em Portugal (31)... Ainda antes dos Cinco Violinos brilharem já os Cinco Torpedos encantavam vestindo a pele do leão

Os Cinco Torpedos
Os Cinco Violinos foram com toda a certeza não só o quinteto ofensivo mais virtuoso da história do futebol português como também uma das linhas avançadas mais célebres e poderosas do futebol internacional da década de 40 do século passado.

Defendendo as cores do Sporting Clube de Portugal, Fernando Peyroteo, Vasques, Albano, Jesus Correia e José Travassos são os cinco famosos violinistas dessa memorável orquestra que entre 1946 e 1949 tornou o leão num animal impossível de domar. Porém, muitos antes deste quinteto dar nas vistas um outro núcleo de cinco jogadores brilhou com o manto sagrado do Sporting vestido. Um quinteto de despoletou nos primórdios do clube fundado por José Holtreman Roquette (Alvalade), em 1906, e que pelo seu talento escreveu uma página digna de registo na extensa e gloriosa história do emblema leonino. Ainda que pouco conhecido por parte do grande público afeto ao Belo Jogo se comparado com os Cinco Violinos, este quinteto marcou os primeiro anos de vida do Sporting numa época em que as competições futebolísticas a nível nacional eram ainda muito escassas. Sem mais demoras vamos embarcar na Máquina do Tempo para conhecer os Cinco Torpedos.

E para isso viajemos até à década de 10 dos século XX, altura em que o epicentro do futebol em Portugal estava na capital, que vivia então o fervor dos primeiros campeonatos de Lisboa, que faziam desenvolver a modalidade não só na região mas também no resto do país. O Sporting era então um jovem clube, rico, é certo, já que detinha as melhores condições do futebol lisboeta, fazendo assim jus ao objetivo do seu criador, José de Alvalade, aquando da fundação: fazer do Sporting Clube de Portugal "um grande clube tão grande como os maiores…”.

O país de então vivia a febre do futebol, cujo aumento da popularidade era um facto indesmentível, sendo que os matches atraíam a si assistências bastante consideráveis. O panorama futebolístico da capital era dominado então pelos ingleses do Carcavelos, que haviam vencido as três primeiras edições do Campeonato de Lisboa. Apesar de não lograr alcançar qualquer título até então, o Sporting era uma das equipas mais fortes e virtuosas do futebol daqueles anos, um team muito  respeitado pelos adversários, graças a um conjunto de grandes jogadores. Muitos destes atletas deram início a uma rivalidade que ainda hoje se mantém com os vizinhos do Sport Lisboa (hoje Benfica), e que teve início em 1907 quando oito jogadores dos encarnados resolvem mudar-se para o clube de José de Alvalade, o qual oferecia banhos quentes e demais privilégios aos atletas, então coisa rara no futebol. Entre esses desertores estavam os irmãos Catatau, mais precisamente Cândido Rosa Rodrigues e António Rosa Rodrigues. A estes, já no final da primeira década do século XX, junta-se no Sporting outra dupla de irmãos, os Stromp, nomeadamente Francisco Stromp e António Stromp.

As condições de excelência do Sporting atraíam como já dissemos os melhores jogadores do futebol lisboeta daquele tempo, sendo que outro dos craques de então era o virtuoso avançado João Bentes, que rapidamente se tornou num dos atletas mais importantes do clube, sendo que na passagem para a década de 10 seria eleito o capitão de equipa. Ora, estes cinco nomes que acabamos de mencionar formaram aquela que foi rotulada na altura como a linha avançada mais poderosa e virtuosa do futebol lisboeta daqueles anos, e que ficaria conhecida como os Cinco Torpedos.

Juntos, é certo, que não arrecadaram nenhum título para o Sporting, embora naquele tempo a única competição que existia fosse o Campeonato de Lisboa, mas lograram alcançar exibições fantásticas que ficaram eternizadas nos jornais da época. Atuaram juntos durante quatro temporadas, mais concretamente em 1909/19, 1910/11, 1911/12 e 1912/13. A melhor classificação obtida pelos Cinco Torpedos foi precisamente na última época em que jogaram juntos, tendo o Sporting ficado em 2.º lugar no Campeonato de Lisboa, a quatro pontos do campeão Benfica.  

O 11 da seleção de Lisboa vestindo à Sporting que foi a Huelva bater o Recreativo

Quatro dos Cinco Torpedos entraram em 1910 para a história não só do Sporting como do próprio futebol luso pelo facto de terem participado no primeiro jogo internacional daquela que pode ser considerada a primeira seleção portuguesa a atuar no estrangeiro. Foi a 27 de agosto de 1910, data que um misto de jogadores de três equipas de Lisboa, nomeadamente o Sporting, o Benfica e o Sport União Belenese, se deslocou a Espanha para jogar com o Recreativo de Huelva. Atuando com o equipamento do Sporting a seleção lisboeta, ou o Sporting reforçado com três jogadores do Benfica - entre os quais pontificava Cosme Damião - e um do Sport União Belenese - segundo muitos historiadores, venceu por 4-0 os espanhóis. Como já vimos, este misto foi integrado por quatro dos Cinco Torpedos, nomeadamente António Stromp, António Rosa Rodrigues, Francisco Stromp e João Bentes, sendo que este último foi o capitão desta equipa que fez a longa viagem desde Lisboa até Huelva de comboio, isto é, os jogadores apanharam o comboio no Barreiro, no dia 25 às 18H30 e chegaram à cidade espanhola no dia seguinte quando já passava das 20H00. Os golos foram marcados pelo benfiquista Luís Vieira e pelos torpedos António Rosa Rodrigues e Francisco Stromp, sendo que este último fez o gosto ao pé em duas ocasiões. De acordo com os jornais da época terão assistido ao encontro cerca de oito mil espectadores e a Banda Municipal de Huelva tocou os hinos português e espanhol, sendo que à noite houve um banquete de confraternização.

Quem eram os Cinco Torpedos?

