Do VIRTUAL ao REAL, é esta a viagem que o Museu Virtual do Futebol se propõe fazer a partir de hoje, com a intenção de visitar verdadeiros locais de culto - para todos os apaixonados pela história do belo jogo - como são os museus de clubes/federações espalhados por esse Mundo fora. A nossa primeira visita foi a Coimbra, à recém inaugurada Sala de Troféus Vasco Gervásio, o espaço onde estão guardados os tesouros (históricos) que ao longo de mais de um século foram conquistados pela Associação Académica de Coimbra (AAC).
Pequeno, mas deveras encantador, é assim que em curtas palavras descrevo a (rápida) visita ao espaço onde se encontra exposta grande parte da história da Briosa.
Recebido de forma extremamente afável por um dos responsáveis pela sala de troféus dos estudantes - de forma excecional o espaço foi-me apresentado, já que aquele não era dia de abertura ao público, e desde já aqui fica o meu muito obrigado aos funcionários da Académica - embarquei numa viagem pela história de um dos emblemas mais populares do desporto português. Dividido em duas salas, o museu da Académica guarda para além de centenas de troféus - alguns dos quais, segundo me foi dito, serviam de cinzeiros (!!!) num ou noutro café histórico de Coimbra até serem recolhidos para dar vida a este museu - algumas dezenas de camisolas carregadas de história, pois claro. E são pois réplicas do manto sagrado dos estudantes que vislumbrámos na entrada para a Sala 1. Em primeiro lugar aparece a camisola número 4 que José Freixo usou na temporada de 1966/67, na qual a Académica conquistou o Campeonato Nacional de Juvenis. Da mesma temporada temos a camisola usada por outro mito do clube, Crispim, enquanto ao lado está imortalizada a camisola número 5 e o boné de Vítor Manuel, outro símbolo da Briosa, quer como jogador, quer como treinador.
Ainda na vitrina destinada a camisolas com história, saltam à vista as jerseys de Nuno Piloto, Miguel Rocha, ou a que foi usada por Marinho na final da Taça de Portugal de 2012, que a Académica venceu com o golo do próprio Marinho. A seu lado figura a camisola usada pelo guarda-redes Ricardo nessa célebre final do Jamor ante o Sporting. Por entre as históricas camisolas podemos ver alguns livros, a maior parte deles portadores da gloriosa história do futebol da AAC, como é o caso da obra "Académica: Hisória do Futebol", da autoria de João Santana e João Mesquita.
Bolas e adereços de outros tempos, como por exemplo uma bomba de encher as redondinhas, também saltam à vista do visitante na Sala 1. E no que toca a esféricos temos um que foi o ator principal de um Sporting - Académica referente à temporada de 66/67, relíquia essa assinada por todos os intervenientes desse - por certo - espetáculo. Do espólio residente na Sala 1, constam ainda inúmeros troféus conquistados pelas camadas jovens dos estudantes, com destaque para os títulos de campeão nacional de juniores e juvenis. Páginas de jornais antigos evocando os feitos da Briosa, ou diversos programas de jogos importantes - como um Manchester City - Académica, alusivo a uma eliminatória da Taça das Taças de 69/70 - dão igualmente um brilho nostálgico a este mítico espaço, que é ainda adornado com largas dezenas de troféus arrecadados por outras modalidades da AAC, como o basquetebol, ou o futsal, por exemplo.
Dali para a Sala 2 a viagem é curta, e é aqui que os nosso olhos se arregalam ainda mais. É neste setor que se encontram os dois títulos mais importantes da história do clube: as taças de Portugal de 1939 e de 2012.
A primeira, quiçá a mais simbólica, até porque foi mesmo a primeira edição da Taça de Portugal como ela é conhecida hoje em dia, foi conquistada a 25 de junho de 39, quando onze bravos estudantes foram até Lisboa - ao Campo das Salésias - bater o poderoso Benfica por 4-3, com golos de Pimenta, Alberto Gomes e Arnaldo. A segunda, é bem mais recente, tendo sido transportada para Coimbra após uma vitória por 1-0 sobre o Sporting, no dia 20 de maio de 2012, como já foi dito.
Deslumbrante é igualmente a fotografia que imortalizou o onze da Académica que venceu a taça de 1939.
Objetos de extremo valor são também as bolas das finais da taça de 1967 - a mais longa da história da competição - e a da politizada final de 1969.
As duas taças de Portugal encabeçam uma imensa mesa carregada de troféus, onde também se destacam as duas taças de campeão nacional da 2ª Divisão.
No topo de uma das paredes que revestem a Sala 1 encontramos uma vitrina com alguns galhardetes de adversários europeus que recentemente se cruzaram com o emblema de Coimbra, entre outros lá está o do Atlético de Madrid, que na temporada de 2012/13 saiu da Cidade do Mondego com uma derrota por 2-0, em encontro referente à Liga Europa. Madrilenos que eram na altura os detentores do troféu! Noutro canto da sala mais quatro camisolas histórias de quatro internacionais da Briosa: a que Sérgio Conceição utilizou no Campeonato da Europa de 2000 ao serviço da seleção nacional; a de Bentes ao serviço da seleção nacional em 1949; a que Manuel António utilizou numa das suas internacionalizações em 1969; e a que Augusto Rocha usou em 1958 ao serviço da Seleção Militar. Relíquia vistosa é igualmente o troféu que a UEFA ofereceu a Sérgio Conceição após este ter apontado três golos à Alemanha na fase final do Euro 2000, e considerado ocmo tal a figura dessa partida. E no que concerne a galardões individuais apenas um senão: a Bola de Prata que o imortal Manuel António venceu em 71/72 - por ter sido o melhor marcador do Campeonato Nacional da 1ª Divisão - já ter sido devolvida ao seu dono. Em meu entender, ficaria bem melhor nesta sala de troféus - esperando que um dia ali volte para não mais de lá sair - que tem um nome de um homem que a julgar pelo que lemos e ouvimos é ainda hoje um dos nomes mais queridos do clube: Vasco Gervásio. Nascido na Malveira, a 5 de dezembro de 1943, Vasco Manuel Vieira Pereira Gervássio viveu grande parte da sua vida em Coimbra. Foi um brilhante médio e capitão da Briosa nas décadas de 60 e 70, tendo disputado 430 jogos ao serviço do emblema da Cidade do Mondego, 248 dos quais como capitão de equipa. Ficaria, aliás, conhecido como o "eterno capitão". Defendeu a Académica durante 17 anos consecutivos, e entre outros capítulos históricos participou nas finais da Taça de Portugal de 67 e 69. Após ter terminado a carreira, e já com a licenciatura em Direito concluída, treinou a Académica em duas ocasiões, tendo numa delas alcançado a subida à 1ª Divisão. Entre 2000 e 2008 foi vice-presidente do clube. É pois, um Homem da Académica.
Um comentário:
Grande e mágica Briosa!
Postar um comentário