Grupo D / 3.ª jornada
França - Suíça: 4-1
Golos: Gouiri, Barcola, Cherki, Caqueret / NDoye
Pesada derrota com final feliz para os helvéticos...
Grupo D / 3.ª jornada
França - Suíça: 4-1
Golos: Gouiri, Barcola, Cherki, Caqueret / NDoye
Pesada derrota com final feliz para os helvéticos...
Grupo D / 3.ª jornada
Itália - Noruega: 0-1
Golo: Botheim
Nórdicos gelam favorita Itália que desta forma faz as malas mais cedo...
Grupo C / 3.ª jornada
Inglaterra - Alemanha: 2-0
Golos: Archer, Elliott
Ingleses confirmam adeus de uma dececionante Alemanha...
Grupo C / 3.ª jornada
Israel - Rep. Checa: 1-0
Golo. Gandelman
Israelitas vencem "final" e passam à fase seguinte...
Grupo B / 3.ª jornada
Espanha - Ucrânia: 2-2
Golos: Ruiz, Zhelizko / Viunnyk, Sudakov
Empate garante lugar mais alto do pódio à La Rojita...
Grupo A / 3.ª jornada
Países Baixos - Geórgia: 1-1
Golos: Taylor / Davitasshvili
Co-anfitriões espremem a laranja para acabar no topo do grupo...
Grupo A / 3.ª jornada
Portugal - Bélgica: 2-1
Golos: João Neves, Tiago Dantas / Vertessen
Milagre luso aconteceu ao cair do pano e da marca dos 11 metros...
Grupo D / 2.ª jornada
Noruega - França: 0-1
Golo: Olise
Mesmo sem futebol champanhe a França faz a festa da passagem aos quartos-de-final...
Grupo D / 2.ª jornada
Suíça - Itália: 2-3
Golos: Imeri, Amdouni / Pirola, Gnonto, Parisi
Squadra Azzurra agarra com dificuldade um balão de oxigénio que mantém vivo o sonho do apuramento à fase seguinte...
Grupo C / 2.ª jornada
Inglaterra - Israel: 2-0
Golos: Gordon, Smith Rowe
Vitória garante topo do grupo e consequente apuramento à fase seguinte...
Grupo C / 2.ª jornada
Rep. Checa - Alemanha: 2-1
Golos: Sejk, Vitik / Stiller
Campeões da Europa (em título) voltam a tropeçar e estão à beira de fazer as malas para regressar a casa...
Grupo B / 2.ª jornada
Espanha - Croácia: 1-0
Golo: Abel Ruíz
Marcar cedo (aos 20 segundos!!!) e gerir confortavelmente o marcador rumo aos quartos-de-final: eis o segredo de La Rojita...
Grupo B / 2.ª jornada
Roménia - Ucrânia: 0-1
Golo: Dican (a.g.)
Aventura dos co-anfitriões romenos chega ao fim...
Grupo A / 2.ª jornada
Portugal - Países Baixos: 1-1
Golos: André Almeida / Brobbey
Empate deixa lusos à beira do adeus...
Grupo D / 1.ª jornada
França - Itália: 2-1
Golos: Kalimuendo, Barcola / Pellegri
Maior qualidade técnica e tática gaulesa fez a diferença num jogo equilibrado...
Grupo D / 1.ª jornada
Noruega - Suíça: 1-2
Golos: Ceide / N'doye, Imeri
Relógio suíço foi mais pontual na hora de atacar os 3 pontos...
Grupo C / 1.ª jornada
Rep. Checa - Inglaterra: 0-2
Golos: Ramsey, Smith Rowe
Reatamento (início de 2.ª parte) demolidor da armada britânica...
Grupo C / 1.ª jornada
Alemanha - Israel: 1-1
Golos: Bisseck / Turgeman
Campeões da Europa tropeçam no arranque da defesa do título...
Grupo B / 1.ª jornada
Ucrânia - Croácia: 2-0
Golos: Kashchuk, Sikan
A jogar com a alma ferida (devido à guerra) ucraniamos arrancam imaculada...
Grupo B / 1.ª jornada
Roménia - Espanha: 0-3
Golos: Álex Baena, Miranda, Sergio Gómez
La Rojita abriu o livro de bem jogar no seu jogo de estreia...
