sábado, abril 22, 2006

Competições de Sonho (1)... Taça/Liga dos Clubes Campeões Europeus





















Com a Europa do futebol a evoluir a olhos vistos na primeira metade do século passado, tornava-se necessário criar uma competição em termos europeus que pudesse reunir os melhores clubes/equipas do Velho Continente. É certo que por essa Europa fora iam-se já realizando naquela altura algumas competições que reuniam clubes de dois ou mais países, casos da Taça Latina, que era disputada por clubes da Espanha, Portugal, França e Itália; ou ainda da Taça Mitropa que era jogada entre clubes da Hungria, Alemanha, Polónia, Jugoslávia, Bulgária, Roménia, ou União Soviética. Mas os homens do futebol pretendiam mais, queriam uma competição que reunisse os clubes destes e de outros países que pertencessem à Europa. Até que em 1955 o editor do prestigiado jornal desportivo francês L'Equipe, Gabriel Hunot, convocou uma reunião com algumas figuras importantes do futebol europeu de então para apresentar a sua ideia de criar uma grande competição europeia de clubes. Ideia que desde logo cativou a Uefa, que logo tratou de colocar em marcha a grande ideia deste jornalista francês. Corria então a época 1955/56 quando a Taça dos Clubes Campeões Europeus (nome pelo qual foi baptizada a competição) viu a luz do dia. Apesar de na edição inaugural da prova ter existido uma mistura de clubes (alguns campeões dos seus países, outros não), a Uefa estabeleceu rapidamente a regra de que a competição apenas poderia ser disputada pelos clubes campeões dos seus países de origem. Desde logo foi definido que as eliminatórias seriam disputadas a duas mãos e a final em campo neutro.

Portugal dá o pontapé de saída da aventura europeia

Como já antes dissemos, a primeira edição da Taça dos Clubes Campeões Europeus (TCCE) teve o seu início em 1955/56. O pontapé de saída, por assim dizer, para aquela que com o passar dos anos se haveria de tornar na mais importante competição mundial a nível de clubes, ocorreu no dia 4 de Setembro de 1955 no... Estádio Nacional, em Lisboa. É verdade. Portugal teve a honra de ser o palco do primeiro jogo das competições europeias de clubes. Frente a frente estiveram o Sporting Clube de Portugal e o Partizan de Belgrado. Honra maior foi talvez o facto de o primeiro golo da TCCE e de todas as competições europeias ter falado português. Um golo que foi precisamente apontado nesse histórico Sporting - Partizan por intermédio do jogador leonino Martins.

A primeira final... e as que se seguiram

Depois desse Sporting - Partizan (que terminou com uma igualdade a três golos) muitos outros encontros e eliminatórias se seguiram até ao dia 13 de Junho de 1956 no Estádio Parque dos Príncipes, em Paris, o local escolhido pela Uefa para a realização da primeira grande final da TCCE. Frente a frente estiveram nessa tarde histórica as equipas do Real Madrid (Espanha) e do Stade Reims (França), que sob a arbitragem do senhor Arthur Ellis (Inglaterra) proporcionaram um inolvidável e emocionate jogo de futebol. Leblond, do Stade Reims, ficaria para a história ao apontar o primeiro golo de uma final, um golo que no entanto não bastaria para ajudar a sua equipa a vencer o troféu, visto que a armada espanhola comandada por Di Stéfano, Rial e Gento seria mais forte, ajudando o campeão espanhol a vencer esta primeira edição da TCCE depois de um resultado final de 4-3. Depois desta, muitas outras e empolgantes finais se seguiram, muitos outros clubes tiveram o privilégio de vencer este troféu.

O renascimento da velha TCCE

Cansada do sistema de eliminatórias, e querendo dar um novo brilho e dimensão à TCCE, a Uefa decidiu no princípio dos anos 90 do século passado, recriar, ou fazer renascer, a sua mais importante competição. Começaram por rebaptizar a competição, passando-a a chamar de Liga dos Campeões, e como o próprio nome indica o troféu passou a ser disputado em forma de liga, ou campeonato, a duas voltas. Para além disso, outro factor tornou-se fundamental na nova Liga dos Campões, ou seja, o factor monetário, os clubes participantes passariam a ter direito a um prémio em dinheiro por cada vitória conquistada. Uma verdadeira mina de ouro, é assim que podemos caracterizar esta nova Liga dos Campeões, quer para os clubes quer para a própria Uefa. Este novo formato atraíu muito dinheiro até si, derivado dos muitos patrocinadores e televisões que compravam os direitos do evento. Com o intuito de aumentar ainda mais os lucros e competitividade, a Uefa decidiu no final do século passado alargar a competição, sendo que para além dos clubes campões de cada país, a prova contemplaria ainda os 2º, 3º e 4º (de alguns países) classificados de cada país. Uma verdadeira Euroliga. O formato de Liga dos Campeões (LC) deu, é certo, uma nova espectacularidade à prova, mas não é menos certo que a TCCE/LC só está ao alcance dos clubes mais poderosos da Europa, dos clubes oriundos dos maiores países em termos de futebol do velho continente (Alemanha, Espanha, Itália, Inglaterra, França, Portugal, Holanda, ou Grécia). Estes países colocam sempre 3/4 clubes na competição. Com isto o futebol europeu passou a ser única e exclusivamente de domínio ocidental, pois os país mais pobres em termos futebolísticos, nomeadamente os países de leste, praticamente desapareceram da principal montra do futebol europeu. Clubes que outrora já fizeram furor nesta prova, casos do Steaua de Bucareste, do Estrela Vermelha de Belgrado, e de outros mais, hoje em dia dificilmente conseguem o apuramento para uma fase final da CL (Champions League). É caso para dizer que o dinheiro falou mais alto, que o futebol se tornou num verdadeiro negócio, e só os mais poderosos e ricos é que têm carta branca para participar no grande negócio que é actualmente o futebol mundial.

