quinta-feira, abril 22, 2021

Competições jovens (6)... Campeonato do Mundo de Sub-20/Chile 1987

Rotulados como os "brasileiros da Europa" os jugoslavos guardam na sua História grandes e memoráveis equipas de futebol, que nas suas diferentes eras maravilharam os adeptos do Belo Jogo. Combinados que ainda hoje permanecem na memória de muitos de nós graças à magia do seu futebol. Um desses casos é o da geração dourada do futebol jugoslavo que despontou em 1987 na 6.ª edição do Campeonato do Mundo de Sub-20, que nesse ano teve lugar no Chile. Prosinecki, Boban, Suker, Mijatovic, Lekovic, Stimac, Jarni, eram alguns dos prodígios que naquele ano encantaram o Planeta da Bola com a sua arte futebolística. Coletivamente forte, esta era uma equipa onde na qual todos se empenhavam nas tarefas de marcação, para posteriormente partir para o ataque a partir da recuperação da bola. Um conjunto que trabalhava bem os passes, e que também sabia jogar em velocidade e que deslumbrava a plateia pelas jogadas bem construídas, pelos lances plásticos, pelos muitos golos apontados. E de forma merecida aquele grupo acabou por sair do Chile com o título mundial no bolso. Porém, e poucos anos após esta conquista épica, este coletivo acabou por se desfragmentar, como consequência da guerra dos Balcãs, que acabou por retalhar a hoje ex-Jugoslávia. Individualmente muitos destes jogadores atingiram um nível de excelência e glória no patamar sénior, mas do ponto de vista coletivo viram-se obrigados a separarem-se e a deixar no imaginário de todos os que os viram atuar a questão de como seria aquela mágica Jugoslávia no patamar sénior na década de 90? É uma questão para a qual nunca teremos uma resposta...

Mas concentremo-nos em factos concretos, e no Mundial de juniores que em 1987 se realizou no Chile. Um total de 650.000 espectadores assistiram aos 32 jogos de um torneio que teve como palcos as cidades de Santiago, Concepción, Valparaíso e Antofagasta e onde o futebol de ataque foi uma evidência como comprovam os 86 golos apontados. Este Mundial teve ainda a particularidade de nenhum dos jogos ter terminado sem golos. O sorteio deste Campeonato do Mundo de juniores da FIFA foi transmitido em direto desde o Sheraton San Cristóbal Hotel, em Santiago, no dia 29

maio de 1987, tendo os 16 finalistas sido divididos em quatro grupos. O Chile voltava assim a realizar uma competição futebolística de âmbito planetário, 25 anos após o Campeonato do Mundo de 1962, sendo que o torneio juvenil da FIFA serviu pois para homenagear muitos jogadores da seleção chilena de 62 que alcançaram o terceiro lugar naquele Mundial que seria ganho pelo Brasil liderado por Mané Garrincha.

Grupo A: Arte jugoslava encanta Santiago

Chile-Jugoslávia
A capital do Chile, Santiago, sediou os jogos do Grupo A, que para além da equipa da casa contava ainda com o Togo, a Austrália e a Jugoslávia. Neste grupo, cujos jogos foram disputados no Estádio Nacional de Santiago, assistiu-se a diferentes estilos de jogo oriundos de várias partes do globo. Da Europa, viajaram os jugoslavos, que tão só foram 5.º classificados na fase de apuramento da UEFA, mas que assim chegados ao Chile de pronto o caso mudou de figura. A Jugoslávia não enviou a este Mundial os seus melhores jogadores, exemplo disso foi Aleksandar Djordjevic, capitão da seleção de sub-18, bem como Slaven Bilic, Igor Berecko, Dejan Vukicevic, Igor Pejovic e Seho Sabotic, todos eles lesionados, também não viajaram para o Chile. Por sua vez, Boban Babunski não seria convocado pelo facto de estar em litígio com o seu clube, o Vardar Skopje. A federação do país dos Balcãs preteriu inclusive Sinisa Mihajlovic, Vladimir Jugovic e Alen Boksic, três dos melhores jogadores desta geração, como aliás, haveria de ficar provado na década seguinte. Os dirigentes jugoslavos preferiram que este trio de artistas permanecesse nos seus respetivos clubes, para ganhar experiência no campeonato nacional. E para comandar o lote de craques que viajou para a América do Sul estava Mirko Josic, um treinador de 47 anos que tinha no seu currículo uma vasta experiência nas seleções mais jovens da Jugoslávia. Josic passou por todas os escalões de formação, dos sub-16 aos sub-21, acumulando 15 anos de trabalho para a federação  do seu país. Ele reuniu um conjunto de adolescentes ainda sem grande projeção no futebol, que estavam ainda no início das suas carreiras. Nomes como Robert Prosinecki, Davor Suker, Predrag Mijatovic, Zvonimir Boban, entre outros, figuravam na lista que viajou para o Chile. Não havia porém grande entusiasmo e acima de tudo confiança no grupo liderado por Josic. A provar isto o facto de apenas um jornalista ter viajado para a América do Sul para acompanhar a seleção nesta sua segunda participação num Mundial de juniores (a primeira havia sido em 1979). Toma Mihajlovic, o referido jornalista, disse anos mais tarde que «ninguém tinha quaisquer expetativas em relação à seleção. Nós pensámos que eles iam jogar os três jogos da fase de grupos e depois voltariam para casa. Mas quando chegaram ao Chile, os jogadores mudaram as suas expressões. Eles encontraram um ótimo país e boas acomodações em excelentes hotéis».

Togo-Chile
Para além dos europeus estava o Togo, vice-campeão de África, a Austrália, vencedor da zona de apuramento da Oceânia, e a seleção da casa, o Chile. O jogo de abertura foi entre o Chile e a Jugoslávia, e apesar de chuvas torrenciais que assolaram Santiago, o que tornou o relvado do Estado Nacional impraticável para o futebol, 60 000 espetadores presenciaram um bom encontro em que os europeus de leste venceram por 4-2. Neste belo jogo os jugoslavos fizeram bom proveito de alguns erros da defesa chilena. No outro jogo da 1.ª jornada do Grupo A Togo e Austrália tiveram um mau desempenho, sobretudo a seleção africana, que fez muitas faltas. Embora todos eles tivessem habilidade para fazer melhor, nenhum dos jogadores usou essas características técnicas nesta partida. Durante a primeira metade, os australianos ainda estiveram por cima dos acontecimentos, mas não conseguiram manter esta performance durante todo o jogo. Por sua vez, os africanos tiveram uma série de oportunidades para marcar, mas acabariam por ser desperdiçadas, falhando inclusive uma grande penalidade. No meio de tanto desperdício os golos acabariam por chegar para o lado australiano, que apontou dois, conquistando assim uma vitória descolorida.

