Na primeira metade do século XX a Hungria revelou-se perante o Mundo como um autêntico viveiro de geniais intérpretes do belo jogo. E quando falamos em intérpretes não nos referimos apenas aos lendários atletas magiares que escreveram algumas das páginas mais belas da "Grande Enciclopédia do Futebol Mundial", mas também aos grandes mestres da tática que contribuíram para a própria evolução do jogo. Um desses exemplos é Joseph Szabo, um nome que se encontra gravado a "letras de ouro" na História do futebol português! Mas já lá vamos.
Como qualquer outra história esta também tem um início, o qual se dá a 11 de maio de 1896, numa pequena aldeia piscatória húngara de nome Gonyo. Nesse dia nasce Joseph Szabo. Cedo as bucólicas imagens do Danúbio desaparecem do horizonte do jovem Joseph, que com apenas 4 anos de idade se muda para a ruidosa Gyor, cidade industrial de grandes dimensões para onde os seus progenitores se mudaram em busca de melhor fortuna. Habitante dos bairros pobres de operários as brincadeiras do menino Joseph limitavam-se quase exclusivamente ao... futebol. E tal como tantos outros da sua sua idade rendeu-se de imediato aos seus encantos. A vida dura fez com que aos 14 anos fosse trabalhar como torneio mecânico, profissão que não fez desaparecer a paixão que desenvolvia pelo jogo da bola. Paixão e talento, há que dizê-lo, pois se assim não fosse o clube local, o Gyor, não o tinha convidado para integrar a sua equipa principal. Convite aceite Szabo deu desde logo nas vistas como um habilidoso médio centro, facto que aos 20 anos de idade lhe valeria outro convite, este bem mais pomposo, vindo do Ferencvaros, um dos maiores clubes magiares. Para convencer Szabo a fazer as malas rumo a Budapeste os dirigentes do Ferencvaros ofereceram-lhe emprego numa fábrica de munições, pois nunca é demais relembrar que estamos a falar de uma época em que o futebol era totalmente amador! Joseph Szabo mais uma vez decidiu arriscar. Foi, e pouco depois era chamado à seleção da Hungria, pela qual atuaria em 12 ocasiões ao longo da sua carreira de futebolista.
Paixão recípocra entre Szabo e Portugal
Mas o ponto de viragem da sua vida deu-se em 1926, altura em que o Szombately solicita ao Ferencvaros o empréstimo da sua estrela Szabo para uma digressão a Portugal. Cedência aceite o jovem jogador embarca com o seu novo clube para terras lusas onde participa em diversos encontros de caráter particular. E chegado à Madeira... ali ficaria por um bom punhado de anos. E assim foi porque ao seu talento o Nacional não ficaria indiferente, tendo feito uma proposta a Szabo para ficar no Funchal a jogar pelo clube alvi-negro. Como condição para ficar o jovem húngaro queria apenas que lhe pagassem duas passagens da Hungria para Portugal... para si e para a sua futura esposa, com quem iria contrair matrimónio dali a pouco tempo. Condição aceite pelos nacionalistas Szabo muda-se de armas e bagagens para a Madeira e ali continuou a desenvolver a sua arte nos 4 anos que se seguiram. Um ano depois troca de camisola, passando a vestir a do emblema mais popular da ilha, o Marítimo. Uma "senhora equipa" de futebol tinha o conjunto verde rubro na época, onde para além de Szabo pontificava um jovem que viria a ser considerado como um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos: Pinga.
O talento dos madeirenses rapidamente chegou ao continente, que recebia ecos de que na ilha existia uma verdadeira mina de craques! O FC Porto, através do seu lendário guarda-redes Mihaly Siska, também ele húngaro de nascimento, lançou o "canto da sereia" a Szabo. Depois de alguns meses de impasse eis que em meados de 1930 Joseph Szabo desembarca na Cidade Invicta com a tarefa de jogar e... treinar o FC Porto. Mas não vem sozinho, consigo trás um diamante ainda por lapidar chamado Pinga. E não seria preciso esperar muito tempo para Szabo brilhar de azul e branco vestido, já que logo na sua primeira época ao serviço do clube vence o Campeonato Regional. Prova que voltaria a vencer na temporada seguinte, juntando a este título outro mais pomposo, o de Campeão de Portugal. Os feitos de Joseph Szabo começavam desta forma a ser conhecidos um pouco por todo o país, e ao Porto chegam ecos de que um clube de Lisboa se estaria a preparar para lançar o isco a Szabo. Sabendo disto os dirigentes portistas logo trataram de guardar a sua jóia, tendo pedido inclusive à Polícia para que impedisse o húngaro de sair da cidade fosse em que circunstância fosse!
