A
5.ª edição do Campeonato do Mundo de Sub-20 teve como palco e pela primeira vez
o continente europeu. Estávamos em 1985. Coube à então União Soviética exibir a
montra dos craques do futuro. 16 seleções procuravam suceder ao Brasil no topo
do futebol jovem planetário, entre as quais o próprio escrete canarinho, que na qualificação para o Mundial havia tido um
trajeto imaculado, cedendo apenas um empate na 1.ª fase de qualificação, ante a
Colômbia, a zero bolas, e somando seis triunfos, três dos quais na fase final
da zona de qualificação da CONMEBOL ante o Uruguai, Paraguai e a Colômbia,
sendo que estas duas últimas seleções acompanhavam os brasileiros na viagem
para a União Soviética. Da CONCACAF apuraram-se México e Canadá, sendo que os
mexicanos o fizeram sem qualquer derrota na fase de qualificação. Da Ásia,
China e Arábia Saudita qualificaram-se para o Mundial sem qualquer desaire nas
duas fases de qualificação pelas quais passaram. Qualificação 100 por cento
vitoriosa teve também o representante da Oceânia, a Austrália, ao passo que de
África fazia a viagem para solo europeu a Tunísia que na final continental
havia-se desenvencilhado da Nigéria numa final a duas mãos com o agregado a
favor das "águias do Cartago" por 3-2. República da Irlanda, Inglaterra,
Espanha, Bulgária, Hungria e a anfitriã União Soviética eram os representantes
do Velho Continente no Mundial
juvenil da FIFA então presidida por João Havelange. Leningrad, Minsk, Baku,
Yerevan, Tbilissi e Moscovo foram as cidades escolhidas para sediar a competição
que arrancou no dia 24 de agosto e foi concluída a 7 de setembro de 1985.
Grupo A: favorita
Hungria desilude
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O mapa da União Soviética com realce para as cidades sede |
O
Grupo A foi sediado em Yeravan, hoje em dia capital da Arménia, e tinha a
Hungria como principal favorita a seguir para a fase seguinte da prova. Os
magiares chegavam a este campeonato como vencedores do Campeonato da Europa de Sub-18,
no ano anterior. Porém, os húngaros estiveram aquém das espectativas e logo no
primeiro jogo deixaram fugir no último minuto a vitória contra a estreante
Colômbia. Depois de estarem na frente do marcador por 2-0 os europeus
consentiram dois golos em apenas um minuto (!), tendo a partida terminada
empatada a duas bolas. Nos dois jogos seguintes a Hungria mostrou-se
estranhamente tensa e só a espaços mostrou a sua teórica supremacia. Contra a
desconhecida Tunísia os europeus foram de certa forma bafejados pela sorte,
tendo dado a reviravolta a um resultado negativo já em cima do apito final do
encontro, quando o 2-1 final surgiu. Na derradeira partida deste grupo a Hungria
defrontou a Bulgária, um conjunto que ao longo desta primeira fase se mostrou
mais maduro e estável. A classe dos búlgaros ficou patente logo na estreia,
ante a Tunísia, com o 2-0 final a favor dos europeus a ser demasiado lisonjeiro
para os africanos. Neste Mundial
emergiram de pronto alguns jogadores que viriam a fazer parte da geração de ouro do futebol búlgaro que
na década seguinte brilhou nos grandes palcos planetários, casos de Lubo Penev,
Krasimir Balakov ou Emil Kostadinov.
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Guarda-redes colombiano agarra a bola |
No
segundo encontro da fase de grupos a Bulgária sentiu algumas dificuldades para
lidar com o futebol mais técnico dos colombianos e o empate a uma bola acaba
por refletir o curso (equilibrado) que a partida tomou. No tira teimas do
grupo, no confronto entre europeus, os búlgaros foram sem dúvida melhores, pelo
que a igualdade a uma bola acaba por ser um mau resultado para a Bulgária e um
mal menor para a Hungria. Esta igualdade apurou para a fase seguinte os
búlgaros e a Colômbia, uma equipa que apresentou um futebol vistoso e
revigorante no plano atacante, com os seus jogadores a mostrarem atributos
técnicos de fino recorte que entusiasmaram o público de Yerevan que desta forma
apoiou os sul-americanos durante os seus jogos. A Colômbia avançou para os
quartos-de-final sem perder um único jogo nesta fase de grupos, sendo que o seu
apuramento foi ditado pelo método insólito de... moeda ao ar. É caso para dizer
que a sorte foi merecida, pois na balança entre cafeteros e húngaros o melhor futebol foi apresentado pelos primeiros.