Chile-Austrália

Na 2.ª jornada vitórias para o Chile sobre o Togo (3-0) e da Jugoslávia ante a Austrália (4-0). Tanto o Chile como o Togo apostaram tudo neste jogo, pois a derrota significaria a eliminação para um deles. Em termos técnicos e táticos este jogo ficou muito aquém das expetativas, valendo apenas a veia goleadora dos chilenos que assim continuavam a sonhar com o apuramento para a fase seguinte. Jogando mais uma vez debaixo de uma enorme tempestade, os jugoslavos tiveram um convincente desempenho contra os australianos, que por sua vez mostraram um potencial técnico considerável, mas não tiveram argumentos para travar a máquina de marcar golos em que se tornaram os europeus.

Chile

E para a derradeira jornada do grupo, nova goleada para a Jugoslávia (4-1). Apesar de uma marcação cerrada da defesa do Togo, os europeus mostraram-se claramente superiores, fazendo o natural pleno de vitórias na fase de grupo e garantindo assim a presença nos quartos-de-final. Na entrada para esta última jornada apenas uma dúvida permanecia, ou seja, quem iria acompanhar a Jugoslávia na passagem à fase a eliminar do Mundial. Apesar de três boas exibições, onde nas quais mostraram boa habilidade técnica e boa organização tática, os australianos fizeram as malas e regressaram a casa após uma derrota (0-2) com a seleção anfitriã. Antes deste decisivo jogo, era claro que  para os socceroos apenas uma vitória lhes daria uma vaga na próxima fase, sendo que por isso o técnico Les Scheinflug decidiu que a tática da equipe seria tenta estabelecer um domínio no meio do campo, e durante os primeiros 20 minutos do jogo com o Chile a Austrália fez isso no sentido de depois sair para o ataque e marcar um golo. Por seu turno, os chilenos foram pacientes, esperando que esta postura dos australianos acabasse para depois partir à procura da baliza contrária. Lentamente, os anfitriões começaram a assumir o controlo da partida, chegando então por duas vezes com êxito à baliza dos australianos. Pela vitória no grupo a Jugoslávia teve direito a permanecer em Santiago, ao passo que o segundo colocado, o Chile, teve de viajar para Concepción, para lutar com a Itália por uma vaga nas meias-finais.

Grupo B: Squadra Azzurra surpreende os campeões mundiais em título

Brasil-Nigéria
Concepción recebeu os jogos do Grupo B, que além dos campeões mundiais em título, o Brasil, contava ainda com a Itália, a Nigéria e o Canadá. Os italianos chegavam ao Chile com a patente de terem sido vice-campeões da Europa da categoria, ao passo que a Nigéria o fazia na condição de campeã africana. Por sua vez, os canadianos, eram os campeões da CONCACAF. Na bolsa de apostas o Brasil partia como favorito a conquistar o grupo, embora os italianos tivessem esperanças de destronar os bi-campeões mundiais. Os nigerianos, apelidados de Super Águias, pretendiam conquistar o mundo do futebol, enquanto os canadianos não estavam muito preocupados com as outras equipas, já que assumidamente vinham ao Chile apenas com a intenção de ganhar experiência no futebol a este nível. 

O jogo de abertura entre Brasil e Nigéria foi disputado diante de uma multidão de 27.000 pessoas, tendo ambas as equipas exibido um futebol de ataque desde cedo em busca de um golo logo no início. O futebol jogado foi excelente, com um perfeito controle de bola, passes subtis, velocidade e toques artísticos inesperados que se sucediam em catadupa. Aos 20 minutos Alcindo abriu a torneia para uma enxurrada de golos brasileiros. A partir do tento inaugural os campeões mundiais passaram a dominar os amadores africanos e o avolumar do marcador até aos 4-0 finais foi surgindo de forma natural. Os africanos perderam toda a sua coesão à medida que os brasileiros iam marcando golo atrás de golo.

Itália
O outro jogo desta 1.ª jornada, entre a Itália e o Canadá, era considerado uma mera formalidade para os europeus, mas os canadianos acabariam por se revelar uma verdadeira surpresa, pois realizaram inúmeros contra-ataques a partir de uma defesa sólida. Durante o primeiro tempo, os seus jogadores de meio-campo e os atacantes muito móveis surpreenderam os italianos, que se revelaram incapazes de encontrar o antídoto para anular a tática dos norte-americanos, chegando ao intervalo a perder por 0-2. Após o descanso, os italianos contra-atacaram com todas as suas forças e acabaram de certa forma por serem compensados com o empate a dois golos com que terminou o encontro. Do mal o menos.

Nos encontros seguintes, os brasileiros pareciam não se incomodar muito com os pontos fortes e fracos dos seus oponentes; já que continuaram a demonstrar combinações curtas e rápidas. Contra os italianos, vocacionados para uma postura mais defensiva, os artistas da América do Sul ficaram presos no seu próprio estilo. Enfrentando uma seleção extremamente defensiva o esforço brasileiro no setor ofensivo não deu frutos, não conseguindo o escrete penetrar na sólida muralha defensiva azzurra. No segundo tempo, um dos raros ataques transalpinos matou o jogo. Aos 60 minutos Rizzolo bateu o desamparado Ronaldo e fez o único tento do encontro, fazendo cair assim o poderoso Brasil.

De ponto em ponto seguia o Canadá, que no encontro contra a Nigéria voltou a repetir o resultado do encontro inaugural ante os italianos: 2-2.

