SLAVKO KORDNYA (Jugoslávia): Apesar de curta a passagem do cidadão de nacionalidade jugoslava Slavko Kordnya por Portugal teve contornos históricos. Porquê? Simples: ele foi o primeiro matador estrangeiro no futebol luso, por outras palavras, o primeiro não português a usar a coroa de rei dos goleadores do campeonato nacional. Facto ocorrido na temporada de 1939/40, precisamente aquela em que este avançado nascido em Zagreb - cidade croata que na altura estava sob o domínio da antiga Jugoslávia - em 1911 fez a sua estreia nos retângulos lusos com a camisola do FC Porto. Ao recuar um pouco mais no tempo é de constatar que Kordnya iniciou a sua carreira nos inícios da década de 30, num dos emblemas mais laureados de então da sua cidade natal, o Concordia. Campeão jugoslavo em 1932 Kordnya iria tornar-se a partir de 1936 num verdadeiro globetrotter do futebol, ao deixar a sua marca em três países distintos no curto espaço de três anos. Primeiro na Suíça, ao serviço do Young Boys de Berna, onde permaneceu uma época (36/37), depois em França, onde durante os dois anos de residência defendeu as cores do Saint-Étienne e do Antibes, e por último em Portugal, para onde se transferiu em 1936 para representar o campeão nacional em título, o FC Porto. Chegou à Cidade Invicta acompanhado de outro jugoslavo, no caso Franjo Petrak, e estes dois atletas haveriam de ter um papel fundamental para a reconquista do ceptro de campeões por parte dos dragões. Juntos foram responsáveis por 44 dos 76 golos que os portistas marcaram no campeonato, sendo que Kordnya apontou 29, facto que o tornaria a par do sportinguista Fernando Peyroteo no melhor marcador da competição dessa longínqua temporada. Ainda em termos estatísticos é de sublinhar que sete desses 29 remates certeiros de Slavko Kordnya foram obtidos diante dos rivais de Lisboa dos azuis e brancos, Benfica e Sporting. Nessa primeira temporada o atacante de Zagreb apontou um total de 64 golos, repartidos pelo campeonato nacional, Taça de Portugal e Campeonato do Porto. Número impressionante de remates certeiros que se iria repetir na temporada seguinte, embora sem direito a qualquer título coletivo. Kordnya ainda iniciou a época de 1941/42 ao serviço do FC Porto, mas viria apenas a realizar um único jogo, já que por decisão sua decidiu regressar a Zagreb para voltar a vestir a camisola do Concordia, onde viria a terminar a carreira em 1943. Foi internacional jugoslavo em quatro ocasiões - tendo apontado quatro tentos, três deles num único encontro, e logo na estreia, diante da Grécia - o homem que deixou Portugal com um notável registo de 128 golos apontados em apenas dois anos de atividade! Números que atestam com clareza que Slavko Kordnya foi muito provavelmente o primeiro grande matador forasteiro da história do futebol português.
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