Grupo A / 1.ª jornada
Geórgia - Portugal: 2-0
Golos: Gagua, Sazonov
É este o Portugal que se assumiu como candidato (ao título)? Quem diria a julgar pela paupérrima exibição!!!...
Veio para o Porto (Boavista) jogar futebol, acabou no basket, mas afinal a sua paixão era a caça!
Nem tudo o reluz é ouro! Este aforismo bem pode ser aplicado a um episódio caricato que aconteceu no futebol português no ano de 1957 e que teve como protagonista o Boavista, emblema que na época (57/58) militava na 2.ª Divisão Nacional. Por esta altura Portugal era detentor de um vasto império em África, império este de onde extraiu ao longo de décadas a fio vários diamantes futebolísticos que ajudaram a escrever a história do futebol luso. Desse modo, sempre que de Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, ou Guiné Bissau chegava à metrópole algum jogador, a expectativa dos adeptos era logo a de que estaria ali um novo Coluna, ou um Matateu, mas... nem tudo o que vem à rede é peixe, e que o diga o Boavista, que já com a temporada de 57/58 a decorrer acolheu no Bessa uma verdadeira torre! Ou o que se chama hoje em dia na gíria futebolística um pinheiro de área, e que grande pinheiro era este rapaz do alto do seu 1,95m! É verdade, o então futebol luso não estava muito habituado a jogadores desta dimensão - na verdadeira ascensão da palavra - e logo se pensou que poderia estar ali uma solução produtiva (em golos, claro) para o ataque boavisteiro. O rapaz vinha da Guiné-Bissau, e aterrou no Bessa pela mão do seu irmão, Honório Pires, na altura um consagrado centro-campista do emblema portuense. Este jovem, de apenas 19 anos, chamava-se António Reis Pires, e aterrou no Porto com o rótulo de atleta multifacetado, já que além de futebol também praticava basquetebol e voleibol! No entanto, era no Desporto Rei que era atleta federado na sua terra natal, onde antes de prestar provas no Boavista havia representado a União Desportiva Internacional (de Bissau). O que é certo é que chegou ao Porto com o rótulo de futebolista mas rapidamente foi parar à equipa de basquetebol dos axadrezados! Teria sido por falta de jeito para meter a bola na baliza, ou porque realmente o rapaz tinha era altura para o basket? Foi esta questão que a revista Crónica Desportiva tentou descortinar numa visita que fez ao Bessa, numa altura em que Reis Pires - nome pelo qual ficou conhecido - integrava a equipa boavisteira nas provas distritais da Associação de Basquetebol do Porto. Uma conversa com alguma pitada de humor à mistura onde se veio a descobrir que o rapaz também dava uns toques no voleibol, mas que na verdade a sua verdadeira paixão desportiva era outra em que não se recorria a uma bola, mas antes a uma arma de fogo! Deu nota - nessa conversa - de que na Guiné-Bissau praticava as três modalidades atrás referidas, embora no voleibol na condição de amador, mas que o desporto da sua vida era a caça! «Mas já vi que, aqui, pelo continente, só há caça miúda». Perante esta resposta o escriba desta entrevista questionou, com uma pitada de malícia à mistura, se Reis Pires tinha vindo para a metrópole para caçar (?), ao que esteve respondeu de pronto que não, que tinha vindo pela mão do seu irmão, Honório Pires, para estudar e praticar futebol. Mas o que é certo é se via Reis Pires mais nas quadras de basquetebol do que nos retângulos do futebol, porquê? «Estou a treinar futebol com todo o entusiasmo. Sou novo, e enquanto aprendo essa difícil modalidade, vou-me entretendo e, ao mesmo tempo, preparando fisicamente. Sim, porque o basquete é um excelente meio de preparação técnica, como sabe».
Reis Pires com o seu colega (Silva Costa) equipa mais baixo do basket boavisteiro |
E que
pensava Reis Pires do futebol da metrópole? «Muito mais difícil. Mas em compensação
há bons treinadores, com os quais estou a aprender muito. Estou a dedicar-me
com toda a aplicação por forma a bem servir o Boavista. Pelo menos gostaria de
vir a saber tanto como o meu irmão Honório. Quando o vi jogar até fiquei
admirado com o que ele aprendeu por cá. Sim senhor! Como ele está a jogar bem!».