E lá ficaria, permanentemente vigiado supomos nós, até 1937, tendo conquistado mais 4 Campeonatos Regionais, um Campeonato de Portugal, e um Campeonato Nacional da 1ª Divisão, em 1934/35, curiosamente a primeira edição do campeonato maior do futebol lusitano.
Joseph Szabo desempenhava por esta altura só funções de treinador. Dava mostras de ser um grande condutor de homens, um mestre da tática, porém com um temperamento terrível! E mais terrível ficou depois de uma viagem até Londres, onde realizaria nesse ano de 1935 um estágio com aquela que era considerada a melhor equipa do Mundo da época, o Arsenal, treinado pelo lendário técnico Herbert Chapman. A viagem à capital inglesa havia sido um presente oferecido pelos dirigentes do clube nortenho a Szabo na sequência da conquista do Campeonato Nacional, presente que viria a revolucionar por completo a mentalidade do jovem treinador.
De regresso ao Porto Szabo levou a cabo uma autêntica revolução nos métodos de trabalho. Aplicou uma verdadeira ditadura militar no seu balneário, onde a disciplina era a palavra de ordem. Logo no primeiro dia de trabalho da nova época ordenou que os seus pupilos fizessem uma corrida de 7 km desde a Constituição até à Circunvalação... pelo menos três vezes por semana! De Londres trouxera entretanto outras severas regras, como por exemplo, aquela em que cada jogador que chegasse um minuto atraso ao treino pagaria uma multa de 10 por cento do seu ordenado! A paciência dos jogadores e dirigentes portistas foi-se apagando à medida em que Szabo se tornava cada vez mais agreste e exigente com todos. Até que em 1937, no rescaldo da conquista do Campeonato de Portugal desse ano, os dirigentes portistas perdem de vez a paciência e demitem Szabo.
Não ficaria sem emprego durante muito tempo, sendo Braga o seu destino seguinte. E até à capital do Minho levou consigo o feroz caráter disciplinador que o tinha tramado no FC Porto, e desde o primeiro minuto de trabalho colocaria em cima da mesa uma série de regras/exigências que pretendia ver cumpridas. A mais curiosa foi talvez o facto de querer que o Sporting de Braga passasse a usar um equipamento igual ao do Arsenal de Londres, isto é, camisola vermelha com mangas brancas, calção branco e meia vermelha. Exigência, ou capricho, aceite pelos responsáveis minhotos, e que curiosamente se mantém até aos dias de hoje! Em Braga continuou a mostrar dotes de grande condutor de homens e mais uma vez a sua fama chegou ao sul do país, mais concretamente à capital Lisboa, que pela mão do Sporting não perdeu tempo a encenar mais uma tentativa de "pescar a truta" húngara.
O casamento com o Sporting
Contrariamente ao ocorrido algumas épocas antes desta feita o Sporting conseguiu mesmo que Szabo aceitasse treinar a sua equipa principal, uma efeméride ocorrida em 1937. E chegado a Lisboa e ao Sporting Joseph Szabo revolucionou por completo não só o futebol do clube como o próprio futebol português. "Doente" pelo trabalho físico, feroz disciplinador, estudioso da tática, não demorou muito a que o sucesso lhe voltasse a bater à porta. No Sporting iniciou um reinado ainda hoje insuperável, sendo o treinador que mais épocas consecutivas esteve à frente do clube (8), e aquele que mais títulos venceu (13).
Da sua mente nasceu o lendário quinteto "5 Violinos", ele que descobriu o talento ímpar de dois desses famosos "violinistas", nomeadamente Jesus Correia e Fernando Peyroteo. Aplicou na perfeição no nosso leões o famoso sistema tático WM. Severo, por vezes demais, com os seus jogadores Szabo teve em 1940/41 aquela que poderemos caracterizar como a sua grande época de leão ao peito, altura em que venceu tudo o que havia para vencer: Taça de Portugal, Campeonato Nacional da 1ª Divisão, e o Campeonato Regional de Lisboa. Nesta sua primeira passagem pelo comando do Sporting venceu 2 campeonatos nacionais da 1ª Divisão, um Campeonato de Portugal, 5 campeonatos regionais de Lisboa, e uma Taça do Império.
