quinta-feira, novembro 13, 2025

Jogos Memoráveis (11)... AEK Atenas - Braga (Taça das Taças 1966/67)

 

O Sporting de Braga perfilado no Estádio Filadélfia
na antecâmara da estreia europeia
O Sporting Clube de Braga há muito que conquistou por mérito próprio o estatuto de (atual) “quarto grande” do futebol português. Assim o é não só pelas performances alcançadas a nível interno – com a aquisição de troféus e com boas classificações no campeonatonacional –, mas de igual modo pela sistemática presença nas competições europeias, onde os minhotos são habituais clientes. De modo que neste momento, os bracarenses são no ranking das participações nas provas da UEFA o quarto clube luso com mais presenças. Em termos mais precisos, e contando já com os encontros europeus realizados na presente temporada, os minhotos somam 201 jogos internacionais, apenas superados, claro está, pelos três grandes (Benfica, FC Porto e Sporting). E se hoje é impensável não ver o Braga disputar uma competição da UEFA, o que constituiria um fracasso para os arsenalistas, há seis décadas atrás significava um feito notável pisar o palco do futebol europeu. E pelos caminhos da história percorremos 59 anos para recordar o primeiro jogo europeu do Sporting de Braga, facto ocorrido a 28 de setembro de 1966, em Atenas. 

Estávamos no início da temporada de 66/67 e o Braga tornava-se na primeira equipa do Minho a chegar às competições europeias fruto da conquista do seu primeiro grande título nacional, a Taça de Portugal, arrecadada na época transata às custas do Vitória de Setúbal, que no Jamor caiu por 1-0 aos pés do emblema da Cidade dos Arcebispos. Pois bem, a taça garantiu o bilhete para a disputa da 7.ª edição da Taça das Taças, onde o Braga teve pela frente o AEK de Atenas. Orientados pelo antigo e fiel escudeiro – vulgo, treinador-adjunto – de BelaGuttman no Benfica, Fernando Caiado, o Braga não acusou o facto de ser caloiro nestas andanças e silenciou a capital helénica com uma vitória por 1-0. Uma exibição serena e bem delineada sob o ponto de vista técnico derrotou o futebol rude e violento do então campeão em título da Taça da Grécia, como nos deu conta o enviado especial do jornal A Bola a Atenas, Cruz dos Santos. «Contrapor-se-á, certamente, que o vencedor da Taça da Grécia não é equipa de capacidade extraordinária, pelo que o êxito do popular clube minhoto tem de ser encarado apenas dentro da relatividade das coisas. (…) A verdade, porém, é que esse mesmo sentido de relatividade das coisas que nos leva à exuberância do entusiasmo da hora que passa, já que tão verdadeiro isso é o facto de, em contrapartida, termos assistido a uma das mais impressionantes demonstrações de querer e da vontade da gente lusa, na interpretação de um estreante português na alta roda do futebol europeu», escrevia o jornalista. A vitória bracarense tem ainda mais significado se atendermos às condições adversas que os lusos enfrentaram no Estádio Filadélfia, que se transformou num verdadeiro inferno, não só devido ao futebol duro praticado pelo AEK, mas também, e sobretudo, pelo ambiente agreste provocado pelos adeptos locais, ou não estivéssemos na Grécia