Pois é, mas a julgar pela história (dos anos posteriores) Reis Pires não deve
ter seguido as pisadas do irmão no futebol, já que procurar o seu nome nas enciclopédias futebolísticas é como procurar uma agulha num palheiro; nem tão pouco no basquetebol, onde
o seu nome não consta de grandes feitos, mas quem sabe se não se terá tornado
num exímio caçador?
Estilo não lhe faltava, mas... nem tudo o que reluz é ouro! |
Final
Galicia (Espanha) - Belgrado (Sérvia): 3-1
Golos: Felix, Alex Rey, Iñaki Martinez / Kolarevic
Em casa, diante do seu patriótico povo, Galicia sobe ao topo da Europa do futebol amador...
Grupo B / 3.ª jornada
Belgrado (Sérvia) - Associação de Futebol de Lisboa (Portugal): 2-1
Golos: Gavrilovic (2) / Afonso Henriques
Contra todas as previsões sérvios voam para a final nas asas de Gavrilovic...
Dolny Slask (Polónia) - Zlín (Rep. Checa): 0-0
Favoritos (a passar à final) checos morreram na praia...
Grupo A / 3.ª jornada
Bavaria (Alemanha) - Galicia (Espanha): 0-1
Golo: Alex Rey
Galicia embala para a grande final à procura de concretizar o sonho...
Grupo A / 3.ª jornada
Zenica-Doboj (Bósnia e Herzegovina) - Irlanda Amadores (Rep. Irlanda): 1-1
Golos: Krehmic / Carr
Ninguém se ficou a rir na hora das despedidas...
Grupo B / 2.ª jornada
Associação de Futebol de Lisboa (Portugal) - Zlín (Rep. Checa): 0-1
Golo: Krajca
Erro (defensivo) infantil coloca em perigo o sonho lusitano...
Grupo B / 2.ª jornada
Belgrado (Sérvia) - Dolny Slask (Polónia): 1-0
Golo: Milijkovic
Sérvios mandam campeões em título para casa...
Grupo A / 2.ª jornada
Zenica-Doboj (Bósnia e Herzegovina) - Galicia (Espanha): 1-2
Golos: Subasic / Alex Rey, Adri Otero
Galegos continuam em estado de graça na sua UEFA Regions Cup...
Grupo A / 2.ª jornada
Bavaria (Alemanha) - Irlanda Amadores (Rep. Irlanda): 2-0
Golos: Mcmullan, Kania
Germânicos voltam a vencer e vão disputar o tira-teimas com anfitriões...
Grupo B / 1.ª jornada
Associação de Futebol de Lisboa (Portugal) - Dolny Slask (Polónia): 1-0
Golo: Rodrigo Pinto
Lisboetas vergam campeões em título na abertura da Regions Cup 2023...
Grupo B / 1.ª jornada
Zlín (Rep. Checa) - Belgrado (Sérvia): 1-1
Golos: Sopusek / Pavlovic
Ponto perdido, ou ponto ganho? No final veremos...
Grupo A / 1.ª jornada
Zenica-Doboj (Bósnia e Herzegovina) - Bavaria (Alemanha): 0-5
Golos: Kania (3), Sauer (2)
Germânicos de manita cheia na estreia...
Grupo A / 1.ª jornada
Galicia (Espanha) - Irlanda Amadores (Rep. Irlanda): 2-0
Golos: Iñaki Martinez, Jonatan Magisano
Anfitriões cedo mostraram que querem que a taça fique na Galiza...
Um lance do célebre jogo entre Tirsense e Sporting |
A taça nacional - seja em que país for - tem sempre mais encanto com a aparição dos chamados "tombas gigantes", por outras palavras, quando um pequeno clube de um escalão secundário afasta da prova um emblema de patamar de topo. E então se esse emblema de topo for um "gigante" a surpresa sobe de tom. A prova rainha do futebol português, vulgo a Taça de Portugal, está repleta de capítulos em que David derrotou Golias. Na verdade, desde a primeira edição em que a competição recebeu esta designação, na temporada de 1938/39 o "secundário" Carcavelinhos eliminava o primodivisionário Barreirense logo na 1.ª eliminatória. Cinco épocas mais tarde - em 1943/44 - o primeiro dos chamados "3 Grandes" do futebol luso cai com estrondo aos pés de um clube de uma divisão inferior, mais concretamente o Estoril, que nessa temporada elimina nos quartos-de-final da prova o FC Porto. Canarinhos da Linha que chegariam, aliás, à final da Taça nessa época, culminando assim uma época de glória que teve como epílogo a então inédita subida à 1.ª Divisão.
