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segunda-feira, dezembro 23, 2013

Momentos altos da vida... da seleção nacional dos Estados Unidos da América

Decorrem (ainda) neste ano de 2013 os festejos do centenário da United States Soccer Federation (Federação de Futebol dos Estados Unidos da América). 100 anos de uma instituição que tem ao longo da sua existência travado uma luta feroz contra a impopularidade, por assim dizer, da qual o soccer (futebol) foi, num passado não muito distante, vítima num país onde outras modalidades - como o basquetebol, o basebol, o hóquei no gelo, ou o futebol americano - sempre foram amadas de uma forma desmedida e têm gerado ao longo de décadas verdadeiras lendas do desporto planetário. No entanto, e ainda para alguns, o soccer ainda é, de forma incompreensível, o parente pobre do desporto da Terra do Tio Sam. Contudo, o país que ainda - e volto a sublinhar outro "ainda" - é olhado - sobretudo na Europa - como tosco na arte de manusear a redondinha teve os seus momentos brilhantes na história do futebol mundial. Recordemo-los pois então...
New York Astor Hotel House em 1913
Quis o destino que a cintilante Nova Iorque fosse o berço da United States Soccer Federation. No New York Astor Hotel House, situado nas proximidades da mundialmente famosa Times Square, um grupo de figuras ligadas à modalidade importada para a América pela mão de imigrantes europeus em meados do século XIX fundou a 5 de abril de 1913 a United States of America Football Association (USFA), a primeira designação do organismo máximo do soccer norte-americano, que só a partir da segunda metade do século XX se iria denominar United States Soccer Federation. Randolph Manning seria eleito o primeiro presidente do recém criado organismo, que no ano seguinte era aceite pela FIFA como membro da entidade que tutela o futebol a nível global.
A primeira seleção nacional dos EUA, que em Estocolmo efetuou o primeiro jogo da sua centenária história
A partir de então a USFA desenvolveu algumas competições nacionais para coroar os clubes que iam surgindo aqui e ali um pouco por todo o extenso território norte-americano, com destaque para a US Open Cup (a taça nacional), cuja primeira edição ocorreu precisamente em 1914. Seria no entanto preciso esperar até 1916 para ver o primeiro onze nacional - vulgo, seleção nacional - entrar em campo. Facto histórico ocorrido a 20 de agosto do citado ano, altura em que o combinado yankee enfrentou a Suécia, em Estocolmo, no primeiro de cinco encontros amigáveis de uma digressão feita por terras suecas e norueguesas com vista à preparação para o torneio olímpico de 1916, o qual viria a ser posteriormente cancelado devido à I Guerra Mundial. E na capital sueca a US National Team teve uma estreia feliz, vencendo os nórdicos por 3-2. Capitaneada por um dos grandes ícones do soccer norte-americano da época, Thomas Swords, lendário avançado que atuava no Fall River Rovers, os soccer boys enfrentavam uma experiente Suécia no plano internacional - os nórdicos já haviam disputado anteriormente, e desde 1890, 31 jogos. Diante de 21 000 espetadores - onde entre os quais se destacava o rei da Suécia, Gustavo V - os Estados Unidos da América (EUA) apresentaram-se muito bem organizados sobre o terreno de jogo, surpreendendo então os suecos com um triunfo por 3-2. Tommy Swords entrou para a história, pois foi dos seus pés que nasceu o primeiro golo oficial da US National Team. Harry Cooper, e Charles Ellis fizeram os restantes golos dos estreantes norte-americanos.
Seleção norte-americana que esteve presente em Paris nos Jogos Olímpicos de 1924
A bela cidade de Paris acolhe em 1924 a sétima edição dos Jogos Olímpicos. No cartaz do evento surge o torneio de futebol, na época considerada a prova mais importante do calendário internacional, já que vencer as Olimpíadas no retângulo de jogo era o equivalente a ser coroado de... rei (campeão) do Mundo. Entre as 22 equipas nacionais presentes figurava a dos EUA, que faziam desta forma a sua estreia numa competição de âmbito internacional. E logo no maior palco de todos. Para a capital gaulesa o selecionador nacional George Burford levou alguns dos melhores intérpretes do soccer americano da altura, caso dos guarda-redes Jimmy Douglas, ou do avançado Andrew Stradan. E seria este último atleta a entrar para a história, já que foi dele o único golo com que os yankees derrotaram a Estónia em jogo alusivo à 1ª eliminatória da competição, realizado em Pershing Park, e no qual o lendário guardião Jimmy Douglas foi eleito o melhor em campo, garças a uma soberba exibição que segurou a magra mas saborosa vitória. O sonho americano terminou na eliminatória seguinte, fase onde encontraram a mágica seleção do Uruguai, liderada desde o setor recuado pelo homem que haveria de sair de Paris endeusado, com a alcunha de Maravilha Negra, Falamos de José Leandro Andrade, claro. 3-0 para os uruguaios, que mais tarde haveriam de se consagrar como campeões olímpicos, ou do Mundo, como na época eram rotulados.
Quatro anos mais tarde foi a vez de Amesterdão receber os Jogos Olímpicos, e mais uma vez o Uruguai voltaria a provar que era de facto a maior potência do futebol internacional ao nível de seleções, abraçando mais uma vez o título olímpico. Na cidade holandesa também estiveram os yankees, que assim continuavam a figurar entre a elite do futebol internacional. George Burford voltou a ser o selecionador dos EUA, o qual pela frente teve uma tarefa árdua para fazer boa figura em solo europeu. E na verdade os EUA foram vítimas de si próprios nesta sua segunda aparição internacional, ou melhor vítimas da má organização da USFA, que ignorou por completo os apelos de George Burford para que não fosse reunida uma equipa à última da hora antes do embarque para a Europa. O que é certo é que nas vésperas da partida para Amesterdão foram realizadas à pressa duas sessões de treinos de captação com diversos jogadores, sendo 16 deles escolhidos para vestir a camisola nacional nas Olimpíadas. Conclusão, em Amesterdão os EUA sairam cedo de cena no seguimento de uma tremenda goleada imposta pela Argentina: 11-2. Para esquecer.
A lendária seleção yankee que em 1930 conquistou, em Montevideu, a sua melhor classificação de sempre num Campeonato do Mundo