Dois torféus ao longo de 50 anos de história

Já lá vão 50 anos desde o dia em que a TCCE/LC foi criada. 50 anos onde a prova apenas conheceu dois troféus, sendo que o primeiro (segunda imagem) foi disputado até 1964, altura em que a Uefa decidiu desenhar uma nova taça (a da primeira imagem), a qual ainda hoje se mantém.

Real Madrid... o clube mais vitorioso

Foram muitos os clubes e jogadores que tiveram a honra de inscrever o seu nome no glorioso livro da história da TCCE/LC. No entanto, houve uma equipa/clube que o fez por nove vezes ao longo destes 50 anos de vida da competição. Clube esse que dá pelo nome de Real Madrid (eleito pela FIFA como o maior clube do mundo durante o século XX), que conta nas suas vitrinas com nove taças. A primeira delas foi conquistada como já vimos, logo na primeira edição da competição, em 1956, sendo que em 1957, 1958, 1959, 1960, 1966, 1998, 2000 e 2002 foram as restantes épocas em que as famosas camisetas blancas levantaram bem alto o troféu. Madrilistas que são também o clube com mais presenças em finais, doze ao todo. Este record de vitórias do Real Madrid é seguido bem de perto pelos italianos do AC Milan, que se encontram no segundo lugar em termos de títulos conquistados. Os milanistas venceram por seis vezes a competição, mais precisamente em 1963, 1969, 1989, 1990, 1994 e 2003. No terceiro e último lugar do pódio em termos de títulos surgem os ingleses do Liverpool FC, com cinco troféus levantados (1977, 1978, 1981, 1984 e 2005). Ajax de Amesterdão (1971, 1972, 1973 e 1995), Bayern de Munique (1974, 1975, 1976 e 2001) seguem logo a seguir com quatro títulos conquistados cada um deles. Com dois títulos aparecem as duas únicas equipas portugueses que inscreveram o seu nome no livro de ouro da TCCE/LC, SL Benfica (1961 e 1962) e FC Porto (1987 e 2004). Também com dois trofeús no seu palmarés surgem o Inter de Milão (1964 e 1965), Juventus (1985 e 1996), Manchester United (1968 e 1999) e ainda o Nottingham Forest (1979 e 1980). Com uma estrela de campeão surgem FC Barcelona (1992), Celtic FC (1967), Borussia Dortmund (1997), Hamburgo SV (1983), Aston Villa (1982), Feyenoord (1970), PSV (1988), Marselha (1993), Steaua Bucareste (1986) e Estrela Vermelha Belgrado (1991). Mais para a frente neste museu visitaremos uma a uma as 51 edições da história gloriosa e apaixonante da maior competição de clubes do Mundo.

Legendas das fotografias (todas as equipas que venceram a prova):

1- O actual troféu da TCCE/LC
2- O primeiro troféu da competição
3- José Águas ergue a TCCE conquistada pelo SL Benfica em 1961
4- A equipa do FC Porto que venceu a LC em 2004
5- Gerrard, do Liverpool FC, segura a taça conquitada pelo clube inglês em 2005
6- Os italianos do Inter de Milão com o troféu conquistado em 1964
7- A derradeira conquista do AC Milan, em Old Trafford, em 2003
7- A última festa do Real Madrid...em 2002
8- O drem team do Barcelona que conquistou a Europa em 1992
9- O grande Ajax de Amesterdão de 1995
10-O gigante alemão Bayern Munique e a sua última taça conquistada em 2001
11-Borussia Dortmund encantou o futebol europeu em 1997
12-Os Lisbon Lions do Celtic FC que em 1967 conquistaram a TCCE em Lisboa
13-Feyenoord de Roterdão venceu o troféu em 1970
14-O mítico guarda-redes inglês Shilton segura a taça conquistada pelo Nottingham Forest em 1979
15-A felicidade dos jogadores do Aston Villa após vencerem o troféu em 1982
16-Os holandeses do PSV posam para a foto com a taça conquistada em 1988
17-A primeira equipa francesa a vencer uma TCCE seria o Marselha em 1993
18-Os bravos jogadores do Estrela Vermelha de Belgrado que em 1991 surpreenderam a Europa do futebol
19- Sevilha, 1986, uma das maiores surpresas de sempre da TCCE, o Steaua batia o poderoso Barcelona

domingo, abril 09, 2006

Emblemas Históricos (1)...Real Madrid






Amados loucamente por uns, odiados fervorosamente por outros, os clubes de futebol são hoje pela primeira vez na ainda curta história do Museu Virtual do Futebol alvo de uma visita. E nada melhor do que iniciar esta rubrica dos emblemas históricos do que começar pelo maior deles todos, pelo melhor clube do mundo. É claro que esta distinção será para muitos um pouco exagerada, pois os adpetos do Benfica certamente dirão que o seu clube é que é o maior do Mundo, os do Barcelona, do Milan, do Inter, do Bayern de Munique, do Marseille, do Ajax, do Manchester United, ou do Celtic, entre outros, dirão que o seu clube é que é o maior e melhor do planeta. Óbvio. Mas a distinção de maior clube do Mundo atribuída ao Real Madrid não é da nossa autoria, mas sim da própria FIFA, que no final do século passado realizou uma gala para nomear os melhores jogadores, os melhores treinadores, e os melhores clubes e selecções do Mundo durante o século XX. Pois bem, para a FIFA o maior e melhor clube do planeta durante o século que há bem pouco tempo nos deixou foi o Real Madrid. Uma decisão que é bem compreendida (muitos não concordarão, mas paciência), pois em 100 anos não houve mais nenhum clube que tivesse ganho tantos títulos, que tivesse tantos e tantos grandes jogadores, e que tivesse deliciado tantos adeptos como fez el Madrid (como é popularmente conhecido).

