Augusto Sabbo |
sexta-feira, maio 28, 2021
Arquivos do Futebol Português (15)...
quinta-feira, maio 27, 2021
Emblemas históricos (15)... Luso Atlético Club
Emblema do Luso Atlético Club |
Na verdade, trata-se de um emblema que assumiu uma importância de relevo no futebol popular/amador portuense dos anos 20 e 30 do século passado e que hoje não passa de uma quase desconhecida recordação. É nesse sentido que abrimos hoje as nossas portas para lembrar o Luso Atlético Club.
E para contar a história deste hoje extinto clube vamos apoiar-nos na tal prenda que nos foi oferecida, mais concretamente o trabalho académico desenvolvido por Lívio Correia no âmbito do III Congresso de História da Santa Casa da Misericórdia do Porto, que decorreu nos dias 13, 14 e 15 de novembro de 2014 na Casa da Prelada (Porto), obra essa intitulada de “António da Silva Moreira – Mecenas do Luso Atlético Club”.
A obra foca precisamente o mentor deste clube constituído a 14 de abril de 1924 num terreno inserido na Quinta do Lima. Foi nesta extensa área agrícola que, recorde-se, o Académico Futebol Clube viria a construir o primeiro grande e amplo estádio do país, o Estádio do Lima.
António da Silva Moreira |
Nascido a 28 de janeiro de 1876, este filho de abastados lavradores da freguesia de Silva Escura, na Maia, explorou várias empresas ligadas a diversos ramos de atividades comerciais, mas a sua empresa mais importante terá sido um armazém têxtil situado no edifício do Convento da Trindade, no Porto.
Cartão de associado do Luso Atlético Club |
Ficou conhecido nos meandros dos negócios como uma pessoa cortês e prestativa, sendo que do ponto de vista pessoal era tido como alguém sempre pronto a ajudar, uma espécie de mecenas. Era uma figura com interesses culturais, sendo um habitual frequentador do cinema Júlio Dinis. Era igualmente um apaixonado pela atividade desportiva, e foi um dos principais incentivadores da prática do desporto amador na cidade em várias modalidades, sendo o futebol uma delas.
Nessa condição financiou um clube amador então existente na urbe portuense, a União Desportiva Lusitana, com sede na sua residência, a Rua Visconde de Setúbal. Tempos mais tarde este clube extinguiu-se para dar então lugar ao Luso Atlético Club.
Desde a nascença que o Luso foi um clube estritamente de cariz popular, virado para o desporto amador, sendo que António da Silva Moreira foi desde o início o seu principal financiador, o seu principal rosto, tendo naturalmente desempenhado o cargo de presidente. O símbolo do clube reflete a exaltação nacionalista da época ao apresentar uma águia voante enquanto símbolo da moda na heráldica desportiva.
Planta do Campo do Luso |
António da Silva Moreira viria a empenhar-se na construção do Campo do Luso, o palco onde o clube desenvolvia toda a sua atividade desportiva, com o futebol como cabeça de cartaz. No belo jogo o Luso Atlético Club atingiu projeção nos escalões secundários do futebol portuense, embora são poucos os registos que retratam a atividade desportiva do clube nos retângulos do jogo.
Equipa do Luso que se sagrou campeã de reservas da 2.ª divisão da AFP em 32/33 |
O complexo habitacional do Luso onde outrora estava instalado o campo de jogos |
quinta-feira, maio 20, 2021
Arquivos do Futebol Português (14)...
Nesse dia tinha início o primeiro capítulo de uma rivalidade
desmedida e apaixonante que todos os anos – pelos menos em duas ocasiões –
divide a Cidade de Lisboa em duas barricadas, uma verde e outra vermelha. É o
grande derby do futebol português, e um dos mais intensos do “desporto rei” a
nível global, é o “derby eterno” como assim ficou eternamente popularizado.