Apesar da má imagem deixada em Amesterdão os EUA foram uma das seleções convidadas pela FIFA para em 1930 marcar presença na primeira edição do Campeonato do Mundo. O Uruguai, e a sua capital Montevideu, tiveram o privilégio de presenciar o primeiro capítulo da história da maior competição futebolística do planeta. 13 seleções estiveram na América do Sul, entre elas uns EUA muito... europeus. E assim o eram pois o selecionado do técnico Bob Miller era composto na sua esmagadora maioria por imigrantes ingleses e escoceses, embora a grande maioria deles vivesse em solo americano desde a adolescência. Foi pois com um estilo muito britânico que a seleção norte-americana se apresentou em Montevideu, estilo esse ao qual seria acrescentada uma pitada do futebol mais técnico do sul da Europa, graças à arte futebolística de um tal de Billy Gonsalves. Sobre este luso descendente o Museu Virtual do Futebol já dedicou longas linhas noutras viagens ao passado, pelo que há apenas a repetir o facto de que para muitos ele foi o melhor jogador de todos os tempos a vestir a camisola dos EUA. Billy Gonsalves, filho de pais madeirenses, era a estrela do combinado de Bob Miller, e um dos responsáveis pela magnífica campanha que os yankees fizeram em solo uruguaio. Gonsalves podia até ser o maestro da orquestra montada por Miller, mas outros músicos de inegável gabarito faziam parte daquele lendário grupo, casos do regressado guardião Jimmy Douglas, Bart McGhee, Bert Patenaude, ou Tom Florie. Integrados no grupo 4 os States deram uma lição à Bélgica no primeiro encontro da chave, disputado no Parque Central, diante de pouco mais de 18 000 pessoas. 3-0 a favor de Billy Gonsalves e companhia, pertencendo a McGhee (aos 23m), Florie (aos 45m), e Patenaude (69m) a autoria dos remates certeiros.
No encontro seguinte, diante do Paraguai, de novo a chapa 3 foi aplicada pelos yankees aos seus opositores, neste caso com o destaque individual a ir inteiramente para Bert Patenaude, autor dos três tentos, atleta que se tornava desta forma no primeiro futebolista a alcançar um hattrick em fases finais de Campeonatos do Mundo. Com estas duas vitórias os EUA estavam desde logo apurados para as meias-finais do torneio! Quem diria, ainda para mais depois da pobre imagem deixada em Amesterdão dois anos antes. A aventura acabaria no majestoso Estádio Centenário, diante da Argentina, que derrotou os norte-americanos por 6-1, mas com uma pequena ajuda extra do árbitro belga John Langenus, que na voz dos yankees fez vista grossa ao jogo violento dos argentinos que dias mais tarde iriam perder o título mundial para o Uruguai. No final da festa o terceiro lugar do pódio seria ocupado em ex-aequo pela Jugoslávia e pelos EUA, que desta forma arrecadavam a sua melhor classificação numa fase final de um Mundial.
A boa imagem deixada em Montevideu contrastou com a pálida performance patenteada quatro anos mais tarde em Roma, na fase final do Mundial de 34. Diante da poderosa seleção da casa, orientada pelo mestre da tática Vittorio Pozzo, os estado-unidenses - orientados pelo técnico David Gould - foram atropelados por 7-1 (!), cabendo a um descendente de italianos, de seu nome Aldo Donelli, apontar o tento de honra dos EUA, que no seu grupo tinham ainda as lendas Billy Gonsalves, e Tom Florie, os únicos que restavam da seleção de 1930.
Os homens que em 1950 escandalizaram o planeta do futebol
Depois de mais uma pobre prestação olímpica em 1948, onde os EUA voltaram a ser goleados pela Itália de Pozzo, desta feita por 9-0, na 1ª eliminatória dos Jogos de Londres, eis que a história do soccer estado-unidense escreve o seu capítulo mais famoso. Capítulo esse traçado no decorrer da fase final do Campeonato do Mundo de 1950, que nesse ano foi realizado no Brasil, onde os amadores yankees provocaram o maior escândalo da história do belo jogo. Sobre ele já traçámos diversas linhas aqui no Museu, recuperando pois agora para esta viagem ao passado algumas dessas linhas que relatam a impensável vitória do modesto selecionado dos EUA sobre a poderosa Inglaterra.
Belo Horizonte, e o Estádio da Independência, fazem parte do cenário desse célebre encontro - referente à 1ª fase do Mundial - ocorrido na tarde de 29 de Junho. Inglaterra que era considerada uma das seleções favoritas para vencer o torneio, juntamente com Brasil, a Suécia e a Itália. Mas, desde o início, a realidade foi bem diferente das previsões. Lutando contra um intenso calor, a seleção inglesa sofreu a bom sofrer para vencer o Chile por 2-0 na sua estreia na Copa, no Estádio do Maracanã. Ingleses que, refira-se, participavam pela primeira vez numa fase final de um Mundial. E como favorita que era à conquista do caneco poucos duvidavam que a Inglaterra não iria no segundo jogo do certame massacrar os amadores dos EUA.
Seleção norte-americana que tinha apenas um jogador profissional, Ed McIlvenny, de seu nome. A crença na vitória fácil era tanta que o técnico inglês Arthur Drewry decidiu dar folga a vários dos seus principais jogadores, entre eles Stanley Matthews, jogador do qual reza a lenda que havia ficado em Copacabana a apanhar sol!
As equipas entraram em campo, e aos 39 minutos do primeiro tempo um estudante, que trabalhava em part-time como lavador de pratos num restaurante em Nova Iorque, produziu um dos resultados mais inesperados da história do futebol internacional. Joe Gaetjens, assim se chamava, recebeu um passe de Walter Bahr e marcou o único golo da partida, garantindo a vitória dos States.
O resultado era considerado tão improvável pelos ingleses que uma casa de apostas de Londres ofereceu 500 para 1 às pessoas que apostassem nos americanos antes do jogo. História curiosa é, aliás, o facto de que quando o resultado foi conhecido em Inglaterra os súbitos de Sua Majestade pensarem de imediato que se trataria de um erro, e que o resultado não era de 0-1 mas sim de 10-1! Como estavam enganados...
48 anos depois desse jogo, o criador da jogada do golo, Walter Bahr, voltaria ao local do crime, por assim dizer, ao Estádio da Independência, onde confessou que «se a Inglaterra jogasse 10 vezes contra nós, naquela época, teria vencido nove vezes. Mas aquele jogo era nosso. O destino ficou do nosso lado. Os ingleses deveriam ter vencido, mas não marcaram nenhum golo, e à medida que o tempo passava, o nosso futebol foi melhorando. Os ingleses foram ficando em pânico... ».
Este resultado ainda hoje é considerado como a maior surpresa de todos os tempos no planeta da bola!
