Nunca é fácil ver partir alguém que desperta em nós sentimentos fortes como o amor, a amizade, ou a admiração. E é precisamente nesta última "espécie" de sentimento, a admiração, que se encaixa o vazio que hoje paira sobre o meu horizonte, o vazio personificado no desaparecimento de alguém que aprendi a admirar enquanto profissional da comunicação social desportiva, de alguém que idolatro, não só pela arte da sua escrita mas também, e sobretudo, pela forma elequente e isenta como sempre se posicionou num campo nem sempre fácil como é o do jornalismo desportivo. Indiscutivelmente fez parte da geração dourada de uma área que tanto me diz, a par de lendas como Homero Serpa, Carlos Pinhão, Vítor Santos, Alfredo Farinha, Artur Agostinho, Aurélio Márcio, Alves Teixeira, ou Manuel Dias. Como hoje titulava o jornal que o tornou célebre, e que ele próprio ajudou a tornar célebre, sim, partiu o... último da geração dourada.
Fernando Cruz dos Santos, lendário jornalista do jornal A Bola durante quase meio século, deixou-nos ontem aos 81 anos, e foi com profundo abalo que recebi a notícia da sua partida, da partida do meu ídolo, de um ídolo que infelizmente não pude conhecer pessoalmente, mas a quem agradeço as palavras - de elogio e agradecimento - que um dia me endereçou por correio eletrónico - e posteriormente por telefone - sobre a forma como retratei o seu notável percurso jornalístico numa das muitas viagens ao passado feitas aqui neste espaço virtual.
Episódio que ainda hoje retenho na memória, e que ocorreu há cerca de um ano e meio, mais coisa menos coisa, altura em que recebi um dos e-mails mais felizes da minha existência, sim, é verdade.
Vinha assinado por Cruz dos Santos!!! Quanto abri e li o conteúdo do simpático e-mail nem queria acreditar no que os meus olhos viam. O mestre Cruz dos Santos escrevia-me, e para além de agradecer as palavras que eu havia traçado no Museu Virtual do Futebol sobre a sua notável e ímpar carreira mostrava o seu interesse em conhecer-me pessoalmente!!! Para mim aquele pedido era como um sonho tornado realidade, o meu ídolo enquanto jornalista desportivo queria conhecer-me pessoalmente!
Deixou-me o seu contacto, e algum tempo depois liguei-lhe, podendo então constatar aquilo que "aqui e acolá" escutava a seu respeito: era de facto uma pessoa muito simples e de uma simpatia extrema.
Por vezes criamos as nossas próprias referências, que idolatramos de forma desmedida, mas quando um dia temos a sorte - ou não - de as transpor para a nossa realidade, isto é, ter contacto real com elas, acabamos por nos desiludir, já que muitas vezes também os ídolos têm pés de barro, e são pessoas tão comuns com os seus próprios defeitos e virtudes.
Há ídolos que nos desiludem, mas isso não aconteceu com o mestre Cruz dos Santos em relação à minha pessoa. Para comigo foi de uma simplicidade tremenda, e não esqueço o seu convite para comer uns «carapauzinhos fritos em Âlcantara num dias destes...»
Infelizmente, para mim, esse dia nunca aconteceu. O facto de viver no Porto e o mestre Cruz dos Santos em Lisboa adiou meses a fio esse nosso encontro. Liguei-lhe uma segunda vez por alturas do verão passado, na tentativa de aproveitar a minha ida até ao Algarve para finalmente travar encontro com o meu grande ídolo. Por incompatibilidade de agenda disse-me que naquele dia não lhe era possível estar em Lisboa, mas prontificando-se desde logo a escolher outro dia para marcarmos o tal almoço, «para por-mos finalmente a conversa em dia», dizia-me ele.
Por infortúnio, mais uma vez não foi possível remarcar-mos o nosso encontro. O tempo foi passando, com a habitual e alucinante velocidade que não damos conta, e ainda na semana passada (!) dizia para mim mesmo que no próximo mês teria de ir a Lisboa tratar de alguns assuntos e que desta vez não iria perder a oportunidade de conhecer pessoalmente uma figura que tanto admiro, o mestre Cruz dos Santos.