No plano individual destaque para o então jovem guarda-redes René Higuita, que
neste Mundial não teve oportunidade de mostrar a excentricidade pela qual se
tornaria mundialmente famoso nos anos seguintes.
Por
fim os tunisinos, cujo maior problema eram... eles próprios, isto é, a sua
inadequada preparação para o torneio que acabou por se refletir nas três
derrotas que a seleção africana averbou.
Grupo B: Poderio
brasileiro por demais evidente
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Brasil, os futuros campeões do Mundo
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Tbilissi
acolheu os jogos do Grupo B do Mundial, um grupo composto por seleções com
estilos de jogo bastante distintos: o Brasil e a Arábia Saudita (treinada por
um brasileiro) evidenciaram o típico e artístico estilo de futebol
sul-americano, ao passo que a Espanha apresentou um estilo baseado no
contra-ataque, enquanto que a Irlanda exibiu o característico futebol
britânico. Rotulado como favorito não só à passagem à fase seguinte como a
vencer o próprio torneio, o Brasil, campeão do Mundo em título, não desiludiu
as expectativas, e a sua supremacia nos três jogos da fase de grupo foi por
demais evidente. O escrete controlou
sempre os seus adversários, pautou o ritmo dos jogos, e não consentiu qualquer
veleidade aos seus adversários, vencendo o grupo só com vitórias. Uma técnica
acima da média, uma inteligência de jogo astuta, e uma organização exemplar
aliada a uma disciplina tática tremenda, foram atributos mostrados pelos
brasileiros nesta primeira fase. Por outras palavras, o Brasil foi superior em
todos os capítulos, e os resultados acabam até por ser escassos tamanha foi
essa supremacia. |
Irlandeses e nigerianos disputam a bola
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A equipa espanhola foi muito irregular, consequência de uma
preparação muito deficitária, tendo a seleção juntado-se pouco antes de viajar
para a União Soviética. Entraram muito mal no torneio com um empate sem golos
ante os sauditas, ao que se seguiu uma derrota natural com os brasileiros, e à
entrada para a última jornada La Roja
somava apenas um ponto e não tinha marcado qualquer golo. No jogo do tudo ou nada contra a República da
Irlanda o triunfo só seria confirmado a 5 minutos do final e qualificação para
a ronda seguinte apenas foi possível pois a Espanha ganhou no goal-average com a Arábia Saudita.
Última seleção esta cuja personalidade dentro do campo acabou por ditar o
afastamento do Mundial na fase de grupos, ou seja, o bom futebol apresentado
pelos asiáticos não foi correspondido pelos seus jogadores, que dentro do campo
se mostravam demasiado conflituosos e descontrolados. A equipa fazia muitas e
perigosas faltas, o que não só levava perigo à sua baliza como acabava por
descontrolar emocionalmente os seus jogadores. Apesar de esforçada,
disciplinarmente excelente, e muito bem organizada sob o ponto de vista tático,
a seleção da República da Irlanda foi incapaz de somar qualquer ponto, dando
contudo boa réplica em alguns jogos.
Grupo C: Anfitriões
sentem dificuldades para seguir em frente
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Lance do jogo Canadá-Austrália
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Em
Minsk estava sedeado o Grupo C, e nele estavam representados quatro continentes
diferentes. A seleção da casa, apontada como uma das favoritas à vitória final,
não conseguiu lidar com a pressão do público e da comunicação social. A
qualificação para a fase seguinte foi mais difícil do que os resultados possam
expressar, sendo que a equipa apenas mostrou bom futebol a espaços. Na maioria
das vezes os soviéticos mostraram sinais de tensão. Foi por diversas vezes
visível que a União Soviética tentou imprimir no seu jogo uma velocidade a que
a técnica dos seus jogadores não correspondia, vendo-se em demasia passes
falhados e muitas oportunidades de golo perdidas. Mesmo com todas estas
debilidades os soviéticos terminariam no topo do grupo, com apenas um empate
consentido e duas vitórias. Logo atrás da seleção anfitriã ficou a Nigéria,
cujo futebol jovem vinha fazendo grandes progressos. Após uma vitória fácil
contra o Canadá no jogo de estreia, os nigerianos apresentaram-se algo
sonolentos no encontro com a União Soviética, o qual acabariam por perder.
