TAÇA INTERCONTINENTAL
Ano de 1981
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Esta foi sem dúvida umas das finais mais memoráveis da longa história da Taça Intercontinental. Frente a frente duas equipas lendárias, o poderoso e glorioso Liverpool dos anos 70 e inícios dos anos 80, e o mágico e fantasista Flamengo liderado pelo astro Zico. Levaram a melhor os brasileiros, graças a um recital de bola que eclispou por completo a aramada britânica. |
Flamengo (Brasil) - Liverpool (Inglaterra): 3-0
Data: 13 de dezembro de 1981
Estádio: Nacional de Tóquio (Japão)
Árbitro: Rubio Vásquez (México)
Flamengo: Raul, Leandro, Mozer, Júnior, Marinho, Amdrade, Tita, Adilio,
Zico, Lice, e Nunes. Treinador: Paulo Carpegiani.
Liverpool: Grobbelaar, Neal, Thompson, Hansen, Lawrenson, R. Kennedy, Lee,
McDermott (D. Johnson, aos 51m), Souness, C. Johnson, e Dalglish. Treinador: Bob Paisley.
Golos: 1-0 (Nunes, aos 12m), 2-0 (Adilio, aos 34m), 3-0 (Nunes, aos 41m).
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A épica final de 1981é ainda hoje descrita como um hino ao futebol espetáculo. Aqui fica pois o resumo desse clássico guardado religiosamente no baú do site brasileiro Imortais do Futebol: "A tarde em Tóquio era fria, mas de céu azul e um sol digno de Rio de
Janeiro. O Flamengo parecia em casa diante daquele cenário e da torcida
quase toda ao seu favor. Jogando de branco, o clube brasileiro queria
impor seu jogo logo no início para não sofrer qualquer tipo de pressão
inglesa. Mas os brasileiros apelaram. Desde o início, o Flamengo mostrou
quem dava as cartas e quem realmente era bom de bola. O gramado estava
queimado por causa do frio japonês, mas ainda sim era muito bom para o
toque de bola refinado do time carioca. As jogadas saíam com
naturalidade, sem pressa, na mais pura arte. O Liverpool não encontrava
espaços diante de uma equipe muito bem armada por Paulo César
Carpegiani, que sabia da qualidade de seus jogadores e conseguia montar
um time compacto e flexível. Tanta qualidade resultou em gol logo aos 13
minutos. Nunes, pela esquerda, toca de calcanhar para Mozer. O zagueiro
deixa com Zico no meio. O mesmo Nunes que havia tocado já partia em
velocidade lá na frente. Zico viu. E fez um lançamento magistral para o
“João Danado”, artilheiro das decisões. A bola foi de encontro ao
atacante, o zagueiro Thompson tentou cabecear, mas furou. Nunes ajeitou e
só tocou na saída do goleiro: 1 a 0. A festa começava no estádio
Nacional. Com a vantagem no placar, o Flamengo tratou de esbanjar ainda
mais a sua categoria. Toques rápidos pelo meio, avanço dos laterais,
categoria de Júnior, dribles de Adílio, segurança absoluta de Andrade,
plasticidade de Leandro, visão e desenvoltura de Zico… Era lindo ver
aquele Flamengo jogar. Quer dizer, desfilar. Aos 33´, McDermott derruba
Zico na entrada da área inglesa. Falta perigosa. O Galinho podia bater
direto, ao seu jeito, e marcar um golaço característico, ou mesmo cruzar
para Nunes, Lico ou Tita. Zico bateu direto, o goleiro Grobbelaar não
segurou, Lico tentou, mas foi Adílio quem colocou a bola pra dentro: 2 a
0. Na comemoração, o “Neguinho Bom de Bola”, apelido criado pelo
radialista Waldyr Amaral, mandou beijos para sua esposa na arquibancada –
o craque estava em lua de mel (!). Mas quem estava de lua de mel era a
torcida rubro-negra, que se encantava cada vez mais com seu time. Aos 41 minutos, Adílio começa uma jogada pela direita e toca para Zico
no meio. O craque da camisa 10, que já havia participado dos dois
primeiros gols, deixa Nunes sozinho com um passe milimétrico na direita
no exato momento em que o camisa 9 parte em disparada. A zaga inglesa,
em linha, deixou Nunes livre, que correu, correu e chutou no canto
direito do goleiro Grobbelaar: 3 a 0. Não havia o que dizer. Nem o que
temer. O Flamengo já era campeão mundial de futebol. Com três gols de
diferença, Zico inspirado e um futebol virtuoso, os ingleses jamais
teriam forças para reverter aquele placar. Já campeão do mundo, o Flamengo gastou a bola na segunda etapa. Os
brasileiros estavam mais do que satisfeitos com a goleada construída na
etapa inicial e não queriam humilhar os ingleses, que nem sequer foram
mais incisivos no ataque. Eles ficaram postados na defesa, sem
criatividade alguma e burocráticos. A torcida só teve o trabalho de
curtir o show e os toques de Júnior, Leandro, Adílio e Zico, as
disparadas de Lico e Tita, a ajuda de Nunes na marcação, a precisão e
sutileza de Andrade, Mozer e Marinho, estes dois perfeitos na cobertura,
nas jogadas aéreas e nos desarmes. Dava pena do goleiro Raul, que só
ficava vendo aquele monte de jogadores à sua frente e nem sequer podia
se aquecer do frio fazendo defesas. A zaga não deixava! Mas não tinha
problema algum. Quando o juiz mexicano apitou o final do jogo, os
torcedores podiam, enfim, soltar o grito de campeão. | |
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O Flamengo campeão do Mundo |
Vídeo: FLAMENGO - LIVERPOOL
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