1966
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E para dar mais brilho a este primeiro confronto nada melhor do que este ser jogado numa... final, o jogo decisivo do Campeonato do Mundo de 1966, o Mundial inglês em todos os sentidos.
Pela primeira e única vez na sua história – até à data – os súbitos de Sua Majestade organizavam o maior evento desportivo do planeta, sendo o título Mundial a meta exigida pelos apaixonados adeptos ingleses a Bobby Charlton e companhia.
Pois bem, entre altos e baixos patenteados ao longo do percurso o que é certo é que a Inglaterra estava no jogo decisivo do seu Mundial, e muitos terão pensado que o mais difícil estava feito, e que agora era só derrotar a não menos irregular – ao longo da prova – Alemanha Ocidental.
Um forte optimismo e um Wembley – com 93.000 almas, na sua esmagadora maioria britânicas – a fervilhar de entusiasmo eram teoricamente argumentos fortíssimos para coroar a Inglaterra como rainha do Mundo, mas, como dizem os mais antigos, da teoria à prática o caminho é longo e por vezes engandor, e a Alemanha entrou a matar, como se diz na gíria, tendo com naturalidade feito, ao minuto 12, o 1-0 por intermédio de Haller. E dizemos com naturalidade pois a equipa da casa entrou em campo num ritmo muito lento, perro, visivelmente desgastada pelo duro confronto das meias-finais mantido dias antes com Portugal de Eusébio e companhia.
Com o “tiro” de Haller Wembley socumbiu, gelou por completo, a barulheira entusiástica deu lugar ao silêncio... mas por pouco tempo. O homem que haveria de se tornar no herói desta memorável final, Geoff Hurst, faria o empate seis minutos depois, resgatando assim a euforia para Wembley.
Na 2ª parte o equilíbrio reinou no relvado sagrado da catedral naquela tarde de 30 de Julho de 1966, pese embora o maior poder de recuperação de esforço inglês se tivesse feito notar ao longo destes segundos 45 minutos. E mais do que notar transformou-se em actos concretos, o mesmo é dizer golos, já que aos 77 minutos Peters colocava pela primeira vez a selecção dos “3 leões” na frente.
Nesta altura Wembley transformou-se numa autêntica bomba relógio na sequência de uma enorme explosão de alegria. Entoavam-se cânticos aos novos campeões do Mundo. Mas... os alemães pareciam não ter gostado destes festejos antecipados e mesmo debilitados fisicamente conseguiam chegar à igualdade a um (!) minuto dos 90. Wembley gelou novamente perante o golo de Weber. Seguiu-se o prolongamento... onde o surreal aconteceu. Apesar de tudo mais frescos fisicamente os ingleses partiram para cima do exército alemão e aos 101 minutos Hurst envia a bola à parte inferior da trave da baliza alemã tendo esta pingado para o relvado junto da linha de golo. Foi golo, não foi? A dúvida tomou conta de Wembley. Depois de consultar o seu juíz de linha o suíço Dienst valida o golo perante a revolta dos alemães e a euforia dos ingleses.
O tento desanimou os visitantes, por assim dizer, que já na 2ª parte do tempo extra levaram a machadada final (aos 89 minutos) novamente por intermédio de Geoff Hurst, que assim se tornava no único jogador a fazer três golos numa final de Campeonato do Mundo. E mais do que isso a Inglaterra era Campeã Mundial. Tudo tinha assim acabado dentro do inicialmente previsto.
1970
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O jogo foi por isso muito disputado e bastante duro sobre o aspecto físico. Mullery fez em cima do apito para o intervalo (45 minutos) o 1-0 para os campeões do Mundo em título, para depois aos cinco minutos da etapa complementar Peters aumentar para 2-0. Face às altas temperaturas que provocavam um claro desgaste nos jogadores em campo previa-se que ainda não era desta que os alemães iriam levar a melhor sobre os ingleses, mas mais uma vez as previsões falharam, e aos 23 minutos Beckenbauer reduziu, para depois Uwe Seeler empatar o jogo quando faltavam nove minutos para o final.
1966 voltava a repetir-se, Inglaterra e Alemanha iriam para prolongamento. Levariam novamente a melhor Bobby Charlton e companhia? O “bombardeiro” Gerd Muller respondeu que não, já que aos 108 minutos desfez a igualdade e colocava a sua equipa na meia-final. A vingança estava consumada. A aventura dos alemães no Mundial do México terminaria no jogo seguinte diante da Itália, numa meia-final electrizante e épica que foi concluida com um 4-3 a favor dos transalpinos.
1982
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Num mini-grupo que era composto também pela Espanha seriam os alemães a chegar mais longe, e mais longe foi a final, onde à semelhança do ocorrido em 70, no México, ai na meia-final, tombariam aos pés da Itália.
1990
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Para não variar mais um prolongamento para decidir quem seguia em frente. Tempo extra que não deu em nada tendo então surgido a necessidade de se recorrer às sempre terríveis grandes penalidades. Aqui a lotaria saiu aos germânicos, muito por culpa dos falhanços de Stauart Pearce e Cris Waddle. De nada valeram as lágrimas de Paul Gascoigne, a Alemanha estava na final do Itália 90... onde iria sagrar-se pela terceira vez na sua história Campeã do Mundo (diante da Argentina).
1996
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Contudo tal não aconteceu porque mais uma vez a lotaria das grandes penalidades saiu aos alemães depois de no tempo regulamentar se ter registado um empate a uma bola (Shearer marcou aos três minutos para a equipa da casa e Kuntz fez a igualdade ao minuto 16). No tiro ao alvo, isto é, nos penaltis, Southgate falhou o primeiro pontapé da segunda série (na primeira todas as grandes penalidades foram convertidas) e Andy Moller agradeceu fazendo o tento decisivo que colocava a Alemanha (unificada) na final. É caso para dizer que nunca a célebre frase proferida por Gary Lineker no final do Alemanha – Inglaterra de 1990 bateu tão certo... «o futebol é um jogo de 11 contra 11... e no final ganham os alemães». Pois é, e ganharam não só este duelo como também o Euro 96 (bateram na final a República Checa).
2000
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Num jogo fraco levou melhor a Inglaterra, que depois de duas eliminações consecutivas aos pés dos velhos inimigos venceria por 1-0, graças a um tento do seu goleador Alan Shearer aos 53 minutos. Uma vitória que de nada serviu, já que uma humilhante derrota com a Roménia na última jornada atirou a selecção dos “3 leões” para fora do Euro 2000, fazendo assim companhia à velha e desgastada Alemanha de Matthaus, que saiu da competição vergada a uma pesada derrota (0-3) perante as reservas de Portugal!
2010
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