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Australiano Panagis prepara-se para cobrar uma falta |
No
derradeiro encontro com a Austrália os africanos entraram mal, estiveram a
perder por 2-0, mas uma avalanche ofensiva tremendamente eficaz no segundo
tempo foi premiada com três golos que conferiram uma vitória e o apuramento
para os quartos-de-final. Por sua vez, a Austrália protagonizou quiçá a
primeira grande surpresa deste Campeonato do Mundo ao empatar a zero no jogo de
abertura do grupo ante a União Soviética. Porém, não deu seguimento a este bom
resultado, já que não foi além de novo nulo no jogo seguinte com o Canadá ao
que se seguiu a tal derrota com a Nigéria no confronto decisivo para estas duas
seleções. Quantos aos canadianos, e para a história, fica o ponto conquistado
com a Austrália, já que de resto saíram do torneio como a seleção que sofreu a
derrota mais pesada da prova, 5-0 com a União Soviética. Não marcaram um único
golo em três jogos.
Grupo D:
Supremacia azteca
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Disputa de bola no Paraguai-México |
Baku
recebeu os jogos do Grupo D, dominado pelo México, que com três triunfos ficou
com a liderança. No jogo de estreia, ante a China, a avalanche mexicana fazia
estragos ao intervalo, com um concludente 3-0, sendo que no segundo tempo os
centro-americanos diminuíram o ritmo de jogo e consentiram o tento de honra dos
asiáticos. A superioridade mexicana ficou igualmente bem patente ante o
Paraguai com um triunfo por 2-0 e diante da Inglaterra, por 1-0. Logo atrás do
México classificou-se a China, que começava a dar inícios de evolução no futebol,
alcançando pela primeira vez os quartos-de-final num Mundial juvenil, fruto de
duas vitórias ante seleções teoricamente mais evoluídas como eram o Paraguai e
a Inglaterra. A seleção inglesa foi composta na sua totalidade por jovens
jogadores profissionais, orientados por Dave Sexton, um dos
treinadores mais conhecidos e bem-sucedidos da Inglaterra. Os ingleses estavam
entre os favoritos do grupo, porém a equipa foi incapaz de corresponder às
expectativas. Contra o Paraguai, no jogo de abertura, eles deixaram escapar uma
vitória que parecia certa, venciam por 2-0 e empataram a dois golos. Contra a
China os britânicos tiveram um quarto de hora final tenebroso, acabando por
sofrer dois golos que originaram uma derrota. E no encontro contra os
mexicanos, que já classificados fizeram descansar alguns dos seus principais
jogadores, os ingleses pouco arriscaram, acabando por perder.
Quartos-de-final:
Brasil encanta com a qualidade do seu futebol
Yerevan
recebeu o primeiro duelo dos quartos-de-final do Mundial de 1985, que opôs a
Bulgária à Espanha. A formação inicial dos búlgaros incluía nada mais nada menos
do que cinco avançados, dos quais dois foram-lhe atribuídos funções de
meio-campo. Quando a equipa atacava, os dois falsos médios juntavam-se aos
outros três atacantes. A defesa espanhola, que operava num sistema de marcação
fechada, teve muitas dificuldades em lidar com a tática búlgara. Porém, contra
a corrente do jogo, os espanhóis saíram na frente do marcador na sequência de
um pontapé de canto, em que a bola foi mal aliviada pela defesa búlgara e
apareceu Marcelino Garcia Toral a rematar para o fundo das redes. Logo após o
intervalo, o extremo direito búlgaro Maznilkov ludibriou o seu marcador direto
e cruzou para o centro da área onde apareceu Kostadinov a fazer o empate. Durante
um dos raros mas perigosos ataques espanhóis, um defesa búlgaro cometeu uma
falta desnecessária na área, e eis que Fernando com segurança converteu a grande
penalidade que conferiu uma vantagem de 2-1 para sua equipe, a qual não mais
seria desperdiçada pelos ibéricos que assim selavam a passagem às meias finais.
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Brasil não deu hipótese à Colômbia |
Em
Tbilissi assistiu-se a um recital de futebol dado pelos brasileiros. A primeira
metade do encontro com os colombianos foi uma permanente avalanche ofensiva do
Brasil, com os cafeteros a
concentrarem-se em bloco à frente da sua baliza tentando tapar de todas as
maneiras o caminho do golo. Sistematicamente havia 21 jogadores no meio campo
colombiano, o que prova o domínio avassalador dos canarinhos. Tal era que muitas vezes até os próprios brasileiros
sentiam-se confusos perante tão numerosa concentração de jogadores em tão
poucos metros de campo. Porém, logo após o intervalo o muro colombiano foi
derrubado, com Gérson a fazer um belo chapéu ao guardião colombiano. Três minutos
depois foi a vez de Silas atirar para o fundo da baliza na recarga a uma defesa
incompleta do guarda-redes cafetero.