E derby não é derby sem uma pitada de picardia para aguçar ainda mais o apetite da rivalidade, e desde a primeira hora que um Benfica – Sporting, ou vice-versa, foi envolto em polémicas. Neste primeiro confronto, referente à 3ª jornada do Campeonato Regional de Lisboa, o Sporting entrou em campo com oito ex-benfiquistas no seu “onze” (!), nomeadamente José da Cruz Viegas, Emílio de Carvalho, Albano dos Santos, António Couto, António Rosa Rodrigues, Daniel Queirós dos Santos, Henrique Costa, e Cândido Rosa Rodrigues. Ao que parece o Sporting terá oferecido a estes jogadores condições de higiene, digamos assim, que não existiam na casa do rival, tais como um banho quente no final da cada jogo e camisolas limpas no intervalo dos mesmos!
E seria curiosamente um dos ”traidores” – na boca dos benfiquistas – , mais precisamente Cândido Rosa Rodrigues, a entrar definitivamente para a história dos “derby's eternos” já que é da sua autoria o primeiro golo do duelo entre os dois rivais lisboetas. Cândido Rosa Rodrigues é um dos irmãos "catatau" que esteve na génese da fundação do Grupo Sport Lisboa. Ele pertencia ao Grupo de Futebol Lisbonense que se juntou à Associação do Bem (de Cosme Damião), constituída por ex-alunos da Casa Pia, para formar então o Grupo Sport Lisboa, no dia 28 de fevereiro de 1904.
Cândido Rosa Rodrigues |
Mas voltando ao primeiro duelo entre os dois rivais de Lisboa para recordar um episódio caricato, que foi o facto de minutos após Corga ter restabelecido a igualdade no marcador os jogadores do Sporting terem abandonado o terreno de jogo devido aos fortes aguaceiros que se abateram sobre Carcavelos, tendo voltado ao “campo de batalha” apenas por imposição do árbitro da contenda, o inglês Burtenshaw. E voltariam para festejar de novo na sequência de um lance infortúnio do lendário capitão benfiquista Cosme Damião que ao introduzir a bola na sua própria baliza oferece o triunfo – por 2-1 – aos leões. Segunda as crónicas a altura este foi um jogo intenso, rijamente disputado, onde se sentiu o clima de tensão entre os dois clubes devido à "traição" dos oito desertores do Sport Lisboa para o Sporting
Equipa do Sporting na temporada de 1907/08 |
Benfica: Persónio, Luís Vieira, Leopoldo Mocho, Alves, Cosme
Damião, Bragança, Bermudes, António Costa, Corga, António Meireles, e França.
Sporting: Emílio de Carvalho, Queirós dos Santos, Belo, Albano dos Santos, Couto, Nóbrego de Lima, António Rodrigues, Eagleson, Viegas, Cândido Rosa Rodrigues, e Henrique Costa.
Nesta temporada (07/08) os ingleses do Carcavelos voltaram a ser campeões de Lisboa, e desta feita invictos, isto é, em 10 jogos disputados somaram 10 triunfos, marcaram 61 golos e sofreram apenas seis. Seguiram-se na classificação final o Sporting (14 pontos), o Sport Lisboa (10 pontos), o Lisbon Cricket (9 pontos), o CIF 84 pontos) e o Cruz Negra (3 pontos).
A 13 de setembro de 1908 dá-se um acontecimento importante com o surgimento do Sport Lisboa e Benfica. O Sport Lisboa despede-se do bairro de Belém indo fundir-se com o Grupo Sport Benfica, que detinha um terreno de jogo naquele local.
Emblema do OCC |
terça-feira, maio 18, 2021
Grandes Mestres do Jornalismo Desportivo (18)... Vítor Santos
Nascido
a 31 de maio de 1923, na freguesia de Triana (Alenquer), Vítor Gonçalves dos
Santos fez todo o seu percurso profissional no jornal da Travessa da Queimada,
para onde entrou em 1950 como colaborador.
