sexta-feira, maio 23, 2014

Figuras do apito (4)... Vieira da Costa - A estreia de Portugal no grande palco do Campeonato do Mundo

Vieira da Costa
no Mundial de 1950
Aproveitando a boleia do Campeonato do Mundo de 2014, que dentro de pouco mais de duas semanas irá ter lugar no Brasil, é hoje curioso verificar que foi precisamente em Terras de Vera Cruz que o nome de Portugal apareceu pela primeira vez no maior dos palcos do futebol internacional, o mesmo será dizer o Mundial. Facto ocorrido em 1950, uma Copa de má memória para os brasileiros - como já é por demais sabido - onde a nação lusa se fez representar por um dos seus mais conceituados árbitros das décadas de 30, 40 e 50, Vieira da Costa a sua graça.
Nascido na cidade do Porto - mais concretamente na freguesia do Bonfim - a 13 de fevereiro de 1908, José Vieira da Costa foi ao longo da sua carreira um exemplo vincado de competência aliada à seriedade no sempre complicado mundo da arbitragem, um cartão de visita que lhe valeu inúmeras distinções, a maior de todas elas o convite da FIFA para que estivesse presente em dois Campeonatos do Mundo consecutivos!
A carreira do primeiro árbitro português a marcar presença em Mundiais começou no início da década de 30, num período em que o panorama futebolístico lusitano se resumia aos campeonatos regionais e ao Campeonato de Portugal, este último que viria a ser transformado no final da citada década na Taça de Portugal dos dias de hoje. Foi pois nestas competições que o árbitro filiado na Associação de Futebol do Porto começou a evidenciar as suas qualidades de prestigiada figura do apito. Com a criação do Campeonato Nacional da 1ª Divisão em 1934/35 Vieira da Costa foi por diversas ocasiões nomeado para dirigir jogos de alto gabarito, popularmente designados como clássicos. Neste campo destacam-se vários dérbis entre Benfica e Sporting, tendo o primeiro deles ocorrido curiosamente na primeira edição do Nacional da 1ª Divisão, quando a 10 de fevereiro de 1935 benfiquistas e sportinguistas empataram a uma bola no Campo das Amoreiras. Também na prova rainha do futebol lusitano, a Taça de Portugal, o juiz portuense deixou marca ao apitar duas finais, a primeira delas em 1942, ano em que o Belenenses se impôs ao Vitória de Guimarães por 2-0 no Campo do Lumiar (Lisboa), ao passo que a segunda ocorreu 13 anos (!) mais tarde, já na reta final do seu trajeto pelos caminhos da arbitragem, ao apitar mais um dérbi lisboeta entre Benfica e Sporting, no qual os encarnados levantaram a taça na sequência de um triunfo por 2-1 sobre o velho rival.

Vieira da Costa (o primeiro da esquerda para a direita)
fez a sua estreia em Mundias como árbitro auxiliar
do brasileiro Mário Gonçalves Vianna, no jogo
Espanha - Estados Unidos da América

Vieira da Costa foi internacional durante sete temporadas, tendo a sua entrada na alta roda internacional ocorrido na temporada de 1949/50. A sua primeira aparição além fronteiras deu-se nos Jogos Desportivos Centro Americanos e do Caribe, nos princípios de 1950, onde as suas boas atuações chamaram de pronto à atenção da FIFA, que na hora de recrutar os juízes para o Mundial que nesse mesmo ano iria decorrer no Brasil não teve dúvidas em incluir o portuense na lista de 27 árbitros selecionados.
No Brasil, Vieira da Costa desempenhou funções de árbitro auxiliar - papel que num passado não muito distante também era denominado de fiscal de linha. Estreou-se no Espanha - Estados Unidos da América, jogo alusivo à 1ª jornada do Grupo B, disputado em Curitiba, e que terminaria com a vitória espanhola por 3-1. Nos dois restantes encontros exibiu os seus conhecimentos na aplicação das regras do futebol no grande templo de futebol brasileiro, o Estádio do Maracanã, primeiro como bandeirinha do galês Benjamim Griffiths durante o Brasil - Jugoslávia (2-0), e por último no Brasil - Espanha (6-1) - referente à segunda fase da Copa - onde auxiliou o inglês Reginald Leafe.

Duelo entre a RFA e a Turquia na fase final
do Mundial de 1954, o qual teve como
árbitro principal o portuense Vieira da Costa
As boas performances de Vieira da Costa no Brasil fizeram com que quatro anos mais tarde fosse de novo convocado pela FIFA para o Mundial que decorreu na Suíça. Ai, com maior protagonismo, já que foi o árbitro principal do encontro entre a República Federal da Alemanha e a Turquia (4-1), integrado no Grupo B da primeira fase. Na qualidade de árbitro auxiliar estaria ainda presente em mais três encontros do Mundial helvético - todos eles referentes à primeira fase do certame - mais concretamente o Brasil - México (5-0), o Inglaterra - Suíça (2-0), e o Suíça - Itália (2-1).
Após deixar a arbitragem José Vieira da Costa - ao que se sabe - tornou-se um cidadão anónimo - no planeta da bola, pelo menos -, vindo a falecer a 6 de agosto de 1981.

quinta-feira, maio 22, 2014

Grandes lendas do futebol mundial (14)... Victor Ugarte - O herói do momento de glória do futebol boliviano

Victor Agustín Ugarte, recriando-se com
o objeto que lhe conferiu o estatuto de imortal
É comum dizer-se que caso um Campeonato do Mundo fosse realizado em cidades como Quito (Equador) ou La Paz (Bolívia) os favoritos à conquista do caneco não eram os habituais Brasil, Argentina, Alemanha, ou Espanha, mas sim as modestas seleções locais! Uma teoria que advém do facto dessas mesmas cidades se encontrarem geograficamente localizadas bem acima do nível do mar, característica natural que provoca a quem lá desembarca sensações de alguma indisposição, como aconteceu, por exemplo, ao antigo Ministro da Justiça do Brasil, Tarso Genro, que num ato solene decorrido na capital boliviana La Paz desmaiou, provavelmente como consequência do impacto que o ar rarefeito comum em cidades posicionadas em elevadas altitudes teve no seu organismo. Quiçá um pouco alarmado com estes perigos - à saúde - naturais o conhecido político brasileiro liderou posteriormente uma campanha para que a FIFA proibisse a realização de jogos de futebol em cidades portadoras destas características, alegando que a altitude - elevada - constituía um perigo para a integridade física dos futebolistas forasteiros. Uma tentativa inglória, já que a entidade máxima do futebol planetário fez ouvidos de mercador, e continuou a dar luz verde para que a bola rolasse nos tetos do Mundo. Para os clubes e seleções visitantes ali jogar significa ter pela frente um adversário - extra - quase insuperável, ao passo que para os combinados da casa este torna-se, sem dúvida, num precioso 12º jogador. Mesmo que essa seleção - ou clube - seja um dos parentes pobres da grande aldeia global do futebol. Este é o caso da Bolívia, seleção pouco habituada ao longo da sua história às luzes da ribalta internacional, perfilando-se na maior parte das vezes cabisbaixa na cauda do pelotão do futebol sul-americano, bem distante dos virtuosos vizinhos do Brasil, Argentina, ou Uruguai.

A histórica seleção boliviana
que em 1963 conquistou o seu único título oficial
No entanto, o pequeno e frágil David veste a pele do temível Golias quando atua no teto do seu Mundo, o mesmo é dizer na cidade de La Paz. Ali situa-se a fortaleza do futebol boliviano, o Estádio Hernando Siles, o céu para a seleção boliviana e o inferno para os seus adversários. Ali, La Verde - como é conhecida a equipa nacional - escreveu a maior parte das suas escassas páginas douradas no planeta da bola. Num curto exercício de memória foi em La Paz - cidade localizada a 3600 metros acima do nível do mar!!! - que a última geração talentosa do futebol boliviano, comandado pelos geniais Marco El Diablo Etcheverry e Erwin Platini Sanchez, assegurou o passaporte para o Campeonato do Mundo de 1994 após ter humilhado, sim,  humilhado, não é exagero dizer-se, o gigante Brasil, ou de ter feito a vida negra a esse mesmo escrete na final da Copa América de 1997. Foi ali também que a modesta Bolívia viveu o seu momento de glória, el momento más lindo de su vida, como ainda hoje faz questão de sublinhar quem de perto se emocionou com esse capítulo da história. Em 1963 La Verde fez chorar de alegria o seu povo na sequência da épica conquista da Copa América. Uma vitória impensável para um país que, a título de exemplo, cohabitava o mesmo território futebolístico que o então bi-campeão mundial Brasil, para um país cujo percurso nos caminhos do futebol havia passado quase despercebido. Foi pois um triunfo surpreendente de uma nação que à partida para a competição só queria fazer boa figura naquela que era primeira grande competição desportiva que organizava.

O povo exulta com o momento de glória
alcançado em 1963
Mais do que a particular localização geográfica de Laz Paz - onde decorreram a esmagadora maioria dos jogos da competição - ou de o facto de dois dos principais candidatos ao título continental, neste caso o Brasil e a Argentina, se terem feito representar pelas suas equipas "b" - os brasileiros, por exemplo, deixaram em casa estrelas como Pelé, Garrincha, Vavá, Didi, Gilmar, ou Zagalo - a chave do êxito boliviano ficou a dever-se a um grupo de imortais jogadores que partilhavam um só coração. Juntos, eles personificaram na cancha a garra e a força de todo um povo. Mas, à semelhança de todas as constelações de estrelas há uma que brilha um pouco mais do que as outras, e também naquela que é considerada a geração dourada da Bolívia no que a futebol concerne - esperemos que El Diablo Etcheverry e Platini Sanchez não fiquem zangados com esta designação que não é da nossa autoria - havia um jogador que se destinguia dos demais pelas suas qualidades de artista da bola. Victor Agustín Ugarte, assim se chamava o maior jogador de sempre da história do futebol boliviano, o herói del momento más lindo de la histoira de Bolívia.

Ugarte com
as cores do Bolivar
Encravada entre gigantes escarpas vermelhas está a pequena cidade de Tupiza, onde a 5 de maio de 1926 nasceu Victor Agustín Ugarte. Começou a evidenciar os seus dotes artísticos de médio ofensivo no clube local, o Huracán de Tupiza, emblema que num curto espaço de tempo se tornou pequeno demais para a grandeza do homem que haveria de ficar imortalizado como El Maestro. Corria o ano de 1947 quando o jovem Victor decide reunir os poucos trapos que possuia e partir à aventura para a capital La Paz, onde de pronto ingressaria num dos maiores clubes do país, o Bolivar. A ascensão do diamante de Tupiza é meteórica. Torna-se de imediato na principal referência do emblema de La Paz, onde as suas gambetas (dribles) enlouqueciam, no bom sentido, os hinchas. 1947 é mesmo um ano histórico para Ugarte, o qual é convocado para a seleção boliviana que iria competir na Copa América a ser disputada na Colômbia, tendo aí efetuado os primeiros seis dos 45 jogos encontros em que ao longo da sua carreira vestiu a camisola verde da Bolívia. Dois anos mais tarde volta a envergar a camisola do seu país no maior torneio de seleções da América, desta feita no Brasil, onde ante o Chile concretiza o primeiro dos 16 golos que apontou com La Verde entre 1947 e 1963, o período em que Ugarte foi internacional. Na memória dos poucos hinchas daquele tempo que hoje vivem perdura a imagem da virtuosa seleção boliviana que disputou a Copa América de 1949, com Ugarte na condição de líder de uma constelação de estrelas como Mena, Gutierrez, ou Godoy, que num dos encontros dessa Copa ridicularizou o futuro campeão do Mundo, o Uruguai, na sequência de uma épica vitória por 3-2, com El Maestro a fazer um dos golos. E por falar em campeão do Mundo o mesmo Brasil iria acolher um ano mais tarde o célebre Mundial que os charrúas uruguaios iriam arrecadar, uma competição onde a Bolívia de Victor Ugarte passou praticamente ao lado, já que no único jogo realizado seria cilindrada por 8-0 pelo... Uruguai.

Ugarte defendeu por 45 ocasiões o seu país
tendo apontado 16 golos
Apesar da má campanha boliviana na Copa de 50 o talento de Ugarte não foi ofuscado, longe disso. Em 1952 é tentado a procurar melhores condições de vida fora do seu país, onde o miserável salário de um futebolista mal dava para sobreviver. Da Colômbia chegou nesse ano uma proposta do Millonarios, clube este onde pontificava então um tal de Alfredo Di Stéfano. Da Argentina foi o Boca Juniors que lançou o isco a Victor, mas a Bolívia não queria perder o seu tesouro nacional, tendo mesmo o Presidente da República daquela época, Mamerto Urriolagoitía, prometido a Ugarte uma pomposa vivenda em La Paz caso este declinasse o tentador convite do clube de Buenos Aires. Quiçá influenciado pelo chefe de Estado do seu país - do qual não se sabe se cumpriu ou não com a promessa feita ao nativo de Tupiza - ou pela paixão que o seu povo tinha por si, Ugarte foi rejeitando convites atrás de convites ano após ano, permancendo no pobre campeonato boliviano onde com as cores do Bolivar arrecada não só os títulos de campeão nacional em 50, 53, e 56, mas sobretudo continua a encantar os adeptos com jogadas artísticas que muitas vezes resultavam em golos de beleza sublime. 
Até que em 1958 decide dar ouvidos à sua amada Graciela, a sua esposa, que sempre o incentivara a procurar melhores condições de vida fora da terra natal. Ugarte aceita então uma proposta do San Lorenzo, emblema argentino que fez de tudo para o contratar, sobretudo depois de um ano antes o ter visto a humilhar a poderosa Argentina, que rastejou aos pés de Ugarte no infernal teto do Mundo como é conhecida La Paz no seio do futebol. Ainda hoje quando o nome de Ugarte salta para cima da mesa das tertúlias futebolísticas é de imediato recordada essa célebre vitória da seleção boliviana sobre os argentinos por 2-0, a primeira da história do futebol boliviano sobre a equipa das pampas.

Levado em ombros após
a épica conquista de 63
Porém, em solo argentino Victor Ugarte não se sentiu feliz. Não por ter sido mal tratado pelos dirigentes, colegas, ou adeptos do seu novo emblema, mas simplesmente porque na Argentina encontrou um ambiente escaldante em torno do futebol, ao qual estava pouco habituado na pacata Bolívia. O ambiente fanático tão comum nos campos de futebol argentinos assustou de certa forma Ugarte, que nas canchas daquele país esteve muito longe de mostrar todo o seu talento. Viajou em seguida para a Colômbia, onde encontrando um clima mais calmo perpetuou nos relvados as famosas gambetas, ao serviço do Once Caldas. Por terras colombianas juntou algum dinheiro, que permitiu-lhe viver junto da sua amada Graciela e dos seus quatro rebentos de forma algo desafogada durante algum tempo.
Apesar de longe dos seus olhos a Bolívia jamais o esqueceu, nem Victor deixava que isso acontecesse, pois em 1963, o tal ano mágico do futebol boliviano, ele é um dos imprescindíveis na seleção orientada pelo brasileiro Danilo Alvim - estrela do futebol brasileiro dos anos 40 - para vestir as cores de La Verde na Copa América que o país recebia. Apesar da idade avançada - 37 anos - Ugarte aceita o desafio para defender o seu país por uma última vez, naquela que era a sua quinta presença numa Copa América.

A estátua de Victor Ugarte
em Tupiza
O peso da idade não se fez notar, e juntamente com figuras notáveis do futebol boliviano de então como Wilfredo Camacho, Máximo Alcócer, Fortunato Castillo, ou Eduardo Espinoza guiou La Verde até ao tal momento más lindo de su vida. No jogo final da competição o gigante Brasil caiu por 5-4, sendo memorável a exibição de Ugarte, autor não só de dois golos como de lindas jugaditas que permitiram à Bolívia conquistar um lugar na história do futebol.
Ugarte ainda atuou mais uma temporada (67/68) pelo Bolivar antes de se retirar definitivamente do palco do belo jogo. El Maestro nasceu e morreu na miséria. A 20 de março de 1995 a Bolívia verteu lágrimas ao receber a notícia da morte do maior jogador da sua história, um homem que continua a viver na memória dos poucos comuns mortais que tiveram o prazer de o ver atuar.
O rei do futebol boliviano tem o seu nome perpetuado no estádio de futebol mais alto do Mundo (!), localizado em Potosi, a quase 4000 metros acima do nível do mar, além de que na sua cidade natal, Tupiza, foi erguida uma estátua que imortaliza a sua lendária figura.

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (15)...

Final

Holanda - Inglaterra: 1-1 (1-4 nas grandes penalidades)

Golos: Schuurman / Solanke

Equilíbrio desfeito na lotaria das grandes penalidades...

segunda-feira, maio 19, 2014

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (14)...

Meias-finais

Holanda - Escócia: 5-0

Golos: Verdonk, Nouri, Bergwijn, Owobowale, Van der Moot

Sonho escocês virou pesadelo...

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (13)...

Meias-finais

Portugal - Inglaterra: 0-2

Golos: Solanke, Roberts

Bravos portugueses sucumbiram ante uma demolidora Inglaterra...

sexta-feira, maio 16, 2014

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (12)...

Grupo B / 3ª Jornada

Suíça - Escócia: 1-3

Golos: Oberlin / Wighton, Sheppard, Hardie

Contra todas as previsões iniciais jovens "Highlanders" conquistam as meias-finais...

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (11)...

Grupo B / 3ª Jornada

Portugal - Alemanha: 1-0

Golo: Pedro Rodrigues

Lusos avançam para a fase seguinte só com vitórias na bagagem...

quinta-feira, maio 15, 2014

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (10)...

Grupo A / 3ª Jornada

Inglaterra - Holanda: 0-2

Golos: Verdonk, Van der Moot

Num duelo de gigantes os pequenos holandeses asseguram o lugar mais alto dogrupo...

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (9)...

Grupo A / 3ª Jornada

Turquia - Malta: 4-0

Golos: Alici (2), Aktay (2)

Anfitriões dizem adeus ao Euro sem honra nem glória...


terça-feira, maio 13, 2014

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (8)...

Grupo B / 2ª Jornada

Alemanha - Escócia: 0-1

Golo: Wright

Escoceses fazem história ao obter a primeira vitória de sempre na fase final de um Europeu de sub-17...

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (7)...

Grupo A / 2ª Jornada

Malta - Holanda: 2-5

Golos: Mbong, Friggieri / Schuurman (3), Bergwijn (2)

De goleada em goleada malteses dizem matematicamente adeus à fase seguinte onde já está a jovem laranja mecânica...

segunda-feira, maio 12, 2014

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (6)...

Grupo B / 2ª Jornada

Suíça - Portugal: 0-1

Golo: Luís Mata

Golo solitário foi suficiente para abrir as portas das meias-finais aos portugueses...

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (5)...

Grupo A / 2ª Jornada

Inglaterra - Turquia: 4-1

Golos: Solanke (2), Kenny, Armstrong / Unal

Nova goleada garante meias-finais aos súbitos de Sua Majestade e dita adeus turco à competição...

sábado, maio 10, 2014

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (4)...

Grupo A / 1ª Jornada

Malta - Inglaterra: 0-3

Golos: Roberts (2), Armstrong

Anfitriões mostram o porquê de serem um dos parentes pobres do futebol internacional...

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (3)...

Grupo B / 1ª Jornada

Portugal - Escócia: 2-0

Golos: Renato Sanches, Luís Mata

Lusos confirmam favoritismo (ao título) na estreia...

sexta-feira, maio 09, 2014

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (2)...

Grupo B / 1ª Jornada

Alemanha - Suíça: 1-1

Golos: Henrichs / Babic

Panzers esbarram no sólido muro helvético...

Flashes do Malta 2014/Europeu de Sub-17 (1)...

Grupo A / 1ª Jornada

Holanda - Turquia: 3-2

Golos: Verdonk, Nouri, Ould-Chikh / Unal, Aktay

Primeiro grande evento futebolístico (de cariz internacional) realizado no arquipélago de Malta abre com festejos em tons de laranja...

segunda-feira, maio 05, 2014

O primeiro xeque-mate boavisteiro foi há 100 anos

Histórica equipa do Boavista que em 1914 venceu a primeira edição do Campeonato do Porto
Nascidos no mesmo berço - a mui nobre cidade do Porto - Futebol Clube do Porto e Boavista Futebol Clube desde os primeiros anos de vida que ergueram entre si uma cortina de uma acérrima rivalidade bairrista que ao longo de mais de um século de história deu aso a inúmeros capítulos empolgantes e épicos. Rivalidade intensa que em diversas ocasiões ultrapassou as fronteiras das quatro linhas, como aconteceu, por exemplo, em 1912, ano em que a Associação de Futebol do Porto (AFP) é fundada - no dia 10 de agosto - por influência de portistas... e leixonenses. FC Porto e Leixões foram pois os dois emblemas responsáveis pela edificação daquela que é hoje em dia a maior associação distrital de futebol do país - no que a número de clubes e atletas diz respeito - deixando de lado desta empreitada histórica o outro grande clube da região, o Boavista Football Club, que ao que parece andava de candeias às avessas com os vizinhos azuis e brancos.

O emblema do
Boavista Football Club em 1914
Não tardou muito a surgir a vingança - por assim dizer - boavisteira, que menos de dois anos após a fundação da AFP ousou contrariar as leias da supremacia portista dentro da associação ao vencer a primeira edição do Campeonato do Porto. Feito assegurado há precisamente 100 anos, altura em que recém fundada AFP decide erguer o seu próprio campeonato, criando desde logo uma espécie de braço de ferro com a primeira competição que viu a luz do dia no norte do país, a Taça José Monteiro da Costa, prova sobre a qual o Museu Virtual do Futebol já dedicou largas linhas num passado não muito distante, e que, recorde-se, foi criada em memória do (re)fundador do FC Porto, precisamente José Monteiro da Costa, sendo esta durante a sua curta existência - entre 1910 e 1916 - encarada como o campeonato do Norte. Talvez por isso os portistas não terão dado grande importância ao primeiro regional do Porto, o qual foi olhado como uma prova de segundo plano, a julgar pelo facto de terem enviado a sua equipa de reservas para o prontapé de saída do campeonato organizado sob a égide da AFP. Pontapé de saída que seria dado a 4 de janeiro de 1914, no Campo do Bessa, a casa de um Boavista que na altura, ao que parece, (já) havia feito as pazes com os vizinhos da Constituição - a catedral que o FC Porto havia inaugurado precisamente um ano antes. E ao que parece pois os azuis e brancos num gesto de cortesia cederam um dos seus três guarda-redes aos vizinhos da avenida (da Boavista), neste caso Cecil Wright, que era a terceira escolha para a baliza dos dragões, atrás de Manuel Valença e de Peter Janson.

A equipa do FC Porto que socumbiu aos pés do Boavista
Pois bem, o Bessa encheu para ver as duas equipas mais representativas da cidade darem o citado pontapé de saída no Campeonato do Porto, que para além de boavisteiros e portistas teve igualmente como integrante o conjunto do Leixões. Como já foi dito a cabeça dos portistas estava na reconquista da Taça José Monteiro da Costa, perdida na temporada anterior para a Académica de Coimbra, pelo que no Campo do Bessa evoluiu com a camisola azul e branco um misto composto por habituais titulares e reservistas. Rezam no entanto as crónicas de então que apesar de «actuar desfalcadíssimo (o FC Porto) dominou a contenda, mas a falta de remate não lhe permitiu obter resultado favorável». A falta de remate e a tarde de verdadeira inspiração de... Cecil Wright, o inglês que os portistas cederam gentilmente aos boavisteiros, que ao que dizem fez intervenções... impossíveis, quiçá tentando mostrar - com algum sentimento de revolta à mistura - à casa mãe o erro que esta tinha cometido em autorizar a sua dispensa. Com a sua baliza bem segura e com um meio campo muito bem organizado sob a batuta de outro inglês, nesta caso Pye, o Boavista venceu o eterno rival por 2-1, dando assim o primeiro passo de uma caminhada que haveria de ser de glória.

Logotipo da AFP
Ainda longe de envergaram o tradicional - equipamento - xadrez  que os iria tornar populares não só em território nacional como em diversas paragens além fronteiras, os boavisteiros - que na época usavam camisola preta, calção branco, e meia preta - voltariam a entrar em campo no Regional da AFP a 25 de janeiro, dia em que receberam o frágil Leixões, a julgar pelo resultado de 9-0 com que os matosinhenses sairam do Bessa. Leixões que a 9 de fevereiro vendeu cara a derrota - caseira - diante do FC Porto por 2-3, fazendo desta forma com que o desafio alusivo à 4ª jornada, a realizar no Campo da Constituição entre portistas e boavisteiros, tivesse contornos de final, já que uma vitória - ou empate - dos visitantes dava-lhes praticamente o título de campeões, ao passo que um triunfo azul e branco relançava o interesse em redor da prova. O reduto do FC Porto encheu para presenciar o duelo do título, realizado a 1 de março, e ao que dizem as crónicas «renhido do princípio ao fim por duas equipas muito iguais». Os golos surgiram apenas na segunda parte, sendo o primeiro da autoria do boavisteiro Fernandes, na sequência de um pontapé de canto. Os portistas restabeleceram a igualdade por intermédio de Charles Allwood, não conseguindo traduzir em mais golos as suas restantes incursões à baliza de Cecil Wright, que mais uma vez foi a figura do jogo (!) ao defender quase tudo o que havia para defender. O guarda-redes do FC Porto emprestado ao Boavista segurou a preciosa igualdade a uma bola com que o jogo findou, e praticamente selou as contas do campeonato, que a 5 de abril encerraria com a definitiva consagração boavisteira no terreno do Leixões, traduzida em mais uma vitória - por números no entanto desconhecidos.
Com 7 pontos somados - contra apenas 5 do FC Porto - e um impressionante registo de 22 golos apontados e apenas dois sofridos o Boavista escrevia assim a sua primeira página de glória pela mão de imortais como Cecil Wright, A.Valente, Camposo, H. Valente, Nunes, Pye, Alvedos, Vasconcelos, Bastos, Reid, e Fernandes, os 11 heróis do título.