João Bentes
Como já vimos os Cinco Torpedos eram constituídos por uma mão cheia de virtuosos avançados, comandados pelo capitão de equipa João Bentes. Nascido em Lisboa, Bentes integrou ainda muito jovem as equipas do Sporting, clube do qual se fez associado apenas um ano após a fundação do clube. Subiu à primeira categoria em 1910. Alinhava como extremo-esquerdo, assumindo a titularidade precisamente na temporada de 1909/10. Destacava-se por ser um atleta polivalente, diz-se que jogava em qualquer posição do terreno, exceto na de guarda-redes. Diz-se que foi ele o encarregado por Eduardo Pinto Basto, capitão do CIF, de escolher a equipa que no tal ano de 1910 foi a Huelva disputar com o Recreativo local o tal jogo internacional que acima recordarmos, isto porque o CIF, já tinha disputado um desafio em Madrid em 1907, tendo sido três anos mais tarde convidado para jogar em Huelva. No entanto, Eduardo Pinto Basto achou que o seu clube não tinha condições para isso e propôs o Sporting para ir em seu lugar. João Bentes, o capitão leonino, encarregou-se a pedido de Pinto Basto de organizar uma equipa para viajar até Espanha, tendo então convidado Cosme Damião, Luís Vieira e António Costa, todos do Benfica, e Francisco Bellas, do Sport União Belenense, para se juntarem aos jogadores do Sporting. No total, Bentes atuou durante 9 temporadas na equipa principal do Sporting, tendo sido uma das figuras destacadas nos primeiros anos de vida do clube, sendo-lhe reconhecida a mentalidade de um líder e de alguém que estava sempre disposto a tudo para triunfar. O seu momento de glória de verde-e-branco equipado terá sido na temporada de 1914/15, altura em que os leões venceram o seu primeiro Campeonato de Lisboa.

Os irmãos Catatau,
Cândido e António Rosa Rodrigues
Cândido Rosa Rodrigues, um dos irmãos Catatau que na boca dos benfiquistas foi um dos traidores que em 1907 trocou o Sport Lisboa pelo Sporting em busca de melhores condições de treino. Nasceu em Lisboa, pela uma da manhã, no primeiro andar do número 144 da rua direita de Belém, e os amigos chamava-lhe Candinho, e juntamente com os seus irmãos António, José e Jorge ficou conhecido por fazer parte dos irmãos Catatau. Em 1904 ele foi um dos 24 fundadores do Grupo Sport Lisboa onde esteve durante três temporadas. Vivendo em Belém ele era um dos principais dinamizadores no início do clube, sendo dos mais assíduos nos treinos. No verão de 1907 ele e mais sete jogadores do Sport Lisboa decidiram então rumar ao recém fundado Sporting Clube de Portugal, atraído pelas melhores condições proporcionadas pelo clube leonino. Cândido rapidamente deu nas vistas no Sporting, jogando a interior-direito. Ele entrou na história do clube leonino por ter sido o autor do primeiro golo da história dos dérbis da capital, isto é, entre sportinguistas e benfiquistas, facto ocorrido a 1 de dezembro de 1907, data em que se disputou o primeiro Derbi Eterno. Jogou no Sporting durante sete temporadas, e dos Cinco Torpedos foi o único que não conquistou qualquer título ao serviço dos leões, retirando-se do clube precisamente na época anterior à conquista do primeiro Campeonato de Lisboa. Foi ainda dirigente do Sporting quando fez parte da segunda Direcção de Caetano Pereira durante a Gerência 1912/13.

António Rosa Rodrigues, também conhecido por Neco, era outro dos irmãos Catatau que em 1907 trocou o Sport Lisboa pelo Sporting. Considerado um dos melhores avançados da sua época esteve 10 temporadas no Sporting, tendo feito parte da equipa que ganhou o primeiro Campeonato de Lisboa da história do clube. Foi um dos sete jogadores do Sporting que integraram a seleção de Lisboa que em 1910 se deslocou a Huelva para defrontar e vencer o Recreativo. Atuando como extremo-direito, na maior parte da sua carreira, viveu outros momentos de grande glamour com a camisola verde-e-branca, sendo de recordar entre muitos exemplos o facto de em 1914 ter vencido o primeiro título de âmbito mais nacional pelo Sporting, os Jogos Olímpicos Nacionais, após ter vencido na final o Império por 5-1. Atuou durante 9 temporadas no Sporting, tendo realizado mais de 60 jogos de leão ao peito.

Francisco Stromp
Verdadeiros ícones da história do Sporting foram os irmãos Stromp. Francisco nasceu no dia 21 de maio de 1892, em Lisboa, e foi um dos primeiros grandes símbolos do clube. Com apenas 16 anos estreou-se na equipa principal do Sporting, emblema cujo manto sagrado defendeu entre 1908 e 1924. Disputou mais de 100 jogos com a camisola verde-e-branca tendo sido por quatro ocasiões campeão de Lisboa (14/15, 18/19, 21/22 e 22/23). Seria aliás na temporada de 22/23 que conquistaria o seu título mais importante durante a passagem pelo clube, o Campeonato de Portugal. Capitaneou a equipa vários anos, sendo que em 1922/23, depois de Augusto Sabbo se ter demitido de treinador, coube-lhe assumir a função de timoneiro, isto é, de treinador, sendo desta forma a sua importância ainda maior na conquista da 2.ª edição do Campeonato de Portugal. Dentro de campo ocupou as posições de médio-direito e avançado-centro, destacando-se pela sua entrega. Para além do futebol, Francisco foi ainda campeão no lançamento de Disco e na estafeta dos 3x100m, tendo também praticado ténis, cricket e rugby. Desempenhou várias funções na qualidade de dirigente leonino, desde funções na Mesa da Assembleia Geral presidida pelo Visconde de Alvalade, até à passagem pelas Gerências de Queirós dos Santos e da Direção de Soares Júnior na Gerência de 1918, chegando a ocupar a vice-presidência da Direção, entre 19 de fevereiro de 1925 e 23 de fevereiro de 1926. Francisco Stromp amava o Sporting, viveu toda a vida para o clube, e a prova disso é que escolheu a data da sua morte no dia em que os leões festejavam o seu 24.º aniversário. A sífilis, doença de que padecia, seria a causa da sua morte, isto porque no dia 1 de julho de 1930 decidiu pôr termo à vida, atirando-se para a frente de um comboio na Estação de Sete-Rios. O seu nome é hoje em dia associado ao mais alto galardão atribuído pelo Sporting, os prémios Stromp, que distinguem entre outros o melhor atleta, treinador, dirigente e futebolista.