Embora
não tivesse feito parte dos fundadores de A Bola, ele foi um dos grande
impulsionadores para o prestígio do jornal. Reza a história que a entrada para
este jornal se deu a 1 de novembro de 1950 e que o seu primeiro trabalho terá
sido a crónica de um Benfica - Oriental. Quatro anos depois passa a redator,
facto que faz com que abandone o 3.º ano da licenciatura no Instituto Superior
de Agronomia.
Cândido
de Oliveira, figura maior de A Bola naqueles dias, cedo percebe as qualidades
de Vítor Santos, convidando-o a assumir o cargo de chefe de redação. Sob a
batuta do jornalista de Alenquer o jornal vive alguns dos seus melhores anos de
vida, tornando-se uma referência na imprensa desportiva nacional e internacional.
Vítor
Santos fundou ainda juntamente com outros vultos do jornalismo desportivo
português, como Alves dos Santos, Artur Agostinho, Mário Zambujal, Fernando
Soromenho, Manuel Mota, Vítor Sérgio, Mário Cília, Vasco Resende, Carlos Pinhão,
e, Aurélio Márcio, em 1966, o CNID – Clube Nacional de Imprensa Desportiva, que
institui um prémio com o seu nome para distinguir uma jovem promessa da
imprensa escrita desportiva. A mestria e profissionalismo de Vítor Santos
valeram-lhe inúmeras distinções ao longo de uma carreira desenrolada somente ao
serviço da sua amada A Bola. Entre os muitos prémios que recebeu destacam-se o
facto de em 1886 ter sido distinguido pelo Presidente da República com a
Medalha de Mérito Desportivo e em 1990 com a Comenda da Ordem do Infante. Foi
ainda distinguido pela FIFA com a Bola de Ouro, troféu cultural que distingue
os principais nomes do jornalismo.
Viria
a falecer a 21 de dezembro de 1990 e dele outro vulto do jornalismo desportivo
português, Alfredo Farinha, disse um belo dia: "Vítor Santos está para A
Bola como São Pedro está para a Igreja Católica". Palavras para quê?
O
nome de Vítor Santos faz parte da toponímia de: Lisboa (Freguesia de Carnide,
ex- Rua B da Urbanização da Horta Nova); Sintra (Freguesia de Algueirão-Mem
Martins).
Seria
ainda homenageado pela sua terra natal, que a 30 de junho de 1995 descerrava a
placa do Complexo Municipal de Piscinas Vítor Santos.
domingo, maio 09, 2021
Museus REAIS do Futebol - Sala de Troféus do Leixões Sport Clube
Sem contar, um dia destes os caminhos profissionais levaram-se a travar conhecimento com uma pequena mas encantadora sala de troféus de um dos mais populares clubes de Portugal, o Leixões Sport Clube. Esta agremiação desportiva de Matosinhos foi fundada em 1907 e ao longo de mais de um século de história arrecadou algumas centenas de troféus, não só no futebol, a modalidade rainha do clube, como igualmente em modalidades como o voleibol, o andebol, o atletismo, o ciclismo, o bilhar, o hóquei em patins, entre outras. Troféus esses que estão religiosamente guardados no Estádio do Mar, a casa dos leixonenses. Trata-se de uma grande vitrina em formato de escada situada no auditório do clube, onde habitualmente se realizam as conferências de imprensa.
À parte da vitrina principal encontra-se guardado quiçá o troféu mais importante da história do clube, a Taça de Portugal em futebol. Título conquistado em 1961, quando o Leixões venceu por 2-0 o FC Porto em pleno Estádio das Antas. Pela importância que tem este troféu está guardado na redoma quadrada (imagem anterior), posicionado de uma forma relevante e em frente da vitrina principal. Um pouco afastado desde local encontram-se algumas fotografias em tamanho gigante do maior feito desportivo do clube, mais concretamente, com a foto da equipa vencedora da taça e do capitão leixonense a carregar o troféu.