Luciano

O único golo do jogo foi marcado por Luciano, à passagem do minuto 24, tento esse que é assim descrito por Cruz dos Santos: «Dos pés de Perrichon a bola foi aos pés de Balopoulos, que impressionado pela proximidade de Luciano atrasou a bola ao seu guarda-redes, que partira ao seu encontro. O toque foi desviado por Maniateas, e este ultrapassado pela bola que foi aos pés de Luciano. O bracarense evitou o seu mergulho e com o esférico já quase a escapar-se no lado direito, pela linha de cabeceira, teve a arte a serenidade para lhe dar o pontapé decisivo». O Braga não só resistia ao ímpeto inicial do adversário como conseguia colocar-se em vantagem no marcador. Defensivamente, os minhotos realizaram um jogo sólido, perante um AEK que substituiu a sua menor capacidade técnica por um futebol viril e rude. O Braga – que no onze inicial apresentou oito elementos que meses antes haviam conquistado a Taça de Portugal – percebeu isso cedo, e com calma e querer levou a “água ao seu moinho”. Diante de 40.000 pessoas – lotação esgotada – o espírito coletivo dos portugueses imperou, defendendo com estoicismo durante mais de uma hora o precioso golo de Luciano. Diante de 40.000 infernais almas gregas, e perante a atitude incorreta e violenta do AEK, cuja agressividade para lá da lei patenteada pelos seus jogadores não foi punida como devia pelo árbitro da partida, que quiçá amedrontado com o ambiente escaldante que se fazia sentir em redor do relvado perdoou em diversas ocasiões expulsões aos locais. Velocidade e rudeza eram na opinião de Cruz dos Santos os principais argumentos de uma equipa que praticou um futebol de técnica modesta e que neste campo não se podia comprar com a técnica mais evoluída do Braga. 
A comitiva bracarense que viajou para Atenas 
«As linhas mestras do seu trato com a bola estão nas passagens largas, na velocidade e no ar acutilante. Tais predicados, como normalmente acontece, andam associados a grande dureza, manifestadas em cargas impiedosas, demolidoras e no gosto pelo choque», assim descrevia o jornalista o conjunto grego. Uma dessas demonstrações de futebol violento aconteceu sobre o homem que havia sido responsável pela aventura europeia do Braga, o argentino Perrichon, ele que no Jamor, meses antes, havia feito o tento do triunfo que valeu a Taça de Portugal. Pois bem, no encontro de Atenas, a poucos minutos do fim, Perrichon e o seu companheiro de equipa Bino tentavam queimar tempo junto à bandeirola de canto através de sucessivas trocas de bola. Esta peladinha a dois foi subitamente e violentamente interrompida por um jogador grego, que pegou na bola com a mão e atirou de forma violenta à cara de Perrichon sem que o árbitro tivesse visto (?) o lance! 

Cumprimento aos portugueses antes do apito inicial em Atenas
Na análise individual que Cruz dos Santos fez aos jogadores portugueses, Perrichon foi, aliás, aquele que mostrou mais classe nesta partida. «Os bracarenses demonstraram no jogo de hoje que poderão realizar algo de interessante nas difíceis competições internacionais. No aspeto técnico chegaram a impressionais razoavelmente, disfarçando, em certos casos, a falta de experiência. Como lição bem estudada e aprendida, o 4-4-2 deu origem – funcionou com bastante perfeição – a que os dois homens do “vaivém” a meio campo, Albino e Estevão, fossem os mais sacrificados, se bem que não se possa esquecer quanto o processo obrigou Perrichon e Luciano a intensa movimentação para os lados quando a equipa defendeu, e para o meio campo quando a equipa atacou. Perrichon, o de melhor técnico no onze, e Luciano, muito mexido e habilidoso, foram aliás os elementos influentes na conquista do belo êxito. (…) Armando nas redes terá sido, porém, o mais brilhante, transmitindo confiança aos colegas da defesa, na qual se verificou uma muralha de transposição nada fácil, mercê da conjugação de esforços verdadeiramente notável». 

O guarda-redes Armando foi um dos esteios do Braga na Grécia
Naturalmente feliz com este triunfo estava o treinador Fernando Caiado, que nas cabines era, porém, cauteloso na euforia, ao dizer que «o ovo só é nosso quando estiver na mão», por outras palavras, que a eliminatória ainda não estava resolvida. «Só depois do jogo de Braga é que sabemos quem passa à fase seguinte. É preciso muito cuidado. Os gregos tecnicamente não são famosos, mas são muito fortes e rápidos. Em Braga não poderemos jogar tão fechados e o jogo é capaz de ser outro. (Neste jogo) Os nossos jogadores revelaram nervosismo e inexperiência, mas fiquei satisfeito por ter visto na equipa magnifico coletivismo», disse Caiado ao jornalista de A Bola. E em Braga uma nova vitória, desta feita por 3-2, garantiriam a passagem dos portugueses à ronda seguinte, onde seriam afastados da prova pelos húngaros do Gyori ETO. Mas para a história fica mesmo este batismo europeu do Sporting Clube de Braga num encontro arbitrado pelo húngaro Lajos Horvath, e onde os dois conjuntos alinharam da seguinte forma: AEK Atenas – Theodoros Maniateas, Aleko Sofianidis, Fotis Balopoulos, Nikos Stathopoulos, Tasos Vasiliou, Giorgos Karafeskos, Stelios Skevofilakas, Spiros Pomonis, Vasilis Mastrakoulis, Mimis Papaioannou. Treinador: Trifon Tzanetis. Braga – Armando, José Maria Azevedo, Joaquim Coimbra, José Manuel, Luciano, José Neto, Bino, Ribeiro, Mário Espingardeiro, Perrichon, Estêvão. Treinador: Fernando Caiado.