Palmarés extenso...e impressionante

O Real Madrid nasceu dentro de um clube de eleite, o Football Sky (fundado em 1895), clube este que se dividiu em 1900 e deu origem ao Espanyol de Madrid, que viria em 1902 a transformar-se em Madrid FC, tendo mais tarde acrescentado-se a palavra Real ao nome do Madrid FC. Desde a sua fundação, como já vimos em 1902, o Real Madrid cedo se tornou na grande paixão de milhares e milhares de espanhóis. As famosas camisolas brancas (o equipamento do Real Madrid é todo branco) fizeram bater forte milhões de corações ao longo dos seus mais de 100 anos de vida. E desde cedo os troféus começaram a fazer parte da vida deste grande emblema espenhol, tendo a primeira copa (taça em castelhano) sido conquistada três anos depois do seu nascimento, mais concretamente a Taça do Rei (a competição mais antiga de Espanha), tendo el Madrid batido nessa final a equipa do Athletic de Bilbao por 1-0. Real Madrid que voltaria a conquistar este troféu nos três anos seguintes, establecendo desde logo um novo recorde na prova, quatro vezes consecutivas campeão da Copa del Rey (1905, 1906, 1907, 1908). Era obra para um clube com tão poucos anos de vida. Em 1929 era criado o Campeonato Nacional de Espanha, tendo o Real Madrid conquistado o seu primeiro título de campeão em 1932. Em termos de Campeonato Espanhol, o Real também estableceu um recorde ao ser o único clube até hoje a vencer em duas ocasiões em cinco anos consecutivos esta prova, a primeira entre 1961 e 1965, e a segunda entre 1986 e 1990. Mas a estrela madrilista também brilharia a grande altura, e de que maneira, na Europa do futebol. O clube foi o primeiro a erguer a Taça dos Campeões Europeus, onde também aqui estableceu um recorde até aos dias de hoje nunca alcançado, ao vencer as cinco primeiras edições da famosa competição europeia (na última foto). O Real Madrid é ainda hoje o clube com mais títulos de Campeão Europeu nas suas vitrinas, 9 ao todo, sendo a última copa sido conquistada no ano do seu centenário (2002) em Glasgow frente ao Bayer Leverkussen por 2-1 (na terceira foto). Em termos numerais, em termos exactos, o Real Madrid conta no seu palmarés com 29 títulos de Campeão Espanhol (1932, 1933, 1954, 1955, 1957, 1958, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969, 1972, 1975, 1976, 1978, 1979, 1980, 1986, 1987, 1988, 1989, 1990, 1995, 1997, 2001, e 2003), o que faz de si o clube com mais campeonatos ganhos. Em termos de Taças do Rei, o panorama é um pouco diferente, mas também é digno de um colosso do futebol mundial (o Barcelona é o clube com mais Copas del Rey), já que venceu por 17 ocasiões a segunda maior competição espanhola (1905, 1906, 1907, 1908, 1917, 1934, 1936, 1946, 1947, 1962, 1970, 1974, 1975, 1980, 1982, 1989, e 1993). O clube possui ainda nas suas ricas e invejáveis vitrinas 8 Supertaças de Espanha (1947, 1988, 1989, 1990, 1993, 1997, 2001, e 2003). A nível europeu, e como já demos conta, o Real conseguiu por 9 vezes erguer a mais importante competição de clubes do Mundo, a Taça/Liga dos Clubes Campeões Europeus (1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1966, 1998, 2000, e 2002). Os magnificos espanhóis conseguiram ainda arrecadar 2 Taças Uefa (1985, e 1986), 1 Supertaça Europeia (2002), 3 Taças Intercontinentais (1960, 1998, e 2002), e por fim 2 Taças Latinas (1955, e 1957). Uff, sem dúvida alguma... IMPRESSIONANTE!!!

Jogadores de sonho com la camiseta blanca

Foram muitos, mas mesmo muitos, os craques que ajudaram o Real Madrid a construir o seu rico palmarés. O maior deles todos foi sem dúvida o hispano-argentino Alfredo Di Stéfano, la sieta ruvia (a sete loura), uma das grandes lendas do futebol mundial (de quem falaremos mais promenorizadamente mais para a frente) e que ainda hoje é o grande ídolo da afción madrilena. De tal maneira grande, que desde 2000 que é o presidente honorário do clube. Mas não foi apenas Di Stéfano a brilhar com a camisola branca do Real, muitos outros o fizeram ao longo dos mais de 100 anos de vida do clube, como por exemplo, os espanhóis Amancio, Buyo, Butragueño, José Antonio Camacho, Martin Vasquez, Michel, Chendo, Luis Enrique, Sanchis, Gordillo, Gallego, Gento, Hierro, Juanito, Morientes, Santillana, Zamora, ou Raúl. No que toca a jogadores estrangeiros referimos que Rial, Redondo, Ruggeri, Valdano, Roberto Carlos, Ronaldo, Robinho, Suker, Prosinecki, Zamorano, Laudrup, Kopa, Zidane, Breitner, Schuster, Stielike, Puskas, Hugo Sanchez, Seedorf, Figo, Hagi, Mijatovic, ou Eto'o, já vestiram, ou vestem, a camisola merengue. Treinadores de renome também foram muitos os que se sentram no banco madrilista, casos de Miguel Munõz, Vujadin Boskov, o próprio Alfredo Di Stéfano, John Toshack, Radomir Antic, Del Bosque, Jorge Valdano, Fabio Capello, Jupp Heynckes, Guus Hiddink, José António Camacho, e até um português, de seu nome Carlos Queiróz.

Um presente difícil

Actualmente o Real Madrid vive dias complicados. Não em termos financeiros, até porque o gigante de Madrid é somente o clube mais rico do Mundo. Mas em futebol o dinheiro não é tudo, ajuda, mas não é tudo. E o Real é o maior exemplo disso, pois de há cinco/seis anos para cá o clube vem sendo apelidado de Galáticos pelo simples facto de todos os anos contratarem uma super-estrela do mundo da bola para a sua equipa. Começou por ser Figo, roubado ao eterno inimigo Barcelona, depois veio Zidane, depois veio Ronaldo, depois Beckham, e esta temporada chegaram Robinho, Júlio Baptista, e Cicinho, três das novas vedetas brasileiras da bola. Uma verdadeira constelação de estrelas que no entanto, e todas juntas, não conseguem devolver os títulos ao clube, que há dois anos consecutivos não vence qualquer prova em que compete. As crises directivas, as crises de balneário, as crises de treinadores, sucedem-se umas as outras, o que tem tornado o Real num clube...vulgar em termos competitivos. É caso para dizer: melhores dias aguardam-se para as bandas do Estádio Santiago Bernabéu (na primeira foto), a casa do Real Madrid desde 1947, construída pelo seu mítico presidente de então Don Santiago Bernabéu.

Estrelas cintilantes (1)...Joe Gaetjens - O lavador de pratos que desafiou os Deuses do futebol


Passamos agora para o secção das estrelas cintilantes. São aqueles jogadores que apesar de não terem atingido o olimpo do futebol tal como os deuses Eusébio, Pelé, Maradona, Garrincha, Cruyff, Beckenbauer, Bobby Charlton, Lev Yashin, Zico, Platini, Puskas, entre outros, foram igualmente ídolos dentro das quatro linhas. Os seus golos e as suas jogadas ficaram retidos na memória de todos aqueles que os viram actuar. De tal maneira que os seus nomes fazem parte da grande história do futebol mundial. Começamos esta primeira visita pela secção das estrelas cintilantes por um nome quase desconhecido para o comum adepto do futebol. Mas certamente que os mais atentos e apaixonados pelo fenómeno da bola saberão quem foi Joe Gaetjens. Nascido a 19 de Março de 1924, na cidade de Port-au-Prince, no Haiti, fruto de uma relação entre uma haitiana e um belga, Joe foi não só o melhor jogador haitiano de todos os tempos como também há quem o considere o melhor de sempre... dos Estados Unidos da América. É verdade. Isto porque Joe Gaetjens foi um dos grandes nomes que vestiu a camisola da selecção norte-americana. Joe emigrou para terras do Tio Sam no final da década de 40 do século passado, mais concretamente para Nova Iorque, cidade para onde foi graças ao facto de ter ganho uma Bolsa de Estudo, que lhe foi atribuída pelo Governo do Haiti, para estudar Contabilidade na Big Apple. Para pagar os seus estudos o haitiano trabalhava como lavador de pratos num restaurante de Harlen. Apesar de nos Estados Unidos da América nunca ter havido uma grande tradição ao nível do futebol, (ou do Soccer, nome este pelo qual o futebol é denominado nos EUA), Joe continuou, nos seus tempos livres, a divertir-se com o seu passatempo favorito do Haiti, ou seja, jogar futebol. Os seus dotes futebolísticos fizeram com que fosse recrutado para uma das melhores equipas da Liga Americana da altura, o Brookhattan. E a estreia não podia ter corrido melhor, já que no seu ano de caloiro na Liga Americana, Joe sagrou-se campeão, e foi considerado pelos críticos de então como uma das maiores revelações desse ano. Facto este que não foi indiferente à Federação Norte-Americana de Futebol (U.S. Soccer), que o recrutou de imediato para a sua selecção principal que daí a poucos meses iria disputar o Campeonato do Mundo de 1950, que teria lugar no Brasil.

O herói de Belo Horizonte

Competição esta onde Joe actuou como titular indiscutível pela equipa americana nos três jogos que esta realizou. Mas houve um em que Joe mais se destacou, um jogo que o tornou conhecido um pouco por todo o mundo da bola, um golo que o fez entrar nos anais da história do futebol. Jogo este disputado a 29 de Junho de 1950, na cidade de Belo Horizonte, e que colocou frente a frente as selecções dos Estados Unidos da América e da Inglaterra. Ingleses que participavam pela primeira vez na sua história na fase final de um Campeonato do Mundo, tendo sido apontados, a par do Brasil, como os grandes favoritos à vitória final. Se assim era, para muitos o jogo contra os E.U.A. não passaria de um jogo de treino, eram favas contadas, como se costuma dizer. Tudo porque, os americanos tinham uma das equipas mais fracas desse Mundial, além disso não tinham grandes pregaminhos no Desporto Rei, como ainda hoje acontece. Mas nesse dia tudo saiu ao contrário à poderosa equipa inglesa, que viria a sofrer uma das derrotas mais humilhantes de toda a sua história, que os levou a serem afastados da última fase desse Mundial 50. E quem foi o carrasco dos ingleses em Belo Horizonte, ou melhor, quem foi o herói do dia na bela cidade brasileira? Esse mesmo, Joe Gaetjens, foi ele que aos 39 minutos desse histórico E.U.A. - Inglaterra desferiu um potente remate de fora da área que deixou pregado ao solo o excelente guarda-redes inglês Bert Williams, fazendo assim o golo solitário (pode-se ver na segunda imagem Joe a ser levado em ombros pelos seus colegas de equipa após ter marcado esse golo) de um jogo que muitos dizem ter sido o momento mais mágico de sempre do futebol norte-amaricano. Gaetjens tinha entrado para a história desse Mundial, e não foi de estranhar que após essa fase final o haitiano de nascimento fosse convidado a jogar no futebol europeu, mais concretamente em França, onde actuou entre 1950 e 1954 ao serviço do Troyes. Uma carreira na Europa que não lhe trouxe grande sucesso, pelo que em 1954 Joe regressou ao seu país natal, o Haiti, e ainda jogou algumas vezes pela selecção deste pequeno país, mas sem o brilho alcançado em 1950 ao serviço da equipa dos E.U.A.