Pequena, como já referimos, mas ao mesmo tempo rica, ou não guardasse alguma da história de um emblema que esteve por mais de duas dezenas de ocasiões na I Divisão Nacional e que por quatro vezes participou nas competições europeias de futebol, assim podemos classificar a sala de troféus do Leixões.
sexta-feira, maio 07, 2021
Cidades do Futebol (3)... Turim: o berço do futebol italiano onde nasceu um gigante (Juventus) e um infeliz desta vida (Torino)
Foi em Turim que o futebol em Itália nasceu |
A
popularidade do futebol em Itália excede aquilo o que se vê e sente noutros
países do globo, de tal maneira é a paixão fervorosa com que o Belo Jogo é encarado. E esta paixão
registou-se muito antes de o futebol moderno - nascido em Inglaterra - ter
visto a luz do dia, pois contrariamente ao que acontece com a maioria dos
países da Europa em terras transalpinas já existia um jogo semelhante ao
futebol criado por volta do século XVI, o Calcio
Florentino. Era uma mistura de futebol e rugby, a partir do qual dizem muitos historiadores que viria a
desenvolver-se o futebol moderno.
Efetivamente,
este último só floresce em Itália no século XIX por influência britânica, tal
como na maior parte do planeta, tendo como berço a região norte do país, mais
concretamente na cidade de Turim, embora em Génova e Milão muitos ingleses na
última década do atrás citado século dão início ao pontapé na bola em termos
mais oficiais com a criação de clubes. Mas é em Turim que o futebol nasce em
Itália.
Turim
era então, e continua a sê-lo nos dias de hoje, uma cidade industrial, onde
predomina(va) a classe trabalhadora, com uma vontade férrea de vencer sob todos
os aspetos. Em contraposto está Milão, cidade ligada à moda, que sempre levou
um estilo de vida com mais glamour e
mais etiqueta.
Edoardo Bosio, o pai do futebol italiano
Edoardo Bosio |
Equipado
de camisa listrada vermelha e preta, este clube além de futebol permitia aos
seus integrantes praticarem críquete e o remo, outra grande paixão desportiva
de Bosio. Porém, é o futebol que rapidamente começa a contagiar os habitantes
de Turim, e dois anos depois, em 1889, nascia o Nobili Torino, sendo que a
partir daqui a atividade futebolística da cidade orbitava em torno destes dois
clubes, os dois mais antigos da Itália, disputando acérrimos encontros entre
eles, pelo que podemos afirmar que o Nobili Torino - Torino FCC é o clássico,
ou dérbi, mais antigo da Itália.
A camisola do Torino FCC |
No
entanto, era em Turim que o futebol continuava a crescer a olhos vistos e em
1894 nasce o FC Torinese, ao passo que a Royal Gymnastics Society of Turin (já
ativa desde 1844) cria em 1897 a secção dedicada ao jogo de futebol. No mesmo
ano, um grupo de jovens alunos do colégio clássico Massimo d'Azeglio fundou o Sport-Club
Juventus, escolhendo como manto sagrado um elegante uniforme rosa com gravata
ou taramelo. Mal sabiam que estavam a dar o primeiro passo de um clube que com
o passar das décadas se haveria não só de tornar no emblema mais popular e
laureado de Itália como um dos maiores de todo o Mundo, a Vecchia Signora (a Velha Senhora), a toda poderosa Juventus.
Início da competição futebolística em Itália acontece em Turim
O Torinese em 1894 |
Fase de um no Velódromo Umberto I |
Equipa da Juventus que em 1905 venceu o seu primeiro scudetto |
Estávamos a 3 de dezembro quando na Cervejaria Voigt, na via Pietro Micca, se estabeleceu uma aliança entre os membros do FC Torinese e alguns dissidentes da Juventus, que assim deram vida ao Torino FC. Dez dias depois, o novo clube disputa o seu primeiro jogo contra o Pro Vercelli, e o Toro vence por 3-1.