Brasil
E chegados à derradeira e decisiva jornada do Grupo B, o Brasil entrava em campo a precisar de uma vitória ante o até então surpreendentemente e invencível Canadá para avançar para a fase seguinte. Os canadianos usaram a mesma tática que a Itália havia usado na vitória anterior contra os brasileiros, estratégia que parecia estar a dar certo até ao golaço de André Cruz a sensivelmente oito minutos do final. Por pouco o Canadá não provocava uma outra enorme surpresa, e no final saíram de cabeça erguida deste Mundial. Caso tivessem apostado tudo no ataque contra o Brasil os norte-americanos seriam goleados, tal foi a força ofensiva que o escrete implementou, assim, saíram derrotados pela margem mínima, ficando a prova de que o Brasil sentia grandes dificuldades perante equipas que atuassem numa tática mais defensiva.

Canadá
Depois de um empate a dois contra o Canadá a única esperança da Nigéria de avançar para a fase seguinte era vencer a Itália por uma margem mínima de três golos. Jogando mais com o coração do que com a cabeça, os africanos teimosamente bombeavam bolas para a grande área italiana, que iam sendo recolhidas sem grande perigo pelo guardião Limonta. Vendo que desta forma os seus adversários dificilmente iriam marcar, os azzurri saíram mais para o ataque e puniram as "super águias" com dois golos no espaço de um minuto. 2-0 o resultado final que qualificava a Itália e mandava para casa a Nigéria. O desempenho das quatro equipas em Concepción pode ser resumido da seguinte forma: a Itália provou que podia passar do ataque para a defesa ou vice-versa conforme a necessidade do momento de jogo; enquanto que os brasileiros ficaram presos ao seu estilo atraente, fosse qual fosse o momento do jogo e mostraram um futebol artístico e divertido. Os canadianos provaram que o estilo britânico ainda era uma força a contar; enquanto que os nigerianos foram uma deceção para todos. A falta de decisão da equipa e a sua incapacidade de realizar um plano tático de uma forma disciplinada, fê-los embarcar mais cedo para Lagos, enquanto que o Brasil foi para Santiago e a Itália ficou em Concepción para a próxima etapa do certame.

Grupo C: Campeões da Europa e da América do Sul com sortes diferentes

Colômbia-Barém
O Grupo C, sediado em Valparaiso, era tido como um dos mais difíceis, desde logo porque nele participam os campeões da Europa (a República Democrática da Alemanha) e da América do Sul (a Colômbia).

República Democrática da Alemanha (RDA) e a Escócia enfrentaram-se na 1.ª jornada do grupo, e com base no resultado com a partida terminou ambas as seleções foram capazes de ajustar as suas táticas e adequar o seu estilo de jogo para os dois jogos seguintes. O que foi decisivo para estas duas equipas foi o facto de que elas eram mais capazes de lidar com a tensão nervosa e a parte mental que um torneio do nível de um campeonato do Mundo exige do que as duas outras seleções do grupo, a Colômbia e o Barém. No encontro com os alemães de leste os escoceses marcaram primeiro, algo que lhe deu confiança para impor o seu estilo de jogo britânico, e nem mesmo o empate germânico os deitou abaixo. Os britânicos confiavam nas suas bem conhecidas qualidades de boa organização tática, bom preparo físico e superiores habilidades profissionais, especialmente no futebol jogado pelo ar, ao passo que a equipa da RDA também se organizou depois de um período em que esteve desencontrada em campo. No entanto, a sua estratégia nunca foi realmente capaz de moldar o jogo e partir para um resultado positivo. A sua superioridade era apenas uma ilusão, e embora os escoceses tivessem menos oportunidades eram mais perigosos na frente da baliza, acabando por ganhar a partida por 2-1.

No outro encontro do grupo a Colômbia conseguiu uma triste vitória diante do desconhecido Barém, por 1-0, facto que a fazia sonhar com um apuramento que não viria a acontecer. Os europeus acabariam por dominar o grupo, graças ao seu futebol de passes longos, ataque pelos flancos, e força no futebol aéreo,  tanto na defesa como no ataque, ao passo quer os representantes do sul da América como da Ásia denotaram muitas dificuldades para lidar com este tipo de jogo. A Colômbia e o Barém exibiram um estilo de jogo mais individual, onde os seus jogadores optaram mais pelo drible do que pela procura do passe para desbravar o caminho das balizas contrárias. Porém, em comum as quatro equipas tinham como fraqueza a finalização: após um bom trabalho no meio-campo ou nas laterais os atacantes na maior parte das vezes falhavam golos de forma escandalosa. Nenhuma equipa teve um trabalho realmente criativo, um estilo de jogo pensador, capaz de moldar o curso de um jogo, e nenhuma foi capaz de mostrar muito no sentido de obter um padrão coeso entre defesa, meio-campo e o ataque.

Grupo D: Disciplina foi a nota de realce

RFA-Estados Unidos da América
No Grupo D um facto veio ao de cima: a disciplina. As quatro seleções que fizeram parte deste grupo sediado em Antofagasta estiveram imaculadas no que diz respeito ao comportamento dentro do campo. Ninguém foi expulso, não houve incidentes ou  irritações verbais, e as decisões dos árbitros foram sempre aceites e sem críticas. Durante as duas semanas de competição todas as seleções focaram alojadas no mesmo hotel, construindo desta forma uma atmosfera amigável que se estendeu dentro do relvado. Sobretudo os sauditas, que com os seus costumes contribuíram muito para que obtivesse esse espírito de camaradagem e foi uma pena que não tivessem somado qualquer ponto nos três jogos realizados. Os resultados em todos os jogos do grupo correram exatamente de acordo com as previsões, e a classificação final é um verdadeiro reflexo de como as quatro equipas foram olhadas/analisadas antes de a bola rolar. A favorita era, e foi, a República Federal da Alemanha (RFA), e bastou o primeiro jogo, ante a Arábia Saudita, para que todos vissem não apenas o poderio físico dos alemães mas também a apurada habilidade técnica dos seus jogadores. Sem grandes dificuldades a RDA bateu os sauditas por 3-0 e repetiu o resultado no encontro seguinte ante a Bulgária onde pontificava a estrela Emil Kostadinov. Com o lugar na próxima fase garantido, os alemães abrandaram um pouco no terceiro jogo da fase de grupos, ante a bem organizada equipa dos Estados Unidos da América, vencendo por 2-1. A equipa norte-americana foi uma das boas surpresas deste grupo, isto se considerando o então estado frágil do futebol yankee. A equipa foi melhorando de jogo para jogo, não apenas em termos de desempenho individual, mas também no que respeita à autoconfiança de toda o conjunto. Não lograriam porém a qualificação para a fase seguinte, a qual ficou na posse da Bulgária, que mesmo não apresentando um futebol convincente acabou por fazer companhia à RFA na passagem à fase seguinte. O jogo dos búlgaros não foi espetacular, mas foi bom o suficiente para garantir a qualificação. Quanto à Arábia Saudita só a simpatia dos seus jogadores sobressaiu numa equipa demasiado fraca.