Porém, a impensável vitória sobre a Inglaterra foi recebida com indiferença nos EUA. Os americanos praticamente ignoravam que haviam vencido aquele jogo até a década de 70, altura em que Gaetjens já havia morrido.
Há poucos anos atrás, foi realizado um filme que retrata precisamente este momento histórico do futebol estado-unidense, intituldado de The Game of Their Lives. E seria mesmo o jogo da vida de até então simples desconhecidos como Joe Gaetjens, Frank Borghi, Harry Keough, Joe Maca, Ed McIlvenny, Charlie Colombo, Walter Bahr, Frank Wallace, Gino Pariani, Joe Gaetjens, John Souza, Ed Souza, e o treinador Bill Jeffrey
Apesar da vitória sobre a Inglaterra, os EUA terminaram em último no seu grupo na Copa de 50, sendo eliminados do torneio juntamente com a Inglaterra e o Chile.
Depois da participação no Mundial do Brasil, os americanos demorariam 40 anos para voltar participar numa fase final de um Mundial, o que só viria a ocorrer em 1990, no Campeonato do Mundo de Itália.
Os EUA em 1990, ano em que regressaram à alta roda do futebol internacional
Nem mesmo o fenómeno da National American Soccer League (NASL) dos anos 60 e 70 conseguiu fazer regressar a seleção yankee à montra do futebol planetário. Como já vimos só em 1990 os EUA voltaram a uma fase final de um Campeonato do Mundo. Facto ocorrido em Itália, e sem grande pompa e circunstância, já que os norte-americanos, pouco ou nada conhecidos na alta roda internacional da época, rapidamente regressaram a casa após três derrotas na fase de grupos, ante a Checoslováquia (1-5), Itália (0-1), e Áustria (1-2). Mais do que fazer saber ao Mundo que os States queriam voltar a ocupar o seu lugar nos grandes palcos do futebol planetário, e de revelar nomes como Tony Meola, Eric Winalda, Tab Ramos, Marcelo Balboa, ou Paul Caligiuri, esta presença em Itália serviu essencialmente para iniciar o renascimento do soccer em Terras do Tio Sam, em fazer da seleção norte-americana uma equipa vencedora, habituada a marcar presença - de lá para cá - em todos os grandes eventos futebolísticos do planeta, com destaque para o Campeonato do Mundo, certame que desde 1990 até aos dias de hoje os EUA não falharam uma única edição.
O primeiro título internacional: a Gold Cup de 1991
A primeira grande conquista do futebol norte-americano ao nível de seleções aconteceu em 1991, ano em que foi disputada a primeira edição da Gold Cup, prova continental organizada pela CONCACAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe). O certame foi realizado em solo norte-americano, e serviu igualmente de teste ao que iria ocorrer três anos mais tarde, altura em que pela primeira vez o país iria receber a organização de um Mundial. Na final da Gold Cup os EUA, dirigidos pelo lendário treinador Bora Milutinovic, derrotaram no Memorial Coliseum, de Los Angeles, as Honduras na marcação de grandes penalidades, por 4-3, após um empate sem golos no final dos 120 minutos.
A esta Gold Cup seguiram-se mais quatro, até aos dias de hoje, perfazendo um total de cinco títulos na prova da CONCACAF, historial que faz com os EUA sejam a par do México a grande potência do futebol daquela zona do globo.
A lenda brasileira Pelé posa ao lado das campeãs do Mundo de 1991
Se no plano masculino os EUA estão ainda um pouco longe de serem considerados uma potência ao lado de países como Brasil, Espanha, Itália, Alemanha, Argentina, Holanda, ou Inglaterra, na vertente feminina eles são indiscutivelmente a maior potência mundial! Não deixa de ser de certo modo estranho como uma modalidade pode ser interpretada de uma maneira tão distinta pelos sexos feminino e masculino. O que é certo é que a meninas norte-americanas têm somado títulos atrás de títulos, fazendo deste o país mais laureado na vitrina dos campeões. O primeiro grande ceptro foi conquistado em 1991, na China, nação que recebeu o primeiro Mundial feminino, tendo os EUA vencido na final a Noruega por 2-1. Ainda que de forma algo tímida o planeta da bola, dominado por homens, fez então uma vénia a jogadoras como Michelle Akers, ou Mia Hamm, duas das maiores jogadores de todos os tempos. Em 1999 as soccer girls voltariam a conquistar o Mundo, desta feita em casa, tendo na final - disputada no Rose Bowl, de Pasadena, cheio como um ovo! - batido nas grandes penalidades a China por 5-4. A popularidade da seleção feminina norte-americana rapidamente se alastrou a todo o país, sendo hoje o soccer a modalidade mais praticada pelo público feminino. Ainda no que toca a palmarés os EUA somam quatro títulos olímpicos, e ainda três ceptros mundiais de sub-20. Dominadoras... claramente.
Voltando ao futebol masculino para recordar em poucas linhas aquele que foi sem margem para dúvidas o grande acontecimento futebolístico realizado em terras norte-americanas: o Campeonato do Mundo de 1994. Com o intuito de enraizar definitivamente o soccer no seu território nacional os responsáveis da United States Soccer Federation convenceram a FIFA a atribuir-lhes a organização do Mundial de 94. O resto do planeta torceu o nariz, perguntando-se como podia um país onde a modalidade é praticamente marginalizada acolher um certame daquele nível? A resposta foi dada no verão de 1994, com uma organização estupenda e grandiosa, como só os EUA conseguem fazer sempre que de grandes eventos se trata. Estádios gigantescos, sempre cheios de público, e acima de tudo de futebol de alto nível praticado pelas seleções presentes fizeram deste - quiçá - o último grande Mundial - a todos os níveis - da história recente da competição. Infundadas foram igualmente as suspeitas de que a seleção da casa dificilmente passaria da primeira fase, e que se iria tornar na primeira anfitriã a não passar a fase de grupos, já que com muita classe nomes - hoje lendas - como Meola, Balboa, Tab Ramos, Eric Winalda, Cobi Jones, e o excêntrico Alexi Lalas não só avançaram a fase de grupos - bateram por 2-1 a Colômbia, empataram a um ante a Suíça, e foram derrotados por 0-1 pela Roménia - como fizeram a vida negra ao futuro campeão Brasil nos oitavos-de-final (brasileiros venceram apenas por 1-0).
O Mundial dos States serviu para que o soccer subisse mais uns degraus na escada da popularidade de um povo que sempre olhou a modalidade com indiferença. Hoje em dia o futebol é o terceiro desporto mais praticado no país (no plano masculino, e o primeiro na vertente feminina, como já vimos), sendo para muitos impensável que a seleção nacional não seja uma presença garantida nas grandes competições internacionais. 

