sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Emblemas Históricos (8)... New York Cosmos

Quando falamos em galáticos, ou em equipas galáticas, o primeiro nome que nos vem à cabeça é o de Real Madrid, clube que há quatro ou cinco anos juntou na mesma equipa jogadores fabulosos como Raul, Casillas, Roberto Carlos, Luís Figo, Zidane, Ronaldo, e mais tarde David Beckham. No entanto, o clube merengue não foi o único no Mundo a reunir tantos nomes famosos no mesmo plantel. Na verdade, três décadas antes um emblema totalmente desconhecido do planeta da bola construiu uma equipa recheada de grandes deuses do esférico, uma equipa que se tornou num autêntico dream team, capaz de desafiar não só outros clubes do seu país como do estrangeiro. Um clube que hoje não passa de uma lenda, de uma mera e boa recordação, pois já foi extinto, e que dá pelo nome de New York Cosmos. É verdade, voltamos aos Estados Unidos da América, e ao seu soccer, que tem sido, como os ilustres visitantes bem sabem, um alvo particular do meu interesse futebolístico.
E o New York Cosmos foi o grande expoente do futebol estado-unidense das décadas de 70 e 80 do século passado, um clube que cativou grandes deuses da bola em idade de pré-reforma, chamemos-lhe assim.
A ideia da fundação do New York Cosmos, ou também simplesmente conhecido como Cosmos, partiu dos irmãos Nesuhi Ertegün e Ahmet Ertegün, ambos nascidos em Istambul, na Turquia. Os irmãos Ertegün foram os fundadores da Atlantic Records e depois que a gravadora foi comprada pela Warner Communications, actual Time Warner, sugeriram a Steve Ross, presidente da companhia, a criação de um clube de futebol por acreditarem na viabilidade económica da North American Soccer League (NASL). O Cosmos aderiu à NASL em 10 de Dezembro de 1970, tendo realizado o primeiro jogo oficial a 17 de Abril de 1971 diante do Saint Louis Stras, tendo o encontro terminado com a vitória do Cosmos por 2-1.
O nome do clube foi idealizado pelo inglês Clive Toye, o primeiro director do emblema nova-iorquino. A inspiração veio dos New York Mets, equipa de beisebol. Da mesma forma que “Mets” era uma abreviatura de “Metropolitans”, Toye optou por “Cosmos”, como abreviatura de “Cosmopolitans”, e o clube foi então baptizado como New York Cosmos.
Foi também por sugestão de Toye, que as cores iniciais do Cosmos foram o verde e o amarelo, em homenagem à selecção brasileira que em 1970 venceu o Campeonato do Mundo do México. O verde e o amarelo permaneceram até 1974, quando foram alterados para o branco e o verde, que foi utilizado até 1979. A partir de 1980, as cores passaram a ser o branco e o azul, permanecendo até 1984, quando o clube foi fechado.
No seu início o Cosmos era encarado como uma aventura e recebia pouco investimento. Contudo, aos poucos, Steve Ross empolgou-se com o projecto e com o dinheiro da Warner, o clube passou a contratar vários jogadores famosos, tais como Pelé, Beckenbauer, Chinaglia, Carlos Alberto Torres e Neeskens, chegando ao ponto de ter um elenco formado por 16 nacionalidades. O poder económico do Cosmos refletiu -se em várias conquistas desportivas tendo o clube tornado-se na marca mais famosa e vitoriosa da NASL conquistando 5 títulos nacionais (1972, 1977, 1978, 1980, 1982), um vice-campeonato (1981) nos 17 anos de funcionamento da liga. Ainda venceu três Trans-Atlantic Cups (1980, 1983, 1984). Durante os seus anos de existência, o Cosmos teve sempre uma das melhores médias de público da NASL, e entre 1977 e 1982 teve a maior média entre todas as equipas da NASL). Dos 20 jogos de maior público da história da NASL, 18 deles são jogos do Cosmos, sendo que a partida de maior público foi em 14 de Agosto de 1977, na partida do play-off contra Fort Lauderdale Strikers com uma assistência de 77.691 espectadores.
O clube encerrou as suas actividades a 15 de Setembro de 1984, quando realizou a sua última partida. Nos seus 14 anos de existência, o Cosmos disputou 359 partidas na NASL, vencendo 221, empatando 18 e perdendo 120, marcando 844 golos e sofrido 569.
Actualmente a marca “Cosmos” pertence a Giuseppe “Peppe” Pinton, ex-assessor de Girogio Chinaglia, que teria pago dois milhões de dólares por ela.
Hoje o Cosmos sustentase com a venda de souvenirs e com a renda de dois acampamentos de verão - que também são escolinhas de de futebol - localizados em Nova Iorque e Nova Jérsei.
O jogador que mais golos marcou pelo clube foi o italiano Giorgio Chinaglia, que jogou no Cosmos entre 1976 e 1983, actuando em 213 jogos e marcando 193 golos, sendo o maior artilheiro da NASL de todos os tempos e o maior goleador da NASL nos anos de 1976, 1978, 1980, 1981 e 1982.
A maior goleada obtida pelo Cosmos foi num jogo amigável contra o Malmo, da Suécia, em 1975, por 12 a 1. O maior jogador holandês de sempre, Johan Cruyff, fez uma única partida pelo Cosmos, em 1978. O adversário foi uma selecção formada por jogadores que participaram no Mundial de 1978 (com excepção dos jogadores da Argentina, campeã dessa competição). O resultado foi 2-2 e além do golaço marcado Chinaglia, a partida é lembrada pela exibição magnífica de Cruyff, eleito o homem do jogo.
De facto, são poucos os clubes no Mundo que se podem orgulhar de ter a defender o seu emblema estrelas como Beckenbauer, Chinaglia, Carlos Alberto Torres, Neeskens, Cruyff, ou o rei Pelé. Jogadores que mesmo apesar de estarem numa fase descendnete das suas brilhantes carreiras deram um brilho especial a um clube e sobretudo a um país onde o futebol nunca foi muito admirado.

Legenda das fotografias:

1- Emblema do New York Cosmos

2- A maior estrela do clube de todos os tempos: Pelé

3- O maior goleador de sempre do emblema nova-iorquino: Giorgio Chinaglia

4- O Kaiser Beckenbauer também vestiu a camisola do Cosmos

5- O holandês Cruyff efectuou um único jogo pelo Cosmos

6 - Nas fotos seguintes temos os plantéis das equipas campeãs da NASL das épocas de 1971, 1976, 1977, 1979, 1980, 1981, 1982 e 1983

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Estrelas cintilantes (12)... Lucien Laurent

O seu nome ficará perpetuado na história do desporto rei, em especial a dos Campeonatos do Mundo de Futebol. Da sua autoria foi o primeiro golo numa fase final de um Mundial, um feito ocorrido em Montevideo, no Uruguai, em 1930. Falamos de Lucien Laurent, um cidadão francês nascido a 10 de Dezembro de 1907, em Saint-Maur-des-Fossés, uma localidade situada nos arredores de Paris. Entre 1921 e 1930 Laurent jogou no clube semi-profissional Cercle Athlétique de Paris, assinando mais tarde pela equipa do Sochaux, clube que como se sabe está ligado à empresa de automóveis Peugeut, onde Laurent era empregado.
E voltando ao Uruguai, em 1930, para dizer que no jogo de abertura do primeiro Mundial da Fifa, entre a França e o México, este mediano jogador francês, até então totalmente desconhecido, entrou para a história. Corria o minuto 19 desse encontro quando Laurent num remate em vólei apontou o primeiro golo desse encontro, e desse Mundial. Este feito o primeiro golo da história de um Campeonato do Mundo. A França venceria esse jogo por 4-1, tendo perdido a possibilidade de apuramento para a segunda fase da prova após ter sido derrotada posteriormente pela Argentina e pelo Chile.
Lucien Laurent jogou por 10 vezes com a camisola da França, tendo apontado apenas um golo, precisamente o do Mundial de 1930. Com a chegada da II Grande Guerra Mundial foi chamado pelo exército francês, tendo sido feito prisioneiro pelos alemães durante três anos.
Como futebolista jogaria ainda pelo Club Français (entre 1933 e 1934), FC Mulhouse (entre 1935 e 1936), Rennes (entre 1937 e 1939), Estrasburgo (entre 1939 e 1943), Toulouse (1937, e entre 1943 e 1946), terminado a sua carreira no Besançon, em 1946. Morreria com a bonita idade de 97 anos, a 11 de Abril de 2005.