Mas tal como acontecera no FC Porto Szabo também colecionava alguns inimigos dentro do Sporting. A sua língua afiada, dizem alguns que provocatória e insultuosa por vezes, ditou a sua saída do clube de Alvalade em 1945. Rumou de novo a Braga, onde apenas esteve uma temporada. Arrependidos da decisão tomada uma década antes os dirigentes do FC Porto vão em sua perseguição e convencem-no em 1945/46 a regressar à Invicta. Ali esteve duas épocas, mas sem o sucesso da sua primeira passagem por aquelas paragens. Nos anos que se seguiram andou pelo Algarve (orientou Portimonense e Olhanense) e regressou a Lisboa para liderar Atlético e Oriental.
Em 1953/54 dá o "sim" aquele que era já publicamente o clube do seu coração, o Sporting, para na qualidade de treinador de campo vencer o campeonato e a Taça de Portugal dessa temporada. Ficou um ano mais e fez de novo as malas rumo a outras paragens. Caldas, de novo Braga, Leixões, Torreense, Barreirense, e Vila Real foram alguns dos emblemas que testemunharam a mestria de Szabo. A última chamada do Sporting aconteceu em 1964/65, onde desempenhou funções de treinador de campo ao lado de Armando Ferreira e de Anselmo Fernandez.
Em 1966 orienta um grupo de homens pela última vez na sua vida, facto ocorrido em Angola, cuja seleção nacional foi treinada por um homem que nesta altura era já mais português do que húngaro. Dai por esta altura ser já conhecido como José Szabo. Para a eternidade ficam os seus revolucionários métodos de trabalhar o futebol, a sua extrema dedicação ao trabalho físico - da sua autoria é a frase «no futebol o sucesso faz-se com 10 por cento de génio e 90 por cento de transpiração» -, a sua feroz personalidade disciplinadora - falhar um golo dentro da área dava direito a uma multa de 10 por cento do ordenado -, controlador absoluto de tudo o que fosse relativo aos seus atletas - vivia obcecado pelos "desempenhos" sexuais dos seus pupilos, proibindo-os mesmo de ter relações antes dos jogos, já que tal era prejudicial à atuação destes no relvado - e a sua peculiar forma de "arranhar" a língua portuguesa, forma essa que não poucas vezes lhe valeram inúmeros dissabores.
Sportinguista era o seu coração, não sendo de estranhar que na hora da morte escolhesse o lar de jogadores do clube de Alvalade para morrer. Facto ocorrido a 17 de março de 1973.
Legenda das fotografias:
1-Joseph Szabo
2-A equipa do FC Porto orientada por Szabo que em 34/35 venceu a 1ª edição do Campeonato Nacional da 1ª Divisão
3-O Sporting que em 40/41 venceu a "tripla": Campeonato Nacional, Taça de Portugal, e Campeonato de Lisboa
Como qualquer outra história esta também tem um início, o qual se dá a 11 de maio de 1896, numa pequena aldeia piscatória húngara de nome Gonyo. Nesse dia nasce Joseph Szabo. Cedo as bucólicas imagens do Danúbio desaparecem do horizonte do jovem Joseph, que com apenas 4 anos de idade se muda para a ruidosa Gyor, cidade industrial de grandes dimensões para onde os seus progenitores se mudaram em busca de melhor fortuna. Habitante dos bairros pobres de operários as brincadeiras do menino Joseph limitavam-se quase exclusivamente ao... futebol. E tal como tantos outros da sua sua idade rendeu-se de imediato aos seus encantos. A vida dura fez com que aos 14 anos fosse trabalhar como torneio mecânico, profissão que não fez desaparecer a paixão que desenvolvia pelo jogo da bola. Paixão e talento, há que dizê-lo, pois se assim não fosse o clube local, o Gyor, não o tinha convidado para integrar a sua equipa principal. Convite aceite Szabo deu desde logo nas vistas como um habilidoso médio centro, facto que aos 20 anos de idade lhe valeria outro convite, este bem mais pomposo, vindo do Ferencvaros, um dos maiores clubes magiares. Para convencer Szabo a fazer as malas rumo a Budapeste os dirigentes do Ferencvaros ofereceram-lhe emprego numa fábrica de munições, pois nunca é demais relembrar que estamos a falar de uma época em que o futebol era totalmente amador! Joseph Szabo mais uma vez decidiu arriscar. Foi, e pouco depois era chamado à seleção da Hungria, pela qual atuaria em 12 ocasiões ao longo da sua carreira de futebolista.