sexta-feira, maio 02, 2014

ENTREVISTA: O endiabrado Marlon Brandão retira do seu baú de memórias alguns momentos de uma brilhante carreira


O fascínio pelas redes adversárias sempre
acompanhou Marlon Brandão ao longo
da sua caminhada no planeta do futebol
Ele foi um dos maiores pesadelos dos defesas do futebol português nas décadas de 80 e 90. Dono de um drible desconcertante aliado a uma velocidade vertiginosa ele perpetuou a sua figura na mente dos adeptos do belo jogo, na mente de todos aqueles que exultavam com o futebol espetáculo, há que sublinhá-lo. Ele é Marlon Brandão, o endiabrado Marlon que nos relvados por si pisados desenhou verdadeiras obras de arte que hoje o Museu Virtual do Futebol tem o prazer de recordar ao receber - com honra - a visita deste artista nascido a 1 de setembro de 1963 na cidade paulista de Marília. Por nós acompanhado numa cativante viagem ao passado o antigo craque da bola com nome de estrela de cinema - Marlon Brando - reviveu alguns dos principais capítulos da sua inesquecível história no planeta do futebol, com destaque para o período vivido em Portugal, onde foi o terror de uma série de zagueiros cujos nomes prefere nem se lembrar em virtude das duras placagens de que foi alvo. A glória alcançada ao serviço do Boavista, a curta mas feliz passagem pelo Estrela da Amadora, e o período de seca (de títulos) vivenciado em Alvalade foram alguns dos temas retirados do baú das memórias de uma lenda que hoje - na casa dos 50 anos - continua ligada ao mundo da modalidade que tanto ama, agora na qualidade de empresário. A bola é tua Marlon.

Museu Virtual do Futebol (MVF): Como todas as histórias também a do Marlon Brandão teve um início...
Marlon Brandão (MB): ...É. A minha história começou na minha cidade natal, Marília, no Estado de São Paulo, onde com 17 anos fui chamado ao time principal do Marília Atlético Clube, que naquela época (princípio da década de 80) disputava um dos melhores campeonatos do Brasil, o famoso Paulistão (nota: a alcunha pelo qual é popularmente conhecido o Campeonato Estadual de São Paulo). Depois disso segui para o Guarani de Campinas, onde estive durante três anos, a jogar na 1ª Divisão brasileira, tendo tido como companheiros grandes jogadores brasileiros, como por exemplo, o Careca, que foi internacional e jogou no Napoli juntamente com o Maradona


Careca e Marlon,
nos tempos do Guarani
MVF: Se não me engano, foi durante a sua estadia em Campinas que o Marlon passou a atuar nas alas, pois em Marília, onde permaneceu até 1982, era um matador de área, ou seja, jogava como avançado-centro...
MB: Sim, é verdade. No Marília, onde fiz a minha formação como futebolista, eu comecei a jogar como centro avante, pois apesar da minha (baixa) estatura eu cabeceava bem, além de que também rematava bem e tinha muita garra, o que incomodava muito os defesas contrários. Era igualmente um jogador com muita velocidade, com um bom drible, e foi efetivamente no Guarani que comecei a treinar na linha. 

MVF: E assim começou a saga do endiabrado Marlon, o homem dos dribles desconcertantes construídos a uma velocidade vertiginosa para os defesas contrários. Contudo, e olhando para a história, em Campinas o Marlon apenas aprimorou, digamos assim, um talento que viria a ser aproveitado mais tarde por outros emblemas.
MB: Depois do Guarani eu fui emprestado ao Esportivo de Bento Gonçalves, do Rio Grande do Sul, em 1984, e lá fiz um belíssimo campeonato, em que se não me engano apontei 10 golos. Foi nessa altura que fui contactado pelo treinador Ernesto Guedes, que me viu jogar e me indicou ao Santa Cruz do Recife, onde posteriormente fui então emprestado por um ano. Nesse ano de 1985 eu fiz um grande campeonato brasileiro com a camisa do Santa Cruz, marquei 8 golos no Brasileirão (nota: a alcunha pelo qual é conhecida a Série A do Campeonato do Brasil) e 12 no campeonato de Pernambuco. Foi então que o Santa Cruz comprou em definitivo o meu passe ao Guarani, e posso dizer que passei grandes momentos em Pernambuco, onde fui ídolo com a camisa do Santa Cruz, e até hoje os torcedores têm o maior carinho e respeito por mim. 