A lendária equipa do Tirsense que derrotou o Sporting dos Cinco Violinos |
Mas o
primeiro grande "tomba gigantes", ou por outras palavras, a primeira grande
surpresa - ou escândalo, dirão outros -
da Taça de Portugal dá pelo nome de Futebol Clube Tirsense, popular clube
nortenho que em 1948/49 elimina o Sporting. Não era um Sporting qualquer este
que caiu com estrondo no então pelado Campo Abel Alves de Figueiredo, na tarde
de 17 de abril de 1949. Este Sporting era tão somente a equipa dos famosos Cinco Violinos, a equipa que dominava o
futebol português de então, o conjunto mais poderoso e mais temido da nossa
nação, um combinado quase imbatível. Já o Tirsense era tão só uma modesta
e quase desconhecida equipa que atuava na 3.ª Divisão nacional. Talvez por
isso, a 1.ª eliminatória da Taça de 48/49 fosse encarada pelos temíveis leões como um mero passeio à terra dos
famosos jesuítas produzidos na hoje centenária Confeitaria Moura. Terá assim
que pensou o mestre da tática daquele
Sporting, Cândido de Oliveira, que para Santo Tirso apenas levou dois dos seus Cinco Violinos, nomeadamente, Vasques e
Albano, deixando na capital Peyroteo (lesionado), Jesus Correia e Travassos,
sendo que estes dois últimos por motivos de fadiga física, já que o Campeonato Nacional da 1.ª Divisão havia terminado poucos dias antes, e desse modo o Mestre Cândido resolveu dar descanso a
alguns dos seus mais virtuosos craques com vista à epopeia europeia que se
avizinhava. Ou seja, a primeira edição da Taça Latina, que os leões ambicionavam conquistar. Sporting
que ostentava nas vésperas do jogo de Santo Tirso o estatuto de... tri-campeão
nacional e vencedor das três últimas edições da Taça!!!
Dos habituais titulares também Veríssimo ficava em casa a contas com problemas físicos, mas ainda assim todas estas baixas estavam longe de fazer antever o sportinguista - e não só - mais pessimista que o seu clube iria sucumbir aos pés do modesto emblema nortenho. Tirsense que tinha, talvez, como principal figura o seu treinador (!), que era nada mais nada menos do que o lendário ex-futebolista Pinga. Notabilizado no FC Porto ao longo de 16 épocas consecutivas, o internacional português nascido na Madeira vivia em Santo Tirso a sua primeira aventura enquanto treinador.
Pinga, o Mestre da Tática do célebre Tirsense |
Como já
foi dito antes o Sporting chegava a Santo Tirso poucos dias depois de ter
carimbado o terceiro título consecutivo de campeão nacional, tendo disputado o
último jogo desse campeonato em Guimarães, pelo que após o encontro com o
Vitória nem sequer regressou a Lisboa, ficando a estagiar - ou terá sido a descomprimir? - em Famalicão até à mera formalidade que seria o embate com o
"terciário" Tirsense para a ronda inaugural da Taça.
Jesuítas que faziam a sua estreia na prova
rainha do futebol, há que dizê-lo, e como tal que melhor batismo poderiam ter
ao receber no seu humilde campo o tri-campeão nacional e da Taça Portugal!. Já
por si este momento era de festa na então vila de Santo Tirso, ainda por cima
num domingo de Páscoa!
Para
substituir o temível goleador Fernando Peyroteo, o Mestre Cândido lança às feras o estreante Sérgio Soares, então com
20 anos. Ele que era um
produto da formação sportinguista, e que fora nessa temporada dos jogadores
menos utilizados por Cândido de Oliveira, mas que mesmo assim vinha com a moral
em alta, já que havia sido um dos autores dos golos em Guimarães com que o
Sporting fechou o Nacional da 1.ª Divisão. Dele esperavam-se pois muitos golos
frente ao desconhecido Tirsense, que nessa temporada havia chegado à final do
Campeonato Nacional da 3.ª Divisão, uma decisão perdida frente ao Almada.