quarta-feira, janeiro 16, 2013

Momentos altos da vida... do Fulham Football Club

Clubes há que independentemente da sua dimensão, do seu palmarés, ou do escalão em que estejam a competir despertam nos adeptos do belo jogo uma sensação de... atração fatal! Isso acontece muito no futebol inglês, onde pequenos emblemas são seguidos e apoiados religiosamente pelos fervorosos súbitos de Sua Majestade. Uma filosofia que para mim assume contornos de familiaridade, digamos assim, ou não fosse eu um confesso e devoto adepto de um pequeno-ENORME clube, o meu muito amado Sport Comércio e Salgueiros. E já que falamos em paixões arrebatadoras abrimos hoje as portas para recordar os melhores momentos da longa vida daquele que é o meu emblema internacional favorito, o do Fulham Football Club.
Nasceu em Londres, em 1879, carregando consigo o estatuto de mais antigo clube profissional da capital inglesa. Mesmo não sendo um papa títulos, como são os casos dos vizinhos Arsenal, Tottenham, ou mais recentemente o Chelsea, o Fulham há muito que cimentou a sua condição de habitual participante no máximo escalão do futebol inglês, a Premier League. É um clube estável, onde de facto só têm faltado os títulos, os quais a seu tempo irão acabar por surgir.
Como já vimos o Fulham nasceu em 1879, tendo sido fundado por membros da igreja Church of England on Star Road, em West Kensington, no sudoeste londrino.
A primeira coroa de glória alcançada por este clube fundado por adeptos de criquete (!) surgiu oito anos mais tarde, altura em que venceram a West London Amateur Cup, sob a designação de Fulham Excelsior. Os conquistadores (que podem ser vistos na imagem acima) desse longínquo troféu regional trajavam de branco... e encarnado, as cores do primeiro manto sagrado dos londrinos. 
1896 é mais uma data histórica para o então rebatizado Fulham Football Club (nome atribuido em 1888). Começa a disputar os seus jogos como anfitrião no Craven Cottage, a sua mítica casa desde então, um bonito estádio de traço britânico - dos poucos na Premier League que ainda hoje matêm as tradicionais linhas arquitetónicas dos estádios ingleses - situado nas margens do Rio Tamisa. O primeiro encontro ocorrido no Craven Cottage foi diante dos já desaparecidos vizinhos do Minerva Football Club.
Dois anos mais tarde (1898) o Fulham FC adquire então o estatuto de primeiro clube profissional da cidade de Londres, ano esse em que foi aceite na 2ª Divisão da Southern League.
Na temporada de 1902/03 alcança a promoção para a 1ª Divisão da Southern League, sendo que na época seguinte o clube vestiu pela primeira vez o equipamento que ainda hoje é mantém, ou seja, a camisola branca, calção preto, e meia branca e preta. Na foto acima podemos ver a equipa de 1903/04.
Em 1905/06 e 1906/07 o Fulham sagra-se campeão do principal escalão da citada Southern League.
Dois títulos (regionais) que valeram ao clube o passaporte para os campeonatos nacionais tutelados pela Football Association (FA). Em 1907/08 o Fulham faz a sua estreia na Second Division (2ª Divisão Nacional) diante do Hull City, encontro caseiro que terminou com uma derrota por 0-1. A primeira vitória seria alcançada dias mais tarde, fora de portas, também por 1-0, ante o Derby County. Nessa memorável época de estreia os londrinos terminaram em 4º lugar, a escassos três pontos da First Division (1ª Divisão)!!! Essa seria de facto uma época em que o Fulham quase atingiu a glória. Na prova mais emblemática de Inglaterra, a FA Cup (Taça de Inglaterra), o clube alcançou as meias-finais, tendo sido travado (0-6) pelo Newcastle United.
A Second Division foi a casa do Fulham durante as duas décadas seguintes, mais em concreto até à temporada de 1927/28, altura em que foi relagado para a Third Division South. Em 31/32 o clube venceu este escalão com um impressionante registo de 111 golos apontados (!), regressando assim ao segundo patamar do futebol inglês, onde na época seguinte viria a falhar por uma unha negra a promoção ao escalão maior. A sonhada promoção aconteceu já depois da II Guerra Mundial, mais concretamente em 1946/47, altura em que Fulham foi campeão da Second Division (com a equipa que pode ser recordada na imagem acima).Um dos craques do célebre conjunto que alcançou a promoção ao topo do futebol inglês, John Fox Watson, iria transferir-se em 1948 para o Real Madrid, tornando-se assim no primeiro jogador britânico a jogar fora das ilhas.
O início da aventura do Fulham na First Division não se pode dizer que tenha sido brilhante, muito longe disso. Nas primeiras duas temporadas o clube andou muito perto da despromoção. Só na terceira temporada é que a performance do clube melhorou significativamente, posicionando-se longe da fatal linha de água. Porém, a permanência entre os grandes de Inglaterra seria curta, e em 1952 o Fulham estava de regresso ao segundo escalão, ali permancendo até 1959, altura em que alcançou novamente a promoção. Para isso muito terá contribuido John Haynes, uma figura que para muitos é considerado como o melhor jogador de sempre da história do clube. Haynes, nascido em Londres, deu os primeiros pontapés na bola precisamente em Craven Cottage, passando por todas as categorias de formação do clube, até que em 1951 fez a sua estreia na equipa principal. O seu amor ao Fulham é ainda hoje recordado pelos adeptos deste, tendo recusado propostas milionárias - como uma do Milan, de Itália. Defendeu as cores do seu amado emblema até 1970, jogando quase 600 partidas (594 para ser mais precisos) - até hoje ninguém superou este número recorde - com a mítica camisola branca.