Os brasileiros não se ficariam por aqui, e por mais quatro vezes violaram as
redes do infeliz Eduardo Niño.
Neste
jogo os brasileiros foram superiores ao seu adversário em todos os aspetos. Depois
do primeiro golo, a resistência dos colombianos foi por completo quebrada e
eles não tiveram nem espírito nem a força física para contrariar os exuberantes
brasileiros. Ademais, o Brasil mostrou uma qualidade de futebol tão gigante que
os deixou ainda mais favoritos para ganhar este Campeonato do Mundo de Sub-20.
Expectativa
era a palavra que gravitava em torno do encontro entre a União Soviética e a
China, duas equipas que tinham apresentado estilos táticos muito parecidos
durante a primeira fase. A partida teve um início estrondoso. O extremo direito
soviético Medvid pegou na bola e correu rapidamente pelo seu corredor, deixando
em seguida o esférico para Kuzhlev que depois de ultrapssar um defesa chinês
aplicou um remate que surpreendeu o guardião asiático logo no minuto inicial.
Os chineses não se deixaram afetar por este tento madrugador, muito pelo
contrário, reagiram de forma enérgica, começando a impor o seu jogo e
conquistando uma clara superioridade territorial. Por sua vez, os soviéticos
optaram por um jogo mais paciente, à espera do adversário e bem fechados na sua
defensiva. A União Soviética passou então quase e exclusivamente a jogar em
contra ataque, e quando perdia a bola recuava toda a equipa para o setor
defensivo, tapando assim os caminhos da baliza de Kutepov. Os chineses nunca
desistiram de atacar a baliza contrária, construindo jogadas de ataque em
catadupa, no entanto, além da bem escalonada defensiva local mostraram-se pouco
eficazes na "Hora H", isto é, dispuseram de claras oportunidades de
golo mas desaproveitaram-nas, acusando também alguma falta de experiência
nestas competições, o que acabaria por ditar a sua eliminação. Jogar bom
futebol não chega para vencer. E a China foi um claro exemplo disto neste
Mundial.
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Nigéria
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Em
Baku assistiu-se a um jogo em que a Nigéria desde o primeiro minuto tomou a
iniciativa de atacar a baliza mexicana. A equipa africana fez de pronto uma
pressão asfixiante sobre o seu oponente rematando à baliza de todos ângulos e
feitios possíveis. Com o passar do tempo os mexicanos foram acalmando os ânimos
dos nigerianos, pese embora as suas ações atacantes fossem lentas e pouco
perigosas para a baliza de Agu. Até que aos 33 minutos os africanos inauguraram
o marcador, na sequência de um mau alívio de cabeça de Huertas, tendo a bola
caído nos pés de Igbinabaro que não desperdiçou a oportunidade para desferir um
remate de 25 metros que só parou no fundo das redes de Brabila. Dois minutos
depois os nigerianos aumentaram a vantagem, quando o extremo esquerdo Anunobi
passou a bola para Eveh, que de pronto atirou o esférico para a baliza
mexicana. A bola foi defendida numa primeira instância por Brabila, mas na
recarga Odiaka aumentou a vantagem das "super águias". Cinco minutos
após o reatamento os mexicanos conseguiram reduzir a diferença: após um bom
movimento de ataque, Cruz superou a defesa nigeriana e fez um belo passe para
Medina, que colocou a bola no fundo da baliza. O golo deu aos mexicanos um novo
alento, eles aumentaram a pressão, chegando perto da baliza contrária em
diversas ocasiões. O controle do jogo passou então para os mexicanos, sendo que
os nigerianos tiveram então de fazer jogo feio, isto é, chutar a bola para onde
estivessem virados, para selar o triunfo e avançar para as meias-finais.
