sexta-feira, junho 29, 2018
quinta-feira, junho 28, 2018
quarta-feira, junho 27, 2018
terça-feira, junho 26, 2018
segunda-feira, junho 25, 2018
Histórias do Futebol em Portugal (21)... Memórias de uma primeira vez na alta roda do futebol internacional (3.ª parte)
Jorge Vieira e o capitão jugoslavo antes do pontapé de saída |
No
entanto, Portugal voltou a estar em grande nível, alcançando uma
nova e épica vitória, tendo no plano individual o destaque ido para
Augusto Silva, cuja estupenda exibição, coroada com um golo – o
da vitória por 2-1 – apontado em cima dos 90 minutos lhe valeu o
“título” de herói da tarde, tendo, no final, sido transportado
em ombros pelos seus colegas de equipa.
Portugal ataca a baliza da Jugoslávia |
Quartos-de-final
onde figuravam os grandes favoritas à conquista do ouro olímpico,
ou o mesmo será dizer, do título de campeão mundial. Argentina,
Uruguai, Espanha, Itália e Bélgica (campeã olímpica em 1920)
estavam todos na luta. Quis, no entanto, a sorte – ou o azar como
mais tarde se viria a revelar – que o adversário dos portugueses
no caminho para chegar às meias-finais fosse o aparentemente
desconhecido Egito. O nosso país estava num estado de euforia total,
e ninguém esperava que depois de eliminar os bravos e agressivos
chilenos, e os técnica e fisicamente apurados jugoslavos, o Egito
pudesse pôr cobro a esta aventura olímpica. De tal maneira que
muita gente já pensava no confronto com a poderosa Argentina do
temível avançado Tarasconi (que viria a sagrar-se o melhor marcador
deste torneio olímpico), que com um poker
(quatro golos) havia contribuído – e muito – para afastar a
Bélgica nestes quartos-de-final.
Sfilis, o poderoso guardião dos balcãs |
Extremamente
velozes e perigosos no ataque, os egípcios criaram dificuldades aos
lusos que apesar de tudo exerceram o domínio em vários períodos do
jogo. Durante o primeiro tempo, os avançados de Portugal deram que
fazer ao último reduto dos africanos, com remates de todas as formas
e feitios que obrigavam o guardião Handi e a sua defesa a trabalhos
redobrados. Uma bola perdida por parte de Carlos Alves esteve na
origem do primeiro golo do encontro, aos 15 minutos, tendo Mokhtar
batido o desamparado Roquete.
Posto
isto, o equilíbrio imperou até final do primeiro tempo, sem que
tenham surgido grandes ocasiões de golos para qualquer das partes.
Porém, logo a abrir a segunda parte, Portugal sofre um novo golpe.
Augusto Silva é driblado por um egípcio (Riad, no caso) no meio
campo, o qual, depois desta maldade ao médio do Belenenses, sai
disparado em direção à baliza de Roquete, apanhando desprevenida a
retaguarda composta por Carlos Alves e Jorge Vieira, e quando chega
próximo do guarda-redes do Casa Pia mais não faz do que um
brilhante chapéu que aninhou a bola nas redes lusas. 2-0.
Os
lusos esmoreceram um pouco após este novo golpe, mas até final
chamaram a si o domínio dos acontecimentos, rematando vezes sem
conta à baliza africana na tentativa de minorar os estragos e
reentrar na luta pelo resultado. Até que numa dessas incursões,
Valdemar Mota – que apesar de expulso na partida anterior pôde
estar em campo nesta nova batalha
– cruza a bola para Vítor Silva, que a atira para a baliza. Sobre
a linha de golo o guardião Handi tenta a defesa, sacudindo a bola já
para lá da linha fatal, mas... o árbitro italiano Mauro faz vista
grossa e não valida o tento a Portugal, de nada valendo os assobios
do público holandês que se mostrava afeto à nossa seleção.
Curioso, é que o fiscal de linha – também ele holandês –
afirmou ter sido golo, mas Mouro mostrou quem mandava, e
categoricamente respondeu aos vivos protestos portugueses com um:
não! Não foi golo!
Lance da final Olímpica de 1928 |
Apesar
de tudo, a imprensa mundial rendeu-se aos portugueses no cair do pano
do torneio olímpico de 1928. O jornal parisiense L'
Auto
escrevia que «Os
chilenos chegaram a Amesterdão com a esperança de fazer tanto
quanto tinham feito os uruguaios há quatro anos em Paris.
Infelizmente para eles, a sorte opôs-lhes, logo no primeiro dia, uma
das melhores equipas da Europa».
O mesmo jornal escrevia após o desaire da seleção nacional perante
o Egito o seguinte: «O
onze português é sem dúvida o melhor dos todos os grupos
apresentados pelos latinos da Europa».
