quarta-feira, julho 08, 2015

Histórias do Planeta da Bola (12)... A Taça Latina (parte I)

A Taça Latina
O sucesso obtido pela Taça Mitropa na década de 30 do século passado reacendeu o interesse dos povos do sul da Europa no sentido de erguer uma competição internacional ao nível de clubes. A primeira tentativa surgiu mesmo na época em que a competição idealizada pelo austríaco Hugo Meisl vivia a sua era dourada (1927-1939). Tentativa essa que foi feita pelo espanhol Alberto Fernàndez, um jornalista que na altura apresentou a ideia de criar uma competição extra-muros que agregasse a si as seleções do sul do Velho Continente, proposta que na época foi recebida com profundo desinteresse pelas federações, acabando por ficar metida na gaveta por mais de duas décadas. Altura em que outro espanhol voltaria à carga, agora com argumentos de maior peso, desde logo porque na memória da cada vez mais numerosa família futebolística europeia estava o êxito que havia sido gerado em torno da Taça Mitropa. Foi pois olhando para o sucesso angariado pela lendária competição da Europa Central que o presidente da Real Frederación Española de Fútbol, Alberto Muñoz Calero, colocou em cima da mesa o projeto de criar uma grande competição que reunisse os campeões nacionais de Espanha, França, Itália, e Portugal. Competição essa que seria então batizada de Taça Latina. Abra-se no entanto aqui uma parêntese para referir que muitos historiadores desportivos defendem que a ideia de criar a competição nasceu em Portugal, e cujo progenitor da ideia seria o histórico jogador, dirigente e jornalista Ribeiro dos Reis, figura que terá proposto aos jornais Os Sports e A Bola a criação de um torneio anual disputado entre os campeões dos dois países ibéricos – Portugal e Espanha.

São pois diferentes as versões sobre o nascimento de uma prova que iria ver a luz do dia em 1949, tendo ficado definido pelo comité organizador – numa reunião realizada em Barcelona a 2 de janeiro de 1949 – que o torneio seria disputado num único país e que o formato do mesmo seria composto por um sistema de eliminatórias, ou seja, meias-finais, jogo de apuramento dos 3º e 4º lugares, e final.



Alberto Muñoz Calero
Madrid e Barcelona foram então as cidades escolhidas para dar vida à 1ª edição da Taça Latina, que foi integrada pelo Barcelona, Stade Reims, Sporting, e Torino, campeões nacionais dos seus respetivos países. Os italianos surgiam em Espanha vestidos de luto, em consequência da tragédia ocorrida a 4 de maio desse ano de 1949, altura em que depois de um jogo amigável realizado em Lisboa, diante do Benfica, o avião que transportava a comitiva do Toro de regresso a casa embateu contra uma das torres da Basílica de Superga, vitimando todos os que seguiam a bordo. A tragédia chocou o Mundo, em especial o Planeta da Bola, já que aquele acidente fazia desaparecer a mais talentosa equipa italiana da época, e uma das mais fortes do Velho Continente, eternizada como Il Grande Torino. Órfão dos seus maiores craques foi com uma equipa constituída à base de jovens jogadores oriundos dos escalões de formação – com uma média de 17 anos de idade – que o Torino se apresentou em campo no dia 26 de junho, no Estádio Metropolitano, na capital espanhola, para defrontar os campeões de Portugal, o Sporting. Equipa esta onde brilhava um famoso quinteto avançado, conhecido como os Cinco Violinos. Fernando Peyroteo, Jesus Correia, Albano, Vasques, e Travassos formavam então o famoso quinteto que atuando no setor ofensivo do terreno de jogo ofereceu ao clube de Alvalade a glória na sequência de centenas de golos, saborosos títulos, e acima de tudo momentos deslumbrantes de futebol baseados num exímio entrosamento aliado a um elevado grau de qualidade futebolística de todos os seus elementos nunca dantes visto no desporto rei. Quem teve o privilégio de assistir aos recitais desta orquestra afirmava não ter dúvidas em rotular este como um dos períodos mais dourados do futebol português, e do Sporting em particular, lamentando apenas que estes cinco artistas não tenham tido a oportunidade de atuar juntos mais do que as três épocas em que fizeram furor de leão ao peito.

O famoso quinteto avançado do Sporting eternizado como os Cinco Violinos
Em Madrid os lisboetas encontraram um público hostil, que durante os 90 minutos mostrou uma vincada simpatia pelos jovens jogadores italianos, em claro sinal de solidariedade pelo que havia acontecido meses antes. Transalpinos que apesar da sua inexperiência venderam cara a derrota frente aos portugueses. 3-1 foi o resultado final deste duelo, sendo de destacar a exibição individual de Fernando Peyroteo, o temível matador dos leões, autor dos três golos da sua equipa, apontados aos 15, 26, e 48 minutos. Este último foi mesmo o último golo de Peyroteo com a camisola leonina, já que na temporada seguinte o famoso jogador decidiu deixar o clube após 12 gloriosas temporadas. 
 