Jugoslavos derrubam campeão e arrancam para a glória

Brasil-Jugoslávia
Santiago acolheu o primeiro encontro dos quartos-de-final, um duelo de "brasileiros", os da Europa (Jugoslávia) e os autênticos (Brasil). Foi um jogo em que a luta pelo domínio do meio de campo foi uma constante e que tornou este num grande jogo de futebol. Enquanto Bismarck e William dominaram o setor do miolo para os brasileiros, Boban e Mijucic faziam-no na mesma zona do terreno mas pelo lado direto para os jugoslavos , causando todo tipo de problema para a defesa brasileira com a sua inteligência e a sua velocidade, em especial na segunda parte. Nos primeiros minutos do jogo os jugoslavos pressionaram muito o seu rival, com Suker posicionado em zona de tiro no meio da defesa brasileira, enquanto Stimac, Prosinecki e Pavlovic tentavam assumir o comando no meio de campo e quando conseguiam isso lançavam a sua equipa para o ataque. Por sua vez, os brasileiros esforçaram-se para restabelecer o equilíbrio, desenhando algumas jogadas que tentavam levar perigo à baliza de Lekovic. No entanto, o guardião dos Balcãs estava em grande forma, e com as suas excelentes intervenções transmitiu calma e confiança aos seus colegas de campo. Contudo, um minuto antes do intervalo não conseguiu evitar o golo de Alcindo, que colocava o Brasil na frente.

Para a segunda parte o treinador jugoslavo Mirko Josic fez entrar Mijucic, como avançado, para o lugar de Pavlovic. O principal efeito dessa substituição foi o fortalecimento do flanco direito, onde Mijucic e Boban venceram praticamente todos os confrontos com os defesas brasileiros. Num desses ataques, Mijucic só pôde ser travado em falta e na cobrança do livre Boban centrou para Mijatovic cabecear com precisão para o empate. De novo o jogo ficou equilibrado, principalmente porque os jugoslavos abrandaram o ritmo. E quando já todos esperavam mais meia hora de prolongamento, eis que o golo decisivo foi apontado pelos jugoslavos. O líbero Jankovic fez uma corrida inesperada com a bola em direção à área brasileira, sendo que apenas uma falta à entrada da área interrompeu a sua caminhada. Na marcação do livre Prosinecki não deu hipóteses a Ronaldo e assim a Jugoslávia venceu um jogo que foi digno de uma final.

Chile-Itália
35.000 almas lotaram o estádio de Concepción para ver o Chile enfrentar a Itália. Foi um jogo emocionante, em que o resultado final foi decidido por uma muito discutida grande penalidade a favor da turma da casa. Camilo Pino converteu aos 73 minutos o castigo máximo que deu a vitória e o apuramento ao Chile, um triunfo celebrado durante toda a noite nas ruas do país. De forma geral os italianos foram melhores neste duelo, mas os chilenos foram mais decisivos e por isso avançaram para as meias-finais.

Em Valparaíso defrontaram-se Bulgária e a RDA, duas seleções que deram início a esta partida de uma forma controlada, ambas jogando com um libero para reforçar o setor defensivo. Com os alemães a jogarem a favor do vento as formações atuaram num 4-4-2 que não deixou muito espaço para rasgos individuais, tendo imperado o jogo coletivo. No início faltou inspiração e criatividade ao jogo; passes pobres e perdas constantes de bola eram lances frequentes numa partida então monótona. A meio do primeiro tempo o jogo ganhou algum interesse por intermédio dos búlgaros que criaram algumas oportunidades, sobretudo através das investidas de Kiriakov pelo flanco esquerdo, as quais representaram um problema para a defesa alemã. Por sua vez, a RDA jogava bem na retaguarda e optou por fazer um jogo de espera, tentando o sucesso ofensivo através de passes longos. Por várias ocasiões a RDA esteve em vias de ver as suas redes violadas, graças aos endiabrados Kostadinov e Slavtchev, valendo sempre a inspiração do guardião Saager. O segundo tempo começou com as duas equipas a neutralizarem-se mutuamente, embora a Bulgária tivesse atacado um pouco mais. Contudo, o golo que lhe daria algum conforto tardava em chegar. Até que num dos raros contra-ataques alemães o médio Matthias Sammer, que chamou à atenção neste Mundial pelas suas boas exibições, foi derrubado dentro da área, tendo Steinmann convertido com êxito o castigo máximo. Não era um resultado justo pelo que até então se via, mas o que é certo é que nos minutos seguinte os búlgaros continuavam a não traduzir em golo as incursões que faziam até à área germânica. A tarefa começou a ficar cada vez mais complicada para a Bulgária, até que a sete minutos do final, Wosz foi soberbamente servido por Sammer na sequência de um contra-ataque, deixando toda a defesa búlgara para à espera que o árbitro apitasse para um eventual fora de jogo, situação que não aconteceu e permitiu então a Wosz fazer o 2-0 final.

RFA-Escócia

O último jogo destes quartos-de-final decorreu em Antofagasta e colocou frente a frente a RFA e a Escócia. Este foi um jogo realmente bom para assistir, quer do ponto de vista desportivo, quer do ponto de vista técnico/tático e emocional. Foi uma verdadeira batalha, travada em todas as zonas do campo, com boas combinações, com ataques e respostas a acontecerem em rápida catadupa. Tanto equilíbrio só seria desfeito no desempate por grandes penalidades, tendo a sorte sorrido aos alemães.