Mas
eliminar o poderoso Sporting era sonhar alto demais, ou... não, de acordo com
as palavras de Pinga ao jornal A Bola:
«Sim, era (será) muito difícil... se os
rapazes não tiverem medo... Mas os campeões também perdem». Parecia que o
antigo astro do futebol lusitano estava a adivinhar o que iria acontecer.
Num
campo de dimensões reduzidas e com um público em alvoroço em volta, o Tirsense mostrou
de pronto as garras ao...leão, conforme deu a entender Luís Baptista, o
jornalista do jornal da Travessa da Queimada encarregue de fazer a crónica. «Os dez primeiros minutos foram do Tirsense
que actuou com entusiasmo». Isto, perante um Sporting descontraído e sem
grandes pressas. Depois disto, o leão
acordou e passou a impor algum respeito em campo. No entanto, na frente de
ataque Sérgio Soares acusava a responsabilidade de estar a substituir o
lendário Peyroteo, e não dava o melhor seguimento às várias e flagrantes
oportunidades de golo de que dispôs. Seria, porém, o melhor leão desse encontro, Armando Ferreira,
que aos 17 minutos colocou o Sporting em vantagem, mas.. foi sol de pouca dura.
Entusiasmado quiçá pelo momento de gala que estava a viver, o Tirsense não se
remetia à defesa - bem organizada - e segundo o escriba de A Bola muitas vezes passava o meio campo. E numas dessas incursões,
Catolino fez o empate (!), num lance em que o lendário Azevedo é apanhado a
dormir. Por outras palavras, não se fez à bola, que foi parar à cabeça do
avançado jesuíta, rumando em seguida para o fundo das redes. Por incrível que
parecesse o modesto Tirsense ia aguentando o leão, e ao intervalo o duelo estava empatado.
O Sporting procurou no reatamento resolver a contenda a seu favor, e até se queixou de uma grande penalidade não assinalada: uma carga do guardião local Daniel sobre João Martins (o tal que apontou o primeiro golo das provas da UEFA a nível de clubes). Os minutos iam passando, e o resultado não se alterava, pelo que o Tirsense ia crescendo... e acreditando. «E a oito minutos do fim, Azevedo lançou com a mão a bola fora da sua baliza. A jogada foi interceptada por um tirsense e concluída por um companheiro apanhando Azevedo ainda mal situado entre os postes. Estava feito o resultado», assim descreveu Luís Baptista o golo de Mendes, o tento que ditou a vitória tirsense por 2-1 e a consequente eliminação do Sporting!
Manchete do jornal A Bola de 18 de abril de 1949 |
Quiçá
ainda atordoados com a pancada, os dirigentes sportinguistas chegaram a
protestar o jogo, com o argumento de que o Campo Abel Alves de Figueiredo não
reunia condições para acolher um desafio de futebol. Mas o que é certo é que a derrota
foi mesmo uma realidade ante um Tirsense que o jornalista Luís Baptista gostou
de ver jogar pela primeira vez, um conjunto em que «a defesa e a linha intermediária comportaram-se bem, chegando para quase
todos os momentos». E numa análise global a alguns dos novos heróis da
vila de Santo Tirso, o colaborador de A Bola escrevia que «o guarda-redes, desajeitado nas defesas não pôs as balizas em perigo
de maior. Cruz, Álvaro e Prazeres jogaram bem, Chelas e Joaquim não destoaram.
A linha da frente é que é bastante frágil. Apenas Falcão se salientou. (...) Mas
o Interesse pela luta, o brio desportivo que os uniu fez com que o Tirsense alcançasse resultado sensacional
que ao mesmo tempo nada tem de injusto».
Estava assim consumada a grande surpresa desta edição da Taça de Portugal, diríamos mesmo a primeira grande surpresa da competição, ou como Luís Baptista lhe chamou, um acidente. «Estes "acidentes" da prova servem para criar mais adeptos, maior entusiasmo, maior expansão do jogo e maior expectativa pelos encontros. Há sempre uma possibilidade... mesmo para os mais fracos. Assim aconteceu em Santo Tirso», assim rematou o escriba de A Bola.