quinta-feira, novembro 06, 2025

Efemérides do Futebol (55)... A primeira vez que o rei foi a Wembley entregar a FA Cup

 


Subir a escadaria de Wembley rumo à tribuna para receber a FA Cup das mãos da realeza é um dos sonhos de qualquer futebolista que atue na Velha Albion. Foi, é e será, ou não fosse a Taça de Inglaterra uma das competições mais mediática do planeta. Esta “imagem” secular – do rei a entregar a taça a capitão da equipa vencedora – faz parte da memória visual de todos aqueles que, como eu, assistiam nos anos 80 e 90 à final da Taça de Inglaterra aos sábados à tarde numa época em que futebol internacional em direto na televisão era coisa rara. Vem esta memória a propósito da primeira vez em que Sua Majestade abrilhantou com a sua presença aquela que é a competição de futebol mais antiga do Mundo, precisamente a FA Cup, nascida em 1871. Porém, o ritual de ver o rei presenciar o jogo mais aguardado e desejado de cada época do futebol inglês e no final premiar o campeão com o majestoso troféu, só iria acontecer na segunda década do século XX, numa altura em que a competição era já o evento desportivo mais popular da nação britânica. Estávamos, pois, em 1914, na temporada de 13/14 mais concretamente, quando o rei George V se tornou no primeiro monarca a assistir a uma final de taça. Frente a frente estiveram as equipas do Burnley e do Liverpool, com a vitória a pertencer aos primeiros por 1-0, graças a um tento de Bert Freeman. Foi, aliás, a primeira vez que ambas as equipas marcaram presença numa FA Cup final. A presença de membros da realeza em jogos de futebol começou a ser notada no início do século XX, quando até então, isto é, no século XIX, os convidados de honra para assistir a jogos de futebol eram oriundos da aristocracia inglesa e membros da Football Association (Federação Inglesa de Futebol). E reza a história que foi precisamente um membro da aristocracia inglesa, Lord Derby de seu nome, que em 1914 terá convidado o rei George V a marcar presença na final da taça, disputada naquele ano – e pela última vez – no Crystal Palace de Londres, e a entregar posteriormente o troféu ao capitão da equipa vencedora. O ritual pegou de estaca, e desde então esta é uma imagem mítica em cada final da taça inglesa, sendo que quando o rei não pode marcar presença se faz representar por outro membro da Casa Real.

segunda-feira, agosto 25, 2025

Caderneta de Cromos (7): Campeonato do Mundo de 1950



BRASIL

URUGUAI


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INGLATERRA


JUGOSLÁVIA


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MÉXICO

SUÍÇA


CHILE


PARAGUAI


BOLÍVIA

sábado, agosto 16, 2025

Caderneta de Cromos (6): Campeonato do Mundo de 1938

 



ITÁLIA

HUNGRIA



BRASIL


SUÉCIA


CHECOSLOVÁQUIA


SUÍÇA


CUBA


FRANÇA


ROMÉNIA


ALEMANHA


POLÓNIA


NORUEGA


BÉLGICA


HOLANDA


ÍNDIAS HOLANDESAS

Caderneta de Cromos (5): Campeonato do Mundo de 1934

 



ITÁLIA


CHECOSLOVÁQUIA

ALEMANHA


ÁUSTRIA


ESPANHA


HUNGRIA


SUÍÇA


SUÉCIA


FRANÇA


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ARGENTINA


ROMÉNIA


EGITO

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BÉLGICA


ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA