O
imortal onze do Grêmio de Porto Alegre que no dia 11 de dezembro de
1983 conquistou o planeta da bola
Vídeo: Grêmio - Hamburgo
ENTREVISTA
No
sentido de recordar a epopeia do Grêmio na final da Taça
Intercontinental de 1983, o Museu Virtual do Futebol convidou um dos
protagonistas dessa tarde histórica desenrolada no Estádio Nacional
de Tóquio, mais precisamente Osvaldo, o centro-campista que nesse
dia se encarregou de travar a grande estrela daquele mítico conjunto
do Hamburgo, Felix Magath.
Na primeira pessoa o ex-jogador recordou
então o momento em que o emblema de Porto Alegre conquistou o Mundo,
um facto que o nosso visitante descreve como um marco histórico da
sua vida. Tem a palavra Osvaldo.
Museu
Virtual do Futebol (MVF): Osvaldo, no dia 11 de dezembro de 1983 você
é um dos 11 jogadores que subiram ao relvado do Estádio Nacional
de Tóquio para defender as cores do Grêmio na final da Taça
Intercontinental, contra o Hamburgo, da Alemanha. O que você sentiu
nesse dia, e já agora como foi viajar para o outro lado do Mundo,
para o Japão, para disputar essa final?
Osvaldo
(O): Senti-me
orgulhoso, nervoso e um pouco ansioso por estar entre os 11 jogadores
que iam disputar a final. Recordo-me que a viagem para Tóquio foi
muito cansativa, tivemos de fazer escalas no Rio de Janeiro e em Los
Angeles, além de que tivemos bastantes dificuldades em relação ao
fuso horário, mesmo tendo toda a comitiva do Grêmio viajado com uma
semana de antecedência para se adaptar ao clima e ao fuso horário
do Japão.
MVF:
Como
estava o estado de espírito do Grêmio para esse grande jogo?
O:
O espírito dos jogadores era de pensamento na vitória. Olhámos
como cautela para esse jogo, pois o time do Hamburgo era muito forte,
com vários jogadores de seleção (alemã), e o qual respeitávamos
muito, embora, e repito, sem nos deixar-mos de focar no objetivo de sermos
campeões mundiais.
MVF:
Entretanto, o árbitro Michel Vautrot apita para o início do
encontro. A bola começa a rolar, e que lembranças tem desses 90
minutos?
O:
Lembro-me das dificuldades derivadas do esquema tático de jogo, do
posicionamento dos jogadores do Grêmio. Eu por exemplo, tive que
fazer uma marcação especial ao Felix Magath, que era considerado o
melhor jogador do Hamburgo.
MVF:
Olhando
para o marcador, vocês parecem ter sofrido para vencer a copa.
Estiveram a vencer desde os 37 minutos, mas quase no final o Hamburgo
empatou. Que pensamento lhe veio à cabeça naquele momento, que a
taça poderia estar perdida?
O:
Em nenhum momento pensei que tudo poderia estar perdido. Eles fizeram
o golo de empate, o qual não estávamos à espera, mas sabíamos também
que ainda poderia haver prolongamento, e acima de tudo sabíamos que
tínhamos um elenco tão bom quanto o deles eles para vencer a final.
MVF:
Até que no prolongamento surgiu de novo o génio de
Renato a fazer o 2-1, o golo da vitória, o que você sentiu?
O:
Senti um enorme alívio (risos).
MVF:
Pelo desenrolar dos acontecimentos podemos então olhar para esta
como uma conquista difícil, e na sua opinião o Grêmio foi um justo
vencedor?
O:
Tudo
foi muito difícil. O Hamburgo era um time muito bom e forte, além
de que o clima em Tóquio era diferente do que estávamos habituados.
Mas, o elenco do Grêmio mereceu muito o título, pois éramos uma
equipa muito unida e humilde.
MVF:
Após
o apito final, o que você sentiu ao perceber que era campeão
mundial de clubes?
O:
Uma das maiores conquistas que um jogador pode ter é tornar-se
campeão mundial. Lembro-me que naquela final tive caimbras e
precisei de ser substituído. Mas, após o apito final a sensação
era de muita alegria, algo que jamais conseguirei traduzir em
palavras.
MVF:
E o regresso a Porto Alegre, com a copa na mão, como foi?
O:
Poder chegar a Porto Alegre com a copa na mão foi ao mesmo tempo
cansativo e gratificante. Passámos aproximadamente 35 horas em voos
para poder chegar até Porto Alegre, todos muito felizes , mas também
cansados. Porto Alegre nesse dia parou! Os jogadores, comissão
técnica, toda delegação do Grêmio teve a honra de comemorar junto
com a sua torcida essa conquista histórica e marcante.
MVF:
Olhando para trás, como você caracterizaria aquela equipa do
Grêmio, e o que significou para você vencer a Taça
Intercontinental.
O:
O time do Grêmio era um muito unido dentro e fora de campo, humilde,
batalhador, um grupo que não tinha medo de nada. Quanto a mim,
vencer essa copa foi um marco histórico na minha carreira e na minha
vida.