À terceira seria de vez, pensei eu. Mas não foi. Ontem, sofri um enorme choque com a notícia da sua morte. Com toda a certeza também eu um dia irei morrer... mas sem ter visto concretizado um sonho de menino: ter conhecido pessoalmente o meu ídolo, o mestre dos mestres do jornalismo desportivo, Cruz dos Santos.
Até sempre mestre Cruz dos Santos...
Fernando Cruz dos Santos, lendário jornalista do jornal A Bola durante quase meio século, deixou-nos ontem aos 81 anos, e foi com profundo abalo que recebi a notícia da sua partida, da partida do meu ídolo, de um ídolo que infelizmente não pude conhecer pessoalmente, mas a quem agradeço as palavras - de elogio e agradecimento - que um dia me endereçou por correio eletrónico - e posteriormente por telefone - sobre a forma como retratei o seu notável percurso jornalístico numa das muitas viagens ao passado feitas aqui neste espaço virtual.
Vinha assinado por Cruz dos Santos!!! Quanto abri e li o conteúdo do simpático e-mail nem queria acreditar no que os meus olhos viam. O mestre Cruz dos Santos escrevia-me, e para além de agradecer as palavras que eu havia traçado no Museu Virtual do Futebol sobre a sua notável e ímpar carreira mostrava o seu interesse em conhecer-me pessoalmente!!! Para mim aquele pedido era como um sonho tornado realidade, o meu ídolo enquanto jornalista desportivo queria conhecer-me pessoalmente!
Deixou-me o seu contacto, e algum tempo depois liguei-lhe, podendo então constatar aquilo que "aqui e acolá" escutava a seu respeito: era de facto uma pessoa muito simples e de uma simpatia extrema.
Por vezes criamos as nossas próprias referências, que idolatramos de forma desmedida, mas quando um dia temos a sorte - ou não - de as transpor para a nossa realidade, isto é, ter contacto real com elas, acabamos por nos desiludir, já que muitas vezes também os ídolos têm pés de barro, e são pessoas tão comuns com os seus próprios defeitos e virtudes.
Há ídolos que nos desiludem, mas isso não aconteceu com o mestre Cruz dos Santos em relação à minha pessoa. Para comigo foi de uma simplicidade tremenda, e não esqueço o seu convite para comer uns «carapauzinhos fritos em Âlcantara num dias destes...»
Infelizmente, para mim, esse dia nunca aconteceu. O facto de viver no Porto e o mestre Cruz dos Santos em Lisboa adiou meses a fio esse nosso encontro. Liguei-lhe uma segunda vez por alturas do verão passado, na tentativa de aproveitar a minha ida até ao Algarve para finalmente travar encontro com o meu grande ídolo. Por incompatibilidade de agenda disse-me que naquele dia não lhe era possível estar em Lisboa, mas prontificando-se desde logo a escolher outro dia para marcarmos o tal almoço, «para por-mos finalmente a conversa em dia», dizia-me ele.
Por infortúnio, mais uma vez não foi possível remarcar-mos o nosso encontro. O tempo foi passando, com a habitual e alucinante velocidade que não damos conta, e ainda na semana passada (!) dizia para mim mesmo que no próximo mês teria de ir a Lisboa tratar de alguns assuntos e que desta vez não iria perder a oportunidade de conhecer pessoalmente uma figura que tanto admiro, o mestre Cruz dos Santos.
À terceira seria de vez, pensei eu. Mas não foi. Ontem, sofri um enorme choque com a notícia da sua morte. Com toda a certeza também eu um dia irei morrer... mas sem ter visto concretizado um sonho de menino: ter conhecido pessoalmente o meu ídolo, o mestre dos mestres do jornalismo desportivo, Cruz dos Santos.
Até sempre mestre Cruz dos Santos...
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