Haynes, a quem chamavam de maestro, pela maneira como "dirigia" o jogo da sua equipa, jogou 56 vezes pela Inglaterra, tendo sido sido convocado para representar a seleção dos três leões nos Campeonatos do Mundo de 54, 58, e 62. Após a sua morte, em 2005, o Fulham batizou uma das bancadas de Craven Cottage com o seu nome, além de que no exterior do estádio foi erguida uma estátua sua.
Outro ícone do futebol inglês que iniciou a sua carreira de futebolista no Fulham foi Bobby Robson. Entre 1950 e 1956 o homem que décadas mais tarde iria receber o título de Sir efetuou mais de 150 partidas com a camisola dos Cottagers (a alcunha pela qual o clube passou a ser conhecido desde que se mudou para Craven Cottage). Seria também no Fulham que Robson iria iniciar em 1968 a sua brilhante carreira de treinador. Na imagem de cima podemos ver uma equipa de finais da década de 50, onde pontificava a lenda John Haynes (o segundo a contar da direira para a esquerda da fila da frente).
As décadas de 60, 70, 80 e 90 não foram de grande euforia para os adeptos do clube. Em 68, pouco depois de Bobby Robson ter deixado o banco, o Fulham cai mais uma vez para as divisões secundárias do futebol inglês, ai permancendo - alternando entre as Second e Third Divisions - até 1999!!! Porém, pelo meio desta travessia no deserto, ocorreu um momento ainda hoje inolvidável: a presença na final da FA Cup de 1975. Marcar presença em Wembley na final da taça é o sonho de qualquer clube ou jogador, e em 75, numa altura em que vagueavam pela 2ª Divisão os Cottagers chegaram ao templo sagrado do futebol inglês. Até ai chegar o Fulham, nessa célebre temporada de 74/75 comandado por Alec Stock, deixou pelo caminho o Hull City, o Nottingham Forest, o Everton, o Carlisle United, e o Birmingham City. O adversário na final seriam os vizinhos do West Ham United, equipa bem mais experiente no que toca a jogos decisivos, já que havia vencido a Taça de Ingletarra de 1964, e a Taça dos Vencedores das Taças no ano seguinte.
Do lado do Fulham estava agora um dos grandes obreiros destes dois títulos do West Ham, um dos melhores jogadores da história do futebol, para muitos o melhor defesa-central de todos os tempos, de seu nome Bobby Moore. Já numa fase desencendente da sua notável carreira o homem que em 1966 ergueu a Taça do Mundo da FIFA que coroou a Inglaterra como rainha do planeta era a grande figura dos Cottagers. Defrontando o seu clube do coração - coicidência das coincidências - Moore bem lutou para que a FA Cup de 75 viajasse para o Craven Cottage, porém, o seu colega de baliza, Peter Mellor, teve uma segunda parte dessa célebre final londrina verdadeiramente desastrosa, ao oferecer dois golos ao West Ham United, que assim levava para casa - pela segunda vez no seu historial - a taça.
E por falar em jogadores lendários que vestiram a camisola do Fulham na década de 70 outra lenda defendeu este popular emblema de Londres. George Best, um dos melhores futebolistas de sempre, notabilizado ao serviço do Manchester United, jogou entre 76 e 78 pelos Cottagers, numa altura em que estes estavam na Second Division.Na imagem de cima a equipa (mais os suplentes) que marcaram presença na final de Wembley.
E eis que ao virar para o novo milénio chega a Craven Cottage o homem que recolocou o Fulham no topo do futebol inglês. Mohamed Al Fayed, multimilionário egípcio, dono - entre outros - da famosa cadeia de lojas Harrods, comprou no verão de 1997 o clube. Nele injetou uma avultada soma monetária, o suficiente para que em 1999/00 os Cottegers regressassem ao principal escalão de Inglaterra, na época já denominada de Premier League. Desde então que nunca mais o Fulham baixou de divisão! Desde que tomou conta do clube Al fayed contratou jogadores e treinadores de alto gabarito internacional, casos do lendário guarda-redes holandês Edwin Van der Sar, dos internacionais franceses Louis Saha e Steed Malbranque, do português Luís Boa Morte - que, segundo os adeptos, é um dos jogadores mais notáveis e idolatrados de todos os tempos do clube -, ou mais recentemente de Damien Duff, Danny Murphy, ou do búlgaro Berbatov. No que toca a treinadores nomes como Ray Wilkins, Kevin Keegan, Jean Tigana, ou Roy Hodgson passaram pelo banco cottager. E seria sob a orientação do francês Tigana que o Fulham iria conquistar o seu único título - até à data - internacional, a Taça Intertoto, em 2002. Na final os londrinos bateram os italianos do Bolonha por 5-3, vencendo o troféu - de pequena dimensão, é certo - continental e qualificando-se para a Taça UEFA da época de 2002/03. 
Na imagem de cima pode ver-se a equipa que arrecadou a Intertoto Cup, com Mohamed Al Fayed a segurar o troféu.
Seria na segunda competição da UEFA, que em 2010 o Fulham viveria quiçá o ponto mais alto da sua centenária história. Numa altura em que havia sido rebatizada de Europe League a prova uefeira foi vencida pelos espanhóis do Atlético de Madrid, que na final derrotaram por 2-1... o Fulham! Um momento inesquecível que teve lugar em Hamburgo (Alemanha), sendo que para lá chegar os cottagers deixaram pelo caminho clubes o Shakthar Donetsk, o Wolfsburg, ou o Hamburg. Roy Hodgson era o treinador de uma equipa de operários, onde pontificavam entre outros o guarda-redes australiano Mark Schwarzer, Damien Duff, Danny Murphy (que nessa final envergou a braçadeira de capitão), Bobby Zamora, Zoltan Gera, ou Simon Davies, este último o autor do golo dos londrinos, que só iriam cair no prolongamento (1-1 no final dos 90 minutos) na sequência de um lance de génio do uruguaio Diego Forlán.

