sexta-feira, dezembro 26, 2014

Nomes e números da Taça Intercontinental (22)... 1983

TAÇA INTERCONTINENTAL

Ano de 1983
O Grêmio de Porto Alegre tornou-se na terceira equipa brasileira a conquistar o Mundo. Se Pelé havia brilhado em 1962 e 1963, e Zico havia feito o mesmo em 1981, neste ano de 1983 foi a vez de Renato Gaúcho colocar os olhos em bico aos alemães do Hamburgo na sequência de uma exibição individual majestosa, culminada na obtenção de dois golos
Grêmio (Brasil) - Hamburgo (Alemanha): 2-1 (após prolongamento)

Data: 11 de dezembro de 1983
Estádio: Nacional de Tóquio (Japão)
Árbitro: Michel Vautrot (França)

Grêmio: Mazarópi, Paulo Roberto, Baidek, De León, Paulo César Magalhães, China, Osvaldo (Bonamigo, aos 78m), Mário Sérgio, Renato Gaúcho, Tarciso, Paulo César Cajú (Caio, aos 70m). Treinador: Valdir Espinosa.

Hamburgo: Stein, Wehmeyer, Hieronymus, Jacobs, Schroeder, Groh, Rolff, Magath, Hartwig, Hansen, Wuttke. Treinador: Ernst Happel.

Golos: 1-0 (Renato Gaúcho, aos 37m), 1-1 (Schroeder, aos 85m), 2-1 (Renato Gaúcho, aos 93m)
Renato Gaúcho prepara-se para atormentar mais uma vez a baliza de Stein. A maior vitória do Grêmio está assim perpetuada no site oficial do emblema de Porto Alegre: "Onze de Dezembro de 1983. O mundo inteiro está olhando para Tóquio. Milhões de espectadores acompanham o jogo pela televisão.

O Grêmio chegava a esta decisão pela primeira vez. E o adversário era o forte Hamburgo, time alemão acostumado às grandes decisões, e que tinha como principal característica a frieza e a calma ao jogar. Com este currículo, chegou ao Japão como favorito para a conquista do título.

Mas o tricolor gaúcho não se entregou e, aos 38 min do 1º tempo, Renato marcou 1 a 0 para o Grêmio. O time alemão, no entanto, também era uma equipe de raça e, faltando 4 minutos para o término da etapa complementar, mostrou que não se entregava: Schröder empatou a partida, forçando uma prorrogação.

E foi então que, mais uma vez, a estrela de Renato brilhou. O ponteiro gremista marcou logo aos 3 minutos, em jogada brilhante. Valentemente, o Grêmio segurou o resultado de 2 a 1 até o momento em que o juiz apontou o meio de campo, sagrando o Tricolor Gaúcho como Campeão Mundial Interclubes.

Os japoneses aplaudiram o time de pé, enquanto o mundo inteiro, pintado de azul, se curvava à superioridade do Grêmio. A partir daquele momento, o clube tricolor do sul do Brasil entrava para a história. Nada poderia ser maior".
O imortal onze do Grêmio de Porto Alegre que no dia 11 de dezembro de 1983 conquistou o planeta da bola


Vídeo: Grêmio - Hamburgo


ENTREVISTA
 
No sentido de recordar a epopeia do Grêmio na final da Taça Intercontinental de 1983, o Museu Virtual do Futebol convidou um dos protagonistas dessa tarde histórica desenrolada no Estádio Nacional de Tóquio, mais precisamente Osvaldo, o centro-campista que nesse dia se encarregou de travar a grande estrela daquele mítico conjunto do Hamburgo, Felix Magath. 
Na primeira pessoa o ex-jogador recordou então o momento em que o emblema de Porto Alegre conquistou o Mundo, um facto que o nosso visitante descreve como um marco histórico da sua vida. Tem a palavra Osvaldo.