Morto pelo regime ditatorial

Apesar de Joe nunca ter sido um activista político, a sua família trabalhou para Louis Dejoie, o grande rival do ditador haitiano da altura François "Papa Doc" Duvalier, facto este que custou caro a Joe, que foi preso pelo ditador em 8 de Julho de 1964 , tendo sido posteriormente executado juntamente com outros presos políticos da altura (não se sabe da data dessa execução ao certo). Apesar de nunca ter obtido a cidadania norte-americana, Joe Gaetjens entrou em 1976 para o Livro de Ouro do futebol dos E.U.A (National Soccer Hall of Fame).

Vídeo: REPORTAGEM SOBRE JOE GAETJENS

sábado, abril 08, 2006

Catedrais Históricas (1)...Estádio de Wembley



Mudando agora de secção deste Museu Virtual do Futebol vamos em direcção à "vitrina" das Catedrais Históricas, vulgo, dos grandes templos da bola, os estádios. E a primeira dessas grandes catedrais que hoje visitamos é talvez a maior delas todas, um local sagrado para os fãs do Desporto Rei, um local de culto, senhoras e senhoras é com enorme prazer que vos abro as portas do mítico Estádio de Wembley. Situado em Londres, o Wembley Stadium viveu ao longo da sua longa vida inúmeras, impolgantes e inesquéciveis tardes e noites de futebol. Inaugurado oficialmente a 23 de Abril de1923, Wembley é tido como o único e verdadeiro museu da longa e rica história do futebol britânico. Como dizem os filósofos da bola, existem poucos lugares que mereçam mais as palavras de local sagrado para um adepto de futebol do que o Estádio de Wembley. Para os intérpretes do jogo maravilhoso jogar em Wembley significava algo de muito especial: «o apogeu de ser um jogador de futebol era jogar debaixo das suas majestosas Torres Gêmeas». Para qualquer clube ou selecção do Mundo jogar no mítico estádio simbolizava estar mais perto de onde o Futebol havia sido inventado. Um dos grandes desgostos desportivos do Rei Pelé foi nunca ter jogado uma única vez naquele relvado.