sexta-feira, outubro 14, 2011

Momentos altos da vida... do Sport Comércio e Salgueiros

Há paixões que não se explicam, acontecem à primeira vista, enfeitiçam-nos e vivem para sempre nos nossos corações. Para mim o futebol é uma dessas paixões arrebatadoras e eternas, e dentro dele outros encantos foram sendo cravados na minha alma ao longo da minha existência. Um desses encantos dá pelo nome de Sport Comércio e Salgueiros, o emblema que trago estampado no meu coração. Sobre esta eterna paixão já aqui falei (na vitrina dedicada aos emblemas históricos) noutros capítulos desta minha viagem virtual pelo mundo encantado da bola, pelo que hoje passo apenas em revista alguns momentos deste histórico clube português que neste preciso ano comemora a bonita idade de 100 ANOS! Parabéns Salgueiros.
Uma imagem rara e carregada de nostalgia apresenta um grupo do então adolescente Sport Comércio e Salgueiros no longínquo ano de 1922.

Foto histórica de uma equipa... histórica. Este foi o Salgueiros que na temporada de 1943/44 participou pela primeira no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Uma aventura de curta duração, já que na época seguinte a turma salgueirista estaria de volta ao escalão secundário, uma vez que na temporada de estreia entre os grandes não foi além do último lugar, somando apenas três pontos, em consequência de uma vitória (em casa diante da Académica) e de um empate (também em casa, mas ante o Vitória de Guimarães).

Corria a temporada de 1956/57 quando o Salgueiros viveu aquele que se pode chamar como o primeiro momento alto da sua vida: a conquista do Campeonato Nacional da 2ª Divisão.
Um onze do Salgueiros na temporada de 1973/74, época em que o clube competiu na Zona Norte da 2ª Divisão Nacional.
Mário Reis (que na fotografia é o quarto da direita para a esquerda na fina de baixo) foi um dos mais célebres terinadores da história do Sport Comércio e Salgueiros. Aqui, em 1976/77 integra o plantel salgueirista que teve uma performance negativa na Zona Norte da 2ª Divisão Nacional, já que o pobre 14º lugar originou a queda ao terceiro escalão. Mas seria por pouco tempo...
Época 1977/78, memorável! O Salgueiros vence a Série B da 3ª Divisão Nacional e alcança a subida ao segundo escalão do futebol em Portugal. 
Na temporada seguinte (78/79) o Slagueiros realiza uma temporada tranquila na Zona Norte da 2ª Divisão Nacional, terminando o certame num confortável 7º lugar. 1978/79 fica sobretudo marcada pela aparição de um jovem proveniente do vizinho e rival Boavista, de seu nome Jorginho, que com o passar dos anos se iria tornar num ícone do clube.
1979/80, mais uma temporada passava na 2ª Divisão Nacional. Campeonato tranquilo fizeram jogadores como Jorginho, Nélito, Mariano, ou Ernesto, como comprova o 8º lugar final.