Estanislao Basora
Na outra partida das meias-finais, disputada no Camp de Les Corts, em Barcelona, a equipa da casa não teve dificuldades em despachar os campeões de França, o Stade Reims, por 5-0. O resultado traduziu a superioridade evindenciada pelos catalães ao longo dos 90 minutos, sendo que ao intervalo o resultado até pecava por ser curto (2-0) em virtude da avalanche ofensiva que até então se havia verificado da parte dos campeões de Espanha. Seguer, aos seis minutos abriu, de cabeça, o marcador, e Nicolau, aos 25 minutos, aproveitou um erro do guardião Paul Sinibaldi para ampliar o score. Na etapa complementar César fez o gosto ao pé por duas ocasiões no espaço de 10 minutos e desde logo sentenciou a questão. Tempo houve ainda para os adeptos catalães vibrarem com mais um golo da sua equipa, da autoria de Canal, após um passe magistral de Seguer. No final do encontro o treinador dos franceses, Henri Roessier, lamentou o pesado resultado averbado pela sua equipa: «o 4-1 tinha sido melhor do que o 5-0». disse.

Uma semana mais tarde disputaram-se os dois últimos jogos desta primeira edição da Taça Latina. O primeiro colocou frente a frente em Les Corts (Barcelona) os derrotados das meias-finais, o Torino e o Stade Reims. Tal como haviam feito diante do Sporting os jovens italianos lutaram com bravura, apesar da sua inexperiência, postura que seria premiada com um triunfo por 5-3, garantindo assim o terceiro lugar.



O jornal A Marca titulando
o triunfo dos catalães
Em Madrid o Estádio de Chamartin acolheu 30.000 espetadores – onde entre os quais se destacou a presença do presidente da FIFA, Jules Rimet – que ali acorreram para assistir à grande final da competição. O Barça enfrentava aquela que muitos dos especialistas em matéria futebolística apontavam como a grande favorita ao triunfo final, a equipa do Sporting. A magnífica exibição coletiva dos leões – orientados pelo mestre Cândido de Oliveira – uma semana antes diante do Torino – sobretudo do seu quinteto ofensivo – havia deixado os espanhóis literalmente de boca aberta! Porém, e contrariamente ao sucedido ante o Torino, os portugueses encontraram muitas dificuldades para travar o ímpeto ofensivo do Barcelona. E não fosse uma soberba performance do guarda-redes Azevedo o Sporting teria saído de Chamartín humilhado. Logo aos 10 minutos do encontro Seguer abriu o marcador para os catalães, dando o melhor seguimento a um cruzamento de Basora. À passagem do minuto 26 Jesus Correia empatou a contenda após passe de Albano, repondo a igualdade com que se atingiu o descanso. Aos quatro minutos da segunda parte Basora recolocou o Barça na frente do marcador, o qual até final não mais se iria alterar, pese embora Jesus Correia tenha, já perto do final, desperdiçado uma ocasião soberana para voltar a igualar o encontro.

Na verdade, também o Barcelona teve algumas oportunidades para ampliar a sua vantagem, esbarrando sempre na verdadeira muralha em que se transformou Azevedo. De tal maneira que no rescaldo do jogo o herói da final, Basora, disse: «Azevedo tornou possível o equilíbrio de jogo a que o Sporting logrou chegar, mercê da confiança que as suas magníficas defesas lhe deu. Com outro guarda-redes, os portugueses ter-se-iam afundado na primeira meia-hora». Mesmo tendo conquistado o seu primeiro título internacional em casa do velho e eterno inimigo Real Madrid os jogadores do Barcelona seriam aplaudidos de pé pelo público, enquanto que os portugueses foram recebidos em Lisboa em apoteose pelos seus adeptos.

Nomes e números:

Meias-finais

Sporting (Portugal) – Torino (Itália): 3-1

Barcelona (Espanha) – Stade Reims (França): 5-0

Jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares

Torino (Itália) – Stade Reims (França): 5-3



O onze do Barcelona que em Madrid conquistou a 1ª edição da Taça Latina
Final

Barcelona (Espanha) – Sporting (Portugal): 2-1

Data: 3 de julho de 1949

Árbitro: Victor Sdez (França)

Estádio: Chamartin, em Madrid (Espanha)

Barcelona: Juan Zambudio Velasco, Francisco Calvet, Curta, Calo, Gonzalvo III, Gonzalvo II, Estanislao Basora, Josep Seguer, Josep Canal Viñas, César Rodríguez, e Alfonso Navarro. Treinador: Enrique Fernández Viola.