António Stromp
Francisco não era tão eclético quando o seu irmão António, um autêntico atleta multifacetado. Nascido em Lisboa em dia de Santo António (13 de junho de 1894), António contava apenas 15 anos quando em 1909 alinhou na 1.ª equipa de futebol do Sporting, ocupando a posição de extremo, preferencialmente à direita. Era dotado de estupendas qualidades físicas que aliadas à técnica fizeram dele não só um grande futebolista como também um virtuoso praticante de ténis, esgrima e cricket. Em 1913, numa viagem ao Brasil ao serviço da seleção de Lisboa, destacou-se de tal maneira que foi alvo de várias condecorações, as quais foram por ele recusadas, prova da sua humildade. Foi uma das peças preponderantes na conquista do primeiro título de campeão de Lisboa por parte do Sporting, tendo marcado um golo na vitória que conferiu o título aos leões no encontro ante o eterno rival Benfica. 

Mas seria no atletismo que a estrela de António iria brilhar mais alto. Em 1910 participou nos Jogos Olímpicos Nacionais, tendo sido um dos grandes destaques da competição ao vencer a prova de salto à vara. Um ano mais tarde venceu a prova dos 100m com um impressionante registo de 12 segundos, registando desta forma um novo recorde nacional naquela categoria. Mas 1912 seria um ano memorável para António no âmbito do atletismo. Para além de ter vencido os 100m e os 200m metros a nível nacional, foi um dos seis atletas que integrou a primeira comitiva portuguesa a marcar presença nos Jogos Olímpicos. Em Estocolmo, porém, António não fez jus às suas qualidades de velocista, não passando das eliminatórias da  prova dos 100m. No ano seguinte voltaria a triunfar nas pistas, sagrando-se campeão nacional dos 100m. Tal como seu irmão Francisco teve o infortúnio de lhe ser diagnosticada sífilis, terrível doença que o fez deixar o desporto e o levaria à morte a 6 de julho de 1921.

quarta-feira, julho 08, 2015

Histórias do Planeta da Bola (12)... A Taça Latina (parte I)

A Taça Latina
O sucesso obtido pela Taça Mitropa na década de 30 do século passado reacendeu o interesse dos povos do sul da Europa no sentido de erguer uma competição internacional ao nível de clubes. A primeira tentativa surgiu mesmo na época em que a competição idealizada pelo austríaco Hugo Meisl vivia a sua era dourada (1927-1939). Tentativa essa que foi feita pelo espanhol Alberto Fernàndez, um jornalista que na altura apresentou a ideia de criar uma competição extra-muros que agregasse a si as seleções do sul do Velho Continente, proposta que na época foi recebida com profundo desinteresse pelas federações, acabando por ficar metida na gaveta por mais de duas décadas. Altura em que outro espanhol voltaria à carga, agora com argumentos de maior peso, desde logo porque na memória da cada vez mais numerosa família futebolística europeia estava o êxito que havia sido gerado em torno da Taça Mitropa. Foi pois olhando para o sucesso angariado pela lendária competição da Europa Central que o presidente da Real Frederación Española de Fútbol, Alberto Muñoz Calero, colocou em cima da mesa o projeto de criar uma grande competição que reunisse os campeões nacionais de Espanha, França, Itália, e Portugal. Competição essa que seria então batizada de Taça Latina. Abra-se no entanto aqui uma parêntese para referir que muitos historiadores desportivos defendem que a ideia de criar a competição nasceu em Portugal, e cujo progenitor da ideia seria o histórico jogador, dirigente e jornalista Ribeiro dos Reis, figura que terá proposto aos jornais Os Sports e A Bola a criação de um torneio anual disputado entre os campeões dos dois países ibéricos – Portugal e Espanha.

São pois diferentes as versões sobre o nascimento de uma prova que iria ver a luz do dia em 1949, tendo ficado definido pelo comité organizador – numa reunião realizada em Barcelona a 2 de janeiro de 1949 – que o torneio seria disputado num único país e que o formato do mesmo seria composto por um sistema de eliminatórias, ou seja, meias-finais, jogo de apuramento dos 3º e 4º lugares, e final.



Alberto Muñoz Calero
Madrid e Barcelona foram então as cidades escolhidas para dar vida à 1ª edição da Taça Latina, que foi integrada pelo Barcelona, Stade Reims, Sporting, e Torino, campeões nacionais dos seus respetivos países. Os italianos surgiam em Espanha vestidos de luto, em consequência da tragédia ocorrida a 4 de maio desse ano de 1949, altura em que depois de um jogo amigável realizado em Lisboa, diante do Benfica, o avião que transportava a comitiva do Toro de regresso a casa embateu contra uma das torres da Basílica de Superga, vitimando todos os que seguiam a bordo. A tragédia chocou o Mundo, em especial o Planeta da Bola, já que aquele acidente fazia desaparecer a mais talentosa equipa italiana da época, e uma das mais fortes do Velho Continente, eternizada como Il Grande Torino. Órfão dos seus maiores craques foi com uma equipa constituída à base de jovens jogadores oriundos dos escalões de formação – com uma média de 17 anos de idade – que o Torino se apresentou em campo no dia 26 de junho, no Estádio Metropolitano, na capital espanhola, para defrontar os campeões de Portugal, o Sporting. Equipa esta onde brilhava um famoso quinteto avançado, conhecido como os Cinco Violinos. Fernando Peyroteo, Jesus Correia, Albano, Vasques, e Travassos formavam então o famoso quinteto que atuando no setor ofensivo do terreno de jogo ofereceu ao clube de Alvalade a glória na sequência de centenas de golos, saborosos títulos, e acima de tudo momentos deslumbrantes de futebol baseados num exímio entrosamento aliado a um elevado grau de qualidade futebolística de todos os seus elementos nunca dantes visto no desporto rei. Quem teve o privilégio de assistir aos recitais desta orquestra afirmava não ter dúvidas em rotular este como um dos períodos mais dourados do futebol português, e do Sporting em particular, lamentando apenas que estes cinco artistas não tenham tido a oportunidade de atuar juntos mais do que as três épocas em que fizeram furor de leão ao peito.

