O histórico 11 estorilista que no dia 12 de setembro de 1976 subiu ao relvado do Estádio do Restelo com nomes nas costas das camisolas pela primeira vez em Portugal |
Numa
não muito distante viagem ao passado (https://bit.ly/2O81DsR) recordámos a primeira
vez que em Portugal uma equipa usou numeração (de 1 a 11) nas
costas das camisolas. Facto ocorrido a 15 de setembro de 1946, quando
o recém fundado Clube Oriental de Lisboa subiu ao mítico relvado
das Salésias para defrontar o Belenenses naquele que era o primeiro
jogo da vida do (hoje) histórico – e popular – clube de Marvila.
30 anos volvidos desta (histórica) curiosidade, um outro clube da
região da Grande Lisboa também inscreveu o seu nome no “livro das
curiosidades” do futebol português, ao introduzir os nomes dos
jogadores nas costas das camisolas. Uma “moda”, que diga-se em
nota de rodapé, foi passageira, e que apenas viria a cimentar-se no
nosso país em finais dos anos 90 do século passado. Esse clube
pioneiro foi o Estoril Praia,
popular emblema da Linha, que na temporada de 1976/77 convivia entre
os grandes de Desporto
Rei
luso, o mesmo é dizer, competia então na 1.ª Divisão Nacional.
Nomes
nas costas das camisolas que na altura se podia afigurar como uma
“americanice”, já que todos os clubes da velha
NASL (North
American Soccer League)
se apresentavam nos campos
de batalha
sintéticos norte-americanos com estes pormenores nas suas
indumentárias. Além dos nomes inscritos nas costas, era igualmente
comum os jogadores do então mediático campeonato dos States
– uma espécie de liga galática de jogadores em idade de
pré-reforma… dourada – apresentarem os seus respetivos dorsais
na parte superior direita da frente da camisola. Também o Estoril
Praia,
além dos nomes nas costas da camisola, introduziu nessa temporada a
numeração na frente do seu manto
sagrado.
O plantel do Estoril Praia na temporada de 1976/77, onde pontificava o magriço José Torres |
Essa
novidade para o futebol português aconteceu no dia 12 de setembro de
1976, data em que se jogava a 2.ª jornada do Campeonato Nacional da
1.ª Divisão da citada temporada. E aqui, uma coincidência salta à
vista, pois tal como aconteceu no dia em que o Oriental estreou os
dorsais nas costas das camisolas em Portugal, o Belenenses foi
igualmente o adversário que nesse 12 de setembro de 1976 apadrinhou
a indumentária estorilista. Um dos jogadores que fazia parte desse
plantel do Estoril Praia
era
Quim, também conhecido como o Cruyff de Marvila, alcunha que
conquistou nos seus tempos de glória ao serviço do Oriental (de 1.ª
Divisão), não só pelos seus apreciados dotes técnicos com a bola
nos pés, mas sobretudo pela semelhança física que tinha com o
astro holandês. Nesse encontro, disputado no Restelo, Quim foi
suplente utilizado por António Medeiros, o treinador estorilista de
então, e que segundo o Cruyff de Marvila terá sido o responsável
por tal modernice no futebol português.
Numa
visita ao Museu
Virtual do Futebol,
Quim recorda esta moda pioneira na altura, a qual foi uma invenção
do próprio António Medeiros. «Na altura, havia em Portugal um
treinador inovador chamado Joaquim Meirim e o António Medeiros não
gostava de lhe ficar atrás em matéria de inovações. Daí, ele ter
a alcunha de Medeirim (risos)», conta o antigo craque, que lembra
ainda que pelo facto de os nomes não serem impressos na camisola – como hoje
em dia acontece – mas antes colados com uma espécie de material aderente à
malha da camisola, levava ao entretenimento dos adversários, os quais para
chatear os estorilistas passavam o jogo todo a arrancar a aplicação
com os nomes das camisolas. Manuel Fernandes era outro craque dessa equipa canarinha, jogador este que apresenta uma outra explicação para esta efeméride, referindo que foi o atleta Rui Paulino que trouxe a moda do Canadá depois de ali ter atuado durante três meses. Aqui chegado, apresentou a ideia ao grupo, que de pronto a aceitou com a aprovação do inovador treinador estorilista de então. Esta excentricidade - para a época -
durou até ao final dessa temporada, segundo nos disse Quim, visto
que a modernice não resultou muito bem.
Bom,
mas quanto ao jogo em que foram estreados os nomes nas costas das
camisolas no nosso país este terminou empatado a um golo, tendo
Óscar marcado para o Estoril Praia aos 57 minutos e José Rocha
restabelecido a igualdade para os azuis do Restelo ao minuto 80.
Nesse dia, o Estoril fez alinhar: Ferro, Vieirinha,
Amilcar, Fernando Santos
(esse mesmo, o atual selecionador nacional),
Carlos Pereira, Eurico Caires, Óscar, Nélson Reis, Manuel
Fernandes, Cepeda, Clésio. Na segunda parte entraram Quim e Fernando
Martins. Nomes
que entram pois na História do futebol português pela via da tal
excentricidade de Medeirim, perdão, de António Medeiros.
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