Legendas das fotografias:
1- Lucien Laurent
2- Equipa da França no Mundial de 1930, Laurent é o segundo da fila de baixo da direita para a esquerda
3- A nossa estrela com a bonita idade de 97 anos

Vídeo: ENTREVISTA COM LUCIEN LAURENT

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Emblemas Históricos (7)... Aberdeen FC

De novo na vitrina dedicada aos grandes emblemas do futebol para falar hoje um pouco de um histórico do futebol escocês, o Aberdeen Football Club. Fundado em 1903 (resultante da fusão de três clubes da cidade, o Aberdeen, o Victoria United e o Orion) os reds, como são popularmente conhecidos, são o terceiro maior clube da Escócia, a seguir aos colossos de Glasgow, o Celtic e o Rangers.
Atingiu a fase de maior sucesso na década de 80, altura em que comandados por um jovem, e até então desconhecido, técnico, de seu nome Alex Ferguson, que hoje em dia é o que se sabe, ou seja, um dos mais conceituados e laureados treinadores do Mundo, conquistou uma Taça dos Vencedores das Taças, mais precisamente na temporada de 1982/83, tendo derrotado em Gotemburgo o histórico Real Madrid por 2-1. Nessa equipa figuravam nomes históricos do futebol escocês como o guardião Jim Leighton, Alex McLeish, ou Gordon Strachan. Ainda em 1983 venceria a Supertaça Europeia depois de derrotar no total das duas mãos o Hamburgo, por 2-0. Este seria o último triunfo, até à data, de uma equipa da Escócia no Velho Continente.
Em termos internos o Aberdeen conquistou a Liga Escocesa (Scottish League) por quatro ocasiões, mais precisamente nas épocas de 1954/55, 1979/80, 1983/84 e 1984/85. Por sete vezes levantou a Taça da Escócia, em 1946/47
, 1969/70, 1981/82, 1982/83, 1983/84, 1985/86 e 1989/90. A última grande conquista dos Dons (outra das alcunhas pelo qual são conhecidos) foi a Taça da Liga Escocesa de 1995/96. Esta prova seria ainda conquistada pelo clube em mais quatro ocasiões, em 1955/56, 1976/77, 1985/86 e 1989/90.
Actualmente o clube vive na sombra dos gigantes de Glasgow, tal como outros clubes da Liga Escocesa, sendo todas as épocas o seu principal objectivo a qualificação para uma prova europeia. Em termos de números o Aberdeen esteve presente por três vezes na Taça/Liga dos Campeões Europeus, tendo aqui disputado 12 jogos, atingindo como melhor resultado os quartos-de-final na temporada de 1985/86. Na extinta Taça dos Vencedores das Taças esteve em oito ocasiões, disputou 39 jogos, e como já vimos venceu a competição em 1982/83. Finalmente, na Taça Uefa participou em 15 ocasiões e disputou 50 jogos, tendo como melhor resultado a 3ª eliminatória, patamar que atingiu por duas vezes.
Ao longo destes mais de 100 anos de vida foram muitos os nomes que vestiram a mágica camisola encarnada do Aberdeen, o guarda-redes Jim Leighton, como já vimos, foi um deles, sendo o jogador do clube mais internacional pela selecção da Escócia, com 91 presenças. Willie Miller (jogador com mais presenças na Liga Escocesa pelo clube, mais precisamente 556 jogos) e Joe Harper (jogador com mais golos marcados pelos Dons, 205) são outros dos históricos nomes do clube.
O recinto de jogos da equipa é o Pittodrie Stadium, com capacidade para 22.199 espectadores.


Legendas das fotografias:
1- Emblema do Aberdeen FC
2- Festejos dos Reds após o triunfo na final da Taça das Taças de 1983
3- A casa do clube escocês