Juve mais vitoriosa mas o coração dos nativos de Turim é do Toro
Um dos primeiros dérbis de Turim |
Porém,
o Torino também provou do sabor da glória em algumas ocasiões. o primeiro marco
histórico chegou em 1927 quando venceu o primeiro scudetto, um feito repetido um ano depois.
O nascimento do Grande Torino dos anos 40
A equipa do Grande Torino |
No entanto, a era dourada do Toro acontece nos anos 40, altura em que é tida não só como a melhor equipa de Itália como de toda a Europa. É a era do Grande Torino, da equipa que venceu quatro campeonatos consecutivos entre 1946 e 1949, além de praticar um futebol vistoso que lhe valeu o título de melhor equipa do Mundo por parte de adeptos, meios de comunicação social e até mesmo dos rivais.
Sob
a batuta do lendário treinador Vittorio Pozzo, Il Grande Torino era liderado dentro do campo pelo carismático
avançado Valentino Mazzola. Inúmeras façanhas ficam na memória de todos aqueles
que viram as obras de arte do Toro na mítica década de 40, a título de exemplo
os 125 golos apontados em 47/48, ou a vitória da Itália sobre a então
superpotência Hungria em que a Squadra
Azzurra era composta por 10 jogadores do Torino. Mas a história deste clube
tem tanto de glorioso e mágico como de trágico como mais à frente iremos ver
nesta visita a Turim.
Combi |
Apesar
de não ser um guarda-redes muito alto – media 1,71m – Combi primava por uma
robustez física impressionante que aliada à sua garra e determinação em jogar
futebol, por vezes nas condições mais adversas, fizeram dele um dos atletas
mais venerados pelos tiffosi (adeptos)
daquela altura. Recorde-se neste aspecto uma partida contra o Modena onde
actuou com três costelas partidas e um outro encontro ante a Cremonese onde
jogou com várias vértebras danificadas.
Possuindo
na época um dos conjuntos mais fortes do
calcio não era de estranhar que a Juventus fosse um dos principais fornecedores
de jogadores às seleções italianas dos anos 30. Uma década de extrema glória
para os azzurri que como se sabe
arrecadariam dois títulos mundiais (1934 e 1938). E no primeiro deles Combi
assumiu-se como um dos atores principais da épica conquista italiana. A jogar
em casa a squadra azzurra do lendário
treinador Pozzo foi capitaneada e comandada desde a baliza, o mesmo é dizer por
Giampiero Combi que nos céus de Roma teve a honra de erguer a primeira Taça do
Mundo arrecadada pela Itália. Pela azzurra
actuou por 47 ocasiões, tendo-se estreado em 1924 num jogo ante a Hungria, em
Budapeste. Para além do título Mundial conquistaria ainda pela equipa nacional
a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 1928 (Amesterdão).
Abandonou
a carreira de futebolista aos 32 anos com um total de 367 jogos no currículo
disputados com as cores da sua Juventus. Penduradas as chuteiras Combi
continuou ao serviço da Juve por vários anos quer como olheiro quer como
colaborador técnico. Morreu em 1956 devido a um enfarte, numa altura em que
colaborava com o recém eleito presidente da Juve Umberto Agneli que procurava
recolocar a “Velha Senhora” no caminho do sucesso depois de uma fase menos boa
do nobre emblema transalpino.
Juve
e Toro estabeleceram-se no sul da cidade, com os estádios separados por uma
rua. E por falar em estádios não podemos deixar de falar de dois palcos que
tiveram uma enorme importância no futebol não só de Turim como da própria
Itália.
