Ele é titular indiscutível do dream team dos jornalistas desportivos portugueses. Faz parte da restrita galeria de nomes notáveis que marcaram uma era na nobre arte da escrita jornalística desportiva. Alfredo Farinha é o seu nome.
Os
mais novos talvez se recordem dele como um dos comentadores residentes do extinto
programa "Donos da Bola", emitido pela SIC nos anos 90, mas o
percurso de Alfredo Farinha nos caminhos da comunicação vai muito, mas muito
além dessa presença televisiva.
Nasceu
a 19 de julho de 1925, em Cimadas Cimeiras, no concelho de Proença a Nova, mas
cedo adotou Lisboa como o seu lar. E cedo também começou a mostrar mestria na
escrita, tendo sido aluno de mérito na Associação dos Salesianos da Amoreira.
Com o conto "Vitória Amarga" venceu o concurso literário organizado
por A Bola, mal sabia ele que o
histórico jornal da Travessa da Queimada iria ser a sua casa durante 40 anos.
Antes
de entrar na Bola - a convite de Vítor Santos - fez uma perninha durante três
anos no Mundo Desportivo. Fez da criatividade na escrita aliada a um forte
sentido crítico o seu cartão de visita no jornalismo, profissão que desenvolveu
com mérito a par das funções de inspetor do trabalho, depois de ter sido
precetor e professor de Português e Latim.
Frontal,
nunca deixou de exprimir textual e verbalmente aquilo que pensava, tendo
comprado muitas guerras com diversos dirigentes desportivos. E por falar em
dirigismo desportivo, também ele teve uma notável ligação a esta área, tendo
sido, por exemplo, dirigente do Estoril Praia, clube este onde no qual entre
outros cargos exerceu o de presidente da Direção.
Teve
um papel importante no Clube Nacional de Imprensa Desportiva (CNID), já que foi
um dos seus membros fundadores. Assumidamente benfiquista, clube pelo qual se
apaixonou graças às célebres pedaladas do não menos célebre ciclista José Maria
Nicolau, escreveu ainda vários livros, entre eles a biografia do antigo presidente
do Sporting, João Rocha, ou o livro sobre futebol intitulado de "O Apagão".
O
Governo português atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Desportivo e Mário Soares,
na qualidade de Presidente da República o grau de Comendador.
Em
outubro de 2008 recebeu o prémio Prestígio Fernando Soromenho, atribuído pelo
CNID. A este propósito disse então: "Não sou um fã incondicional de
Saramago, mas li recentemente uma frase sua genial: que um Nobel nada significa
às portas da morte. Para mim, confesso, este prémio tem uma importância nobel,
por ser do CNID, uma célula viva de apoio ao desporto, que nasceu de um grito
de revolta contra a prepotência. Nesses idos anos 60, nós, jornalistas de
desporto, éramos vistos apenas como colaboradores desportivos dos jornais,
enquanto outros que se limitavam a copiar e a colar informações da Reuters é
que eram jornalistas! Hoje as coisas e os reconhecimentos são, felizmente,
muito diferentes. É por isso que recebo apaixonadamente este prémio mesmo que
morra daqui a dois ou três minutos".
Viria
a falecer a 27 de março de 2009, aos 83 anos.
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