Paixão recípocra entre Szabo e Portugal
Mas o ponto de viragem da sua vida deu-se em 1926, altura em que o Szombately solicita ao Ferencvaros o empréstimo da sua estrela Szabo para uma digressão a Portugal. Cedência aceite o jovem jogador embarca com o seu novo clube para terras lusas onde participa em diversos encontros de caráter particular. E chegado à Madeira... ali ficaria por um bom punhado de anos. E assim foi porque ao seu talento o Nacional não ficaria indiferente, tendo feito uma proposta a Szabo para ficar no Funchal a jogar pelo clube alvi-negro. Como condição para ficar o jovem húngaro queria apenas que lhe pagassem duas passagens da Hungria para Portugal... para si e para a sua futura esposa, com quem iria contrair matrimónio dali a pouco tempo. Condição aceite pelos nacionalistas Szabo muda-se de armas e bagagens para a Madeira e ali continuou a desenvolver a sua arte nos 4 anos que se seguiram. Um ano depois troca de camisola, passando a vestir a do emblema mais popular da ilha, o Marítimo. Uma "senhora equipa" de futebol tinha o conjunto verde rubro na época, onde para além de Szabo pontificava um jovem que viria a ser considerado como um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos: Pinga.
O talento dos madeirenses rapidamente chegou ao continente, que recebia ecos de que na ilha existia uma verdadeira mina de craques! O FC Porto, através do seu lendário guarda-redes Mihaly Siska, também ele húngaro de nascimento, lançou o "canto da sereia" a Szabo. Depois de alguns meses de impasse eis que em meados de 1930 Joseph Szabo desembarca na Cidade Invicta com a tarefa de jogar e... treinar o FC Porto. Mas não vem sozinho, consigo trás um diamante ainda por lapidar chamado Pinga. E não seria preciso esperar muito tempo para Szabo brilhar de azul e branco vestido, já que logo na sua primeira época ao serviço do clube vence o Campeonato Regional. Prova que voltaria a vencer na temporada seguinte, juntando a este título outro mais pomposo, o de Campeão de Portugal. Os feitos de Joseph Szabo começavam desta forma a ser conhecidos um pouco por todo o país, e ao Porto chegam ecos de que um clube de Lisboa se estaria a preparar para lançar o isco a Szabo. Sabendo disto os dirigentes portistas logo trataram de guardar a sua jóia, tendo pedido inclusive à Polícia para que impedisse o húngaro de sair da cidade fosse em que circunstância fosse!
E lá ficaria, permanentemente vigiado supomos nós, até 1937, tendo conquistado mais 4 Campeonatos Regionais, um Campeonato de Portugal, e um Campeonato Nacional da 1ª Divisão, em 1934/35, curiosamente a primeira edição do campeonato maior do futebol lusitano.
Joseph Szabo desempenhava por esta altura só funções de treinador. Dava mostras de ser um grande condutor de homens, um mestre da tática, porém com um temperamento terrível! E mais terrível ficou depois de uma viagem até Londres, onde realizaria nesse ano de 1935 um estágio com aquela que era considerada a melhor equipa do Mundo da época, o Arsenal, treinado pelo lendário técnico Herbert Chapman. A viagem à capital inglesa havia sido um presente oferecido pelos dirigentes do clube nortenho a Szabo na sequência da conquista do Campeonato Nacional, presente que viria a revolucionar por completo a mentalidade do jovem treinador.
De regresso ao Porto Szabo levou a cabo uma autêntica revolução nos métodos de trabalho. Aplicou uma verdadeira ditadura militar no seu balneário, onde a disciplina era a palavra de ordem. Logo no primeiro dia de trabalho da nova época ordenou que os seus pupilos fizessem uma corrida de 7 km desde a Constituição até à Circunvalação... pelo menos três vezes por semana! De Londres trouxera entretanto outras severas regras, como por exemplo, aquela em que cada jogador que chegasse um minuto atraso ao treino pagaria uma multa de 10 por cento do seu ordenado! A paciência dos jogadores e dirigentes portistas foi-se apagando à medida em que Szabo se tornava cada vez mais agreste e exigente com todos. Até que em 1937, no rescaldo da conquista do Campeonato de Portugal desse ano, os dirigentes portistas perdem de vez a paciência e demitem Szabo.