Lotaria andou à
roda em Moscovo
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Soviéticos e espanhóis travarem duelo emocionante |
Moscovo
e o seu estádio Lenin receberam uma das meias-finais, na verdade, uma
meia-final eletrizante e imprópria para cardíacos entre a União Soviética e a
Espanha. E assim foi desde o primeiro minuto, com ambas as equipas a lutarem
muito entre si para chegar à baliza. Os espanhóis voltaram a adotar uma
estratégia de contra-ataque, deixando a posse da bola para os soviéticos, que
por sua vez acamparam no meio campo adversário. Pese embora tivessem essa
vantagem territorial, os anfitriões não criaram grandes oportunidades de golo
durante a primeira meia hora de jogo. Aos 38 minutos, Medvid recebeu a bola de um
lançamento lateral próximo à bandeirola de canto, levando o esférico até à
grande área contrária, onde de forma habilidosa iludiu um defesa contrário,
tendo sido derrubado posteriormente por trás. Penalty claro. Khudojilov converteu
majestosamente o castigo máximo com um remate que foi ao ângulo superior
esquerdo da baliza de Unzué. No segundo tempo, o jogo começou a melhorar. Os
espanhóis abriram-se mais, assumiram mais riscos e construíram bons lances de
golo. O empate surgiu de um erro do guardião soviético, que não agarrou uma
bola bombeada da direita do ataque espanhol, permitindo que esta caísse nos pés
de Losada que sem dificuldade limitou-se a empurrar o esférico para o fundo da
baliza.
Este
empate feliz deu alento à equipa espanhola, que passou a ter mais posse de
bola, embora não traduzisse esse domínio em mais golos, pelo que o encontro foi
para prolongamento.
|
Unzué defende um penalti
|
No
tempo extra, foram os soviéticos que se aproximaram mais vezes da baliza
contrária, e depois de duas oportunidades flagrantes perdidas, eles foram recompensados
aos 107 minutos quando Medvid cruzou o esférico para o poste mais distante,
onde Ivanauskas cabeceou
a bola para a esquerda que apanhou o guarda-redes espanhol desprevenido. O jogo
parecia ganho, até porque a equipa espanhola começava a dar sinais de que
estava a pagar o esforço despendido no encontro anterior, e a concentração dos seus
jogadores começou a falhar. Contudo, nos segundos finais do encontro, os
soviéticos tentaram manter a posse da bola no seu meio do campo, até quando Tatarchuk
fez um passe curto para trás no sentido de um companheiro de equipa, a bola foi
perdida, tendo sobrado para Goicoetxea (que mais tarde brilharia no plano
sénior quer ao serviço do Barcelona quer da seleção principal da Espanha) que
completamente solto de marcação teve tempo para escolher que lado da baliza
queria rematar, fazendo o empate a poucos segundos do apito final. Seguiu-se o
drama das grandes penalidades para desempatar a contenda, e aqui a Espanha foi
mais feliz, vencendo por 4-3 e atingindo assim pela primeira vez uma final de
um Mundial.
Arte brasileira
voltou a sobressair ante bravos nigerianos
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Taffarel trava ataque nigeriano
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Em
Leningrad disputou-se a outra meia-final entre Brasil e Nigéria. Os brasileiros
assumiram o comando do jogo desde o início, e quase abriram o marcador aos 11
minutos, na sequência de um belo ataque terminou que terminou com um forte
remate de Gérson que levou a bola a embater na barra. Até que aos 22 minutos o
constante domínio dos brasileiros foi finalmente premiado. A bola desceu pela da
direita por intermédio de Luciano que mudou o flanco da jogada com um passe
longo para Silas, que por sua vez encontrou Balalo, o qual pegou na bola e
rematou para a baliza, onde Agu não conseguiu agarrar o esférico, tendo este
sobrado para Muller que só teve de colocar o esférico no fundo da malha. Não
era só no ataque que o Brasil brilhava, também na baliza o guarda-redes
Taffarel dava show quando era chamado
a intervir, como aconteceu aos 33 minutos, em que defendeu um espetacular
remate em vôlei com os pés. Mas a um minuto do intervalo os brasileiros
ampliaram a vantagem no seguimento de mais um ataque pela direita, com Luciano a
fazer um passe curto para Muller, que por sua vez cruzou a bola para a área,
onde Balalo rematou para o 2-0.
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Balalo celebra um dos golos
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Durante
o intervalo, os nigerianos foram forçados a substituir o seu guarda-redes, que
se havia lesionado na primeira metade. Apesar de jogar a partir de então contra
o vento, os nigerianos tiveram uma reentrada em jogo endiabrada, forçando os
brasileiros a ceder por diversas vezes pontapés de canto. Ao minuto 52 minutos
os africanos beneficiaram de um penalty, mas o remate de Igbinabaro foi
defendido de forma brilhante por Cláudio Taffarel.
A
Nigéria continuou a atacar e manteve a defesa adversária sob pressão constante,
tendo tido nada mais nada menos do que oito cantos a seu favor no segundo
tempo. Mas os brasileiros mostraram-se muito fortes na defesa e nunca perderam o
controle da situação.