Os sabores e os dissabores de Wembley

Como qualquer outro estádio do Mundo Wembley foi palco de grandes jogos que marcaram a história do futebol mundial. Muitas equipas e/ou selecções aqui festejaram efusivamente as suas conquistas, e muitas outras aqui choraram as suas derrotas. Desde já nos salta à memória o facto de Wembley ter sido anualmente o palco do dia de festa do futebol inglês, ou seja, a Final da Taça de Inglaterra (F.A. Cup). Dezenas e dezenas de emblemas britânicos tiveram em Wembley tardes ou noites de glória ao conquistar o mais antigo troféu do Mundo. Centenas de jogadores tiveram a honra de subir ao palanque da tribuna real do estádio para cumprimentar a Rainha de Inglaterra e das mãos desta receber a tão prestigiada e aptecível F.A. Cup. Mas não foram apenas Taças de Inglaterra a serem disputadas arduamente no relavo de Wembley, já que muitas outras finais aqui se disputaram. Finais europeias, quer ao nível de clubes, que ao nível de selecções tiveram aqui o seu palco. Mas aquela que ainda hoje está marcada na memória de todos os amantes do futebol, em especial dos ingleses, é a final do Campeonato do Mundo de 1966, realizado em terras de Sua Majestade, e que coroou a Inglaterra com o seu único título mundial até à data. 4-2, foi com este resultado que Bobby Moore, Bobby Charlton, Gordon Banks, Jack Charlton, Geoff Hurst, Ray Wilson, e outros mais, bateram a República Federal da Alemanha e se sagraram Campeões do Mundo pela Inglaterra. Sem dúvida alguma que esta foi a mais bela página escrita no grande livro que relata a história do futebol inglês. Mas não foram apenas vitórias saborosas que a Selecção Inglesa teve nesta sua casa, pois os pesadelos das derrotas também por aqui passaram para os ingleses. De destacar a humilhante derrota por 3-6 perante a mágica Hungria liderada pelo Major Galopante Ferenc Puskas, em 1953. Difícil de "engolir" foi igualmente a derrota inglesa perante a Alemanha nas meias-finais do Europeu de 1996, realizado em Inglaterra, na lotaria das grandes penalidades e que afastou os britânicos da final do seu Euro. Os velhos inimigos do norte, a Escócia, também já celebraram em Wembley uma histórica vitória sobre a selecção da casa, aliás foram os escoceses os primeiros na história a derrotar a Inglaterra em Wembley. Foi em 1928, e os ingleses levaram uma abada de 5-1 dos vizinhos do norte das Ilhas Britânicas.
A nível de taças Europeias a primeira grande final aconteceu em 1963, quando SL Benfica e AC Milan disputaram entre si a vitória da Taça dos Clubes Campeões Europeus dessa época. Venceu o Milan por 2-1, com dois golos do brasileiro Altafini. Wembley voltarei a não trazer sorte ao Benfica, já que em 1968 ai disputou a segunda final da máxima competição Europeia da história do recinto, tendo perdido por 1-4 para o Manchester United liderado por Bobby Charlton, Dennis Law e George Best. Em 1971 Wembley voltou a receber uma final da Taça dos Campeões, desta feita entre o Ajax de Amesterdão e o Panathinaikos de Atenas, tendo o triunfo sorrido aos holandeses por 2-0 . Em 1978 foi a vez do Liverpool erguer a Taça dos Campeões no mítico estádio, depois de bater na final o Club Brugge da Bélgica por 1-0. A última final da Taça dos Clubes Campeões Europeus ocorreu em 1992, numa altura em que a mais importante competição a nível de clubes do Mundo era já denominada Liga dos Campeões. Uma final disputada entre Barcelona e Sampdória, com o defesa holandês Ronald Koeman a fazer o tento solitário que deu a taça aos catalães. A extinta Taça dos Vencedores das Taças também aqui já foi disputada, tendo a primeira final sido disputada em 1965 entre os londrinos do West Ham United, liderados pelo seu eterno capitão Bobby Moore, e os alemães do TSV 1860 de Munique, tendo o triunfo sorrido aos homens que praticamente jogavam em casa, o West Ham, por 2-0.
Em 1993, os italianos do Parma e os belgas do Antuérpia discutiram o troféu no relvado dos sonhos, tendo a vitória sorrido ao Parma por 3-1. A nível de selecções já falámos do 4-2 da Inglaterra à R.F.A., na final do Mundial de 66, mas há mais. Em 1996, Wembley recebeu a final do Euro 96, tendo a Alemanha vingado a derrota de 30 anos atrás e conquistado o seu terceiro título europeu depois de bater a República Checa por 2-1, com um golo de ouro de Oliver Bierhoff. O torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de 1948 decorreram igualmente em Wembley. Sem dúvida que muita, mas mesmo muita, história aqui se passou.

O fim...e o novo Wembley

Em 2000 a Federação Inglesa (Football Association) resolveu remodelar o mítico estádio, torna-lo moderno e actual, digno de receber os grandes desafios do século XXI. Em 2003 o velhinho Wembley é então demolido e arrancam as obras para a reconstrução do estádio. Certos de que o novo Wembley irá ser palco de novos e grandes momentos da história do futebol, é no entanto com alguma saudade que hoje lembramos um pouco da longa história daquele que será sempre considerado como o santuário do futebol mundial, o velhinho Estádio de Wembley.

Grandes lendas do futebol mundial (1)... Eusébio - O Pantera Negra


Começamos esta visita guiada pelo Museu Virtual do Futebol por dar espreitadela ao cantinho das grandes lendas do maravilhoso mundo da bola. Como não podia deixar de ser, o primeiro grande mago, o primeiro imortal do futebol que visitamos é nem mais nem menos do que o Rei do futebol português, de seu nome Eusébio.
Nascido a 25 de Janeiro de 1942 num pobre bairro de Moçambique (na altura uma colónia portuguesa), mais concretamente em Mafalala, nos arredores da capital Lourenço Marques (hoje Maputo), Eusébio cedo começou a dar nas vistas na arte de bem manejar o esférico. Os seus dribles, rápidos e ziguezagueantes, aliados ao seu poderoso pontapé, desde logo cativaram os amantes do futebol local. Foi ao serviço do Sporting de Lourenço Marques (na altura filial do Sporting Clube de Portugal) que Eusébio começou a espalhar o perfume do seu futebol pelos campos moçambicanos, não sendo de estranhar que começasse a “aguçar o apetite feroz” dos olheiros dos dois principais clubes da Lisboa. De tal maneira disputado que se pode mesmo dizer que desencadeou uma “autêntica guerra” entre os dois clubes lisboetas, que deram tudo por tudo para ter esta pérola africana nas suas “vitrinas”. Viria a ser o Benfica a vencer esta “guerra” pela disputa do jovem Eusébio, que depois de se ter comprometido com o emblema da águia teve de viajar para Lisboa disfarçado sob o nome falso de Ruth para que os dirigentes leoninos não o descobrissem. Sporting que ainda hoje afirma a pés juntos que Eusébio foi raptado pelo Benfica, estória esta que o próprio moçambicano trata de desmentir, dizendo que a sua primeira e única preferência foi sempre o Benfica.

O principio da aventura

Inscrito pelo clube da Luz na Federação Portuguesa de Futebol, Eusébio era então oficialmente jogador do Benfica, e em 23 de Maio de 1961 o jovem prodígio fez a sua estreia oficial com a camisola encarnada num jogo pela equipa de reservas benfiquistas contra o Atlético. No entanto, cinco dias mais tarde o treinador encarnado de então, o húngaro Béla Guttmann, oferece a Eusébio a possibilidade de se sagrar campeão nacional pela primeira vez na sua carreira, dando-lhe alguns minutos no jogo da consagração do título benfiquista da época 60/61 diante do Belenenses, tendo o clube da Luz vencido por 4-1, e logo com um golo de Eusébio. O moçambicano contava então com 17 anos de idade.

