António Palhinhas |
A nossa figura do apito de hoje é António Palhinhas, uma lenda da arbitragem nacional que fez história no nosso futebol... no bem, e no mal.
Nascido em Setúbal, a 10 de maio de 1904 - como curiosidade sublinhe-se que este cidadão é apenas 11 dias mais velho que a FIFA, fundada a 21 de maio de 1924 - António dos Santos Palhinhas entrou no planeta da bola na qualidade de... jogador! Sabe-se que foi atleta - atuava como médio - do Vitória de Setúbal, tendo feito parte das equipas que disputaram os campeonatos de Portugal das épocas de 1927/28 e de 1928/29, não se conhecendo, contudo, mais registos sobre a carreira futebolística do jogador sadino.
Seria no entanto de apito na boca que ele se tornaria mais conhecido na história do futebol português. Como tantos jogadores daquela altura o fizeram, depois de pendurar as chuteiras enverdou pela carreira de árbitro. Não se sabe bem quando Palhinhas tomou esta decisão, mas presume-se que cedo, pois com 26 anos dirige o seu primeiro jogo oficial. Foi a 19 de abril de 1931, e logo numa das mais imponentes catedrais daquela época, vulgo, o Estádio do Lima, palco onde dirigiu um FC Porto / Casa Pia (2-1), a contar para a primeira mão dos oitavos-de-final do Campeonato de Portugal de 1930/31. Esta seria mesmo uma estreia de sonho para o árbitro sadino, que mais à frente seria nomeado para apitar a final desse mesmo campeonato, entre o Benfica e o FC Porto, duelo realizado em Coimbra - no Campo do Arnado - que os lisboetas venceram por 3-0.
Insígnias da FIFA |
Porém, a época de 1932/33 foi uma das melhores da carreira do árbitro António Palhinhas. Apitou quatro encontros do campeonato, inclusive o da final, entre o Belenenses e o Sporting, que os primeiros venceram por 3-1. Mas aquando dessa final, realizada no Estádio do Lumiar, em Lisboa, Palhinhas já era árbitro internacional, estatuto que poucos homens do apito em Portugal haviam até então alcançado. Ele foi mesmo um dos primeiros lusos a receber as insígnias da FIFA, tendo arbitrado o seu primeiro encontro internacional - um amigável - a 21 de maio de 1933. Foi um Espanha / Bulgária, em Sevilha, que os nuestros hermanos venceram por expressivos 13-0, encontro este onde brilharam o médio espanhol Chacho - autor de seis golos - e o mítico guarda-redes Don Ricardo Zamora.
No plano interno Palhinhas continuaria nos anos seguintes a dirigir alguns encontros não só do Campeonato de Portugal como também do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, prova que iria ver a luz do dia na temporada de 1934/35, tendo o árbitro de Setúbal apitado dois encontros - o Belenenses / União de Lisboa, e o Belenenses / Benfica - nessa temporada de estreia.
Responsável pela acesa rivalidade entre FC Porto e Benfica?
Lance da polémica meia-final da edição de estria da Taça de Portugal |
Academistas festejam a vitória na primeira taça da história |
Até 1942, ano em que deu por encerrada a sua carreira, António Palhinhas dirigiu mais alguns encontros das duas competições nacionais - campeonato e taça - e teve ainda tempo para apitar pela segunda vez fora de portas, e novamente um amigável no qual participava a seleção espanhola, que a 15 de março de 1942 derrotava, de novo em Sevilha, a França por 4-0. António Palhinhas faleceu a 11 de dezembro de 1953.
Nenhum comentário:
Postar um comentário