O mundo do jornalismo desportivo lusitano ficou muito mais pobre neste final de 2010 com o desaparecimento de um dos seus maiores astros... Aurélio Márcio. Se de uma lendária equipa de futebol se tratasse então poderíamos dizer que este vulto da pena fez parte do maior “dream team” lusitano de todos os tempos. Um combinado composto por lendas como Vítor Santos, Carlos Pinhão, Homero Serpa, ou Alfredo Farinha, todos com a camisola de “A Bola” vestida. Aurélio Márcio era um dos elementos mais destacados dessa famosa equipa. O encanto e sabedoria da sua escrita fizeram dele um dos grandes mestres do jornalismo desportivo. Na sua veia literária corria o sangue crítico de Santos Neves, de quem se dizia grande admirador, ou o estilo único e belo do mestre Cândido de Oliveira.
Aurélio Márcio nasceu no norte, mais concretamente em Fafe, a 12 de Julho de 1919, tendo iniciado a sua ímpar carreira no “Diário Popular”, em 1943, onde começou a coleccionar prémios de cariz individual alusivos à mestria do seu notável trabalho. Espalhou ainda o seu perfume literário pelas páginas de “O Século”, “Record”, ou a “Gazeta dos Desportos”. Também os microfones de algumas rádios nacionais foram testemunhas da melodia da sua inigualável sabedoria desportiva, tais como a “Emissora Nacional”, a “TSF”, ou a “Rádio Renascença”.
Mas seria “A Bola” que guardaria alguns dos maiores tesouros literários de um vulto que viajou pelos cinco continentes, sempre com a bola como motivo principal. Neste aspecto Aurélio Márcio é um ícone a nível planetário, já que foi o jornalista da história que mais Campeonatos do Mundo e da Europa cobriu enquanto profissional. No que concerne aos primeiros esteve em 10 Mundiais, tendo a estreia ocorrido em 1966, no célebre Mundial de Inglaterra onde os “Magriços” de Eusébio e companhia brilharam a grande altura. Em termos de Europeus o seu vasto e rico currículo conta com oito presenças. Notável, e apetece mesmo dizer que muito dificilmente alguém irá derrubar este recorde pessoal que mereceu já uma distinção da parte da FIFA.
Distinções é coisa que aliás não falta no trajecto deste homem... que foi condecorado com a Medalha de Prata de Mérito Concelhio da Câmara Municipal de Fafe, a Medalha de Bons Serviços - Desporto do Ministério da Educação Nacional, a Medalha de 25 anos do CNID e da Comenda da Ordem de Mérito, agraciado pela Presidência da República Mário Soares. Palavras para quê?
O mito abandonou o Mundo terrestre no passado dia 20 de Dezembro, aos 91 anos, vítima de doença prolongada.
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