A estrela Eusébio ofusca a estrela Pelé

Era o início da grande epopeia de Eusébio ao serviço do Benfica. Ainda no final dessa época o Benfica (que meses antes se havia sagrado pela primeira vez Campeão Europeu de Clubes, depois de bater em Berna o Barcelona por 3-2) é convidado a participar no famoso Torneio Internacional de Paris, que contava ainda com a participação do Racing de Paris (o clube organizador), dos belgas do Anderlecht, e da maior e melhor equipa de futebol do planeta daquela altura, o mítico clube brasileiro Santos, onde actuava outra lenda do futebol mundial, de seu nome Pelé. Depois de afastar o Anderlecht nas meias-finais o Benfica iria defrontar na final do Torneio de Paris precisamente o Santos de Pelé. Uma partida onde o Benfica chegou a estar a perder por 0-5, mas aos 30 minutos da 2ª parte Eusébio entrou no relvado do Parque dos Príncipes para substituir o seu colega de equipa Santana, e eis que em apenas 15 minutos o jovem moçambicano faz verdadeira magia ao apontar nada mais nada menos do que três golos. Apesar da derrota por 3-5, o grande destaque daquela final acabaria por ser Eusébio, que ofuscou nesse jogo a maior das estrelas em campo, Pelé. Nascia assim um novo mito do futebol, Eusébio havia tido uma estreia em grande na alta roda do futebol internacional.

Eusébio na alta roda europeia

Na temporada seguinte o jovem benfiquista continuou a brilhar a grande altura, tendo sido um dos grandes esteios na segunda conquista por parte dos benfiquistas da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Na final desta competição, Eusébio voltou a ser a grande estrela, ofuscando outro mito da bola da altura, Alfredo Di Stéfano, que defendia as cores do rival do Benfica nessa final, o colosso Real Madrid. O que é certo é que Eusébio marcou os dois golos da vitória por 5-3 sobre os campeões de Espanha, conquistando desta forma o seu único título europeu de clubes. Ainda nesse mesmo ano Eusébio estreou-se pela Selecção Nacional num jogo de má memória para a “turma das quinas”. Um jogo no Luxemburgo, onde Portugal perdeu por 2-4, uma das mais vergonhosas derrotas na história da Selecção, mas onde Eusébio apontou um dos golos de Portugal, o seu primeiro com as quinas ao peito. Ainda em 61/62 o moçambicano pisou pela primeira vez na sua carreira um relvado onde brilharia a grande altura inúmeras vezes, o mítico relvado de Wembley. Foi num jogo entre Inglaterra e Portugal, com a vitória a pertencer à equipa da casa por 2-0, mas com uma magnífica exibição de Eusébio. Exibição esta que lhe valeria a alcunha dada pelos ingleses de Pantera Negra, nome este que pegou desde logo de estaca e pelo qual ainda hoje Eusébio é conhecido. Nos anos seguintes a Pantera Negra continuou a ser uma peça preponderante no sucesso do Benfica, quer a nível nacional, quer a nível internacional, tendo atingido por mais duas vezes a final da mais importante competição europeia, primeiro em 1963, ante o Milan, em Wembley (derrota por 1-2), e em 1965 diante do Inter de Milão, em San Ciro (derrota por 0-1).

A grande estrela do Mundial 66

Mas seria outra vez a Inglaterra a ver a estrela Eusébio a brilhar. Por esta altura Eusébio era também muitas vezes chamado a integrar as selecções de futebol da Europa e do Resto do Mundo, actuando ao lado dos melhores craques de então, uma prova clara de que também ele já era um craque.
Corria o ano de 1966 e as terras de Sua Majestade acolhiam pela primeira, e única, vez na sua história a fase final do Campeonato do Mundo, prova esta para à qual pela primeira vez também na sua história Portugal se havia qualificado. Selecção Nacional que possuía uma equipa fabulosa, composta por grandes nomes, como por exemplo Coluna, José Augusto, Simões, José Torres, Hilário, Germano, José Pereira, Vicente, Jaime Graça, Morais, e claro, a estrela maior Eusébio. Portugal ficou agrupado no Grupo 3 da 1ª fase, juntamente com a Bulgária, Hungria, e o campeão do Mundo em título e grande favorito à vitória final, o Brasil. No primeiro jogo ante a Hungria os portugueses fazem uma grande exibição, colmatada com uma grande vitória por 3-1.
O cliente seguinte, a Bulgária, foi igualmente despachada com a “chapa 3”, 3-0 foi o resultado de mais uma grande exibição dos “Magriços”, como ficou conhecida a equipa das quinas de 1966, um jogo onde Eusébio marcou o seu primeiro golo desse Mundial 66. O último jogo da 1ª fase do grupo 3 opôs Portugal ao Brasil, e pôde-se então assistir a mais uma grande exibição de Portugal, que humilhou por completo os bi-campeões do Mundo, vencendo-os por 3-1. Grande responsável por este resultado foi Eusébio, que para além dos dois golos que apontou, fez uma exibição do “outro mundo”, como se costuma dizer, ofuscando, mais uma vez, a grande estrela Pelé, que saia desse Mundial vergado pela raça lusitana. Nos quartos-de-final Portugal defrontou a Coreia do Norte, outra das grandes surpresas do Mundial 66 pelo facto de ter mandado para casa a poderosa Itália. Coreia que demonstrou e bem o porquê de ter eliminado a Itália, já que poucos minutos depois do árbitro ter apitado para o início do encontro vencia Portugal por 3-0. Só um homem foi capaz de dar a impossível e inacreditável volta a esse resultado, e advinhem quem? Esse mesmo, Eusébio. Apontou quatro, ouviram bem, quatro golos que ajudaram Portugal a vencer os pequenos e bravos coreanos por 5-3, naquele que ainda hoje é tido como um dos mais belos jogos de sempre da história dos Campeonatos do Mundo. Nas meias-finais Portugal defrontou a equipa da casa, a Inglaterra, para quem viria a perder, por 1-2, a presença na final da prova, com Eusébio a apontar o tento de honra da turma das quinas e a deixar o relvado de Wembley lavado em lágrimas, uma imagem que ainda hoje corre o Mundo. Para o jogo dos 3º e 4º lugares com a antiga União Soviética, Eusébio apontou um golo que ajudou Portugal a conquistar o 3º lugar do Mundial 1966. Pese embora a Selecção Nacional não tenha ganho a competição, Eusébio foi eleito o melhor jogador da mesma, tendo ainda vencido o título de melhor marcador, fruto dos nove golos que apontou.