Sporting: João Azevedo, Octávio Barrosa, Manecas, Juvenal, Carlos Canário, Veríssimo, Jesus Correia, Manuel Vasques, Fernando Peyroteo, José Travassos, e Albano. Treinador: Cândido de Oliveira.

Golos: 1-0 (Seguer, aos 10m), 1-1 (Jesus Correia, aos 27m), 2-1 (Basora, aos 59m).

1950: Benfica vence a longa maratona de Lisboa


Rogério Pipi ergue
na tribuna do Estádio Nacional
a Taça Latina
Em 1950 foi a vez de Portugal, e a cidade de Lisboa, mais concretamente, receber a competição internacional. A capital lusa engalanou-se para receber os campeões nacionais de França, Espanha, e Portugal, respetivamente, o Bordéus, o Atlético de Madrid, e o Benfica, equipas às quais se juntou a Lazio, conjunto italiano que viajou para território luso em substituição do campeão de Itália de 49/50, a Juventus, que declinou o convite da organização. O Estádio Nacional, inaugurado seis anos antes, foi o palco escolhido para o desenrolar do certame. De referir que esta segunda edição ficou marcada pelo facto de alguns dos melhores jogadores dos combinados participantes, mais concretamente os das equipas espanhola e italiana, terem estado ausentes, uma vez que na mesma altura decorria do outro lado do Atlântico – no Brasil, mais precisamente – o Campeonato do Mundo da FIFA. Perante este facto a organização da Taça Latina abriu um precedente ao permitir que as equipas mais despidas de craques se reforçassem com jogadores de outros conjuntos.

E no dia 10 de junho, feriado em Portugal, as equipas do Benfica e da Lazio de Roma sobem ao bem tratado relvado da "sala de visitas" do futebol lusitano, o Estádio Nacional, para dar o pontapé de saída da 2ª edição da competição. Nesse dia, e mercê de uma magnífica exibição, os benfiquistas batem a squadra transalpina por expressivos 3-0, com golos de Carmona, Arsénio, e Rogério, todos apontados durante os primeiros 45 minutos. Vitória indiscutível, escreveram os analistas desportivos da época, ante uma Lazio visivelmente afetada pela ausência de alguns dos seus melhores atletas, que, como já referimos, se encontravam no Brasil ao serviço da seleção de Itália. Indiscutível seria também o triunfo dos franceses do Bordéus ante os espanhóis do Atlético de Madrid, por 4-2, duelo ocorrido nesse mesmo dia 10 de junho.

Benfica e Bordéus lutam pela posse do esférico na final de 50
Ao contrário do que se havia verificado na edição de estreia o jogo de atribuição dos terceiro e quarto lugares e a final foram disputados no dia seguinte!!! Esse dia 11 de junho começava com os madrilenos do Atlético a levarem para casa o 3º lugar depois de vencerem uma desoladora Lazio por 2-1.

E eis que finalmente Benfica e Bordéus entraram em cena para travar a primeira metade de uma batalha que haveria de ter contornos emocionantes. Os portugueses chegaram facilmente ao 2-0 nos instantes iniciais da contenda, graças à pontaria certeira de Arsénio e Corona, respetivamente aos 4 e 17 minutos. Porém, do outro lado da barricada estava um conjunto de fino recorte técnico que ainda antes do intervalo daria a volta ao marcador, graças a um bis de André Doye e a um remate certeiro de René Persillon a dois minutos dos 45. Seria então na condição de derrotado (2-3) que o Benfica voltaria ao campo para disputar a etapa final da empolgante batalha. Pegando nas rédeas do encontro os benfiquistas dominaram a seu bel-prazer os segundos 45 minutos, acabando por chegar ao justo golo do empate por intermédio de Rogério à passagem do 55. Face a esta igualdade as duas equipas tiveram de enfrentar um prolongamento de 30 minutos, tempo extra onde nada de novo surgiu, pelo que a organização agendou uma finalíssima para uma semana mais tarde.