O famoso quinteto avançado do Sporting eternizado como os Cinco Violinos
Em Madrid os lisboetas encontraram um público hostil, que durante os 90 minutos mostrou uma vincada simpatia pelos jovens jogadores italianos, em claro sinal de solidariedade pelo que havia acontecido meses antes. Transalpinos que apesar da sua inexperiência venderam cara a derrota frente aos portugueses. 3-1 foi o resultado final deste duelo, sendo de destacar a exibição individual de Fernando Peyroteo, o temível matador dos leões, autor dos três golos da sua equipa, apontados aos 15, 26, e 48 minutos. Este último foi mesmo o último golo de Peyroteo com a camisola leonina, já que na temporada seguinte o famoso jogador decidiu deixar o clube após 12 gloriosas temporadas. 
 

Estanislao Basora
Na outra partida das meias-finais, disputada no Camp de Les Corts, em Barcelona, a equipa da casa não teve dificuldades em despachar os campeões de França, o Stade Reims, por 5-0. O resultado traduziu a superioridade evindenciada pelos catalães ao longo dos 90 minutos, sendo que ao intervalo o resultado até pecava por ser curto (2-0) em virtude da avalanche ofensiva que até então se havia verificado da parte dos campeões de Espanha. Seguer, aos seis minutos abriu, de cabeça, o marcador, e Nicolau, aos 25 minutos, aproveitou um erro do guardião Paul Sinibaldi para ampliar o score. Na etapa complementar César fez o gosto ao pé por duas ocasiões no espaço de 10 minutos e desde logo sentenciou a questão. Tempo houve ainda para os adeptos catalães vibrarem com mais um golo da sua equipa, da autoria de Canal, após um passe magistral de Seguer. No final do encontro o treinador dos franceses, Henri Roessier, lamentou o pesado resultado averbado pela sua equipa: «o 4-1 tinha sido melhor do que o 5-0». disse.

Uma semana mais tarde disputaram-se os dois últimos jogos desta primeira edição da Taça Latina. O primeiro colocou frente a frente em Les Corts (Barcelona) os derrotados das meias-finais, o Torino e o Stade Reims. Tal como haviam feito diante do Sporting os jovens italianos lutaram com bravura, apesar da sua inexperiência, postura que seria premiada com um triunfo por 5-3, garantindo assim o terceiro lugar.



O jornal A Marca titulando
o triunfo dos catalães
Em Madrid o Estádio de Chamartin acolheu 30.000 espetadores – onde entre os quais se destacou a presença do presidente da FIFA, Jules Rimet – que ali acorreram para assistir à grande final da competição. O Barça enfrentava aquela que muitos dos especialistas em matéria futebolística apontavam como a grande favorita ao triunfo final, a equipa do Sporting. A magnífica exibição coletiva dos leões – orientados pelo mestre Cândido de Oliveira – uma semana antes diante do Torino – sobretudo do seu quinteto ofensivo – havia deixado os espanhóis literalmente de boca aberta! Porém, e contrariamente ao sucedido ante o Torino, os portugueses encontraram muitas dificuldades para travar o ímpeto ofensivo do Barcelona. E não fosse uma soberba performance do guarda-redes Azevedo o Sporting teria saído de Chamartín humilhado. Logo aos 10 minutos do encontro Seguer abriu o marcador para os catalães, dando o melhor seguimento a um cruzamento de Basora. À passagem do minuto 26 Jesus Correia empatou a contenda após passe de Albano, repondo a igualdade com que se atingiu o descanso. Aos quatro minutos da segunda parte Basora recolocou o Barça na frente do marcador, o qual até final não mais se iria alterar, pese embora Jesus Correia tenha, já perto do final, desperdiçado uma ocasião soberana para voltar a igualar o encontro.

Na verdade, também o Barcelona teve algumas oportunidades para ampliar a sua vantagem, esbarrando sempre na verdadeira muralha em que se transformou Azevedo. De tal maneira que no rescaldo do jogo o herói da final, Basora, disse: «Azevedo tornou possível o equilíbrio de jogo a que o Sporting logrou chegar, mercê da confiança que as suas magníficas defesas lhe deu. Com outro guarda-redes, os portugueses ter-se-iam afundado na primeira meia-hora». Mesmo tendo conquistado o seu primeiro título internacional em casa do velho e eterno inimigo Real Madrid os jogadores do Barcelona seriam aplaudidos de pé pelo público, enquanto que os portugueses foram recebidos em Lisboa em apoteose pelos seus adeptos.

Nomes e números:

Meias-finais

Sporting (Portugal) – Torino (Itália): 3-1

Barcelona (Espanha) – Stade Reims (França): 5-0

Jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares

Torino (Itália) – Stade Reims (França): 5-3



O onze do Barcelona que em Madrid conquistou a 1ª edição da Taça Latina
Final

Barcelona (Espanha) – Sporting (Portugal): 2-1

Data: 3 de julho de 1949

Árbitro: Victor Sdez (França)

Estádio: Chamartin, em Madrid (Espanha)

Barcelona: Juan Zambudio Velasco, Francisco Calvet, Curta, Calo, Gonzalvo III, Gonzalvo II, Estanislao Basora, Josep Seguer, Josep Canal Viñas, César Rodríguez, e Alfonso Navarro. Treinador: Enrique Fernández Viola.

Sporting: João Azevedo, Octávio Barrosa, Manecas, Juvenal, Carlos Canário, Veríssimo, Jesus Correia, Manuel Vasques, Fernando Peyroteo, José Travassos, e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira.

Golos: 1-0 (Seguer, aos 10m), 1-1 (Jesus Correia, aos 27m), 2-1 (Basora, aos 59m).

1950: Benfica vence a longa maratona de Lisboa


Rogério Pipi ergue
na tribuna do Estádio Nacional
a Taça Latina
Em 1950 foi a vez de Portugal, e a cidade de Lisboa, mais concretamente, receber a competição internacional. A capital lusa engalanou-se para receber os campeões nacionais de França, Espanha, e Portugal, respetivamente, o Bordéus, o Atlético de Madrid, e o Benfica, equipas às quais se juntou a Lazio, conjunto italiano que viajou para território luso em substituição do campeão de Itália de 49/50, a Juventus, que declinou o convite da organização. O Estádio Nacional, inaugurado seis anos antes, foi o palco escolhido para o desenrolar do certame. De referir que esta segunda edição ficou marcada pelo facto de alguns dos melhores jogadores dos combinados participantes, mais concretamente os das equipas espanhola e italiana, terem estado ausentes, uma vez que na mesma altura decorria do outro lado do Atlântico – no Brasil, mais precisamente – o Campeonato do Mundo da FIFA. Perante este facto a organização da Taça Latina abriu um precedente ao permitir que as equipas mais despidas de craques se reforçassem com jogadores de outros conjuntos.