 Jugoslavos vingam derrota no Europeu

RDA-Jugoslávia
A meia-final entre a Jugoslávia e a RDA foi uma repetição de uma partida dos quartos-de-final do último Campeonato da Europa de juniores, que havia terminado com a vitória dos alemães por 2-0. Estava pois em jogo uma possível vingança dos jogadores balcãs, mas o que se assistiu ao longo de 90 minutos foram duas equipas a quererem resolver as coisas dentro dos 90 minutos. Os jogadores de Mirko Josic dominaram a primeira parte em praticamente todos os aspectos. O libero jugoslavo Pavlicic, o centro campista Boban e os dois atacantes, Mijatovic e Suker, formaram um corredor que ofuscou a equipa alemã. A RDA tentou contrariar a evidente supremacia contrária, mas só teve sucesso nas raras ocasiões em que Sammer era lançado pelos seus companheiros com passes profundos, que no entanto raramente causaram perigo à muralha jugoslava.

Foi preciso esperar 30 minutos para ver o golo inaugural da partida: na sequência de um livre a bola foi parar aos pés de Simac, na zona de pénalti, tendo este não desperdiçado a oportunidade para bater Saager. Os restantes minutos da primeira parte foram mais equilibrados, mas a velocidade dos jugoslavos ainda lhes dava uma ligeira vantagem na balança do encontro. O treinador germânico alterou o seu xadrez na segunda parte, reforçando o ataque, decisão que foi recompensada logo aos 49 minutos, com Sammer a restabelecer a igualdade. 

Jugoslávia celebra passagem à final
A partir de então foi a RDA a mandar no jogo, um esforço que no entanto não seria compensado com golos, pois aos poucos o cansaço começou a fazer-se sentir na turma alemã, em particular a Sammer, o estratega da equipa. Ele que anos mais tarde iria vencer uma Bola de Ouro ao tornar-se num dos melhores médios do Mundo na década de 90. Por seu turno, os jugoslavos pareciam mais à vontade no jogo, mantendo a bola em constante movimento e assim cansar ainda mais os fatigados adversários. Não foi pois com surpresa que aos 70 minutos a Jugoslávia voltasse a assumir a liderança no marcador, na sequência de um cruzamento para a área onde apareceu Suker a não dar hipóteses de defesa a Saager. Faltavam 20 minutos para o fim do encontro, e a RDA fez jus das poucas forças que lhe restavam para efetuar uma série de rápidos ataques, que na verdade morreram nos pés da bem posicionada e segura defesa balcã. A Jugoslávia teve de sofrer a partir de então, sobretudo com depois da expulsão de Mijatovic, aos 76 minutos, jogando com 10 homens até ao fim, mas mesmo com um jogador a mais os alemães orientais não conseguiram chegar à igualdade. Os jugoslavos haviam assim atingido a final, mas tinham uma série de problemas pela frente, pois não iriam poder contar com Mijatovic (expulso), Stimac (por acumulação de cartões amarelos) e o seu jogador mais importante, Prosinecki (também por acumulação de amarelos) para o jogo mais desejado deste Mundial.

RFA-Chile

Após o desempenho do Chile contra a Itália nos quartos-de-final parecia claro que apenas com a ajuda de um milagre os anfitriões poderiam bater a RFA. E na verdade esse milagre não aconteceu, pois o que se viu na outra meia-final deste campeonato foi uma verdadeira aula de futebol ministrada pelos alemães sobre técnica, tática e condicionamento. Os chilenos fizeram um jogo agitado, de passes curtos, que no entanto não alcançaram muita penetração na defesa contrária. A equipa nunca funcionou como uma unidade e diante de uma oposição tão pobre os alemães tiveram vida fácil, não sendo realmente desafiados durante toda a partida. Com tanta superioridade, não foi surpresa que logo aos oito minutos os alemães se adiantassem no marcador, por intermédio de Eichenauer. Minutos mais tarde um frango de Velasco permitiu a Dammeier fazer o 2-0, e ainda antes do intervalo Witeczek fez o 3-0 que praticamente sentenciou a partida. Este mesmo jogador apontaria o 4-0 final com que a RDA acabou com o sonho dos anfitriões em atingir a final.

O Chile contudo teve uma pequena vitória neste seu Mundial, ao classificar-se na 3.ª posição, depois de bater a RDA nas grandes penalidades.

Jugoslávia vence a lotaria (dos pénaltis) e sagra-se campeã mundial

RFA-Jugoslávia

E eis que chegamos ao dia 25 de outubro de 1987. Data da grande final que teve como palco o pomposo Estádio Nacional, em Santiago, lotado com 65.000 espectadores que queriam ver in loco quem iria suceder ao Brasil no trono planetário do futebol juvenil.

Ao seu lado a Jugoslávia tinha a maior parte dos adeptos chilenos, já que a carrasca de La Roja nas meias-finais havia sido precisamente a RDA.

Jugoslávia é campeã do Mundo

Sem três dos seus principais jogadores, Mirko Jozic teve de tirar um coelho da cartola para a final. E Mijucic foi esse coelho. Ao lado de Suker no ataque ele causou perigo na defesa alemã em diversas ocasiões. Enquanto isso, no meio campo a ação de Boban era preponderante para a Jugoslávia se manter viva nesta final. Isto, juntamente com o apoio do público, tornou a vida dos alemães num inferno. A Jugoslávia conseguia ditar o ritmo do jogo no meio-campo, e os alemães não conseguiam parar o carrossel de futebol dos balcãs. A sorte da RFA é que esta evidente supremacia dos jugoslavos não tinha efeitos de perigo junto da baliza de Brunn. A primeira parte foi por isso parca em oportunidades de golo, um cenário que na segunda parte foi alterado logo nos minutos iniciais na sequência de um cabeceamento de Suker à trave. Até que na entrada do último quarto de hora os jogadores dos Balcãs impuseram de novo a sua superioridade em campo, postura premiada com um golo de Boban aos 85 minutos. O público vibrou com um golo que parecia dar aos jugoslavos a taça, porém, dois minutos volvidos a RFA ainda foi buscar forças para chegar ao empate, na sequência de uma grande penalidade. Foi então necessário um prolongamento de 30 minutos onde nada se alterou o que fez com o título tivesse de ser decidido nos pénaltis. Coube a Boban apontar o golo que daria o título à Jugoslávia, a coroa de glória para uma das melhores gerações que o futebol juvenil planetário viu desabrochar e que a guerra destruiu.

