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Palmeiras ergue a Copa Rio de 1951 |
A recente polémica instalada em
torno do número de títulos de campeão nacional alcançados pelo Sporting (18 ou
22) abre-nos hoje a porta para outro facto histórico que durante anos levantou
- e continua a levantar - algumas dúvidas sobre a sua autenticidade e, por
consequência, importância. Referimo-nos ao título conquistado pelo Palmeiras na
Copa Rio Internacional de 1951, que é olhado hoje, com 65 anos de distância,
como a primeira ocasião em que foi atribuído a um clube o estatuto de campeão
mundial. É no entanto um facto encarado por muitos historiadores desportivos
e/ou simples curiosos do fenómeno futebolístico com profunda insignificância,
desprovido de veracidade, e como tal sem qualquer tipo de fundamento para
sequer constar no Grande Atlas do Futebol planetário. Pelo contrário,
outros sustentam que este longínquo torneio realizado em solo brasileiro foi o
molde, a inspiração, do atual Campeonato do Mundo de Clubes organizado sob a
batuta da FIFA, e que os contornos intencionais desse torneio oficializam o
Palmeiras como o primeiro campeão mundial de clubes da história. Não existe,
portanto, consenso para este facto histórico que hoje vamos recordar, e que só
pela polémica instalada em seu redor merece, sem dúvida, ser retratado com
algum detalhe nas vitrinas do Museu Virtual do Futebol.
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A Copa Rio |
Após uma
derrota dolorosa é costume os jogadores, treinadores, dirigentes ou adeptos de
uma equipa desejarem que o próximo jogo se realize o mais rápido possível no
sentido de esquecer um capítulo sombrio ocorrido no presente. Terá sido este o
pensamento dos dirigentes da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) quando
em 1951 idealizaram aquele que inicialmente foi batizado de Torneio Mundial dos
Campeões.
Por estes dias o Brasil ainda lutava para esquecer o pesadelo vivido
um ano antes, quando o Uruguai roubou, em pleno Estádio do Maracanã, o título
mundial aos anfitriões do maior evento chancelado pela FIFA.
No sentido de
limpar as lágrimas do provo brasileiro, a CBD projetou um outro torneio de
dimensão planetária capaz de apagar as tristes memórias do Maracanazo de
1950. Um evento que agregasse a si alguns dos maiores clubes do Mundo de então,
assim terão idealizado os dirigentes federativos. A ideia agradou de pronto aos
membros da FIFA, tendo Ottorino Barassi, o braço direito do então
presidente do organismo que tutela o futebol a nível global, Jules Rimet, dado
o seu apoio para que o projeto fosse avante.
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O time do Vasco da Gama que na sua cidade falhou o assalto à conquista da Copa Rio |
Há, no
entanto, uma nota importante a reter nesta história: a FIFA apoiou e
autorização a realização do torneio mas não chamou a si a organização do mesmo,
atribuindo essa responsabilidade à CBD. Por outras palavras, na época a FIFA não
oficializou como seu este Torneio Mundial dos Campeões, facto que só por si
gerou ao longo das décadas seguintes muitos pontos de interrogação sobre a
veracidade da designação do Palmeiras como o primeiro campeão mundial de clubes
da História. Mas voltando aos contornos desta nossa viagem ao passado,
com o aval da FIFA dado, a CBD tratou de convidar alguns dos gigantes do
futebol internacional de então, na sua esmagadora maioria campeões dos seus
respetivos países. Uma das exceções foi o Real Madrid, que mesmo não sendo o
detentor do título espanhol de 50/51 recebeu o convite para participar, algo
que acabaria por não acontecer devido a incompatibilidades de ordem financeira.
Tal como hoje, já naquela época o colosso espanhol exigia elevados cachets
para desfilar o seu emblema fosse em que parte do planeta fosse! Também o
campeão italiano de 50/51, o Milan, recusou o convite que recebeu para viajar
para a América do Sul, dando prioridade à Taça Latina que nesse ano se
disputava precisamente em solo italiano. Com a nega dos merengues e dos
rossoneri o Torneio Mundial dos Campeões foi integrado pelos vencedores
dos dois principais campeonatos estaduais do Brasil, Rio de Janeiro e São
Paulo, no caso, e respetivamente, o Vasco da Gama e o Palmeiras, aos quais se
juntaram os campeões do Uruguai (Nacional), de França (Nice), da Áustria (FK
Austria de Viena), de Portugal (Sporting), a Juventus (escolhida para
substituir o Milan) e ainda o vencedor da Taça da Jugoslávia da época (Estrela
Vermelha).