Marlon, festeja um golo
com a camisola do Santa Cruz
MVF: Em Pernambuco o endiabrado Marlon mostrou-se ao mundo do futebol...
MB: Como já disse passei grandes momentos nos dois anos que joguei pelo Santa Cruz. Fui campeão estadual em 1986, fiz grandes jogos no Campeonato Brasileiro, e isso valeu-me a chamada à seleção de novos (nota: também conhecida por seleção de base) do Brasil para disputar o Campeonato Sul-Americano, que nesse ano decorreu no Chile...

MVF: ... Recorde-nos esse momento histórico da sua carreira, o momento em que envergou a mítica camisa do escrete.
MB: Recordo-me que o selecionador era o Jair Pereira, que trabalhou em clubes como o Fluminense, Bofafogo, Corinthians, entre outros. O nosso capitão de equipa era o Dunga, que toda a gente conhece. Quanto a mim, posso dizer que tive uma boa participação nesse campeonato, joguei bem nos três jogos que disputei. Infelizmente perdemos nas meias-finais com a Colômbia, no desempate através de grandes penalidades, tendo acabado por nos classificar em terceiro lugar. Guardo pois boas memórias dessa minha experiência com a seleção.



Em representação da seleção de base
do Brasil, aqui a defrontar a Colômbia
MVF: Foram essas boas exibições pela seleção de base aliadas às excelentes épocas patenteadas pelo Santa Cruz que o ajudaram a conquistar o passaporte para o futebol europeu? Isto, porque, e olhando para as datas, foi precisamente em 86 que as portas do futebol europeu se abriram para o Marlon.
MB: Bom, antes de ir para Portugal apareceram várias propostas de clubes brasileiros, já que eu tinha realizado dois bons campeonatos brasileiros. Entre outras recordo-me que recebi propostas do Internacional e do Palmeiras, último clube este do qual eu era, e sou ainda, adepto. Mas foram propostas que não me interessaram muito, e foi em seguida que apareceu o Sporting que me fez uma proposta sobre a qual nem pensei duas vezes. Aceitei de imediato. 

MVF: O nome do Sporting era-lhe familiar?
MB: Sim, o nome do Sporting era muito conhecido aqui no Brasil. Recordo que na época (1986/87) jogavam lá alguns brasileiros, como por exemplo o Duílio, o Silvinho, ou o Mário. E o que posso dizer é que fui bem recebido assim que cheguei. Recordo, no entanto, que a adaptação no início foi difícil, sobretudo ao nível do clima, pois não é fácil sair de Recife com temperaturas a rondar os 40 graus e chegar a Lisboa com os termómetros a marcarem 5 graus. Mas depois tudo foi tranquilo. 


No período em
que vestiu a camisola
do Sporting


MVF: Esteve três temporadas em Alvalade, sendo que pelo meio ainda foi emprestado ao Estrela da Amadora, em 88/89. Porém, no Sporting viveu o período da chamada "seca de títulos", sendo a exceção a Supertaça Cândido de Oliveira de 86/87, conquistada diante do Benfica, dois jogos em que o Marlon foi suplente utilizado. Uma supertaça que no entanto soube a pouco para um clube que estava sedento de títulos nacionais desde 1982...
MB: Eu fiz um bom trabalho no Sporting, e de facto apenas faltou conquistar um título de campeão nacional. Não foi por falta de qualidade do grupo, que sempre teve grandes jogadores. Lembro, por exemplo, do Vítor Damas, Manuel Fernandes, Oceano, Venâncio, o bi-bota (de ouro) Fernando Gomes, Luisinho, Douglas, Duílio, Mário, Silvinho, lembro ainda do Figo, que na época era um garoto que treinava muitas vezes com o plantel principal, o Carlos Manuel, o meu amigo Fernando Mendes, puxa, tanta gente com quem tive o prazer de trabalhar, todos eles grandes jogadores, e como tal não foi por falta de qualidade que o Sporting não foi campeão nesse período em que estive lá. Como você falou estive uma época no Estrela da Amadora, clube para o qual fui emprestado na sequência de alguns problemas que tive com o então treinador do Sporting (nota: António Morais) e recordo que fiz uma boa época na Reboleira, além de que guardo excelentes recordações do clube, no qual fui muito bem acolhido por todos, desde o presidente, passando pelo treinador João Alves, pelos meus companheiros, e pela torcida.


MVF: Facto curioso que sobressai na estadia de oito temporadas do Marlon em Portugal é a sua veia goleadora em finais de Taça de Portugal!
MB: Pois é, disputei três finais de taça, uma pelo Sporting (em 1987 contra o Benfica) e duas pelo Boavista (uma ante o FC Porto em 1992, e outra diante do Benfica no ano seguinte), e fiz golos em todas elas. 
A equipa do Boavista que no relvado do Jamor venceu a Taça de Portugal de 1992
MVF: Por falar em Boavista, a sua carreira no Bessa, onde chegou em 90/91, é ainda hoje por muitos considerado o melhor período do Marlon Brandão ao serviço do futebol português. Foram de facto quatro épocas douradas de xadrez vestido...
MB: Na verdade no Boavista tudo foi ótimo! Vencemos uma Taça de Portugal (em 1992) com uma vitória sobre o FC Porto, em que fiz um golo de cabeça, e em cima do mesmo Porto vencemos a Supertaça Cândido de Oliveira com dois golos meus. Fui muito feliz no Bessa, onde convivi com grandes nomes do futebol, gente muito boa, como o Alfredo, o Paulo Sousa, o Caetano, o Casaca, o João Vieira Pinto, o Ricky, o Artur, o Lemajic, o Nélson Bertollazi, o Pedro Barny, entre outros. Ah, não me posso esquecer da eliminatória da Taça UEFA de 1991/92 contra o poderoso Inter de Milão, que era o detentor do troféu, e que tinha grandes nomes internacionais, como o Klinsmann, o Matthaus, o Brehme, ou o Zenga, e que no Bessa perdeu 2-1, tendo eu feito um dos golos, golo esse que até hoje recordo, já que foi um dos mais bonitos e importantes da minha carreira. Nesse jogo demos uma lição de humildade aos jogadores do Inter, que antes do encontro haviam dito que nós (Boavista) éramos o clube das camisolas esquisitas e depois... deu no que deu. No futebol, como na vida, tem de haver humildade, certo? Pois bem, volto a dizer que fui muito feliz no Boavista, assim como o fui no Estrela, e no Sporting, onde apenas faltou um título de campeão nacional. 