A figura: Robert Prosinecki

Foram vários os jogadores que saíram desta jovem seleção jugoslava rumo ao estrelato no patamar sénior. Boban, Suker, Stimac, Jarni, ou Mijatovic, todos eles se tornaram reconhecidos craques da bola assim que saltaram para o futebol profissional, representando clubes como o Barcelona, Real Madrid, Milan, entre outros emblemas de nomeada no futebol internacional. Porém, houve um que neste Mundial jovem da FIFA brilhou mais do que os seus companheiros e nesse sentido foi brindado com a Bola de Ouro do torneio. O seu nome é Robert Prosinecki. Nasceu a 12 de janeiro de 1969 em Villingen-Schwenningen, na Alemanha Ocidental, no seio de uma família de imigrantes croatas, tendo começado a dar nas vistas no BSV Schwenningen, dando posteriormente o salto para o Stuttgarter Kickers. Ainda com tenra idade regressou com a família para a então Jugoslávia, mais concretamente para Zagreb, tendo ingressado nas fileiras do Dínamo local, clube em que chegou à equipa principal em 1986, com apenas 17 anos. Médio talentoso, ele tornar-se-ia num dos esteios do Dínamo e das jovens seleções da Jugoslávia, não sendo surpresa a sua convocatória para o Mundial do Chile em 87. Após a conquista do título planetário na América do Sul, o jovem Robert decide mudar de ares, viajando de Zagreb para Belgrado, onde passou a representar o Estrela Vermelha. Seria ao serviço desta equipa que em 1991 conquistaria o seu primeiro grande título no futebol sénior, a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Ele foi um dos protagonistas nessa célebre conquista, tendo feito um quinteto mágico ao lado de Darko Pancev, Vladimir Jugovic, Sinisa Mihajlovic e Dejan Savicevic. Um ano antes ele atuou pela Jugoslávia no Mundial de 1990, que se jogou em Itália. Entretanto, veio a guerra dos Balcãs, e a Croácia tornou-se independente. Ora, um croata em Belgrado não era visto com bons olhos, e Robert muda-se para Madrid onde à sua espera tinha o Real. Ao serviço do colosso espanhol não foi muito feliz nos três anos em que ali esteve, muito por culpa das lesões e do poderoso Dream Team montado por Cruyff em Barcelona na primeira metade dos anos 90. Reencontrou a felicidade m Oviedo, onde apenas esteve um ano antes de assinar pelo... Barcelona. Na Catalunha voltou a não ter sorte, jogando ainda no Sevilha antes de voltar à sua Croácia para representar o Dínamo. Mais sorte teve com a icónica camisola da seleção croata, a qual envergou no Europeu de 96 e no Mundial de 98, onde conquistou o 3.º lugar. Prosinecki é aliás dos poucos jogadores a nível mundial que representou duas seleções distintas (Jugoslávia e Croácia) em fases finais de campeonatos do Mundo. Depois de breves passagens pela Bélgica (ao serviço do Standard), Inglaterra (Portsmouth) e Eslovénia (Olimpija), Robert pendurou as botas no início do novo milénio.

Nomes e números:

Grupo A

1.ª jornada

 

Chile - Jugoslávia: 2-4

(Boban, aos 14m, Stimac, aos 19m, Suker, aos 61m, Suker, aos 63m)

(Tudor, aos 17m, Pino, aos 67m)

 

Togo - Austrália: 0-2

(Edwards, aos 7m, Reynolds, aos 13m)

 

2.ª jornada

 

Chile - Togo: 3-0

(Pino, aos 8m, Tudor, aos 32m, Tudor, aos 75m)

 

Jugoslávia - Austrália: 4-0

(Brnovic, aos 7m, Suker, aos 22m, Boban, aos 67m, Suker, aos 71m)

 

3.ª jornada

 

Chile - Austrália: 2-0

(Pino, aos 22m, Pino, aos 52m)

 

Jugoslávia - Togo: 4-1

(Mijatovic, aos 20m, Mijatovic, aos 33m, Zirojevic, aos 53m, Suker, aos 84m)

(Ali, aos 75m)

 

Classificação:

1- Jugoslávia: 6 pontos

2- Chile: 4 pontos

3- Austrália: 2 pontos

4- Togo: 0 pontos

 

Grupo B

 

1.ª jornada

 

Brasil - Nigéria: 4-0

(Alcindo, aos 20m, André Cruz, aos 29m, William, aos 35m, William, aos 62m)

 

Itália - Canadá: 2-2

(Impallomeni, aos 50m, Melli, aos 82m)

(Grimes, aos 9m, Mobilio, aos 44m)

 

2.ª jornada

 

Brasil - Itália: 0-1

(Rizzolo, aos 60m)

 

Nigéria - Canadá: 2-2

(Effa, aos 5m, Adekola, aos 44m)

(Jansen, aos 6m, Domezetis, aos 88m)

 

3.ª jornada

 

Brasil - Canadá: 1-0

(André Cruz, aos 82m)

 

Nigéria - Itália: 0-2

(Carrara, aos 23m, Melli, aos 24m)

 

Classificação:

 

1- Itália: 5 pontos

2- Brasil: 4 pontos

3- Canadá - 2 pontos

4- Nigéria: 1 ponto

 

Grupo C

 

1.ª jornada

 

RDA - Escócia: 1-2

(Prasse, aos 32m)

(McLeod, aos 30m, Butler, aos 36m)

 

Colômbia - Barém: 1-0
(Trellez, aos 10m)

 

2.ª jornada

 

RDA - Colômbia: 3-1

(Sammer, aos 9m, Sammer, aos 30m, Sammer, aos 70m)

(Trellez, aos 90m)

Escócia

Escócia - Barém: 1-1

(Nisbet, aos 76m)

(Al Kharraz, aos 24m)

 

3.ª jornada

 

RDA - Barém: 2-0

(Liebers, aos 78m, Wosz, aos 83m)

 

Escócia - Colômbia: 2-2

(Wright, aos 61m, McLeod, aos 74m)

(Guerrero, aos 48m, Guerrero, aos 58m)

 

Classificação:

 

1- RDA: 4 pontos

2- Escócia: 4 pontos

3- Colômbia: 3 pontos

4- Barém: 1 ponto

 

Grupo D

 

1.ª jornada

 