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A equipa da Juventus que participou na Copa Rio... ou terá sido o primeiro Mundial de clubes? |
Os oito
clubes foram divididos em dois grupos de quatro equipas cada, sendo que o Grupo
A (integrado pelo Vasco da Gama, Sporting, Austria de Viena e Nacional) teve
como cenário a Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro, tendo o palco da
competição sido instalado no majestoso Estádio do Maracanã, o tal que no ano
anterior amparou as lágrimas de mais de 200.000 brasileiros na sequência
da trágica derrota da sua seleção diante do Uruguai. Em São Paulo, no Estádio
do Pacaembu, realizaram-se os encontros do Grupo B (composto por Palmeiras,
Estrela Vermelha, Nice e Juventus). A bola começou a rolar no dia 30 de junho,
sendo que no Pacaembu o campeão paulista realizou uma segunda parte
verdadeiramente demolidora diante do Nice, performance traduzida num expressivo
score de 3-0, com golos de Aquiles, De León e Richard. Na outra partida,
ocorrida no dia seguinte no mesmo local, a Juve sentiu algumas
dificuldades para bater por 3-2 o Estrela Vermelha, tendo valido aos
transalpinos a tarde inspirada da sua então estrela-mor, o atacante Giampiero
Boniperti, autor de dois golos. O campeão italiano repetiu a dose dois mais
tarde diante do Nice, sendo que desta feita o golo do triunfo (3-2) surgiu à
passagem do minuto 70, por intermédio de Ermes Muccinelli. Com esta vitória a
Juventus selava a qualificação para as meias-finais, já que de acordo com os
regulamentos do torneio os dois primeiros de cada grupo avançavam para a fase
de eliminação direta. No dia 5, e contra todas as expectativas o Palmeiras
sentiu grandes dificuldades para bater o Estrela Vermelha por 2-1. O
internacional jugoslavo Ognjanov colocou os europeus em vantagem. A perder, o Verdão
teve então de puxar dos seus galões e ainda na primeira parte Aquiles empatou,
para na etapa complementar Liminha consolidar a reviravolta e garantir a
qualificação da sua equipa para as meias-finais.
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Giampiero Boniperti |
Faltava
saber em que lugar os paulistas iriam terminar esta primeira fase, e talvez por
isso o Pacaembu tenha registado uma afluência massiva de torcedores para
assistir ao embate da última jornada da fase de grupos ante a poderosa Juve.
Na realidade, assistiu-se a uma verdadeira avalanche italiana em direção à
baliza paulista. 4-0 a favor dos italianos, o resultado final de uma partida
onde brilhou a grande altura Giampiero Boniperti, que voltou a fazer o gosto ao
pé em duas ocasiões. Ele que ainda hoje é um dos grandes nomes da história da Vecchia
Signora, com mais de 400 jogos disputados com a equipa de Turim ao longo de
10 épocas e quase duas centenas de golos apontados (178 para sermos mais
precisos). Boniperti que, refira-se a título de curiosidade, depois de
abandonar os relvados enquanto futebolista foi durante largos anos dirigente da
Juve, sendo hoje presidente honorário do clube. Foi ainda nos finais dos
anos 90 eurodeputado eleito pelas listas da Forza Italia, o partido de
Silvio Berlusconi. Com este expressivo triunfo a Juventus conquistava o topo do
grupo, e iria medir forças com o segundo colocado do Grupo B, o Austria de
Viena, ao passo que o Palmeiras iria enfrentar os conterrâneos do Vasco da
Gama, vencedores de uma chave que tinha um Sporting que vivia ainda sob
a aura gloriosa dos Cinco Violinos, ou Quatro Violinos, neste
caso, porque a temível lança do mais famoso quinteto do futebol português,
Fernando Peyroteo, havia-se retirado dois anos antes, restando Jesus Correia,
Vasques, Albano e Travassos. A estes juntavam-se outros nomes de peso, casos de
Mário Wilson, João Martins, Juca, Canário, Patalino e Ben David. Patalino e Ben
David?