Augusto
Silva, Valdemar Mota e Raul “Tamanqueiro” Figueiredo foram
escolhidos pelos jornalistas presentes como dos melhores jogadores
revelação do torneio, a par de Monti (Argentina), Rivolta (Itália),
Gestido (Uruguai), ou Evaristo (Argentina).
O
jornal Echo
des Sports,
também de Paris, escrevia que «a
equipa portuguesa foi uma das mais completas do torneio. Pela sua
partida contra o Egito, Portugal merecia não só figurar na
meia-final como também na final».
No
futebol não existem vitórias morais, é certo, mas não é menos
certo que estas são palavras que encheram de orgulho a nação lusa
nesta sua primeira aventura (oficial) internacional, como ficou
comprovado na receção apoteótica que a comitiva portuguesa teve no
Rossio, quando do regresso a casa.
Estava
dado o primeiro passo da caminhada que conduziu Portugal à glória e
fama internacional dos dias de hoje.
domingo, junho 24, 2018
sábado, junho 23, 2018
sexta-feira, junho 22, 2018
terça-feira, junho 19, 2018
Histórias do Futebol em Portugal (20)... Memórias de uma primeira vez na alta roda do futebol internacional (2.ª parte)
Cândido de Oliveira, o Timoneiro |
A comitiva nacional antes partida para Amesterdão |
A viagem até
Amesterdão durou 40 horas (!), tendo pelo meio a comitiva lusa feito uma escala
em Paris, onde pernoitou antes de assentar arraiais na Holanda. Chegados ao
país da Tulipas – cerca das 22H00 do dia 24 de maio – ecos de descontentamento
desde logo se fizeram ouvir pelos jogadores lusos em consequência da verdadeira
espelunca em que foram despejados. As dormidas eram no Holland Hotel, ao passo
que as refeições eram servidas no Hotel Suisse. Quartos pequenos e comida má,
eram queixas recorrentes dos guerreiros lusos. O primeiro treino da seleção em
solo holandês ocorreu – no dia seguinte – no campo do Ajax, clube este cujo
massagista foi contratado pela nossa federação para tratar da saúde física dos
nossos rapazes. Ainda no dia 24 a FIFA realiza em Amesterdão um congresso,
tendo o seu mítico presidente, Jules Rimet, recebido das mãos da rainha
Guilhermina (da Holanda) uma condecoração na sequência dos serviços prestados
em prol da dinamização do futebol planetário. Rimet agradeceu, cumprimentou
todas as delegações presentes e falou na união de todas as nações através do
desporto e do futebol em particular. Estavam lançadas as sementes do que viria
a ser uma realidade dois anos depois: o nascimento do Campeonato do Mundo da
FIFA. O sonho de Jules Rimet estava a caminho.
Fase do duro duelo com o Chile |
No caminho
para o estádio o entusiasmo reinava entre os portugueses. Ainda no hotel, antes
da entrada no autocarro que os iria conduzir ao Olímpico de Amesterdão, a
comitiva entuou a “Portuguesa”, um ato sentimental e de profunda emoção
conforme foi descrito pelos presentes
como um sinal de união e determinação em defender de forma briosa a
pátria. O pontapé de saída do encontro ante os chilenos foi dado às 15H00, e
desde cedo os sul-americanos atacaram energicamente a baliza de Roquete, sendo
que logo ao minuto três abriram o marcador.
O genial Pepe |
O golo animou
as hostes portuguesas e dois minutos volvidos Pepe dá o melhor seguimento a um
cruzamento de César de Matos e restabelece a igualdade com que se atingiu o
intervalo.
A segunda
parte foi inteiramente dominada pelos portugueses. Na sequência de um canto, a
bola é aliviada para longe da zona de perigo, mas José Manuel Martins recupera
o esférico a favor dos lusitanos, cruzando em seguida para a cabeça de Pepe
endereçar o esférico para o interior da baliza à guarda de Ibacache. 3-2 e pela
primeira vez Portugal estava na frente do marcador. O Chile corre então atrás
do prejuízo, mas sem sucesso dada muralha que se ergueu no meio campo
português. Aos 63 minutos um magnífico passe do belenense Pepe para o portista
Valdemar Mota resultou no quarto golo da nossa seleção. Após driblar três
chilenos Mota fuzila a baliza contrária. Já sem forças, os sul-americanos ainda
esboçam uma ténue intenção de voltar a violar a baliza de Roquete, mas tal
intenção não chegou a constituir perigo para o nosso onze, que defendeu com
“unhas e dentes” o seu goal . E assim
chegava o final, com 4-2 a favor dos nossos rapazes, que desta forma avançavam
no torneio, enviando os chilenos para o torneio de consolação (uma espécie de
competição destinada às seleções derrotadas na pré-eliminatória e na 1ª
eliminatória.
Mais um lance de perigo no jogo de estreia dos lusos |
(continua)
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