Não ficaria sem emprego durante muito tempo, sendo Braga o seu destino seguinte. E até à capital do Minho levou consigo o feroz caráter disciplinador que o tinha tramado no FC Porto, e desde o primeiro minuto de trabalho colocaria em cima da mesa uma série de regras/exigências que pretendia ver cumpridas. A mais curiosa foi talvez o facto de querer que o Sporting de Braga passasse a usar um equipamento igual ao do Arsenal de Londres, isto é, camisola vermelha com mangas brancas, calção branco e meia vermelha. Exigência, ou capricho, aceite pelos responsáveis minhotos, e que curiosamente se mantém até aos dias de hoje! Em Braga continuou a mostrar dotes de grande condutor de homens e mais uma vez a sua fama chegou ao sul do país, mais concretamente à capital Lisboa, que pela mão do Sporting não perdeu tempo a encenar mais uma tentativa de "pescar a truta" húngara.
O casamento com o Sporting
Contrariamente ao ocorrido algumas épocas antes desta feita o Sporting conseguiu mesmo que Szabo aceitasse treinar a sua equipa principal, uma efeméride ocorrida em 1937. E chegado a Lisboa e ao Sporting Joseph Szabo revolucionou por completo não só o futebol do clube como o próprio futebol português. "Doente" pelo trabalho físico, feroz disciplinador, estudioso da tática, não demorou muito a que o sucesso lhe voltasse a bater à porta. No Sporting iniciou um reinado ainda hoje insuperável, sendo o treinador que mais épocas consecutivas esteve à frente do clube (8), e aquele que mais títulos venceu (13).
Da sua mente nasceu o lendário quinteto "5 Violinos", ele que descobriu o talento ímpar de dois desses famosos "violinistas", nomeadamente Jesus Correia e Fernando Peyroteo. Aplicou na perfeição no nosso leões o famoso sistema tático WM. Severo, por vezes demais, com os seus jogadores Szabo teve em 1940/41 aquela que poderemos caracterizar como a sua grande época de leão ao peito, altura em que venceu tudo o que havia para vencer: Taça de Portugal, Campeonato Nacional da 1ª Divisão, e o Campeonato Regional de Lisboa. Nesta sua primeira passagem pelo comando do Sporting venceu 2 campeonatos nacionais da 1ª Divisão, um Campeonato de Portugal, 5 campeonatos regionais de Lisboa, e uma Taça do Império.
Mas tal como acontecera no FC Porto Szabo também colecionava alguns inimigos dentro do Sporting. A sua língua afiada, dizem alguns que provocatória e insultuosa por vezes, ditou a sua saída do clube de Alvalade em 1945. Rumou de novo a Braga, onde apenas esteve uma temporada. Arrependidos da decisão tomada uma década antes os dirigentes do FC Porto vão em sua perseguição e convencem-no em 1945/46 a regressar à Invicta. Ali esteve duas épocas, mas sem o sucesso da sua primeira passagem por aquelas paragens. Nos anos que se seguiram andou pelo Algarve (orientou Portimonense e Olhanense) e regressou a Lisboa para liderar Atlético e Oriental.
Em 1953/54 dá o "sim" aquele que era já publicamente o clube do seu coração, o Sporting, para na qualidade de treinador de campo vencer o campeonato e a Taça de Portugal dessa temporada. Ficou um ano mais e fez de novo as malas rumo a outras paragens. Caldas, de novo Braga, Leixões, Torreense, Barreirense, e Vila Real foram alguns dos emblemas que testemunharam a mestria de Szabo. A última chamada do Sporting aconteceu em 1964/65, onde desempenhou funções de treinador de campo ao lado de Armando Ferreira e de Anselmo Fernandez.
Em 1966 orienta um grupo de homens pela última vez na sua vida, facto ocorrido em Angola, cuja seleção nacional foi treinada por um homem que nesta altura era já mais português do que húngaro. Dai por esta altura ser já conhecido como José Szabo. Para a eternidade ficam os seus revolucionários métodos de trabalhar o futebol, a sua extrema dedicação ao trabalho físico - da sua autoria é a frase «no futebol o sucesso faz-se com 10 por cento de génio e 90 por cento de transpiração» -, a sua feroz personalidade disciplinadora - falhar um golo dentro da área dava direito a uma multa de 10 por cento do ordenado -, controlador absoluto de tudo o que fosse relativo aos seus atletas - vivia obcecado pelos "desempenhos" sexuais dos seus pupilos, proibindo-os mesmo de ter relações antes dos jogos, já que tal era prejudicial à atuação destes no relvado - e a sua peculiar forma de "arranhar" a língua portuguesa, forma essa que não poucas vezes lhe valeram inúmeros dissabores.