Ainda num tempo em que a bola era jogada em terra batida o Salgueiros marca - em 1981/82 - presença entre os grandes do futebol luso, isto é, na 1ª Divisão. Treinado por Henrique Calisto o grupo de Vidal Pinheiro foi uma das revelações da prova, sobretudo na primeira metade do campeonato, afastando desde cedo o cenário da descida de divisão do seu horizonte. No final o Salgueiral foi 10º, com 27 pontos somados. Desse grupo faziam parte jogadores como Jorginho, Soares, Costeado, ou um tal de Rui França, um jovem acabado de chegar do Estarreja e que com o passar dos anos se tornou num símbolo do clube.
Apesar de ter tido várias presenças nos escalões secundários do futebol português ao longo da sua história era à 1ª Divisão que o popular Salgueiros pertencia. Nesta foto uma equipa que na temporada de 82/83 participou no escalão maior, cuja classificação final foi um honroso 10º lugar (com 27 pontos somados em 30 jogos disputados). Em 85/86 o Salgueiros foi 11ª na classificação geral da 1ª Divisão, com 25 pontos. Nesta campanha destaca-se o facto de em Vidal Pinheiro (casa dos salgueiristas) não ter perdido um único jogo com os 3 grandes do futebol português. Apesar de contar nas suas fileiras com jogadores de renome do futebol nacional e internacional, casos de Romeu (ex- FC Porto e Sporting), Festas (ex- Sporting e FC Porto), e o internacional irlandês Mike Walsh (ex-FC Porto) o Salgueiros não fez uma boa campanha em 86/87. No final foi 14º, com 24 pontos, e só não desceu à 2ª Divisão porque na temporada seguinte o escalão maior foi alargado de 16 para 20 clubes, pelo que em 1986/87 ninguém foi despromovido.
Um onze do Salgueiros na temporada de 1987/88, na 1ª Divisão Nacional. Um grupo do qual faziam parte lendas salgueiristas como Pedro Reis, Madureira, Jorginho, Rui França, ou Carlos Brito. Desportivamente esta não foi uma temporada famosa para os encarnados de Paranhos, já que o 19º, e penúltimo lugar da classificação geral deu origem a uma nova descida de divisão.
Em 1989/90 mais um momento de enorme festa para os lados de Paranhos (freguesia onde nasceu o Salgueiros) com a conquista do segundo título nacional da 2ªDivisão. Por estas alturas já se fazia notar a mão de um homem que haveria de mudar a vida do clube: Zoran Filipovic. Sob a batuta deste célebre treinador o Salgueiros atingiria na época seguinte (90/91) a sua melhor classificação de sempre na 1ª Divisão, o 5º lugar, e melhor do que isso garantia pela primeira e única vez na sua história o "bilhete" para participar na Taça UEFA de 91/92.
Ora aqui está, o lendário plantel salgueirista em 1990/91, o tal que conseguiu um mágico 5º lugar e o consequente apuramento para a Taça UEFA da época seguinte. Gravados a letras de ouro na história do clube ficaram nomes como Vinha, Pedro Reis, Rui França, Nikolic, Leão, Milovac, Madureira, Nélson (que seria campeão do Mundo sub-20 em 1991), Djoncevic, ou Tozé.
O Salgueiros europeu de 1991/92. O plantel que participou na aventura da Taça UEFA dessa inolvidável temporada, e da qual fazia parte Jorge Plácido, o homem que entrou para a história do clube por ter marcado o solitário tento com que o Salgueiros bateu os franceses do Cannes na primeira mão da 1ª eliminatória da citada competição europeia. Em França o Salgueiral - liderado por Filipovic - seria eliminado na lotaria das grandes penalidades. No campeonato nacional da 1ª Divisão o clube salvou-se da descida em cima da meta...
Ainda na "era" de Filipovic o Salgueiros viveu em 92/93 uma temporada de sobressaltos... mas no final o principal objectivo da época foi conseguido com a manutenção na 1ª Divisão Nacional. Ainda assim duas coroas de glória foram alcançadas, o mesmo é dizer as duas vitórias conseguidas ante o gigante Sporting, em casa por 2-0 e em Alvalade por 1-0. Neste grupo destacavam-se os nomes de alguns jogadores que nos dias de hoje são verdadeiras lendas do clube, casos de Pedro Reis, Madureira, Vinha, Nikolic, Milovac, Renato, Rui França, ou Sá Pinto.Já sob a batuta de outro técnico que se tornou célebre em Vidal Pinheiro, Mário Reis, o Salgueiros alcançou em 94/95 um 11º lugar no Nacional da 1ª Divisão, com 39 pontos. No grupo sobressaía um avançado brasileiro portador de uma elevada qualidade técnica e um instinto goleador apurado, o seu nome era Edmilson.Ainda com Mário Reis ao leme o clube foi 12º em 95/96. Uma temporada onde os gigantes de Lisboa (Benfica e Sporting) sentiram bem o peso da Alma Salgueirista. Os benfiquistas foram goleados no Porto por 4-2 e não foram além de um empate a zero em casa diante dos pupilos de Reis, ao passo que o Sporting não conseguiu melhor do que dois emaptes a duas bolas nos confrontos com as águias do Norte. No plantel destacavam-se nomes como o guarda-redes internacional Pedro Espinha, Nandinho (que mais tarde chegou ao Benfica), Toni (avançado campeão do Mundo de sub-20 em 1991), ou o estratega Abílio (ex- FC Porto).Nome grande do futebol português enquanto jogador Carlos Manuel pegou em 96/97 nos destinos do "Salgueiral". E logo na estreia esteve quase a igualar a melhor classificação de sempre do clube na 1ª Divisão, o 5º lugar de 90/91. Quedou-se por um brilhante 6º posto, ficando às portas da UEFA (a somente um ponto do último clube a garantir o "passaporte" para as competições europeias da temporada seguinte). Na caminhada gloriosa destacam-se dois triunfos históricos, o primeiro em casa do FC Porto por 2-1, e o segundo em casa do Benfica, por 4-3 (!!!). 1997/98 foi mais uma época tranquila para os salgueiristas com a obtenção de um 8º lugar final entre os grandes de Portugal. Na baliza deste grupo destacava-se um nome grande da história do futebol lusitina, Silvino Louro de seu nome, um homem que durante anos defendeu as balizas do Benfica, FC Porto e da própria Selecção Nacional. Por lá continuavam as lendas do clube... Pedro Reis, Vinha, Renato, Nandinho, ou Abílio. 2001/02 foi uma época triste na vida do Salgueiros, já que foi a última em que o clube participou num Campeonato Nacional da 1ª Divisão antes de ter extinguido o futebol profissional anos depois. Nesta temporada os salgueiristas foram 16ºs. e desceram de divisão.