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A equipa do Sporting que alinhou diante do Vasco da Gama no Maracanã. Na fila de baixo,ao centro estava o "convidado" Ben David, entre os Violinos Jesus Correia, Vasques, Travassos e Albano |
Mas estes
dois astros dos futebol português dos anos 40 e 50 não pertenciam aos
quadros do Sporting, dirão, e com razão, os leitores mais atentos à história do
belo jogo. Ambos os jogadores integraram a comitiva leonina que rumou ao
Rio de Janeiro na condição de convidados, assim como Serafim, então jogador do
Belenenses, que aceitou o convite para vestir de verde nos três jogos que os leões
disputaram na meca do futebol brasileiro, o Maracanã. Treinados pelo
inglês Randolph Galloway o Sporting partia como um dos mais sérios candidatos à
vitória nesta Copa, mas na prática as coisas não correram de feição aquele que
era então o grande emblema do futebol lusitano. Aliás, e em jeito de curiosidade,
refira-se que em 1951 o Sporting havia vencido o primeiro de uma série de
quatro títulos de campeão nacional consecutivos, que haveriam de dar ao clube
de Alvalade o primeiro tetra da história do futebol português. Mas no
Rio o prestígio do Sporting não se vislumbrou, e logo na estreia os leões
sofreram uma das derrotas mais pesadas da prova às mãos do Vasco da Gama. 5-1,
numa partida em que atuaram cinco homens que no ano anterior tinham vertido
lágrimas naquele mesmo relvado do templo do Maracanã. Friaça, Eli, Maneca,
Danilo e Barbosa, cinco jogadores que haviam sido vergados à mestria do Uruguai
na final do Mundial de 1950, mas que desta vez saíram com motivos para sorrir
do tapete verde sagrado da Cidade Maravilhosa. O tento de honra dos
portugueses saiu dos pés de Patalino, um dos três jogadores convidados, e que
na altura defendia as cores do seu querido Elvas. No outro encontro desta 1ª
jornada o Austria de Viena esmagava por 4-0 o Nacional de Montevideu.
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Verdão festeja um golo na final diante da Juve |
Uruguaios
que na ronda seguinte vingaram a derrota da estreia, ao aplicar um KO direto
(vitória por 3-2) ao desolador Sporting que assim se despedia da possibilidade
de lutar pelo título. Neste encontro brilhou mais uma vez o génio de Patalino,
ele que aos dois minutos colocou os portugueses em vantagem no marcador, a qual
seria no entanto sol de pouca dura, já que dez minutos volvidos
Bernardes restabeleceu a vantagem. Pouco depois Jesus Correia recolocou os leões
na frente, liderança que seria perdida após o intervalo, altura em que Ramires
voltaria a colocar tudo de novo em pé de igualdade. O nó só seria
desfeito a dois minutos do fim, quando Ambrois bateu o mítico Azevedo. A título
de curiosidade diga-se que a capitanear a turma do Nacional estava o homem que
um ano anos tinha recebido das mãos de Jules Rimet (então presidente da FIFA) o
troféu de campeão mundial de seleções, de seu nome Obdulio Varela.
De pé
quente estava o Vasco da Gama, que brindou o Austria de Viena com a mesma
receita que havia aplicado ao Sporting na jornada de estreia, ou seja, 5-1,
resultado que garantia aos cariocas desde logo a presença na fase seguinte.
A 7 de julho
o Sporting despedia-se da Copa com mais um dissabor, desta feita diante do
campeão austríaco, por 1-2. Adolf Huber apontou aos 83 minutos do encontro o
golo da vitória dos vienenses, depois de Aurednik ter inaugurado o marcador ao
minuto três e de Albano ter restabelecido a igualdade aos 46. Os leões
saiam do Rio sem honra nem glória, ao passo que os austríacos carimbavam desta
maneira o passaporte para as meias-finais. Isto, porque no outro
encontro da terceira e última jornada da fase de grupos o Nacional caiu aos pés
do Vasco da Gama por 2-1.
