Juventus e Sparta de Praga precisaram de um terceiro jogo para desempatar uma eliminatória equilibrada pautada pelo futebol espetáculo |
No encontro da segunda mão os austríacos relaxaram... em demasia. Aos 47 minutos já perdiam por 3-0 (!), resultado que naquele período poderia ter contornos mais volumosos, não fosse o guardião Rudolf Hiden estar em tarde inspirada. Porém, à passagem do 82º minuto Richard Hanke sossegou os adeptos da casa ao reduzir para 1-3 e garantir deste modo a passagem da sua equipa à fase seguinte.
Apesar de ter sido a grande figura da eliminatória entre o Slavia e a Roma, o mítico guarda-redes Plánicka não evitou a queda da sua equipa à primeira |
Equilibrado e muito bem interpretado foi o embate entre os campeões italianos, a Juventus, e os vice-campeões da Checoslováquia, o Sparta de Praga. Juve que nesse ano de 1931 iniciou um reinado de cinco anos consecutivos na Serie A italiana, cinco títulos de campeão de Itália seguidos que constituíram um recorde até hoje insuperável. Com um tridente ofensivo - composto por Josef Silný, Nejedly, e Raymond Braine - de impor respeito a qualquer que fosse o adversário o Sparta caiu em Turim no encontro da primeira mão, por 2-1. O belga Braine ainda colocou a turma de Praga em vantagem ao minuto 17, mas a Vecchia Signora soube reagir e à passagem da meia hora Cesarini restabeleceu a igualdade. Os visitantes estiveram muito perto da vitória, mas Raymond Braine iria desperdiçar uma grande penalidade, ou melhor, o guarda-redes Sclavi - que nesta eliminatória rendeu o mítico Giampiero Combi - intercetou o remate do avançado belga. E como quem não marca sofre - por norma é sempre assim... - aos 88 minutos Munerati deu o triunfo à Juve.
Na segunda mão o equilíbrio e o espetáculo voltaram a surgir de mãos dadas, agora na capital da Checoslováquia, onde o tridente ofensivo do Sparta apenas por uma vez conseguiu ultrapassar o sólido muro defensivo dos italianos, cujos pilares eram os catedráticos Umberto Caligaris e Virginio Rosetta, duas figuras destacadas no êxito que a Squadra Azzura iria obter três anos mais tarde no Campeonato do Mundo da FIFA. O único golo deste segundo jogo foi apontado por Braine, aos 16 minutos, tendo desta forma sido necessário recorrer-se a um terceiro encontro para encontrar o quarto e último semi-finalista. Partida essa que teve lugar em campo neutro, tendo Viena sido o palco escolhido. E se o futebol bonito e emocionante marcou os dois primeiros jogos deste embate, a indisciplina tomou conta do play-off, com o árbitro suíço René Mercet - o mesmo que em 1934 iria beneficiar de forma escandalosa a Itália no jogo dos quartos-de-final do Campeonato do Mundo ante a Espanha - a dar ordem de expulsão a quatro jogadores, três deles pertencentes à Juventus, que no final dos 90 minutos saiu derrotada por 3-2, e desta forma dizia adeus à Mitropa Cup.
Final 100% austríaca após duas semi-finais distintas
Fase do encontro entre a Roma e o First Viena |
"Rudi" Hiden |
Números e nomes:
Quartos-de-final (1ª e 2ª mãos)
First Viena (Áustria) - Bocskai (Hungria): 3-0/4-0
Slavia Praga (Checoslováquia) - Roma (Itália): 1-1/1-2
Wiener (Áustria) - MTK Budapeste (Hungria): 5-1/1-3
Juventus (Itália) - Sparta Praga (Checoslováquia): 2-1/0-1/2-3 (desempate)
A equipa da Roma que alcançou as meias-finais da Taça Mitropa de 1931 |
First Viena (Áustria) - Roma (Itália): 3-2/3-1
Sparta Praga (Checoslováquia) - Wiener (Áustria): 3-2/3-4/0-2 (desempate)
Final (1ª mão)
Wiener (Áustria) - First Viena (Áustria): 2-3
Data: 8 de novembro de 1931
Árbitro: Francesco Mattea (Itália)
Estádio: Hardturm, em Zurique (Suíça)
Wiener: Rudolf Hiden, Johann Becher, Karl Sesta, Georg Braun, Ernst Lowinger, Rudolf Kubesch, Franz Cisar, Heinrich Muller, Henri Hiltl, Richard Hanke, e Karl Huber (c). Treinador: Karl Geyer.