E no dia 10 de junho, feriado em Portugal, as equipas do Benfica e da Lazio de Roma sobem ao bem tratado relvado da "sala de visitas" do futebol lusitano, o Estádio Nacional, para dar o pontapé de saída da 2ª edição da competição. Nesse dia, e mercê de uma magnífica exibição, os benfiquistas batem a squadra transalpina por expressivos 3-0, com golos de Carmona, Arsénio, e Rogério, todos apontados durante os primeiros 45 minutos. Vitória indiscutível, escreveram os analistas desportivos da época, ante uma Lazio visivelmente afetada pela ausência de alguns dos seus melhores atletas, que, como já referimos, se encontravam no Brasil ao serviço da seleção de Itália. Indiscutível seria também o triunfo dos franceses do Bordéus ante os espanhóis do Atlético de Madrid, por 4-2, duelo ocorrido nesse mesmo dia 10 de junho.

Benfica e Bordéus lutam pela posse do esférico na final de 50
Ao contrário do que se havia verificado na edição de estreia o jogo de atribuição dos terceiro e quarto lugares e a final foram disputados no dia seguinte!!! Esse dia 11 de junho começava com os madrilenos do Atlético a levarem para casa o 3º lugar depois de vencerem uma desoladora Lazio por 2-1.

E eis que finalmente Benfica e Bordéus entraram em cena para travar a primeira metade de uma batalha que haveria de ter contornos emocionantes. Os portugueses chegaram facilmente ao 2-0 nos instantes iniciais da contenda, graças à pontaria certeira de Arsénio e Corona, respetivamente aos 4 e 17 minutos. Porém, do outro lado da barricada estava um conjunto de fino recorte técnico que ainda antes do intervalo daria a volta ao marcador, graças a um bis de André Doye e a um remate certeiro de René Persillon a dois minutos dos 45. Seria então na condição de derrotado (2-3) que o Benfica voltaria ao campo para disputar a etapa final da empolgante batalha. Pegando nas rédeas do encontro os benfiquistas dominaram a seu bel-prazer os segundos 45 minutos, acabando por chegar ao justo golo do empate por intermédio de Rogério à passagem do 55. Face a esta igualdade as duas equipas tiveram de enfrentar um prolongamento de 30 minutos, tempo extra onde nada de novo surgiu, pelo que a organização agendou uma finalíssima para uma semana mais tarde.



A alegria dos benfiquistas
contrasta com
a tristeza de um francês
18 de junho foi então o dia do novo confronto, tendo o Estádio Nacional registado uma afluência de 20 000 espetadores, um número estranho para aqueles dias, já que a média de assistências do campeonato português não ultrapassava os 5 000 espetadores. Mas talvez "enfeitiçados" pelo espetáculo que Benfica e Bordéus haviam proporcionado uma semana estes 20 000 entusiastas terão pensado que as duas equipas pudessem prolongar aquela magia futebolística por mais 90 minutos... no mínimo. E não se enganariam, muito pelo contrário. Os lusos entraram melhor numa finalíssima que iria ficar gravada na Grande Enciclopédia do Futebol como um dos jogos mais dramáticos da história, enviando uma bola aos ferros da baliza francesa. Não marcaram os encarnados... marcaram os azuis de Bordéus quando o relógio marcava apenas 11 minutos de jogo, por intermédio de Kargu. A perder, os pupilos de Ted Smith partiram para cima do Bordéus com todas as suas forças e alma, valendo ao emblema gaulês uma soberba exibição do guardião do seu templo, o guarda-redes Astresses. O Benfica ia tentando sem êxito chegar ao golo, e além dos franceses enfrentava agora outro rival de peso, o relógio, que galgava a linha do tempo a um ritmo alucinante. Perante este cenário o público afeto ao Benfica ia perdendo a esperança de ver o seu clube triunfar na (já) prestigiada competição internacional... e quando muitos, com um ar cabisbaixo, já se encaminhavam para fora da catedral do futebol lusitano, Arsénio faz o golo do empate aos 89 minutos, provocando uma imediata explosão de alegria nos que teimaram em ficar sentados nas bancadas de pedra do Jamor até ao apito final. 
A equipa do Benfica que no relvado do Estádio Nacional conquistou o primeiro título internacional para o futebol português
O relógio marcava 90 minutos! Um golo apontado em cima da linha de meta que levaria as equipas para mais um prolongamento. 30 minutos onde nada se alterou, sendo que segundo os regulamentos da prova teria de ser jogado em seguida um pequeno prolongamento de 10 minutos para se encontrar o vencedor. Teimosamente as equipas permaneceriam empatadas nestes 10 minutos suplementares, pelo que tiveram se de jogar... mais 10 minutos! Também durante este novo período nada de relevante ocorreu no relvado do Jamor que aos poucos ia deixando de ser iluminado pelo sol. A noite espreitava sobre Lisboa numa época em que o principal estádio português não tinha iluminação artificial! E eis que no terceiro período de 10 minutos (!), numa altura em que os jogadores dos dois conjuntos há muito que tinham ficado sem forças, muitos já nem se mexiam (!), em que jogavam já quase sem luz solar, Julinho apareceu do nada para fazer o 2-1 e acabar de vez com aquela longa maratona futebolística.

Já tinham passado 143 minutos (!) desde que o árbitro dera início à finalíssima. Com o apito final a festa estalou. 265 minutos - no total dos dois jogos - haviam sido precisos para coroar o Benfica como a primeira equipa portuguesa a vencer uma competição internacional. O público invadiu o relvado para abraçar os jogadores que já não tinham forças para sequer erguer os braços em sinal de vitória. Um pouco a custo Rogério de Carvalho - também conhecido por Rogério Pipi - subiu a longa escadaria até à tribuna do Jamor para receber a Taça Latina de 1950. No fim o treinador inglês do Benfica, Ted Smith, disse que «em 20 anos de futebol nunca vi nada assim!».