Palmeiras surpreendeu Vasco no duelo brasileiro
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Imagem do duelo entre cariocas e paulistas |
Pelo que
havia feito até então e por jogar diante do seu público, o Vasco da Gama era
olhado pela imprensa de então como o grande favorito a alcançar a final. Mas
para isso teria de ultrapassar a dupla batalha diante dos conterrâneos
do Palmeiras. E dupla porque de acordo com os regulamentos as meias finais
seriam jogadas a duas mãos! No dia 12 de julho o Maracanã (lotado) acolheu
então o primeiro duelo entre os rivais cariocas e paulistas, sendo que
estes últimos para além de partirem como outsiders na bolsa das apostas
debateram-se à última da hora com a ausência forçada do seu mítico guarda-redes
Cattani, o qual seria substituído por Fábio Crippa. Mas, e como diz o ditado,
um azar nunca vem só, e no decorrer do jogo o temível Aquiles é forçado a
abandonar o relvado na sequência de um violento choque com o guardião vascaíno,
Barbosa. Porém, o Palmeiras não baixou os braços e foi à luta. A atitude
guerreira dos paulistas seria premiada com uma justa vitória por 2-1 (com os
golos do Verdão a serem apontados por Richard e Liminha).
No mesmo
dia, mas no Pacaembu de São Paulo, a Juventus empatava a três bolas com o
Austria de Viena, sendo de sublinhar a estupenda exibição individual do
dinamarquês ao serviço dos transalpinos Karl Aage Praest, autor de dois golos.
Dois dias depois, no mesmo local, as duas equipas voltaram a encontrar-se para
o tira-teimas. Depois de um nulo ao intervalo a Juve teve um início de
segunda parte verdadeiramente demolidor, e a prova disso é que aos 14 minutos
já vencia por 3-0 (dois golos de Muccinelli e um de Boniperti). O melhor que o
Austria conseguiu fazer foi reduzir na reta final da partida, mas já sem fôlego
para impedir que os italianos fossem os primeiros a carimbar o passaporte
para a final do Maracanã.
E neste
templo da bola jogar-se-ia a segunda mão da outra meia final, com o Vasco a
entrar em campo com a esperança de inverter o resultado negativo do primeiro
encontro. Não conseguiu, porque o Palmeiras esteve simplesmente soberbo no
plano defensivo, mantendo o nulo até final que lhe abriu as portas da final.
Vingança em tons de verde na génese do primeiro "título mundial"
de clubes
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Os dois capitães e o árbitro antes da final |
Sob a
arbitragem do austríaco Franz Grill, Palmeiras e Juventus subiram ao relvado de
um Maracanã que - mais uma vez - apresentava uma numerosa moldura humana
para disputar a primeira mão da final (nota: à semelhança das meias finais
também a final foi disputada a duas mãos). A Juve procurava
confirmar o favoritismo, até porque na fase de grupos já havia atropelado o Verdão
por quatro golos sem resposta. No entanto, esta era uma final, além de que no
futebol não há dois jogos iguais. E o Palmeiras viria a confirmar esta teoria
por intermédio de Rodrigues, que aos 20 minutos do primeiro tempo bateu
Giovanni Viola e selou o triunfo dos brasileiros. Quatro dias mais tarde - a 22
de julho - as duas equipas voltaram a medir forças no derradeiro jogo da
competição. A Juventus precisava de marcar dois golos - e não sofrer nenhum -
para erguer o troféu diante um estádio repleto que esperava um fim bem mais
alegre do que aquele que ali havia acontecido um ano antes por altura do
Campeonato do Mundo da FIFA. O dinamarquês Praest ainda colocou o gigante
Maracanã em sentido quando aos 17 minutos bateu Crippa pela primeira vez. O fantasma
de 1950 voltava assim a pairar sobre o Maracanã. No entanto, e no início da
segunda parte Rodrigues aproveita da melhor maneira uma defesa incompleta de
Viola - que não segurou um remate de Lima - para fazer o empate. A Juve
não esmoreceu, e aos 18 minutos o goleador Boniperti (que seria o melhor
marcador do torneio) voltaria a colocar os transalpinos na frente, os quais
precisavam agora de mais um golo para levantar o caneco. Esse golo da
glória acabou por não acontecer, ou melhor, ele surgiu, mas para o lado do
Palmeiras, na sequência de uma magistral jogada individual de Liminha que só
parou no fundo da baliza de Viola. 2-2, o resultado final. Com o apito final do
francês Gaby Tordjman a festa estalou por todo o Brasil. O Palmeiras era
campeão... do Mundo. Sim, do Mundo, foi dessa forma que toda a imprensa da
época rotulou os paulistas. Com este título o Brasil inteiro sentia, de
certa forma, que o Maracanazo de 1950 não tinha passado de um mero acidente de
percurso de uma nação que queria revelar aos olhos do Mundo como a potência que
se viria a confirmar nos anos e décadas seguintes.