First Viena: Karl Horeschovsky, Karl Rainer, Josef Blum (c), Willibald Schamus, Leopold Hofamann, Leonhard Machu, Anton Brosenbauer, Josef Adelbrecht, Fritz Gschweidl, Gustav Togel, e Franz Erdl. Treinador: Ferdinand Frithum.
Golos: 1-0 (Hanke, aos 2m), 2-0 (Muller, aos 22m), 2-1 (Togel, aos 30m), 2-2 (Adelbrecht, aos 63m), 2-3 (Becher, aos 87m na p.b.)
Final (2ª mão)
First Viena (Áustria) - Wiener (Áustria): 2-1
Data: 12 de novembro de 1931
Estádio: Hohe Warte, em Viena (Áustria)
Árbitro: Rinaldo Barlassina (Itália)
First Viena: Karl Horeschovsky, Karl Rainer, Josef Blum (c), Willibald Schamus, Leopold Hofamann, Leonhard Machu, Anton Brosenbauer, Josef Adelbrecht, Fritz Gschweidl, Gustav Togel, e Franz Erdl. Treinador: Ferdinand Frithum.
Wiener: Rudolf Hiden, Johann Becher, Karl Sesta, Georg Braun, Ernst Lowinger, Rudolf Kubesch, Wilhelm Cutti, Heinrich Muller, Henri Hiltl, Richard Hanke, e Karl Huber (c). Treinador: Karl Geyer.
Golos: 1-0 (Erdl, aos 6m), 2-0 (Erdl, aos 41m), 2-1 (Hanke, aos 65m).
Em 1931 a Mitropa Cup permaneceu na capital austríaca, mudando apenas de dono, que passava a ser agora o First Viena |
1932: Il Grande Bologna sagra-se campeão sem precisar de jogar a final
Angelo Schiavio, a estrela mais cintilante da história do Bologna FC |
Principal campeonato italiano que havia somente terminado há uma semana quando a squadra orientada por Gyula Lelovics entrou em campo para defrontar os campeões da Checoslováquia, o Sparta de Praga. Equipa esta que na primeira mão viajou até Itália sem o patrão da sua defesa, Kada Pesek, para enfrentar uma equipa cuja base era composta por jogadores de extrema qualidade, os quais marcaram, indiscutivelmente, uma era de glamour no calcio transaplino.
Cinco estrelas de uma equipa (Bologna)... cinco estrelas! |
No encontro da segunda mão os checoslovacos ainda tentaram o impossível, e aos 30 minutos do primeiro tempo já haviam marcado dois golos - por Nejedly e por Donati, este último um auto-golo - que traziam esperança ao combinado de John Dick. Aos 15 minutos da segunda parte Podrazil fez o 3-0 final, resultado insuficiente para afastar o vice-campeão de Itália.
Cesarini, o argentino naturalizado italiano que se consagrou como o melhor marcador da edição de 1932 da Mitropa, com 5 golos |
A última equipa a juntar-se ao leque de semi-finalistas foi o Slavia de Praga, conjunto que afastou os campeões da Áustria, o Admira de Viena, por um resultado global de 3-1.
Batalhas campais em Praga e em Turim deixam Bologna sem adversário na final
Aqui se prepara um jogador do Sparta para ceifar de forma violenta um italiano. Imagens como esta foram uma constante ao longo da meia final |
Uma semana mais tarde, no Hohe Warte Stadium, em Viena, os austríacos fizeram uma exibição de gala, um jogo perfeito, que mesmo assim não chegou para ir além de uma magra e insuficiente vitória por 1-0.
Números e nomes:
Quartos-de-final (1ª e 2ª mãos)
Slavia Praga (Checoslováquia) - Admira Viena (Áustria): 3-0/0-1
Bologna (Itália) - Sparta Praga (Checoslováquia): 5-0/0-3
Juventus (Itália) - Ferencvaros (Hungria): 4-0/3-3
First Viena (Áustria) - Ujpest (Hungria): 5-3/1-1
Meias-finais (1ª e 2ª mãos)
Bologna (Itália) - First Viena (Áustria): 2-0/0-1
Slavia Praga (Checoslováquia) - Juventus (Itália): 4-0/0-2*
*Nota: Ambas as equipas foram desqualificadas pela organização devido à conduta violenta exibida durante a eliminatória, facto que permitiu ao outro finalista, o Bologna, sair desde logo vencedor desta edição de 1932
Il Grande Bologna dos anos 30, uma das mais virtuosas equipas da história do Calcio que em 1932 venceu a primeira de duas Taças Mitropa (nota: na imagem aparece a equipa de 1932) |
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