A alegria dos benfiquistas
contrasta com
a tristeza de um francês
18 de junho foi então o dia do novo confronto, tendo o Estádio Nacional registado uma afluência de 20 000 espetadores, um número estranho para aqueles dias, já que a média de assistências do campeonato português não ultrapassava os 5 000 espetadores. Mas talvez "enfeitiçados" pelo espetáculo que Benfica e Bordéus haviam proporcionado uma semana estes 20 000 entusiastas terão pensado que as duas equipas pudessem prolongar aquela magia futebolística por mais 90 minutos... no mínimo. E não se enganariam, muito pelo contrário. Os lusos entraram melhor numa finalíssima que iria ficar gravada na Grande Enciclopédia do Futebol como um dos jogos mais dramáticos da história, enviando uma bola aos ferros da baliza francesa. Não marcaram os encarnados... marcaram os azuis de Bordéus quando o relógio marcava apenas 11 minutos de jogo, por intermédio de Kargu. A perder, os pupilos de Ted Smith partiram para cima do Bordéus com todas as suas forças e alma, valendo ao emblema gaulês uma soberba exibição do guardião do seu templo, o guarda-redes Astresses. O Benfica ia tentando sem êxito chegar ao golo, e além dos franceses enfrentava agora outro rival de peso, o relógio, que galgava a linha do tempo a um ritmo alucinante. Perante este cenário o público afeto ao Benfica ia perdendo a esperança de ver o seu clube triunfar na (já) prestigiada competição internacional... e quando muitos, com um ar cabisbaixo, já se encaminhavam para fora da catedral do futebol lusitano, Arsénio faz o golo do empate aos 89 minutos, provocando uma imediata explosão de alegria nos que teimaram em ficar sentados nas bancadas de pedra do Jamor até ao apito final. 
A equipa do Benfica que no relvado do Estádio Nacional conquistou o primeiro título internacional para o futebol português
O relógio marcava 90 minutos! Um golo apontado em cima da linha de meta que levaria as equipas para mais um prolongamento. 30 minutos onde nada se alterou, sendo que segundo os regulamentos da prova teria de ser jogado em seguida um pequeno prolongamento de 10 minutos para se encontrar o vencedor. Teimosamente as equipas permaneceriam empatadas nestes 10 minutos suplementares, pelo que tiveram se de jogar... mais 10 minutos! Também durante este novo período nada de relevante ocorreu no relvado do Jamor que aos poucos ia deixando de ser iluminado pelo sol. A noite espreitava sobre Lisboa numa época em que o principal estádio português não tinha iluminação artificial! E eis que no terceiro período de 10 minutos (!), numa altura em que os jogadores dos dois conjuntos há muito que tinham ficado sem forças, muitos já nem se mexiam (!), em que jogavam já quase sem luz solar, Julinho apareceu do nada para fazer o 2-1 e acabar de vez com aquela longa maratona futebolística.

Já tinham passado 143 minutos (!) desde que o árbitro dera início à finalíssima. Com o apito final a festa estalou. 265 minutos - no total dos dois jogos - haviam sido precisos para coroar o Benfica como a primeira equipa portuguesa a vencer uma competição internacional. O público invadiu o relvado para abraçar os jogadores que já não tinham forças para sequer erguer os braços em sinal de vitória. Um pouco a custo Rogério de Carvalho - também conhecido por Rogério Pipi - subiu a longa escadaria até à tribuna do Jamor para receber a Taça Latina de 1950. No fim o treinador inglês do Benfica, Ted Smith, disse que «em 20 anos de futebol nunca vi nada assim!».


Nomes e números

Meias-finais

Benfica (Portugal) – Lazio (Itália): 3-0

Bordéus (França) – Atlético de Madrid (Espanha): 4-2

Jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares

Atlético de Madrid (Espanha) – Lazio (Itália): 2-1

Final

Benfica (Portugal) – Bordéus (França): 3-3


Data: 11 de julho de 1950

Estádio: Nacional, em Lisboa (Portugal)

Árbitro: ?

Benfica: José Bastos, Jacinto, Joaquim Fernandes, Félix, Francisco Moreira, José da Costa, Rogério Pipi, Eduardo José Corona, Arsénio, Julinho, e Pascoal. Treinador: Ted Smith.

Bordéus: Jean-Guy Astresses, Manuel Garriga, Mérignac, Ben Kaddour M'Barek, Jean Swiatek, René Gallice, René Persillon, Mustapha Ben M'Barek, Édouard Kargu, Guy Meynieu, André Doye. Treinador: André Gérard.

Golos: 1-0 (Arsénio, aos 4m), 2-0 (Corona, aos 17m), 2-1 (Doye, aos 21m), 2-2 (Doye, aos 36m), 2-3 (Pesillon, aos 43m), 3-3 (Rogério, aos 55m).

Finalíssima

Benfica (Portugal) – Bordéus (França): 2-1

Data: 18 de julho de 1950

Estádio: Nacional, em Lisboa (Portugal)

Árbitro: Giacomo Bertolio (Itália)

Benfica: José Bastos, Jacinto, Joaquim Fernandes, Félix, Francisco Moreira, José da Costa, Rogério Pipi, Eduardo José Corona, Arsénio, Julinho, Rosário. Treinador: Ted Smith.

Bordéus: Jean-Guy Astresses, Manuel Garriga, Mérignac, Ben Kaddour M'Barek, Jean Swiatek, René Gallice, René Persillon, Mustapha Ben M'Barek, Édouard Kargu, Guy Meynieu, André Doye. Treinador: André Gérard.

Golos: 0-1 (Kargu, aos 11m), 1-1 (Arsénio, aos 89m), 2-1 (Julinho, aos 143m).

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