Nomes e números

Meias-finais

Benfica (Portugal) – Lazio (Itália): 3-0

Bordéus (França) – Atlético de Madrid (Espanha): 4-2

Jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares

Atlético de Madrid (Espanha) – Lazio (Itália): 2-1

Final

Benfica (Portugal) – Bordéus (França): 3-3


Data: 11 de julho de 1950

Estádio: Nacional, em Lisboa (Portugal)

Árbitro: ?

Benfica: José Bastos, Jacinto, Joaquim Fernandes, Félix, Francisco Moreira, José da Costa, Rogério Pipi, Eduardo José Corona, Arsénio, Julinho, e Pascoal. Treinador: Ted Smith.

Bordéus: Jean-Guy Astresses, Manuel Garriga, Mérignac, Ben Kaddour M'Barek, Jean Swiatek, René Gallice, René Persillon, Mustapha Ben M'Barek, Édouard Kargu, Guy Meynieu, André Doye. Treinador: André Gérard.

Golos: 1-0 (Arsénio, aos 4m), 2-0 (Corona, aos 17m), 2-1 (Doye, aos 21m), 2-2 (Doye, aos 36m), 2-3 (Pesillon, aos 43m), 3-3 (Rogério, aos 55m).

Finalíssima

Benfica (Portugal) – Bordéus (França): 2-1

Data: 18 de julho de 1950

Estádio: Nacional, em Lisboa (Portugal)

Árbitro: Giacomo Bertolio (Itália)

Benfica: José Bastos, Jacinto, Joaquim Fernandes, Félix, Francisco Moreira, José da Costa, Rogério Pipi, Eduardo José Corona, Arsénio, Julinho, Rosário. Treinador: Ted Smith.

Bordéus: Jean-Guy Astresses, Manuel Garriga, Mérignac, Ben Kaddour M'Barek, Jean Swiatek, René Gallice, René Persillon, Mustapha Ben M'Barek, Édouard Kargu, Guy Meynieu, André Doye. Treinador: André Gérard.

Golos: 0-1 (Kargu, aos 11m), 1-1 (Arsénio, aos 89m), 2-1 (Julinho, aos 143m).

sexta-feira, abril 06, 2012

Histórias do Futebol em Portugal (6)... A orquestra mais virtuosa do futebol lusitano

Equipas há que pelo virtuosismo desenhado num retângulo de jogo são capazes de transportar a nossa imaginação para a “degustação” de um concerto de música clássica. Ao longo da sua história o futebol deu-nos muitos e grandes tenores, inolvidáveis maestros, ou incomparáveis solistas, mas raras vezes nos terá dado uma orquestra tão afinada e virtuosa como a dos “Cinco Violinos”.
Esta foi a designação dada pelo conceituado treinador/jornalista Tavares da Silva ao quinteto mais célebre do futebol português, e porque não dizê-lo do futebol mundial, formado por um grupo de notáveis e virtuosos jogadores de futebol que na década de 40 encantou multidões nos campos nacionais defendendo as cores do Sporting Clube de Portugal. Fernando Peyroteo, Vasques, Albano, Jesus Correia e José Travassos são os cinco famosos violinistas dessa memorável orquestra que entre 1946 e 1949 tornou o leão num animal impossível de domar.
Um quinteto que atuando no setor ofensivo do terreno de jogo ofereceu ao clube de Alvalade a glória na sequência de centenas de golos, saborosos títulos, e acima de tudo momentos deslumbrantes de futebol baseados num exímio entrosamento aliado a um elevado grau de qualidade futebolística de todos os seus elementos nunca dantes visto no “desporto rei”. Quem teve o privilégio de assistir aos recitais desta orquestra afirma não ter dúvidas em rotular este como um dos períodos mais dourados do futebol nacional, lamentando apenas que estes cinco artistas não tenham tido a oportunidade de actuar juntos mais do que as três épocas em que fizeram furor de leão ao peito.
Tempo suficiente para conferir ao Sporting a grandeza sonhada pelo seu fundador José de Alvalade. Com os “Cinco Violinos” em campo os leões foram sempre campeões, degulando no campo de batalha, domingo após domingo, adversários atrás de adversários, fossem eles quem fossem.
A saga destes homens também conheceu alguns episódios na Selecção Nacional, embora sem o sucesso granjeado com a camisola verde-e-branca.
Fernando Peyroteo era talvez a estrela mor dos violinos de Alvalade, o homem que dava as pinceladas finais nas obras de arte criadas pelo quinteto, o mesmo é dizer, o goleador da equipa. Para o grande mestre do futebol português, Cândido de Oliveira, ele era uma máquina de fazer golos. Ao longo da sua carreira fez mais de 500 golos, 529 para sermos mais precisos, sendo que destes 331 (mais 22 do que Eusébio) foram apontados no campeonato. Nasceu em Humpata, Angola, a 10 de Março de 1918, e estreou-se de leão ao peito a 12 de Outubro de 1937 num jogo diante do Benfica onde apontou dois golos, apresentando desde logo o seu cartão de visita. O seu poder de remate (forte e colocado) aliado a um excelente jogo de cabeça fizeram com por seis ocasiões fosse rei dos marcadores do campeonato nacional, e entre muitos outros factos históricos ficam os 9 golos apontados num só jogo ante o Leça.
A completar a orquestra figuarava ainda o “pintor Malhoa”, a alcunha recebida por Vasques, o jogador mais tecnicista da célebre equipa, o elemento mais artístico dos violinos que entre 1946 e 1959 apontou 221 golos pelo seu Sporting. Do Seixal veio o veloz Albano, um criativo senhor de um drible desconcertante que disputou mais de 500 jogos com a camisola dos leões.
Fabuloso foi também o Zé da Europa, ou melhor, José Travassos, um galã que entrava em campo sempre com o seu famoso penteado brilhantina que na qualidade de interior-direito criava obras de arte do outro Mundo que o levariam a tornar-se no primeiro jogador português a representar uma Selecção da Europa, ganhando assim a alcunha de Zé da Europa.
A fechar a orquestra o multifacetado Jesus Correia, que dividia o seu talento pelo futebol e pelo hóquei em patins, sendo que na primeira modalidade o Necas – como era tratado pelos seus colegas de equipa – além de ter apontado mais de 250 golos com as cores do leão fez furor através dos seus magistrosos cruzamentos para o letal Peyroteo.

