Tempos
houve em que os bons mestres da pena
transportavam os seus conhecimentos técnico táticos do Belo Jogo para a prática e tornaram-se igualmente em notáveis mestres da tática. Trocado isto em miúdos, para dizer que o nosso país teve
outrora grandes jornalistas desportivos que foram em simultâneo notáveis
treinadores. O caso mais saliente terá sido talvez o de Cândido de Oliveira,
cuja carreira – nas mais variantes facetas do mestre – já aqui foi esmiuçada em diversas ocasiões. Mas outros
seguiram-lhe, por assim dizer, as pisadas e deixaram o seu nome na história do
nosso futebol. E é sobre um desses mestres
de duas facetas que vamos hoje traçar umas breves linhas.
Conhecendo
pois como ninguém os meandros do futebol jovem em Portugal e com apenas 28 anos
o seu nome ficaria imortalizado na nossa história, tendo em conta que foi ele o
selecionador nacional que conduziu a nossa nação ao seu primeiro título
internacional: o de campeão europeu de juniores. Estávamos em 1961, e o
Campeonato da Europa da categoria teve lugar em solo luso. Com José Maria
Pedroto na condição de treinador de campo e David Sequerra enquanto selecionador,
Portugal esmagou a Polónia no Estádio
da Luz a 8 de abril desse ano, e sagrou-se campeão europeu.
O dirigismo foi igualmente outra das suas grandes paixões, e cinco anos depois deste êxito como selecionador esteve na génese do CNID – Associação dos Jornalistas de Desporto. Foi um dos fundadores e associado número 3 desta entidade. Foi também membro fundador da Academia Olímpica de Portugal (AOP), tendo integrado o Comité Olímpico de Portugal a partir de 1976, tendo sido secretário-geral do organismo entre 1980 e 1989. Foi nesta condição que esteve presente nos Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984) e de Seul (1988), sendo que na condição de jornalista já havia estado nas Olimpíadas de Roma, em 1960. Do seu currículo como jornalista destaca-se ainda o cargo de Diretor, durante alguns anos, de O Sesimbrense, jornal de Sesimbra, bela localidade costeira situada próximo de Setúbal onde fixou residência.
Em 2012
recebe a medalha de Mérito Desportivo, atribuída pelo Governo Português. Foi
também agraciado, a título de exemplo, pela organização do mundialmente
prestigiado Torneio de Toulon – competição destinada ao futebol de formação -,
tendo além de muitos textos escritos sobre este torneio, David Sequerra estado
como selecionador na primeira edição da competição, em 1967. Sobre a vocação de
David Sequerra para este campo do futebol de formação, o CNID refere que
biografia que traça deste homem que «o
seu trabalho jornalístico, no período em que este foi mais permanente, reflete
com evidência, um trabalho insano de análise e de promoção dos jovens
futebolistas que despontavam, ao tempo das suas atentas observações. Muitos
desses atletas ficaram-lhe a dever apoio, conselhos e soluções para os seus
futuros profissionais. Nos vários jornais nacionais, desportivos e/ou
generalistas, noutras publicações também estrangeiras, ou na Imprensa Regional,
onde David Sequerra publicou um acervo valioso de textos, manteve este tema
como assunto recorrente».
No
sentido de perpetuar a figura deste homem, a AOP criou já no novo milénio um
concurso de jornalismo, sobre a temática olímpica, destinado a jornalistas da
Imprensa Regional, cujo prémio se denomina… David Sequerra.
Esta
ilustre figura faleceu do dia 14 de janeiro 2016.
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