Fundado
no dia 8 de Dezembro de 1911, este tornou-se ao longo dos anos num dos mais
populares e queridos clubes do nosso país. Clube este que dá pelo nome de Sport
Comércio e Salgueiros, o qual na temporada de 1917/18 viveu o seu primeiro
momento de glória, ao vencer o Campeonato Regional do Porto, uma prova iniciada
quatro anos antes, e que tinha como grande dominador do FC Porto, vencedor nas
três edições anteriores, tendo o Boavista vencida a edição inaugural. O título
dos encarnados de Paranhos foi carimbado na última e decisiva jornada do
regional portuense de 17/18. Os salgueiristas visitavam o reduto do vizinho e
rival Boavista, onde venceram por 3-0 e selaram a conquista. Nas páginas do jornal
Sport de Lisboa, destacava-se que os do Bessa sem alguns dos seus principais
jogadores com os quais havia iniciado a temporada - não será por demais
recordar que por estes anos o futebol portuense ficou sem muitos dos seus
intérpretes, os quais foram mobilizados para a I Guerra Mundial - sucumbiu
perante um Salgueiros de qualidade. Terá sido, no entanto, um jogo duro,
disputado nos limites, tendo os salgueiristas pagado caro a dureza com a
expulsão de Couteiro ainda primeira parte. Porém, a expulsão terá sido perdoada
no segundo tempo pelo juiz do encontro, João Diogo, que readmitiu em campo o
atleta expulso (!!!), um atitude que deixou incrédula a assistência
(boavisteira) e o cronista do encontro que rotulou esta atitude do árbitro de
"excessiva". Além de duro este foi um jogo animado, com bons momentos
de futebol, assim nos contou o Sports de Lisboa. Esta época no futebol
distrital da Cidade Invicta fica marcada pela zanga entre o FC Porto e a
Associação de Futebol do Porto, tendo os portistas acusado esta última entidade
de não cumprirem os regulamentos, ao que a associação, com o apoio de muitos
clubes da região, procedeu de pronto à suspensão do clube azul e branco da sua
principal competição. 1918 foi mesmo um ano negro para o FC Porto, que além
desta suspensão e de ter visto interrompida a sua hegemonia no Campeonato
Regional, viu uma das suas estrelas da época tombar às mãos da guerra. O seu
nome era Joaquim Vidal Pinheiro, nascido a 16 de dezembro de 1892 no Porto,
tendo-se tornado na década de 10 num dos mais exímios atletas do emblema azul e
branco. Entre os seus feitos como jogador destaca-se o facto de ter ajudado o
clube a conquistar a primeira edição da Taça Monteiro da Costa, o primeiro grande
título da história do FC Porto, em 1911. Mobilizado para a guerra, viria a
tombar em combate na histórica Batalha de La Lys, no dia 9 de abril de 1918. Seria
sepultado em França, no Cemitério Militar de Vieielle Chapelle, mas em 1921, o
seu corpo foi transladado para o Cemitério do Prado do Repouso, na cidade do
Porto.
Mas
voltando ao cetro regional arrecadado pelos salgueiristas nessa temporada, para
a história desta temporada ficam mesmo os nomes dos atletas que estiveram na
génese deste êxito: Lino, Santos, Emílio, Xavier, Couteiro, Machado,
Augusto, Sampaio, Mesquita, Almeida e Abrahão.
Benfica campeão de Lisboa em 1918 |
A
sul, o mesmo será dizer em Lisboa, o Benfica sagrou-se novamente campeão do
regional, num campeonato também muito marcado pelo conflito militar internacional,
que fez com que muitos jogadores estrangeiros (na sua esmagadora maioria
ingleses) que atuavam em muitos emblemas da capital tivessem de regressar aos
seus países para combater. Nesse sentido o Campeonato de Lisboa foi composto
somente por três clubes, a saber, o Benfica, o Sporting e o Império. Os
benfiquistas terminaram a primeira volta do curto campeonato na primeira
posição, fruto de duas vitórias, 2-0 sobre o Império na 1.ª jornada, e 2-1
sobre o grande rival Sporting na ronda seguinte. Isto em janeiro, sendo que a
prova só regressaria em março (!), sendo que na 3.ª jornada derrotaram
novamente o Império, desta feita por 2-1, sendo que na derradeira ronda
conheceriam a sua única derrota na competição, aos pés do Sporting, por 1-3. Artur
Garcia, Carlos Guimarães, Francisco Vieira, Alberto Mata, Clemente Guerra, Luís
Caldas, Francisco Nunes, Henrique Costa, José Maria Bastos, Francisco Belas,
Artur Augusto, Rogério Peres, António Brás, Fernando Jesus, Fausto Peres,
Carlos Homem de Figueiredo, Silvestre Rosmaninho, Constantino Tetas, Cândido de Oliveira, Vítor Gonçalves, Manuel Crespo, Silvestre Silva, Jesus Crespo, Manuel
Veloso, Ribeiro dos Reis, Alfredo Mengo, Luís Vieira, Carlos Sobral, Alberto Augusto,
Alberto Rio e Herculano dos Santos, foram os homens que integraram o plantel
orientado pelo treinador Cosme Damião que se sagrou vencedor da principal prova
futebolística de Lisboa de então.
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