Fernando e Eduardo Luís Pinto Basto, dois dos fundadores do CIF |
Em 1902
é lançada a “semente” daquele que viria a ser o primeiro grande clube português
de football, o Clube Internacional de
Futebol, popularmente designado por CIF. Estávamos em 8 de dezembro do citado
ano quando numa sala do Clube Naval Madeirense e por influência da família
Pinto Basto nasce o clube que venceu a maior parte dos grandes confrontos
futebolísticos da primeira década do século XX. E nasceu a 8 de dezembro porque
esse era o dia de Nossa Senhora da Conceição, a Padroeira de Portugal.
No
capítulo da fundação é ainda de realçar que Fernando e Luís Pinto Basto foram
dos elementos que mais trabalharam para a criação do clube, tendo, inclusive, o
primeiro deles sido um dos jogadores mais destacados do emblema, na condição de
capitão de equipa e temível – para os adversários – avançado-centro.
Abra-se
ainda aqui um parêntese para explicar que a designação oficial do clube, ou
seja, CIF, só começa a aparecer em 1905, sendo que antes a coletividade
competia sob a designação de Grupo dos Irmãos Pinto Basto, ou Football Club
Swifts. É por isso que o nome CIF só começa a figurar nas páginas dos jornais
da época por volta de finais de 1905 em diante.
Além
dos irmãos Pinto Basto outro nome incontornável do início da História do
futebol português ficou ligado à fundação do clube: Carlos Villar, que foi
mesmo o primeiro presidente do clube. Também Plácido Duro e Paulo de Almeida
Eça contribuíram para o nascimento do emblema lisboeta.
Uma das primeiras equipas do CIF nos anos 10 |
A
História diz-nos ainda que o clube foi renomeado para Clube Internacional de
Futebol pelo facto de que atendendo à diversidade de nacionalidades dos seus
integrantes – havia muitos estrangeiros, sobretudo ingleses nas suas fileiras –
seria mais propício colocar a palavra Internacional na nova designação do
clube. Reza a ainda a História que os primeiros desafios do CIF, quando ainda
não o era, aconteceram logo após a sua fundação em 1902. E todos eles de
caráter amigável, contra grupos lisboetas vizinhos, como os ingleses do Carcavelos
Club e do Lisbon Cricket Club.
O
primeiro grande rival do CIF foi o Sport Lisboa – o futuro Sport Lisboa e
Benfica – cujo primeiro desafio entre os dois emblemas acontece em março de 1904,
com a vitória a pertencer ao grupo do Sport Lisboa por 1-0. A partir daqui
nasce uma intensa rivalidade entre os dois clubes.
O CIF
fez parte dos primeiros grandes torneios/competições do futebol nacional, ou do
futebol jogado na capital, pois foi ali que foram disputadas as primeiras
grandes provas futebolísticas. 1910 é o ano da fundação da Associação de
Futebol de Lisboa e com ela nasce o primeiro campeonato oficial de Lisboa, com
sete clubes inscritos, nomeadamente o Benfica, o Sporting, o Campo de Ourique,
o Império, o Lisboa Football Club, o União Belenense e o CIF, último clube este
que viria a sagra-se no primeiro campeão do primeiro Campeonato de Lisboa
oficial. Um marco para a história de um clube que se desligou do futebol – de alta
competição – em 1924 “para preservar o ideal olímpico e a defesa do desporto
amador que presidira à sua fundação”, assim reza a História de um clube que
hoje é um dos mais ecléticos do país mas sob o signo do amadorismo.
Símbolo do Sport Clube de Belas |
E já
que no início deste breve apontamento falamos em “sementes”, não podemos deixar
de evocar que 1902 é o ano que marca o nascimento do Sport Clube de Belas, nada
mais nada menos do que o primeiro antepassado do Sporting Clube de Portugal. Estávamos
no verão de 1902 quando os irmãos Gavazzo (Francisco e José), acérrimos amantes
do football, fundam em Sintra o Sport
Clube de Belas, com a ajuda de alguns amigos pertencentes à família Pinto Basto.
A estreia do novo clube teve batismo real, isto é, contou com a presença de
Suas Majestades o Rei D. Carlos I e a Rainha D. Amélia, que se faziam
acompanhar do (filho) Infante D. Manuel (que seria o último rei de Portugal).
Estávamos a 26 de agosto de 1902, por alturas das Festas de Nossa Senhora do
Cabo, tendo o Belas vencido por 3-0 uma equipa (de nome desconhecido) local.
Francisco Gavazzo, Eduardo Luiz Pinto Basto, Alves Bernaut, José Gavazzo, Pedro
Joyce, Bello, Guilherme Machado, Alberto Machado, Fernando Pinto Basto, António
Joyce e António Bibiano, foram os primeiros homens que envergaram nesse dia
histórico o manto sagrado do Belas
pela primeira vez na história do clube.
Os irmãos Gavazzo entre amigos |
A
história do Belas durou, porém, muito pouco tempo, quase como um amor de verão,
passageiro, já que no final desse verão quando regressaram a Lisboa os irmãos
Gavazzo decidiram criar outro clube sediado na zona onde habitavam, o Campo
Grande. E assim nascia o Campo Grande Football Club, que só veria oficialmente
a luz do dia dois anos mais tarde.
No
plano individual importa ressalvar neste ano a importância de um dos principais
nomes que gravitavam em torno do futebol português: Pedro del Negro. Um
verdadeiro desportista multifacetado que praticou remo, equitação, ténis,
ciclismo, ginástica, futebol, luta greco romana, ou luta de tração, e que por
estes dias colocava em prática os seus conhecimentos futebolísticos ao serviço
do Football Club Campo de Ourique, um dos mais fortes clubes da época. A sua
dedicação ao desporto não se ficou contudo pela prática das modalidades, na
condição de atleta ou de treinador, mas também na condição de dinamizador (da
modalidade), árbitro e dirigente. Em 1914 foi um dos fundadores da União
Portuguesa de Futebol antecessora da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e em
1910 participou na fundação da Associação de Futebol de Lisboa. Fez parte do grupo
de selecionadores nacionais nomeados em 1921 pela FPF para escolher a primeira
equipa portuguesa que participou oficialmente num jogo internacional em Madrid,
contra a Espanha. Como futebolista teve o primeiro contacto com o Belo Jogo no Colégio Arriaga, onde foi
aluno interno, tendo posteriormente rumado ao Campo de Ourique onde foi jogador
e treinador.
Vídeo: Um pouco de História do CIF e do primeiro troféu disputado em Portugal, a Taça Rei D. Carlos I, que hoje se encontra na posse do célebre clube lisboeta
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