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Adeptos nigerianos sempre em festa
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Esta
meia final conteve lances de futebol vistosos, tendo sido considerado um dos
melhores jogos do torneio, com os brasileiros a serem considerados como justos
vencedores. Os nigerianos eram tecnicamente quase tão bons quanto os seus
oponentes, não
tendo nenhum problema quando tinham a bola na sua posse. Taticamente os
africanos eram também muito fortes, além de que a sua condição física era
excelente. Mas pela frente encontraram a melhor equipa deste Mundial e isso
ditou a eliminação.
A
Nigéria foi premiada com o terceiro lugar deste campeonato, após ter batido a
União Soviética nas grandes penalidades por 3-1, depois de um nulo no marcador
em 120 minutos de jogo.
Final resolvida
no prolongamento
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Lance da final de Moscovo
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Moscovo
foi palco da grande final deste 5.º Campeonato do Mundo de juniores. Frente a
frente Brasil e Espanha lutavam pela coroa de campeão. Desde o momento em que os
espanhóis entregaram a chave do jogo aos adversários, os brasileiros não se
fizeram rogados e pegaram na batuta de pronto, com realce para o exímio Paulo
Silas, o verdadeiro maestro do meio
campo canarinho. O Brasil atacou
vezes sem conta a baliza espanhola, com a defesa dos europeus a impedirem de
todas as maneiras e feitios o golo brasileiro. Aos 23 minutos, Silas criou uma
grande oportunidade para o atacante Dida, fazendo para este um passe de sonho, que
só não deu golo porque Unzué fez uma defesa que foi igualmente de sonho. Apenas
três minutos depois, Gérson acertou no poste.
Só
aos 42 minutos os espanhóis tiveram a sua primeira oportunidade de golo, com
Gay a desferir um forte remate que levou a bola a embater no topo da barra, com o
guardião Taffarel completamente batido. No seguimento desta jogada Silas endossou
desde o meio campo a bola num magistral passe que apanhou toda a defesa
espanhola desprevenida, deixando Muller apenas com o guarda-redes contrário
pela frente, mas no momento de rematar Unzué mergulhou aos pés do brasileiro
impedindo assim o golo inaugural da partida.
Na
segunda parte a chuva incessante tornou conta do jogo, tornando o relvado
extremamente pesado, o que foi prejudicial ao futebol mais técnico dos
brasileiros. O jogo decaiu então de qualidade, com um ritmo lento e as
combinações de passes tornaram-se cada vez mais raras. A partida produziu a
partir de então jogadas mais duras e Mendiondo acabou expulso após um segundo
cartão amarelo na origem de uma dessas entradas mais agressivas, aos 61
minutos.
Apesar
de terem um jogador a menos em campo, os espanhóis conseguiram manter o jogo em
aberto e preocuparam a defesa brasileira com os seus contra-ataques perigosos. A
três minutos do final eles quase assumiram a liderança no marcador, na
sequência de uma jogada de dois para um, mas Losada, que tinha a bola, desperdiçou
de forma incrível a oportunidade.
Chegou-se
ao prolongamento, e logo ao segundo minuto Balalo cobra um pontapé de canto
para o interior da área, onde aparece Muller, que de cabeça supera os defesas
espanhóis, cabeceando a bola para o meio onde surge o zagueiro Henrique que coloca o esférico no fundo da baliza de
Unzué. Com os brasileiros na liderança do marcador, a equipa espanhola apostou
tudo no ataque, criando várias ocasiões para empatar. Os brasileiros tiveram
alguns momentos de ansiedade, e só perto do fim é que conseguiram controlar o
jogo novamente. Após o último apito do escocês David Syme a alegria tomou conta
do Brasil, que muito justamente, por tudo o que havia feito durante o torneio,
era um justo campeão mundial, ou melhor, bi-campeão do Mundo . De longe eles
foram a melhor equipa deste Campeonato Mundial de sub-20.
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Taffarel prepara-se para o prolongamento
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No
futuro, alguns jogadores desta jovem seleção atingiram os patamares da fama no
plano sénior, casos do guarda-redes Cláudio Taffarel, do atacante Muller -
sendo que estes dois jogadores haveriam 9 anos mais tarde de vencer o Mundial
da FIFA pelo escrete nos Estados
Unidos da América - ou do virtuoso centro-campista Silas, que foi considerado
como o melhor jogador do torneio.