Communale e Filadelfia, duas catedrais míticas da cidade
Uma imagem atual do Stadio Olimpico |
Este
recinto foi palco não só de dezenas de conquistas nacionais como também das
primeiras vitórias da Vecchia Signora
a nível internacional, e neste aspeto podemos lembrar a primeira conquista
europeia, acontecida em 1977, mais concretamente a Taça UEFA, sendo que na
primeira mão, ocorrida em Turim, a Juve bateu por 1-0 ao Athletic de Bilbao,
tendo perdido a segunda mão em San Mamés por 1-2, mas beneficiando do golo
obtido fora de portas para levantar o primeiro caneco internacional. O Communale
de Turim foi ainda palco de três encontros do Europeu de 1980, organizado pela
Itália, tendo ficado lembrado pelos tristes episódios de holliganismo
proporcionado pelos adeptos ingleses cujo quartel general foi instalado
precisamente em Turim, onde a seleção dos Três
Leões efetuou dois encontros. Com a construção do Estádio Delle Alpi e mais
recentemente com a edificação do moderno Juventus Stadium o Communalle perdeu
algum brilho, pese embora tenha sido recentemente modernizado para servir de
casa ao Torino.
Estádio Filadelfia |
É um recinto com uma arquitetura muito
simples nos sistemas e estruturas, com o aparato decorativo reduzido ao mínimo
e limitado ao mastro da bandeira na entrada. A inauguração ocorreu no dia 17 de
outubro do mesmo ano, na presença do Príncipe Umberto, da Princesa Maria Adelaide
e mais de 15.000 espectadores.
O
Filadelfia está intimamente ligada à epopeia do Grande Torino, sendo que para
qualquer adversário deste clube sair na década de 40 do Filadélfia invicto era considerado
um verdadeiro feito. Ao longo de mais de seis anos o Toro nunca perdeu neste campo.
O desastre aéreo de Superga que acabou com Il Grande Torino
Destroços do avião que transportava a equipa do Toro |
A
4 de maio de 1949 o avião Fiat G212 partiu de Lisboa levando a bordo toda a
equipa desse mítico Toro. Esta tinha disputado na capital portuguesa um encontro
amigável com o Benfica, em homenagem a Francisco Ferreira. O avião transportava
31 passageiros, dos quais 18 eram jogadores do Torino, havendo mais seis homens
ligados ao clube e ainda três jornalistas que acompanharam a equipa a Lisboa.
Debaixo
e chuva torrencial e nevoeiro cerrado o avião foi visto a sair de um banco de
nuvens e a embater na Basílica de Superga, nas montanhas a leste de Turim. Não
houve sobreviventes. Esta tragédia feriu o coração não só dos adeptos do Toro
mas todos os que gostavam de futebol, foi na verdade um choque para toda a
Itália, e a prova disso é que dois dias após o acidente realizou-se o funeral
dos jogadores, no Palazzo Madama, tendo a ele assistido meio milhão de pessoas.
Esta tragédia pôs fim à melhor equipa de sempre do Toro, e uma das mais
brilhantes que o Belo Jogo já teve em
termos planetários, tendo o clube passado as duas décadas seguintes afundado no
meio da tabela classificativa. Só na década de 70, em 1976 mais concretamente,
o Toro volta a dar sinais da sua vitalidade desportiva, quando se sagrou pela
última vez, até à data, campeão de Itália. Aliás, a história do Torino está
escrita com sangue, não só o que foi derramado em Superga mas igualmente na década
de 60, quando um dos maiores símbolos do clube dentro das quatro linhas morreu
ainda jovem vítima de um atropelamento rodoviário. O seu nome era Gigi Meroni,
considerado então um dos maiores talentos do país.
Juve campeã da Europa em 85 |
Enquanto
a Juventus era cada vez mais um colosso à escala mundial o Torino deambulava
ora pela Série B (2.ª divisão) ora pelo meio da tabela da Série A (1.ª
divisão), sendo que a última grande campanha do clube foi na temporada de
1991/92 quando chegou à final da Taça UEFA perdida às mãos do Ajax. Os reveses
económicos relegaram o Toro para uma equipa ió-ió,
isto é, sobe e desce entre as Séries A e B.
Stadio Delle Alpi, hoje demolido |
Dérbi Della Mole |