Os anos que se seguiram

Nos anos seguintes Eusébio voltou a ganhar inúmeros títulos ao serviço do seu Benfica, na sua totalidade títulos nacionais (repartidos por Campeonatos Nacionais e Taças de Portugal). A nível internacional o máximo que conseguiu foi levar o Benfica a mais final da Taça dos Campeões Europeus, em 1968, desta feita ante o Manchester United, em Wembley. Mais uma vez o relvado de Wembley, que tantas vezes teve o privilégio de ser pisado por Eusébio, não trouxe sorte ao Pantera Negra. Visto que o Benfica perdeu a final por 1-4. Em 1975 deixou o Benfica, com 727 golos em 715 jogos. É obra!!!. Jogou ainda nos Estados Unidos da América ao serviço do Rhode Island Oceaneers, do Boston Minuttem (clube pelo qual conquistou um Campeonato Norte-Americano), Las Vegas Quicksilver, New Jersey Americans, no Canadá pelos Toronto Metros Croatia, e no México ao serviço do Monterrey (por quem venceu um campeonato mexicano). Em Portugal jogou ainda pelo Beira-Mar e pelo União de Tomar, mas já sem o fulgor de outros tempos, já na fase descendente da sua gloriosa carreira. Foi sem dúvida alguma o maior jogador de todos os tempos do Benfica e de Portugal, tendo o clube da Luz erguido uma estatua sua em frente ao seu estádio. Massacrado pelos adversários, Eusébio foi por seis vezes operado ao joelho esquerdo e uma ao direito, tendo perdido a conta às infiltrações sofridas para jogar e ajudar o seu Benfica.

Currículo impressionante

Alvo de diversas homenagens e condecorações, Eusébio conta no seu palmarés com 11 Campeonatos Nacionais (1961, 1963, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969, 1971, 1972, 1973 e 1875), 4 Taças de Portugal (1962, 1964, 1969 e 1975), 1 Taça dos Clubes Campeões Europeus (1962), 1 Campeonato dos Estados Unidos da América (1976), 1 Campeonato do México (1976) e uma Medalha de Bronze de um Campeonato do Mundo (1966).
A nível individual foram igualmente inúmeros os prémios conquistados, mais concretamente, 7 Bolas de Prata pelo facto de ter sido o melhor marcador do Campeonato Português (1964/28 golos; 1965/28 golos; 1966/25 golos; 1967/31 golos; 1968/43 golos; 1970/20 golos; e 1973/40 golos. Venceu ainda a Bota de Ouro (prémio para o melhor marcador de todos os campeonatos europeus) por duas vezes (1968 e 1973). Mas o maior prémio individual que o Pantera Negra venceu foi em 1965, ano em que lhe foi atribuída a Bola de Ouro, pelo facto de ter sido considerado o melhor jogador da Europa nesse ano. Pela Selecção Nacional actuou por 64 vezes tendo apontado 41 golos, um recorde que durou anos e anos e só há bem pouco tempo foi batido por Pauleta. “Menino de Ouro” para Béla Guttmann, o seu primeiro treinador, “Património de Estado” para Salazar, que impediu a sua transferência para a Juventus, ou simplesmente Rei para os amantes da bola, Eusébio recebeu da FIFA a nomeação para ser um dos 10 maiores jogadores da história do futebol do Século XX. Hoje é ainda o grande Embaixador do Benfica e de Portugal no estrangeiro. Senhoras e senhores, Eusébio da Silva Ferreira, simplesmente o Rei do Futebol Português e uma das maiores lendas do futebol planetário.

Nota: Eusébio faleceu a 5 de janeiro de 2014 

Video: Pequeno vídeo sobre Eusébio

terça-feira, abril 04, 2006

Uma longa viagem virtual pelo admirável mundo da bola

Desde tenra idade um confesso admirador e fanático pelo belo e inigualável mundo do futebol, é com muito entusiasmo e paixão que me propunho a "abrir as portas" deste meu Museu Virtual do Futebol. Um espaço que como o próprio nome indica será um verdadeiro "baú" de estórias e factos que marcaram, e marcam, a história centenária do jogo do "pontapé na bola". Conhecer, ou recordar, os grandes jogadores; "fazer uma visita" às grandes catedrais da bola, olhar os míticos emblemas e as suas conquistas, e muito, muito mais para ver nestas vitrinas virtuais. É com muito prazer que este maluquinho da bola abre hoje as portas do seu museu dedicado ao belo jogo. Senhoras e senhores, a entrada é gratuita, por isso desfrutem desta longa e deliciosa visita pelas vitrinas e corredores do Museu Virtual do Futebol.