Damião Cannas o jovem e promissor half-back do Império que a morte ceifou na flor da idade
No futebol português, Pepe terá sido o exemplo mais sonante de quem a prematura morte chegou cedo demais. Não é que este prodígio do Belenenses dos anos 20 já não tivesse um percurso cintilante na meia dúzia de anos que defendeu quer a camisola do emblema da Cruz de Cristo, quer a da seleção nacional, mas por certo que a sua história no nosso futebol teria ainda um longo caminho pela frente caso não nos tivesse deixado com apenas 23 anos de idade. José Manuel Soares, o Pepe, faleceu em 1931, mas é preciso recuar 20 anos para conhecer a morte acidental - como a de Pepe - de outro jovem e então promissor futebolista luso. Facto ocorrido em 1911, numa altura em que o centro do futebol português era em Lisboa, onde já fervilhava o Campeonato Regional, competição que a cada ano que passava granjeava maior popularidade e rivalidade entre os clubes da capital. Um desses clubes era o SC Império (fundado em 1906), e que na temporada de 1910/11 fez a sua estreia no Campeonato de Lisboa. Deste grupo faziam parte figuras conhecidas do então futebol da capital, como o inglês Charles Etur - havia passado pelo Sporting -, ou Albano dos Santos - que havia igualmente defendido os mantos sagrados de Sporting e Benfica -, mas havia um jovem que dava nas vistas não só pelas suas qualidades futebolísticas, como de igual modo por ser um atleta multifacetado, isto é, alguém que para além do futebol brilhava noutras modalidades. O seu nome era Damião Cannas. Nascido em 1889 foi então não só um promissor futebolista, como também um já consagrado halterofilista e exímio praticante de luta greco-romana. No desporto rei foi descrito pela revista Os Sports Ilustrados como um «adversário lealíssimo, e um sócio do Império como poucos no clube - nunca faltava a um desafio. Servindo-se da sua força sacudia asperamente os contrários, mas fazia-o com a mais absoluta lealdade, quase com ingenuidade». Era pois um poço de força leal este half back (defesa), sendo que na luta greco-romana era descrito como um dos mais fortes, musculados e enérgicos lutadores do seu tempo. Auspiciava-se um belo futuro desportivo a este jovem, até que um trágico acidente ocorrido a 9 de maio de 1911 tirou-lhe a vida. Uma explosão de gás na madrugada do referido dia levou Damião Cannas ainda com vida, mas com graves queimaduras, para o Hospital de S. João, onde viria a falecer. O seus companheiros de clube ficaram em choque, e o capitão da equipa de futebol do Império, Joaquim Travassos Lopes, deixou em Os Sports Ilustrados uma emotiva mensagem de despedida ao jovem atleta «que todos admiravam e aplaudiam no nosso meio sportivo, vendo nele um grande futuro, devido às suas excecionais qualidades físicas e de caráter».
2 comentários:
No texto surge Damião mas julgo ser Dário.
O nome dele é Damião e não Dário, eu é que me enganei. Peço desculpa. Dário Canas foi também um ilustre desportista português, mas no Tiro. Obrigado pelo reparo.
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