Sportinguista era o seu coração, não sendo de estranhar que na hora da morte escolhesse o lar de jogadores do clube de Alvalade para morrer. Facto ocorrido a 17 de março de 1973.
Legenda das fotografias:
1-Joseph Szabo
2-A equipa do FC Porto orientada por Szabo que em 34/35 venceu a 1ª edição do Campeonato Nacional da 1ª Divisão
3-O Sporting que em 40/41 venceu a "tripla": Campeonato Nacional, Taça de Portugal, e Campeonato de Lisboa
3 comentários:
"E lá ficaria, permanentemente vigiado supomos nós, até 1937, tendo conquistado mais 4 Campeonatos Regionais, um Campeonato de Portugal, e um Campeonato Nacional da 1ª Divisão, em 1934/35, curiosamente a primeira edição do campeonato maior do futebol lusitano"
Uma das asneiras escritas na análise, é afirmar-se que em 1034/35 se disputou o campeonato nacional da 1ª.divisão, quando como se sabe e rezam as estatísticas, o primeiro campeonato nacional da 1ª divisão começou a disputar-se, a partir da época de 1938/39.
Esta é só mais uma treta, para fazer engolir a mentira às pessoas, que o Benfica ganhou no período entre 1934 e 1938, 3 Ligas que nem sequer eram oficiais, pois serviram apenas para testar a viabilidade de um futuro campeonato nacional e sem prejuízo do campeonato de Portugal, como foi na altura escrito. Caso único, pois pela primeira vez na história do futebol, houve num país 2 competições a atribuírem o título de campeão no mesmo ano.O Madaíl ao proceder na secretaria à alteração do que foi decidido em AG da FPP em 1938, só demostrou quanto vigarista foi para o futebol em Portugal.Isto é
próprio de revisionistas da história, dignos daqueles que sempre procuraram negar a verdade dos factos, sobre os crematórios da 2ª.guerra mundial.
(continuação)
Veja aqui a quem foram atribuídos os campeonatode de Portugal entre 1922 e 1938:
CAMPEONATO DE PORTUGAL
1938 Sporting -
1937 Porto
1936 Sporting
1935 Benfica
1934 Sporting
1933 Belenenses
1932 Porto
1931 Benfica
1930 Benfica
1929 Belenenses
1928 Carcavelinhos
1927 Belenenses
1926 CS Marítimo
1925 Porto
1924 SC Olhadense
1923 Sporting
1922 Porto
"Esta é só mais uma treta, para fazer engolir a mentira às pessoas, que o Benfica ganhou no período entre 1934 e 1938, 3 Ligas que nem sequer eram oficiais, pois serviram apenas para testar a viabilidade de um futuro campeonato nacional e sem prejuízo do campeonato de Portugal, como foi na altura escrito. Caso único, pois pela primeira vez na história do futebol, houve num país 2 competições a atribuírem o título de campeão no mesmo ano."
Caro "anónimo", podia ao menos identificar-se, só lhe ficava bem, e não esconder-se atrás de uma capa que desconhece a história e pior do que isso tenta mascarar essa história com factos que não correspondem à realidade.
Infelizmente em Portugal a clubite agudaa teima em alterar factos verídicos só para alimentar guerras estúpidas entre clubes rivais. A história não deve ser alterada por rivalidades, ponto final.
Tudo o que escrevi é a realidade, o Campeonato Nacional existe de facto desde a temporada de 34/35, ganho aliás pelo seu clube (deduzo que seja portista). Paralelamente existia desde 1922 uma competição chamada Campeonato de Portugal que efetivamente coroava o campeão de Portugal. Até 1939 o vencedor dos campeonatos nacionais eram denominados campeões da LIGA. Para se evitar confusões a FPF em 1938/39 decidiu rebatizar o Campeonato de Portugal, passando a chama-lo de Taça de Portugal.
Agora, não se pode mascarar a história, e dizer aqui, ou querer dizer, que entre 1935 e 1938 o campeonato nacional foi um mero torneio de exibição, ou para testar a sua viabilidade, como afirma.
Aqui, neste espaço, não se alimentam guerras estúpidas sobre quem tem mais ou menos títulos. Aqui retratam-se factos históricos VERÍDICOS.
Obrigado pela sua visita.
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