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Nasceu precisamente no dia 15 de Setembro de 1911 e como berço teve a Cidade do Porto. E desde logo nobre se tornou na tarefa de enraizar e dinamizar o fenómeno desportivo na Invicta.
Na sua génese está o futebol... mesmo não sendo o futebol com o avançar do tempo uma modalidade muito feliz no seio da família academista. 1909 é o ano em que o sonho ganha forma, ano em que um grupo de estudantes do Liceu Alexandre Herculano enfeitiçado pelo fenómeno futebolístico idealiza a fundação de um clube.
Rapidamente nos tempos que se seguiram outros jovens oriundos de outros liceus e colégios particulares do Porto mostraram entusiasmo pela ideia. Até que em 1911 o sonho é por fim realidade: nascia o Académico Futebol Clube.
Uma agremiação fundada por estudantes e para estudantes, assim rezavam os seus estatutos. Talvez por ter sangue jovem a correr nas veias o Académico desde logo adoptou um espírito futurista e empreendedor que o tornariam numa das instituições mais modernas e ricas – no que toca a património – de Portugal. No entanto, e apesar da forte adesão de associados e simpatizantes desde o dia da sua fundação, o Académico andou, à semelhança de outros emblemas, com a casa às costas nos primeiros anos da sua existência. No plano desportivo, isto é, o campo de batalha onde a sua equipa de futebol entrava em acção, os academistas começaram por utilizar o Campo da Cruz, na Rua Aníbal Patrício, enquanto que a primeira sede social seria “montada” num edifício da Praça Júlio Dinis, mesmo em frente ao Hospital de Santo António.
Em 1916 este espaço foi considerado pelos dirigentes academistas como insuficiente para a numerosa família – de associados e atletas – que não parava de crescer, de modo que houve a necessidade de se arrendar uma sede maior, tendo a mudança sido feita posteriormente para a zona da Batalha e para o antigo edifício das encomendas postais. Um ano antes o palco da acção, isto é, o terreno de jogos, tinha passado a ser o Campo do Bonfim, pertença do Olímpico, clube a quem o Académico pagava uma renda mensal de 20 centavos.
Nos anos que se seguiram novas mudanças de campo e de sede social aconteceram, até que na entrada para os anos 20 dá-se um dos passos mais importantes da vida do clube, o arrendamento da Quinta do Lima, propriedade da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Neste espaço o sonho e a visão futurista dos seus dirigentes e massa associativa unem-se num casamento perfeito com a construção do Estádio do Lima.
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Um crescimento que obrigou o Académico a ampliar o seu raio de acção desportivo, adquirindo para esse efeito em 1927 o imponente Palacete do Lima, situado na Rua de Costa Cabral. Em redor deste espaço foram construidos courts de ténis, quadras de basquetebol, ginásios, e até um parque de campismo, fazendo com que os academistas fossem proprietários do primeiro grande complexo desportivo do país.
O Académico era por esta altura grande e maior ficou com o arrelvamento do Estádio do Lima em 1937, o primeiro campo relvado de Portugal, convém recordar.
Contudo não era um gigante... um grande do futebol, uma modalidade que foi sempre a “pedra no sapato” desta nobre colectividade tripeira.
Azar no futebol
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Nunca passou sequer da sombra dos seus rivais da cidade, com especial destaque para o FC Porto que desde logo se tornou no clube mais vitorioso da Invicta. Teve participações modestas, quase insignificantes, nas diversas provas do futebol português que nos princípios da década de 30 começavam a proliferar. Participou no desaparecido Campeonato de Portugal (prova antecessora da Taça de Portugal) em quatro ocasiões entre as temporadas de 1931/32 e 1937/38, sendo que entre modestos desempenhos futebolísticos se pode considerar um privilégio o facto de o clube ter sido um dos oito participantes na 1ª edição do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, instituído em 1934. No escalão máximo do futebol português o Académico atuou em cinco ocasiões (1934/35; 1937/38; 1938/39; 1939/40; 1941/42), tendo como melhor classificação dois 7º lugares em 34/35 e 38/39.
Na Taça de Portugal marcou presença em três edições, tendo alcançado como melhor desempenho uns quartos-de-final na edição estreia da competição (38/39).
Alegrias no mundo da bola foram poucas mas dignas de figurar na gloriosa história deste clube. Para além de ter sido o obreiro da “catedral” do Lima o Académico “doou” três jogadores à selecção nacional, sendo que Manuel Fonseca e Castro entra na história como o primeiro futebolista internacional dos academistas.
Estas foram curtas passagens pintadas em tons de alegria no que diz respeito a futebol, uma modalidade que morreria no seio do Académico em 1964, ano em que a proprietária dos terrenos do Lima, a Santa Casa da Misericórdia do Porto, dá ordem de expulsão ao clube. Não só morreria o futebol academista como também o próprio Estádio do Lima, que anos mais tarde desapareceria por completo dando lugar a um triste descampado.
O futebol morreu mas o Académico sobreviveu e continuou a crescer – noutras modalidades – nas décadas que se seguiram.
Legenda das fotografias:
1- Emblema do Académico FC
2- Uma das últimas imagens (aéreas) do Estádio do Lima...
3- ...E uma imagem rara de uma equipa de futebol do Académico