A figura: Silas
Paulo
Silas do Prado Pereira nasceu em Campinas a 27 de agosto de 1965 e começou o
seu trajeto no futebol nos escalões de formação do São Paulo. 1985 é um ano
memorável na carreira do virtuoso médio ofensivo, já que além do título mundial
de juniores pela seleção canarinha e
de ser considerado o melhor jogador desse torneio, ele conquistou o campeonato
paulista ao serviço do São Paulo. No ano seguinte ele é um dos responsáveis por
levar o tri-color paulista a um novo
título nacional, desta feita o Brasileirão,
o mesmo será dizer o Campeonato Brasileiro. Ele ficou no São Paulo até 1988,
tendo arrecadado em 1987 mais um campeonato estadual, até que na temporada de
89/90 embarca na aventura do futebol europeu, tendo assinado contrato com o
Sporting Clube de Portugal. Em Alvalade confirmou o seu enorme potencial,
realizando grandes exibições. Porém, na altura o Sporting vivia tempos
conturbados, não se constituindo como um clube atrativo para um jogador daquela
qualidade. Dessa forma a segunda época de Paulo Silas em Lisboa foi marcada por
alguma irregularidade, para a qual muito contribuíram as lesões, e as várias
chamadas à seleção do Brasil, onde se tornou uma presença constante, tendo
representado o escrete por 38 vezes,
participando nos Campeonatos do Mundo de 1986 e de 1990, e na Copa América de
1989, onde o Brasil foi campeão, embora nunca tenha sido propriamente um titular
indiscutível na seleção. Depois do Sporting regressou à América do Sul, para
representar os uruguaios do Central Español, uma curta passagem, pois de novo a
Europa clamou pelo seu talento, e desta vez seguiu-se uma aventura naquele que
por aqueles dias era o melhor campeonato nacional do Mundo, a Serie A italiana.
Assinou pelo Cesena, onde fez uma época brilhante, tendo sido contratado em
seguida pela Sampdoria, uma equipa que então se afigurava como um dos grandes
do futebol transalpino. Em Génova fez uma excelente época. Em 1992 regressa ao
Brasil para jogar pelo Internacional de Porto Alegre, tendo com a camisola do colorado vencido um campeonato estadual
do Rio Grande do Sul e a Copa do Brasil, seguindo depois viagem para o Vasco da
Gama, onde foi Campeão Carioca em 1994. Depois disto seguiu-se uma nova
aventura internacional, desta feita para a Argentina, tendo atuado no San
Lorenzo por três temporadas, vencendo uma liga argentina. Com a carreira a
aproximar-se do final, Silas viajou para o Japão, onde procurou sobretudo
amealhar algum dinheiro naquela que era uma das principais ligas periféricas do
futebol planetário. Atuou durante dois anos no Kyoto Sanga, antes de regressar
definitivamente ao Brasil, ainda a tempo de ser Campeão do Paraná (ao serviço
do Atlético Paranaense), tendo terminado a sua longa carreira no Inter de
Limeira, já quase com 40 anos de idade.
Nomes e números:
Grupo A
1.ª
jornada
Hungria
- Colômbia: 2-2
(Pinter,
aos 59m, Zsinka, aos 85m)
(Perez,
aos 88m, Rodriguez, aos 89m)
Tunísia
- Bulgária: 0-2
(Mihtarski,
aos 32m, Penev, aos 78m)
2.ª
jornada
Hungria
- Tunísia: 2-1
(Pinter,
aos 60m, Fischer, aos 87m)
(Touati,
aos 46m)
Colômbia
- Bulgária: 1-1
(Tréllez,
aos 74m)
(Kalaydjiev,
aos 69m)
3.ª
jornada
Colômbia
- Tunísia: 2-1
(Castaño,
aos 19m, Tréllez, aos 68m)
(Abdelhak,
aos 76m)
Hungria
- Bulgária: 1-1
(Fischer,
aos 80m)
(Kostadinov,
aos 50m)
Classificação:
1-
Bulgária: 4 pontos
2-
Colômbia - 4 pontos
3-
Hungria - 4 pontos
4-
Tunísia - 0 pontos
Grupo B
1.ª
jornada
Irlanda
- Brasil: 1-2
(Tuite,
aos 86m)
(Balalo,
aos 20m, Dida, aos 80m).