 Vídeo: DOCUMENTÁRIO SOBRE OS "5 VIOLINOS"

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Memórias lusitanas (15)...

Campeonato Nacional da 1ª Divisão, Época 1948/49

CAMPEÃO NACIONAL: SPORTING CLUBE DE PORTUGAL

CLASSIFICAÇÃO GERAL:


CLUBES-JOGOS-VITÓRIAS-EMPATES-DERROTAS-GM-GS-PONTOS

1º Sporting----26---20---2---4---100---35---42

2º Benfica---------26---17---3---4---72---34---37

3º Belenenses----26---16---3---7---68---36---35

4º FC Porto--------26---16---1---9---55---37---33

5º Estoril-----------26---12---5---9---76---54---29

6º V.Guimarães---26---11---4---11---47---50---26

7º Olhanense-----26---10---4---12---51---55---24

8º Braga-------------26---11---2---13---39---54---24

9º O Elvas-------------26---7---7---12---46---61---21

10º Atlético-------26---8---5---13---44---68---21

11º Sp. Covilhã----26---9---2---15---50---59---20

12º V.Setúbal-----26---8---4---14---39---61---20

13º Lusitano VRSA--26---7---4---15---23---52---19

14º Boavista--------26---4---6---16---35---89---14

OS RESULTADOS DO CAMPEÃO:

BENFICA: 3-3 / 5-1

BELENENSES: 4-1 / 5-1

FC PORTO: 0-1 / 1-2

ESTORIL: 4-2 / 5-3

V.GUIMARÃES: 3-1 / 3-0

OLHANENSE: 7-3 / 3-1

BRAGA: 0-1 / 4-0

O ELVAS: 4-3 / 7-1

ATLÉTICO: 3-0 / 5-1

SP. COVILHÃ: 2-5 / 7-2

V.SETÚBAL: 1-0 / 3-1

LUSITANO VRSA: 2-0 / 7-1

BOAVISTA: 0-0 / 12-1

OS NOMES DOS CAMPEÕES NACIONAIS:

Albano, Armando, Azevedo, Barrosa, Canário, Dores, Ibraim, Ismael, Jesus Correias, Juvenal, Lourenço, Manuel Marques, Martins, Mateus, Moreira, Passos, Peyroteo, Sérgio, Serra Coelho, Tormenta, Travassos, Vasques e Veríssimo. Treinadores: Cândido de Oliveira e Fernando Vaz.
José Travassos, um dos integrantes dos famosos "Cinco Violinos" ergue o troféu equivalente ao título nacional da temporada 48/49. 

 Clássicos do Futebol Português
(Jogos entre os Três Grandes - FC Porto, Benfica, e Sporting - no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1948/49)



O treinador inglês Ted Smith fez a sua estreia pelo Benfica em 48/49, substituindo no cargo o lendário Lipo Hertzka, que tantas alegrias havia dado aos adeptos encarnados num passado não muito distante. Contudo, a primeira época de Smith aos comandos da nau benfiquista no campeonato nacional esteve longe de ser positiva: perderam o título para o velho rival da Segunda Circular, e não conseguiram um único triunfo nos dérbis disputados com portistas e sportinguistas. Valeu-lhe a conquista da Taça de Portugal! Menos mal!

6ª Jornada

Benfica - FC Porto: 1-1
Data: 24 de outubro de 1948
Campo Grande (Lisboa)
Árbitro: Cunha Pinto (Setúbal)

Benfica: Pinto Machado, Jacinto, Joaquim Fernandes, Moreira, Félix Antunes, Francisco Ferreira, José Pedro, Baptista, Melão, Espírito Santo, e Rogério. Treinador: Ted Smith

FC Porto: Barrigana, Virgílio, Carvalho, Joaquim, Alfredo, Romão, Sanfins, Araújo, Silva, Fandiño, e Vieira. Treinador: Alejandro Scopelli

Golos: 1-0 (Espírito Santo, aos 46m), 1-1 (Fandiño, aos 68m)
Albano e Vasques, dois dos integrantes da famosa orquestra dos Cinco Violinos tiveram um papel fundamental na humilhação que o Sporting aplicou ao rival Benfica na 9ª jornada.

9ª Jornada

Sporting - Benfica: 5-1
Data: 14 de novembro de 1948
Estádio Nacional (Lisboa)
Árbitro: Aureliano Fernandes (Setúbal)

Sporting: Azevedo, Barrosa, Juvenal, Canário, Manuel Marques, Mateus, Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos, e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira

Benfica: Pinto Machado, Jacinto, Joaquim Fernandes, Moreira, Félix Antunes, Francisco Ferreira, Corona, Rosário, Melão, Espírito Santo, e Rogério. Treinador: Ted Smith

Golos: 1-0 (Vasques, aos 15m), 1-1 (Corona, aos 26m), 2-1 (Jesus Correia, aos 55m), 3-1 Vasques, aos 68m), 4-1 (Peyroteo, aos 76m), 5-1 (Albano, aos 82m)

O mãos de ferro Barrigana parece agarrar com firmeza a vitória caseira do seu FC Porto ante o conjunto que em 1948/49 haveria de se sagrar tri-campeão nacional, o Sporting. Aliás, nesta temporada os portistas não perderam um único jogo ante os rivais de Lisboa, mas incompreensivelmente acabaram em 4º lugar, bem longe do lugar mais alto do pódio!