Museu Virtual do Futebol (MVF): Osvaldo, no dia 11 de dezembro de 1983 você é um dos 11 jogadores que subiram ao relvado do Estádio Nacional de Tóquio para defender as cores do Grêmio na final da Taça Intercontinental, contra o Hamburgo, da Alemanha. O que você sentiu nesse dia, e já agora como foi viajar para o outro lado do Mundo, para o Japão, para disputar essa final?
Osvaldo (O): Senti-me orgulhoso, nervoso e um pouco ansioso por estar entre os 11 jogadores que iam disputar a final. Recordo-me que a viagem para Tóquio foi muito cansativa, tivemos de fazer escalas no Rio de Janeiro e em Los Angeles, além de que tivemos bastantes dificuldades em relação ao fuso horário, mesmo tendo toda a comitiva do Grêmio viajado com uma semana de antecedência para se adaptar ao clima e ao fuso horário do Japão.

MVF: Como estava o estado de espírito do Grêmio para esse grande jogo?
O: O espírito dos jogadores era de pensamento na vitória. Olhámos como cautela para esse jogo, pois o time do Hamburgo era muito forte, com vários jogadores de seleção (alemã), e o qual respeitávamos muito, embora, e repito, sem nos deixar-mos de focar no objetivo de sermos campeões mundiais.

MVF: Entretanto, o árbitro Michel Vautrot apita para o início do encontro. A bola começa a rolar, e que lembranças tem desses 90 minutos?
O: Lembro-me das dificuldades derivadas do esquema tático de jogo, do posicionamento dos jogadores do Grêmio. Eu por exemplo, tive que fazer uma marcação especial ao Felix Magath, que era considerado o melhor jogador do Hamburgo.

MVF: Olhando para o marcador, vocês parecem ter sofrido para vencer a copa. Estiveram a vencer desde os 37 minutos, mas quase no final o Hamburgo empatou. Que pensamento lhe veio à cabeça naquele momento, que a taça poderia estar perdida?
O: Em nenhum momento pensei que tudo poderia estar perdido. Eles fizeram o golo de empate, o qual não estávamos à espera, mas sabíamos também que ainda poderia haver prolongamento, e acima de tudo sabíamos que tínhamos um elenco tão bom quanto o deles eles para vencer a final.

MVF: Até que no prolongamento surgiu de novo o génio de Renato a fazer o 2-1, o golo da vitória, o que você sentiu?
O: Senti um enorme alívio (risos).

MVF: Pelo desenrolar dos acontecimentos podemos então olhar para esta como uma conquista difícil, e na sua opinião o Grêmio foi um justo vencedor?
O: Tudo foi muito difícil. O Hamburgo era um time muito bom e forte, além de que o clima em Tóquio era diferente do que estávamos habituados. Mas, o elenco do Grêmio mereceu muito o título, pois éramos uma equipa muito unida e humilde.

MVF: Após o apito final, o que você sentiu ao perceber que era campeão mundial de clubes?
O: Uma das maiores conquistas que um jogador pode ter é tornar-se campeão mundial. Lembro-me que naquela final tive caimbras e precisei de ser substituído. Mas, após o apito final a sensação era de muita alegria, algo que jamais conseguirei traduzir em palavras.

MVF: E o regresso a Porto Alegre, com a copa na mão, como foi?
O: Poder chegar a Porto Alegre com a copa na mão foi ao mesmo tempo cansativo e gratificante. Passámos aproximadamente 35 horas em voos para poder chegar até Porto Alegre, todos muito felizes , mas também cansados. Porto Alegre nesse dia parou! Os jogadores, comissão técnica, toda delegação do Grêmio teve a honra de comemorar junto com a sua torcida essa conquista histórica e marcante.

MVF: Olhando para trás, como você caracterizaria aquela equipa do Grêmio, e o que significou para você vencer a Taça Intercontinental.
O: O time do Grêmio era um muito unido dentro e fora de campo, humilde, batalhador, um grupo que não tinha medo de nada. Quanto a mim, vencer essa copa foi um marco histórico na minha carreira e na minha vida.

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