Estados Unidos da América - Bulgária: 0-1

(Vassilev, aos 26m)

 

Arábia Saudita - RFA: 0-3

(Epp, aos 6m, Strehmel, aos 27m, Witeczek. aos 31m)

 

2.ª jornada

 

Estados Unidos da América - Arábia Saudita: 1-0

(Unger, aos 73m)

 

Bulgária - RFA: 0-3

(Witeczek, aos 50m, Witeczek, aos 53m, Reinhardt, aos 59m)

 

3.ª jornada

 

Estados Unidos da América - RFA: 1-2

(Constantino, aos 44m)

(Witeczek, aos 36, Moller, aos 73m)

 

Bulgária - Arábia Saudita: 2-0

(Slavtchev, aos 31m, Kalaydijev, aos 37m)

 

Classificação:

 

1- RFA: 6 pontos

2- Bulgária: 4 pontos

3- Estados Unidos da América: 2 pontos

4- Arábia Saudita: 0 pontos

 

Quartos-de-final

 

Jugoslávia - Brasil: 2-1

(Mijatovic, aos 52m, Prosinecki, aos 89m)

(Alcindo, aos 44m)

 

Chile - Itália: 1-0

(Pino, aos 73m)

RDA

RDA - Bulgária: 2-0

(Steinmann, aos 70m, Wosz, aos 83m)

 

RFA - Escócia: 1-1 (4-3 nas grandes penalidades)

(Reinhardt, aos 8m)

(Nisbet, aos 45m)

 

Meias-finais

 

Jugoslávia - RDA: 2-1

(Stimac, aos 30m, Suker, aos 70m)

(Sammer, aos 49m)

RFA

RFA - Chile: 4-0

(Eichenauer, aos 9m, Dammeier, aos 15m, Witeczek, aos 36m, Witeczek, aos 69m)

 

Jogo de atribuição dos 3.º e 4.º lugares

 

Chile - RDA: 1-1 (3-1 nas grandes penalidades)

(Gonzalez, aos 84m)

(Kracht, aos 73m)

Jugoslávia
 

Final

Jugoslávia - RFA: 1-1 (5-4 nas grandes penalidades)

Data: 25 de outubro de 1987

Local: Estádio Nacional, em Santiago

Árbitro: Juan Loustau (Argentina)

Jugoslávia: Lekovic, Jankovic, Brnovic, Pavlicic, Jarmi, Pavlovic (88 min, Zirojevic), Boban, Petric, Skoric, Mijucic, Suker. Treinador: Mirko Jozic.

RFA: Brunn, Luginger, Metz, Strehmel, Spyrka, Schneider, Reinhardt, Moller,  Dammeier (106 min, Heidenreich), Eichenauer (74 min, Epp), Witeczek.

Golos: 1-0 (Boban, aos 85m), 1-1 ( Witeczek, aos 87m).

 Vídeo: Jugoslávia - RFA


terça-feira, abril 06, 2021

Histórias do Planeta da Bola (27)... Covid-19: um remake da Gripe Espanhola que em 1918 assolou o futebol planetário

Espectadores de máscara
nos recintos desportivos
Tal como outras áreas também o desporto vive por este dia refém da pandemia de Covid-19. Recintos desportivos vazios, e/ou competições canceladas, têm sido algumas das consequências que de há sensivelmente um ano a esta parte vigoram na realidade do desporto planetário. Uma situação que não é nova na História da Humanidade, o que nos leva a pensar na Covid-19 como uma espécie de remake de uma outra pandemia que assolou o Mundo há sensivelmente um século atrás. Pandemia essa que ficou conhecida como a Gripe Espanhola, tendo surgido entre 1918 e 1919 e atingindo todos os continentes, deixando atrás de si um rasto de, no mínimo, 50 milhões de mortos. Não se sabe o local de origem dela, mas sabe-se que ela se iniciou de uma mutação do vírus Influenza, tendo os primeiros casos surgido nos Estados Unidos da América.

Archie French
Este vírus letal espalhou-se pelo planeta, principalmente, por conta da movimentação de tropas no período da Primeira Guerra Mundial, tendo um impacto direto nos países que participavam desse conflito. E também no desporto, e no futebol em particular, a Gripe Espanhola fez vítimas, e quando falamos em vítimas queremos aludir a mortes, a perdas de jovens e promissores valores do então futebol planetário. Contrariamente ao novo coronavírus, até agora, a Gripe Espanhola matou inúmeros atletas e treinadores, para além de ter exigido a reorganização de calendários futebolísticos, tal e qual agora acontece. Dois dos países cujos craques da bola mais sofreram às mãos da mortífera pandemia foram o Brasil e a Inglaterra. Consta-se que a Terras de Vera Cruz a Gripe Espanhola terá chegado entre abril e agosto de 1918 e terá feito nos meses seguintes cerca de 35 mil mortes em todo o país. E tal como agora os então governantes proibiram festas, comícios, e eventos desportivos com o intuito de evitar a propagação do vírus. Por exemplo, o Campeonato Sul-Americano de futebol, atualmente denominado de Copa América, inicialmente agendado para 1918, no Rio de Janeiro, teve de ser adiado para o ano seguinte, vários campeonatos estaduais foram suspensos, e muitos clubes encerraram mesmo as suas portas por tempo indeterminado. Um dos clubes mais afetados pela pandemia foi o Fluminense, popular clube carioca que na época era quiçá a maior potência do futebol da Cidade Maravilhosa. O Flu viu 24 dos seus associados sucumbirem à Gripe Espanhola e após conquistar o campeonato carioca de 1918 mandou rezar uma missa por estas mais de duas dezenas de vítimas mortais. Porém, não foram só sócios do clube a enfrentarem e serem derrotados pela pandemia, pois grande parte do seu plantel da época também contraiu o vírus, como por exemplo o lendário guarda-redes Marcos Carneiro de Mendonça, o primeiro grande keeper do futebol brasileiro. 

A equipa do Flu que em 1918
foi afetada pela Gripe Espanhola
E se uns recuperaram outros não, casos do jovem Archibald William French, porventura a morte mais chorada pelo tricolor carioca. Archie French, como era conhecido, era então um jovem e promissor atacante nascido a 8 de janeiro de 1896 em Liverpool, e ainda muito jovem emigrou para o Brasil na companhia do seu pai, William French, que nos inícios da década de 90 do século XIX veio para o Rio de Janeiro desempenhar as funções de mestre das oficinas e chefe das máquinas da "Companhia Progresso Industrial do Brazil", em Bangu. Seria esta fábrica que já no princípio do século seguinte daria origem ao Bangu Atlético Clube, tendo William French se tornado no primeiro presidente do clube. E foi precisamente no Bangu que o seu filho Archie se iniciou nas lides futebolísticas, tendo de pronto deixado no ar a certeza de que estávamos perante uma futura estrela do Belo Jogo. Logo no seu segundo ano ao serviço da equipa principal Archie quase levou o Bangu à glória no Cariocão, não tivesse o América estragado a festa já bem perto da reta final. As boas exibições de Archie French chamariam à atenção do gigante Fluminense, que em 1917 convence o jovem inglês a vestir o seu manto sagrado. No Flu, Archie pegou de estaca na equipa titular, com golos decisivos e exibições bastante positivas que o tornaram de imediato num dos ídolos da torcida tricolor. E quando estava no auge e quase a garantir o título de campeão carioca pelo Fluminense eis que a pandemia atacou o jovem atleta. Em 29 de outubro de 1918, Archibald William French não resistiu às complicações da gripe e morreu. Depois de mais de dois meses de paragem a 8 de dezembro, o Campeonato Carioca foi retomado e o Fluminense confirmou matematicamente o título, o qual dedicou a Archie.

Angus Douglas
Atravessando o oceano (Atlântico), constata-se que o continente europeu não passou ileso à Gripe Espanhola. Muito pelo contrário, a epidemia teve o seu epicentro no Velho Continente, onde causou milhares de mortes, o que a somar às vítimas da I Grande Guerra roçou um cenário de catástrofe. Também o desporto foi afetado, sendo que algumas competições já haviam sido interrompidas por causa do conflito bélico que vigorava por aqueles dias. Tal como noutros pontos do globo também a pandemia fez as suas vítimas no mundo desportivo. Uma das mais sentidas foi talvez a do escocês Angus Douglas. Nascido em Lochmaben (Dumfriesshire), a 1 de janeiro de 1889, Douglas foi um extremo-direito astuto, tendo iniciado a sua carreira no clube local, o Lochmaben FC, tendo em 1908 se transferido para o Chelsea, clube pelo qual fez quase 100 jogos nos seis anos que se seguiram. Com uma habilidade notável e uma rapidez estonteante com a bola nos pés, o escocês era um dos ídolos dos adeptos dos Blues londrinos até 1913, ano em que se mudou para o Newcastle United. clube que defendeu sensivelmente durante um ano e meio antes de ser chamado pelo seu país para a I Guerra Mundial. Pelos Magpies, para onde foi transferido por 2000 libras, ele disputou cerca de 100 jogos. A guerra interrompeu o futebol em 1915, e Angus, que se encontrava no auge da sua carreira futebolística, encontrou trabalho na indústria de munições, em Elswick Ordnance Company (posteriormente parte da Armstrong-Vickers), nas margens do rio Tyne, em Newcastle. É neste período que ele conheceu Nancy Thompson e, em abril de 1918, o casal teve uma filha chamada Betty Douglas. Porém, a felicidade do casal foi sol de pouca dura, já que em dezembro de 1918 ambos adoeceram com Gripe Espanhola e foram colocados em quarentena em quartos separados. Em 11 de dezembro de 1918, 10 dias após apresentar os primeiros sintomas, Nancy morreu, e três dias depois, também Angus morreria, deixando Betty órfã com apenas aos 8 meses de idade.

Douglas Angus foi apenas um exemplo de jovens futebolistas na flor da idade que tinham ainda muito para dar ao futebol. Jack Stanley Allan (Newcastle United) e Thomas Allsopp (que atuou pelo Leicester City, Brighton, Luton e Norwich) estiveram ambos ao serviço na Grande Guerra e também eles morreram após contrair a gripe. O mesmo aconteceu com William Mountford Williamson (que defendeu as cores do Leicester City e do Stoke) que contraiu a gripe num campo de prisioneiros de guerra em Hamelin, tendo morrido a 2 de agosto de 1918.

domingo, abril 04, 2021

Museu Virtual do Futebol celebra 15 anos de aventuras!

Existem viagens que por mais longas que sejam não deixam que a fadiga do tempo se abata sobre o nosso estado de espírito, nem permite que a palavra desistir ou a simples decisão de voltar atrás leve a melhor. Esta é pois uma dessas viagens deslumbrantes que faz precisamente hoje 15 anos que foi iniciada com o mesmo entusiasmo que atualmente se apodera de nós sempre que a palavra soada seja futebol. Há 15 anos que viajamos a bordo da máquina do tempo com a missão de recordar e eternizar nestas vitrinas virtuais capítulos da História deste jogo que nos apaixona e encanta. É pois com este espírito entusiasmante que nos propomos seguir esta viagem esperando que todos aquele(a)s que nos seguem continuem a fazer-nos companhia.

sexta-feira, abril 02, 2021

Flashes do Hungria-Eslovénia 2021/Europeu de Sub-21 (24)...

Grupo D / 3.ª Jornada

Portugal - Suíça: 3-0

Golos: Diogo Queirós, Trincão, Francisco Conceição

Portugal faz o pleno de vitórias com exibição deslumbrante... 

Flashes do Hungria-Eslovénia 2021/Europeu de Sub-21 (23)...

Grupo D / 3.ª Jornada

Croácia - Inglaterra: 1-2 

Golos: Bradaric / Eze, Jones

Derrota com sabor a vitória para os jovens artistas croatas... 

Flashes do Hungria-Eslovénia 2021/Europeu de Sub-21 (22)...

Grupo C / 3.ª Jornada

Dinamarca - Rússia: 3-0

Golos: Larsen, Dreyer, Holse

Jovens czares caem com estrondo aos pés dos guerreiros vikings... 

Flashes do Hungria-Eslovénia 2021/Europeu de Sub-21 (21)...

Grupo C / 3.ª Jornada

Islândia - França: 0-2

Golos: Guendouzi, Édouard

Les Blues avançam merecidamente para a fase seguinte...