12ª Jornada

FC Porto - Sporting: 1-0
Data: 5 de dezembro de 1948
Campo da Constituição (Porto)
Árbitro: Cunha Pinto (Setúbal)

FC Porto: Barrigana, Virgílio, Carvalho, Joaquim, Alfredo, Romão, Vital I, Araújo, Correia Dias, Sanfins, e Vieira. Treinador: Alejandro Scopelli

Sporting: Azevedo, Barrosa, Juvenal, Canário, Manuel Marques, Mateus, Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos, e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira

Golo: 1-0 (Sanfins, ao 1m)


19ª Jornada

FC Porto - Benfica: 4-3
Data: 30 de janeiro de 1949
Campo da Constituição (Porto)
Árbitro: Reis Santos (Santarém)

FC Porto: Barrigana, Francisco, Carvalho, Joaquim, Alfredo, Romão, Lino, Araújo, Vital I, Sanfins, e Diógenes. Treinador: Alejandro Scopelli

Benfica: Contreiras, Horácio, Joaquim Fernandes, Moreira, Félix Antunes, Francisco Ferreira, Corona, Arsénio, Julinho, Melão, e Rosário. Treinador: Ted Smith

Golos: 1-0 (Vital I, aos 2m), 1-1 (Arsénio, aos 4m), 2-1 (Araújo, aos 22m), 2-2 (Melão, aos 26m), 2-3 (Rosário, aos 53m), 3-3 (Lino, aos 77m), 4-3 (Vital I, aos 83m)


22ª Jornada

Benfica - Sporting: 3-3
Data: 21 de fevereiro de 1949
Estádio Nacional (Lisboa)
Árbitro: Libertino Domingues (Setúbal)

Benfica: Contreiras, Jacinto, Joaquim Fernandes, Moreira, Félix Antunes, Francisco Ferreira, Corona, Arsénio, Julinho, Espírito Santo, e Rogério. Treinador: Ted Smith

Sporting: Dores, Barrosa, Passos, Canário, Manuel Marques, Veríssimo, Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos, e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira

Golos: 0-1 (Peyroteo, aos 19m), 1-1 (Corona, aos 43m), 1-2 (Jesus Correia, aos 52m), 1-3 (Peyroteo, aos 56m), 2-3 (Rogério, aos 80m), 3-3 (Corona, aos 88m)


25ª Jornada

Sporting - FC Porto: 1-2
Data: 3 de abril de 1949
Estádio do Lumiar (Lisboa)
Árbitro: Libertino Domingues (Setúbal)

Sporting: Dores, Barrosa, Juvenal, Canário, Passos, Mateus, Armando Ferreira, Vasques, Peyroteo, Travassos, e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira

FC Porto: Barrigana, Virgílio, Carvalho, Joaquim, Alfredo, Romão, Ângelo, Fandiño, Gastão, Sanfins, e Diógenes. Treinador: Alejandro Scopelli

Golos: 0-1 (Gastão, aos ?), 1-1 (Jesus Correia, aos ?), 1-2 (Joaquim, aos 52m)

Melhor marcador do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época 1948/49:

 Peyroteo (Sporting): 40 golos
  
CAMPEÃO NACIONAL DA 2ª DIVISÃO: ACADÉMICA 

Académica de Coimbra, um dos mais populares clubes de Portugal, o primeiro vencedor da Taça de Portugal (em 1939), o emblema dos estudantes, alcançou em 1949 o título de campeão da 2ª Divisão

CAMPEÃO NACIONAL DA 3ª DIVISÃO: ALMADA

ELIMINATÓRIAS PARA APURAR O CAMPEÃO DA 3ª DIVISÃO:

Oitavos-de-final:

Beira Mar – Tirsense: 1-1/1-5
S.L. Viseu – Conimbricense: 4-1/0-2
G.D. Covilhanenses – S.L. Guarda: 5-1/0-7
Rossiense – Torreense: 1-1/1-0
Arroios – Almada: 0-0/1-4
Estrela F.C. – S.C. Estrela: 2-0/1-0
Aljustrelense – Silves: 0-2/2-1


Quartos-de-final:

Monção – Tirsense: 3-2/1-3
S.L. Viseu – S.L. Guarda: 3-2/1-2/0-2 (desempate)
Rossiense – Almada: 0-3/0-3
Estrela F.C. – Silves: 1-1/0-2


Meias finais:  

Tirsense – S.L. Guarda: 4-3/3-0
Almada – Silves: 7-0/3-2

Final:

Almada - Tirsense: 2-0



Taça de Portugal, Época 1948/49

1ª Eliminatória


Sp. Covilhã - CD Beja: 3-2

CUF Barreiro - Sanjoanense: 1-0

Braga - Olhanense: 1-0

Belenenses - Oriental: 4-1

Lusitano VRSA - Silves: 7-0

Tirsense - Sporting: 2-1

Atlético - Barreirense: 2-1

Famalicão - Oliveirense: 2-1

V.Setúbal - Portimonense: 3-1

Académica - Leões Santarém: 3-1

Ac. Viseu - O Elvas: 2-1

Benfica - Boavista: 7-1

V.Guimarães - Estoril: 3-2

FC Porto - Almada: 2-1

2ª Eliminatória

Sp. Covilhã - CUF Barreiro: 4-1

Braga - Belenenses: 1-0

Lusitano VRSA - Tirsense: 5-1

Atlético - Famalicão: 2-1

FC Porto - V.Guimarães: 4-1

V.Setúbal - Académica: 8-1

Benfica - Ac. Viseu: 13-1

Quartos-de-final

Sp. Covilhã - Braga: 3-1

Atlético - Lusitano VRSA: 6-2

V. Setúbal - FC Porto: 1-0

Benfica - Marítimo: 9-3

Meias-finais

Atlético - Sp. Covilhã: 1-0

Benfica - V.Setúbal: 5-0

Final

Benfica - Atlético: 2-1


Data: 12 de Junho de 1949

Estádio: Estádio Nacional, em Lisboa

Árbitro: Paulo de Oliveira, de Santarém

Benfica: Contreiras, Jacinto Marques, Joaquim Fernandes, Francisco Moreira, Félix Antunes, Francisco Ferreira, Corona, Arsénio, Espírito Santo, Melão e Rogério. Treinador: Ted Smith

Atlético: Francisco Correia, Baptista, Abreu, José Lopes, Armindo Correia, Morais, Carlos Martinho, Armando Carneiro, Ben David, Armindo Silva e Caninhas. Treinador: Pedro Areso

Marcadores: Corona, Rogério; Martinho.

Numa altura em que os seus vizinhos e rivais do Sporting dominavam o panorama do futebol lusitano o Benfica deu um ar da sua graça ao conquistar a taça de 48/49