Arábia
Saudita - Espanha: 0-0
2.ª
jornada
Irlanda
- Arábia Saudita: 0-1
(Al
Dosari, aos 54m)
Brasil
- Espanha: 2-0
(Luciano,
aos 50m, Balalo, aos 65m)
3.ª
jornada
Brasil
- Arábia Saudita: 1-0
(Muller,
aos 35m)
Irlanda
- Espanha: 2-4
(Mooney, aos 51m, Kelch, aos 56m)
(Fernando,
aos 3m e 61m, Losada, aos 35m e 85m)
Classificação:
1-
Brasil: 6 pontos
2-
Espanha - 3 pontos
3-
Arábia Saudita - 3 pontos
4-
Irlanda - 0 pontos
Grupo C
1.ª
jornada
União
Soviética - Austrália: 0-0
Nigéria
- Canadá: 2-0
(Monday,
ao 1m, Siasia, aos 78m9
2.ª
jornada
União
Soviética - Nigéria: 2-1
(Khudojilov,
aos 23m, Chedia, aos 41m)
(Anunobi,
aos 81m)
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Seleção da Austrália
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Austrália
- Canadá: 0-0
3.ª
jornada
Austrália
- Nigéria: 2-3
(Panagis,
aos 27m, Kalantzis, aos 38m)
(Adeleye,
aos 63m, Monday, aos 78m, Anunobi, aos 79m)
União
Soviética - Canadá: 5-0
(Ketashvili,
aos 38m, Tatarchouk, aos 39m, Ivanauskas, aos 60m, Skliarov, aos 64m, Kuzhlev,
aos 79m)
Classificação:
1-
União Soviética: 5 pontos
2-
Nigéria - 4 pontos
3-
Austrália - 2 pontos
4-
Canadá - 1 ponto
Grupo D
1.ª
jornada
Inglaterra
- Paraguai: 2-2
(Wakenshaw,
aos 19m, Priest, aos 31m)
(Cartaman,
aos 41m, Jara, aos 74m)
China
- México: 1-3
(Gong,
aos 68m)
(Garcia
Aspe, aos 30m, aos 45m, Ambríz, aos 19m)
2.ª
jornada
|
Banco inglês
|
Inglaterra
- China: 0-2
(Hongbo,
aos 76m, Gong, aos 89m)
Paraguai
- México: 0-2
(Cruz,
aos 22m, Garcia Aspe, aos 70m)
3.ª
jornada
Paraguai
- China: 1-2
(Amacio,
aos 17m)
(Lianyoung,
aos 14m, Hongbo, aos 76m)
Inglaterra
- México: 0-1
(Becerra,
aos 34m)
Classificação:
1-
México: 6 pontos
2-
China: 4 pontos
3-
Paraguai: 1 ponto
4-
Inglaterra: 1 ponto
Quartos-de-final
Bulgária
- Espanha: 1-2
(Kostadinov,
aos 47m)
(Marcelino,
aos 33m, Fernando, aos 67m)
União
Soviética - China: 1-0
(Kuzhlev,
ao 1m)
Brasil
- Colômbia: 6-0
(Gérson,
aos 51m, aos 69m, aos 90m, Silas, aos 54m, Dida, aos 72m, Muller, aos 81m)
México
- Nigéria: 1-2
(Medina,
aos 50m)
(Igbinabaro,
aos 33m, Monday, aos 35m)
Meias-finais
Brasil
- Nigéria: 2-0
(Muller,
aos 22m, Balalo, aos 44m)
Espanha
- União Soviética: 2-2 (4-3 nas grandes penalidades)
(Losada,
aos 70m, Goikoetxea, aos 120m)
(Khudojilov,
aos 38m, Ivanauskas, aos 107m)
Jogo de
atribuição dos 3.º e 4.º lugares
União
Soviética - Nigéria: 0-0 (1-3 nas grandes penalidades)
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Brasil faz a festa do título mundial
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Final
Brasil
- Espanha: 1-0 (após prolongamento)
Data:
7 de setembro de 1985
Estádio:
Central Lenin, em Moscovo
Árbitro:
David Syme (Escócia)
Brasil:
Taffarel, Luciano, Luís Carlos, Henrique, Dida, João António, Paulo Silas
(Marçal, aos 114m), Tosin, Gérson (Antônio Carlos, aos 109m), Muller, Balalo.
Espanha:
Juan Carlos Unzué, Mendiondo, Arozarena, José Tirado, Marcelino (Nayim, aos
77m), Rafa Paz, Lizarralde, José Aurelio Gay, Fernando, Andoni Goikoetxea
(Francis, aos 66m), Sebastián Losada.
Golo:
1-0 (Henrique, aos 92m).
Vídeo: Resumo da final do Mundial de 85
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