ALGUNS JOGOS HISTÓRICOS DA VIDA DO SPORT COMÉRCIO E SALGUEIROS

Sp. Espinho - SALGUEIROS (Jogo decisivo da época de 1989/90 para apurar quem subia à 1ª Divisão Nacional)
SALGUEIROS - Cannes (1ª mão da Taça UEFA de 1991/92)
 FC Porto - SALGUEIROS (Vitória histórica do SC Salgueiros nas Antas, na temporada de 96/97)
 SALGUEIROS - Sporting (Vitória sobre os lisboetas, em casa emprestada - Estádio do Bessa - a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 92/93) 
SALGUEIROS - FC Porto (Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 83/84)

quinta-feira, setembro 22, 2011

Momentos altos da vida... do União de Tomar

Nascido num dos berços mais belos de Portugal, vulgo a cidade de Tomar, o União Futebol Comércio e Indústria de Tomar é um dos clubes mais emblemáticos e populares do futebol português. E não o é apenas pelos títulos nacionais e distritais conquistados ao longo dos seus quase 100 anos de vida, mas também pelo facto de que grandes lendas do futebol nacional e internacional terem representado com grande distinção as suas cores. Fundado no longínquo ano de 1914, mais concretamente a 4 de Maio, o União da “Cidade dos Templários” é uma das muitas filiais espalhadas pelo Mundo do gigante lusitano Clube de Futebol “Os Belenenses”. E das filiais dos azuis de Lisboa o União de Tomar foi aquela que ao longo da história melhores resultados alcançou, sendo de destacar as seis presenças no principal escalão do futebol português: 1968/69, 1969/70, 1971/72, 1972/73, 1974/75 e 1975/76 classificado-se respectivamente nas seguintes posições; 10º / 14º / 12º / 16º / 12º / 14º. No que concerne a títulos destacam-se os ceptros nacionais da 2ª Divisão em 73/74 e da 3ª em 64/65. Do seu palmarés constam ainda vários títulos distritais da Associação de Futebol de Santarém. Mas mais do que estes títulos o ponto mais alto deste emblema terá sido quando um dos maiores jogadores do futebol mundial de todos os tempos envergou a sua camisola. Falamos de Eusébio, que na fase terminal da sua carreira defendeu as cores do União. Mas não foi só. Também outro mago lusitano o fez na mesma altura que o “Pantera Negra”, mais precisamente Simões. Uma dupla que fez maravilhas no Benfica e que em Tomar mesmo apesar do peso dos anos nas pernas não deixou de encantar as multidões que aos domingos se deslocavam ao Estádio Municipal de Tomar para ver bailar em campo o seu União.A equipa do União de Tomar em 1940/41. Uma imagem recheada de história, visto esta ter correspondido à temporada em que os "templários" arrecadaram o seu primeiro título de campeões distritais.Outra fotografia para a eternidade: a equipa que fez a estreia do clube na 1ª Divisão Nacional, corria a temporada de 67/68.Dois homens que anos mais tarde (a esta fotografia) se haveriam de firmar como dois dos treinadores mais afamados de Portugal envergaram as cores do União de Tomar em 72/73 (na 1ª Divisão Nacional), nomeadamente Raul Águas e Manuel José (o 3º e o 4º elemento da fila de baixo a contar da esquerda para a direita).O plantel do União para a temporada de 1969/70, a segunda na história do clube que iria ser passada entre o convívio dos grandes do futebol português, o mesmo é dizer a 1ª Divisão.Um "onze" do União em 1976/77.Talvez a foto mais famosa da história do clube, altura em que decorria a época de 77/78. Na fila de cima em primeiro plano pode ser visto o "Rei" do futebol português: Eusébio da Silva Ferreira, a estrela de uma equipa capitaneada por outra lenda lusitana: Simões.

Momentos altos da vida... do Juventude de Évora

Évora é indiscutivelmente uma das cidades mais belas de Portugal, disso não existem dúvidas. Àparte dos seus traços de beleza a capital do Alto Alentejo é a casa de dois populares emblemas portugueses detentores de uma história ímpar e também ela de rara beleza. Lusitano e Juventude, irmãos de berço mas rivais de alma e coração dividem as paixões dos eborenses no que concerne ao Desporto (futebol principalmente). Hoje iremos olhar para alguns momentos da vida do Juventude, clube que a 5 de Dezembro de 1918 viu a luz do dia. Depois deste histórico dia os anos foram passando e o clube cresceu, tornou-se popular e laureado entre os seus congéneres, não só no futebol como noutras modalidades, ou não fosse o Juventude desde a sua fundação um clube eclético. Mas o futebol é o futebol, arrasta multidões, desperta paixões avassaladoras, e também aqui o Juventude teve os seus momentos altos. Contrariamente ao seu vizinho e rival Lusitano nunca esteve no escalão máximo do futebol português, é certo, mas nem por isso deixou de trazer para Évora títulos e prestígio que fizeram de si um dos tais emblemas especiais de Portugal.Uma das primeiras memórias fotográficas com história, uma equipa de 1928, ano memorável para o Juventude, já que foi o ano da inauguração do Estádio Sanches Miranda, a mítica casa deste nobre emblema.O primeiro momento adornado em tons de ouro na vida do Juventude Sport Clube, a equipa que se consagrou campeã nacional da 3ª Divisão na temporada de 1050/51. Nomes como António Maria, Serra, Lampreia, Gomes e Martins ficaram assim perpétuados nas memórias dos eborenses.Com a conquista do título nacional da 3ª Divisão de 50/51 o Juventude obteve o passaporte para disputar a 2ª Divisão Nacional da temporada seguinte... a qual só não foi de sonho porque a subida ao escalão máximo não foi conseguida, porque de resto Portugal maravilhou-se com... a equipa maravilha do Alentejo. O Juventude de 51/52 foi considerada por vários especialistas como a equipa que melhor futebol praticou em Portugal naquela época, de tal modo que depois de um jogo na Tapadinha (casa do Atlético) a contar para a Taça de Portugal um cronista de um jornal desportivo ter afirmado que haviam nascido malmequeres no campo da Tapadinha dada a categoria do futebol dos alentejanos.Os anos 50 do século passado foram férteis no que toca a grandes equipas para o Juventude, aqui posa para a objectiva da máquina fotográfica uma da temporada de 56/57.Nem a menor produção (em termos de títulos) colhida nos anos 70 fez esfriar a popularidade do Juventude... como dá para ver nesta imagem alusiva à temporada de 73/74 com o Estádio Sanches Miranda a rebentar pelas costuras.Um "onze" na época de 77/78.O plantel que deu a mais recente alegria aos entusiastas adeptos do Juventude: o título de campeão nacional da Série F da 3ª Divisão Nacional e o consequente passaporte para a 2ª Divisão Nacional.