O cartoon da Revista Stadium que evoca a grande surpresa ocorrida em Santo Tirso |
Numa partida em que para a revista Stadium «o Tirsense, da 3.ª Divisão, treinado por esse incomparável Pinga, bateu-se como "leão" e eliminou os "leões" (...) campeões nacionais, equipa cheia de pergaminhos, com uma tática firme, vencedora...», eis a ficha que fica para a história do futebol português, e ainda mais para a do então jovem (com apenas 11 anos de existência) Futebol Clube Tirsense: Árbitro: Augusto Pacheco (Aveiro). Tirsense - Daniel, Joaquim, Chelas, Cruz, Álvaro, Prazeres, Zeca, Falcão, Mendes, Catolino e Mota. Treinador: Artur Sousa “Pinga”. Sporting - João Azevedo, Octávio Barrosa, Juvenal, Canário, Manecas, Mateus, Armando Ferreira, Vasques, Sérgio Soares, João Martins e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira.
Kristen Nygaard (Dinamarca): Ele foi (ou é) um dos principais personagens do conto de fadas do AZ Alkmaar na época de 80/81. A temporada em que o modesto clube da "cidade dos queijos" surpreendeu o Planeta da Bola ao vencer não só o campeonato nacional como também a Taça dos Países Baixos. E a epopeia dos kaaskoppen (cabeças de queijo) só não ganhou contornos internacionais porque o então jovem treinador inglês Bobby Robson não permitiu.
Kristen Nygaard, que para muitos é um nome que pouco diz, foi o grande estratega do AZ '67 (atualmente denominado de AZ Alkmaar) nessa temporada de quase glória. Nasceu na Dinamarca, a 9 de setembro de 1949, e foi um médio elegante, detentor de um pé esquerdo fabuloso e uma visão de jogo primorosa a quem a camisola 10 desse AZ '67 assentava que nem uma luva. Nygaard chegou à Holanda (hoje Países Baixos) na sequência da sua única aparição brilhante ao serviço da seleção dinamarquesa. Contemporâneo de lendas vikings como Allan Simonsen (Bola de Ouro em 1977), Kristen Nygaard foi uma das estrelas da seleção nórdica no torneio olímpico de 1972, em Munique. As suas estupendas exibições nessa edição dos Jogos Olímpicos (ele foi titular absoluto em todos os seis encontros disputados pelos vikings nessa Olimpíada) cativaram o então treinador do AZ '67, Cor van der Hart, que de pronto fez tudo para contratar o alto, louro, e talentoso médio dinamarquês que até então atuava no modesto Fuglebakken KFUM, do seu país.
Corria então a época de 72/73 quando Nygaard chega a
Alkmaar, onde permaneceu durante 10 temporadas seguidas! Na sua estadia nos
Países Baixos fez 363 jogos e marcou 104 golos pelo AZ '67, juntando a estes
números centenas de passes teleguiados para outras lendas do clube daquele tempo, como Kees
Kist e Pier Tol, faturarem. No entanto, a já referida temporada de 80/81 ficou
na história de Kristen Nygaard e do AZ '67, em que juntamente com Kees Kist,
John Metgod, Eddy Treijtel e Jan Peters, guiou o modesto clube de Alkmaar ao
título de campeão nacional, selado após uma histórica vitória em casa do
gigante Feyenoord, por 5-1, em maio de 1981. Essa época foi mesmo de glória
para o AZ '67, que ao campeonato juntou ainda a Taça dos Países Baixos (a KNVB
Cup) após bater na final outro gigante do país das tulipas, o Ajax, em pleno
Estádio Olímpico de Amesterdão (uma das casas do Ajax), com Nygaard a marcar um
dos golos da vitória. A glória de 80/81 podia ter sido ainda mais vincada, já
que nessa temporada pela primeira e única vez na sua história (até à data) o
clube de Alkmaar atingiu uma final europeia, no caso a da Taça UEFA. O
"desmancha prazeres" foi Bobby Robson, que ao comando do Ipswich Town
bateu o clube que tinha como maestro Kristen Nygaard - 3-0 em Inglaterra no
jogo da primeira mão, ao passo que no encontro de volta, disputado em
Amesterdão, pelo facto do pequeno estádio do AZ '67 não ter condições para
acolher uma final continental, a equipa na altura orientada pelo alemão Georg
Kessler venceu por 4-2, resultado insuficiente para ficar com o caneco.