Copa Rio de 51 foi o molde do atual Mundial de clubes da FIFA
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Gooooollllll de Liminha! |
No dia
seguinte ao da segunda mão da final, o Palmeiras regressou a São Paulo. À
espera da comitiva do Verdão estava uma cidade em peso. A Copa Rio
Internacional de 1951 resultou num verdadeiro êxito desportivo, facto que terá
levado nos anos seguintes outros pensadores do futebol planetário a
organizar torneios de âmbito internacional entre clubes de continentes
diferentes. Foi o caso do Torneio de Paris, cuja primeira edição foi realizada
em 1957 entre equipas de França, Espanha, Alemanha e Brasil, e que durante
alguns anos foi considerado como uma das mais importantes e prestigiadas
competições internacionais de clubes. Aliás, muitos dos seus vencedores
intitulavam-se mesmo campeões do Mundo. Em 1960, a UEFA e a CONMEBOL
uniram-se na criação de uma outra competição, a Taça Intercontinental,
disputada (até 2004) entre os campeões das duas maiores provas de ambas as
confederações, sendo que o vencedor deste troféu era encarado como o campeão
mundial de clubes. No entanto, em 2005 a FIFA decide chamar a si a
responsabilidade de coroar o rei do globo no que a clubes
concerne, e de lá para cá organiza no final de cada ano civil o Mundial de Clubes,
prova que junta os campeões das cinco confederações do Mundo. E aqui, sim, a
nosso ver, podemos rotular o vencedor do Mundial da FIFA como um autêntico
campeão mundial, já que no mesmo torneio estão representados clubes de todo o
Mundo, contrariamente ao que acontecia com a Taça Intercontinental, que só
incluía clubes de duas confederações.
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Jornais titulam Palmeiras campeão do Mundo! |
Mas voltando
à Copa Rio de 51 para dizer que para muitos dos adeptos do futebol a nível
planetário este torneio não passou disso mesmo... de um mero torneio
internacional. No entanto, o Palmeiras sempre viu neste um dos principais
motivos de orgulho da sua longa e rica história, intitulando-se desde sempre
como o primeiro campeão do Mundo de clubes. Na tentativa de ver reconhecido por
parte da FIFA este título uma delegação do Palmeiras construiu já no
novo milénio um dossier com a intenção de ser remetido à FIFA no sentido de a
entidade máxima do futebol planetário oficializar a conquista de 1951, e desta
forma reconhecer o emblema paulista como o primeiro campeão mundial da
história. Na resposta, a FIFA, então presidida por Joseph Blatter,
reconheceu a vitória do Palmeiras como "de âmbito mundial", embora
descartando-se de atribuir um carimbo oficial à efeméride, isto é, tal
como em 1951 o organismo não chamou a si a responsabilidade do torneio, e como
tal não atribuiu cariz oficial (no âmbito da FIFA) a esta conquista, como,
aliás, acontece em relação à Taça Intercontinental, prova somente oficializada
pela UEFA e pela CONMEBOL. Apesar de tudo, Blatter e a FIFA emitiram um
certificado ao Palmeiras reconhecendo este como o vencedor do primeiro torneio
de clubes de âmbito planetário. Parecer confuso? Talvez. Perante isto a questão
mantém-se: será justo, ou credível, classificar o Palmeiras como o primeiro
campeão do Mundo de clubes? Uns continuarão a dizer que sim, outros asseguram
que não.
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A equipa do Palmeiras que se sagrou campeã mundial de clubes em 1951... ou não... |