Marlon segura a Supertaça
Cândido de Oliveira que ajudou
a conquistar com dois golos seus
MVF:  No Bessa conviveu com uma figura marcante na história do clube, o major Valentim Loureiro.
MB: Tudo o que posso dizer sobre ele é que sempre foi correto comigo.

MVF: E treinadores, quais os nomes que o marcaram durante a sua passagem por Portugal?
MB: Sem dúvida alguma o mister Manuel José, que aliás me trouxe para Portugal, para o Sporting, e o João Alves, com quem trabalhei no Estrela e me levou para o Boavista. 


MVF: Recordando o seu estilo diabólico, com sprints serpenteantes que punham a cabeça dos defesas contrários à roda, também deve reter na memória alguns nomes das vítimas do seu futebol rendilhado.
MB: Puxa, zagueiros duros encontrei muitos ao longo da minha carreira, tanto no Brasil como em Portugal. Sempre fui vítima de entradas violentas por parte de alguns deles em consequência da minha forma de jogar. Batiam-me tanto que nem gosto de me lembrar dos nomes deles (risos). Eram muito maldosos, sim, mas já faz tanto tempo que nem vale a pena falar em nomes.


Infernizando a vida aos adversários
com as cores do Valladolid
MVF: Terminou a carreira no futebol europeu na temporada de 93/94, altura em que deixou Portugal para rumar a Espanha, onde trabalhou no Valladolid, embora sem o sucesso granjeado em solo lusitano...
MB: Sim, confesso que em Espanha as coisas podiam ter corrido melhor, mas mesmo assim recordo essa passagem pelo Valladolid, da 1ª Divisão espanhola, como uma boa experiência. À semelhança de Portugal encontrei lá boas pessoas, que foram sempre muito corretas comigo. 

MVF: Olhando para o presente, onde o Marlon continua ligado ao futebol, agora na qualidade de empresário. Hoje em dia são muitas ou poucas as semelhanças com o futebol do seu tempo?
MB: Olha, na minha época era tudo muito diferente. Jogávamos com amor à modalidade, e hoje tem cada jogador que vou-te contar... Jogadores muito fracos, mas que são muito bem pagos. Imagina se hoje o Futre, um jogador que eu adorava ver atuar, ou o Maradona jogassem, pensa só quanto eles iriam ganhar por ano!


Marlon, com as cores da canarinha
MVF: Não posso encerrar esta visita ao Museu sem antes pedir a sua opinião sobre um evento que daqui a poucos dias vai decorrer ai no Brasil, o Campeonato do Mundo. Quais as suas previsões para essa Copa.
MB: No aspeto desportivo as minhas espectativas são as melhores, ou seja, acho que o Brasil pode ganhar a copa, vai ser difícil mas pode alcançar o hexa campeonato. Agora, quando se fala em estruturas acho que a copa vai ser um fracasso, pois o país não está preparado para receber um evento como esse. Infelizmente, vocês vão ver que eu tenho razão quando o campeonato começar. Gastaram muito dinheiro na construção de estádios, mas em muitos Estados falta ainda muita coisa no que diz respeito a estruturas. Essa Copa vai ser um caos!

MVF: É esperar para ver. Bem Marlon, só podemos agradecer-lhe o facto de ter aceite o nosso convite para visitar o Museu Virtual do Futebol e recordar, ainda que ao de leve, alguns episódios da sua brilhante carreira...
MB: ... Eu confesso que não gosto muito de dar entrevistas, mas aceitei esse convite em consideração a um país (Portugal) onde sempre fui tratado com carinho e respeito. Envio daqui um grande abraço para todo o povo português, esperando que o país saia rapidamente dessa crise financeira pela qual está passando de momento.

MVF: É, a crise, palavra maldita para um povo admirador do talento bruto de um dos melhores jogadores do campeonato português dos finais dos anos 80 e principios de 90, um dos atletas responsáveis pela minha eterna paixão pelo belo jogo, um dos meus ídolos de menino. Foi pois com enorme satisfação que troquei estas palavras com uma lenda eterna do futebol, com um grande senhor, que além de craque - ou ter sido um craque - prima por uma simplicidade e simpatia extrema, característica pouco comum no futebol de hoje. Infelizmente. Obrigado Marlon.