Nygaard
ficou em Alkmaar até meados de 1982, rumando depois para França, mais
concretamente até Nimes, onde jogou nas cinco épocas seguintes, sendo que foi
nesta cidade gaulesa que iria pendurar as chuteiras e abraçar as lides de
treinador. Mas por pouco tempo, já que em 1994 Nygaard teve um grave acidente
de viação que quase lhe tirou a vida. Durante oito semana ele esteve em coma e
depois de recuperar ficou com profundas sequelas que de lá para cá o têm afetado.
De tal forma que até hoje ele tem sido sustentado pela sua esposa, pelo seu
filho, e por amigos, dada a sua incapacidade para trabalhar nem o facto de ter
tido direito a qualquer pensão/seguro.
Nygaard, que teve como grande ídolo o holandês Johan Cruyff, é hoje mais popular nos Países Baixos do que no seu próprio país (cuja seleção nacional representou em 39 ocasiões entre 1970 e 1979, mas sem grande brilho, excetuando a tal presença nos Jogos Olímpicos de 72). Alkmaar não o esquece, de tal forma que o atual o centro de fãs no Estádio AFAS (atual e moderno recinto do AZ) tem o seu nome!
James Yuille McLean, ou simplesmente, Jim McLean, é a figura dos bancos que hoje vamos recordar, um homem que está diretamente ligado ao período de maior sucesso dos simpáticos escoceses do Dundee United. Não é fácil triunfar num país onde a história de glória do futebol se restringe quase à cidade de Glasgow, através dos rivais Celtic e Rangers, que só à sua conta detêm (juntos) 108 dos 132 títulos do escalão principal da Escócia (hoje em dia denominada de Scottish Premiership) disputados até hoje.
Porém,
a década de 80 do século passado contrariou esta abismal tendência dos "gigantes" de Glasgow, muito por culta de dois então jovens treinadores que ao comando de
emblemas de menor dimensão se intrometerem (com sucesso) na hegemonia de
títulos de Celtic e Rangers. Esses homens foram Jim McLean, ao serviço do
Dundee United, e Alex Ferguson, aos comandos do Aberdeen. Claro que
na balança de títulos, Ferguson teve mais peso, já que venceu três campeonatos
nacionais da 1.ª Divisão escocesa, quatro Taças da Escócia, uma Taça da Liga
Escocesa, e ainda uma competição europeia, a Taça dos Vencedores das Taças,
curiosamente o último troféu internacional ganho por um emblema escocês. Tudo
isto na tal década de 80.
O
palmarés de McLean é mais modesto, mas na essência o seu legado foi tão
importante como o de Sir Alex, pois também ele levou um pequeno clube, que até à
sua chegada só tinha como cartão de
visita dois títulos da 2.ª Divisão escocesa, à glória.
McLean levado em ombros após a conquista do título de 1983 |
Mas a ironia subiu de tom um ano mais tarde, quando o United
revalidou o título de campeão da Taça da Liga à custa do vizinho e eterno
inimigo Dundee FC, numa final mais uma vez disputada em Dens Park! Por esta
altura , não haveria por certo nenhum fiel devoto dos The Dark Blues que estivesse arrependido em deixar que McLean
tivesse atravessado a rua para abandonar Dens Park em direção a Tannadice Park
(o estádio do Dundee United).
Final da Taça UEFA de 86/87 |
McLean eternizado em estátua em Tannadice Park |
Com
o evoluir do futebol McLean achou por bem afastar-se dos bancos, no início da
década de 90, optando pelo trabalho mais de gabinete, ou seja, integrando o setor
administrativo do Dundee United. Foi dirigente do clube entre 1993 e 2000. Isto
numa altura em que Ferguson era já rei absoluto em Manchester, ao serviço do
United, para onde se havia mudado em 1986, na sequência do tremendo sucesso -
interno e externo - obtido ao serviço do modesto Aberdeen. McLean não seguiu as
pisadas do seu contemporâneo Alex Ferguson, não por falta de oportunidades,
pois recebeu inúmeros convites para treinar clubes de maior nomeada, quer da
Escócia, quer fora do seu país, mas a tranquilidade que sentia em Dundee, o
amor à cidade e ao clube, fizeram com que aqui ficasse até ao fim da vida: no
dia seguinte ao Natal de 2020.
Ainda hoje, quando se fala nos maiores treinadores escoceses de todos os tempos, o seu nome surge a par de Alex Ferguson, Bill Shankly, Jock Stein, ou Matt Busby.