segunda-feira, julho 29, 2024
Figuras do apito (7)... Entre marido e mulher estava o árbitro!
Está já
muito longe de merecer sinais de espanto o facto de vermos uma mulher a exercer
o papel de autoridade máxima – vulgo, a figura de árbitro e/ou de assistente –
num jogo de futebol na variante masculina. Quer a nível internacional, quer
nacional, há que sublinhá-lo. Porém, há cerca de 40 anos atrás não era bem
assim, e ver uma menina ou senhora de apito na boca ou de bandeirinha mão era
facto para ficarmos pasmados! E a boca abria-se ainda mais de estupefação se no
retângulo de jogo estivesse um casal de árbitros! Parece mentira? Mas não é,
pois tal cenário aconteceu em Portugal no início da década de 80, quando nos
pelados da Associação de Futebol de Viseu (AFV) havia um casal que passava os
seus domingos de uma forma diferente da maior parte dos casais de então. Luís
Lopes e Laurinda Lopes, protagonizaram (mais) um episódio histórico no ano de
1982, quando no encontro entre o Tabuaço e o Resende a contar para os
campeonatos distritais da AFV entraram em campo não de mão de dada mas com a
bandeirinha de árbitros assistentes, ou fiscais de linha como na época se
dizia, na mão! E de quem foi a culpa desta improvável – para a época – dupla de
bandeirinhas? Foi o árbitro
principal, Arlindo Duarte, que à reportagem da Gazeta dos Desportos explicava
que «esta equipa de auxiliares foi por
mim escolhida, e creia que tenho tido problemas, pelo contrário, nos campos
onde temos arbitrado tenho notado respeito e simpatia pela minha auxiliar.
Saliento-lhe um: em determinado sítio um elemento afeto ao clube local em face
da presença da minha colega teve um desabafo dizendo que já não podia insultar
como era seu hábito pois estava uma senhora a juiz de linda (risos)». 1979
é o ano em que o casal Lopes – natural de Urgeiriça – iniciou o curso de
arbitragem na AFV, e juntos realizaram o seu primeiro jogo algum tempo depois,
um momento que causou um certo nervosismo a Laurinda Lopes. «Comecei por ter um certo receio por parte
do público, porém tudo resultou em pleno, embora reconhecesse que os nervos me
atraiçoassem em certas decisões, mas tudo acabou em bem», contava então a
senhora juíza, que prometia querer continuar a acompanhar o marido nestas
andanças da arbitragem. Outros tempos que hoje não passam de situações
corriqueiras do nosso quotidiano. E ainda bem.
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