terça-feira, setembro 28, 2010

Catedrais Históricas (9)... Stade des Colombes

Na sua relva foram escritos alguns dos factos mais relevantes da história do futebol global. As suas bancadas guardam saudosas memórias de épicos momentos que marcaram a primeira metade do século passado deste desporto. Por isto e por muito mais, certamente, este é um dos maiores museus ainda "vivos" – embora sem o fulgor de outros tempos – do futebol a nível planetário.
A nossa viagem de hoje remete-nos para Paris, a bela capital francesa, mais concretamente para o mítico Stade des Colombes. Erguido em 1907 transformou-se desde logo na sala de visitas do desporto francês. Importantes jogos de futebol e rugby, célebres provas de atletismo e ciclismo aqui ocorridas preencheram dezenas de páginas de ouro inseridas no Atlas do Desporto gaulês. A sua multiculturalidade desportiva, por assim dizer, seria levada ao extremo em 1924, ano em que Paris acolheu os Jogos Olímpicos, tendo os Colombes acolhido a maior parte das modalidades desse importante evento. Os seus 45.000 lugares (a sua capacidade na época) testemunharam nesse longínquo ano de 1924 um dos primeiros momentos de ouro do futebol: a estreia em solo europeu daquela que é considerada a primeira grande selecção nacional do Mundo, o Uruguai. Apresentando um futebol mágico, nunca visto até àquela data pelos europeus, os uruguaios aniquilaram todos os seus oponentes até à conquista do ouro olímpico (vitória na final ante a Suíça por 3-0) tornando-se desta forma... campeões do Mundo. Sim, campeões mundiais, isto porque numa altura em que o Campeonato do Mundo ainda não vira a luz do dia (algo que só iria acontecer em 1930) os campeões olímpicos do futebol eram reconhecidos como donos do Mundo.
E se os Colombes presenciaram o primeiro capítulo da história dourada da primeira grande potência futebolística do Mundo seriam ainda testemunhas do nascimento do primeiro grande jogador negro do belo jogo: José Leandro Andrade (de quem aqui já falámos na “vitrina” dedicada às lendas), o mago uruguaio que depois destes Jogos Olímpicos de 24 teve o Mundo a seus pés, tendo regressado ao seu país com a alcunha de Maravilha Negra.
Posteriormente as estas célebres Olímpiadas o estádio passaou a chamar-se Stade Olympique des Colombes. E seria já com este nome que outro momento de ouro do futebol foi aqui vivenciado: o Mundial de 1938. O na altura líder da FIFA e grande mentor do Campeonato do Mundo, Jules Rimet, cumpria assim o sonho pessoal de trazer o maior evento futebolístico do Mundo ao seu país, tendo os Colombes tido o privilégio de acolher três encontros desse certame, inclusive o da grande final disputada entre a Itália e a Hungria (ambos os conjuntos posam para a fotografia antes do início do grande e decisivo jogo, conforme pode ser visionado na imagem de baixo), o qual terminaria com o triunfo dos primeiros por 4-2.
Com o aparecimento do Parque dos Príncipes (em 1972) o Colombes foi perdendo fulgor com o passar dos anos. Os grandes jogos da selecção francesa e as finais da taça deste país foram transferidas para o novo e portador de maior capacidade estádio que anos mais tarde seria a casa do Paris Saint-Germain. Em termos futebolísticos o Colombes começaria a ser apenas usado para os jogos domésticos do Racing Club de Paris, clube este que com a construção do seu novo estádio irá em breve abondonar este sagrado espaço.
Com a perda de protagonismo internacional – e mesmo a nível interno – o Colombes sofreria novas mudanças num passado recente, a começar desde logo pelo próprio nome, uma vez que foi re-baptizado para Stade Olympique Yves-du-Manoir, sendo no entanto a maior mudança a redução da sua capacidade para uns modestos 7.000 lugares. Uma nota final para dizer que o filme “Fuga para a Vitória”, protagonizado por Sylvester Stallone e que contou com a participação de Pelé, Osvaldo Ardiles, ou Bobby Moore, teve o Colombes como cenário principal.

Um comentário:

Armando Pinto disse...

Concordando e apreciando este post como todos os outros aliás, permita-se uma lembrança:

Passando hoje o aniversário do F. C. Porto, calharia a preceita uma justa evocação.

Como eu pessoalmente também fiz,
em

http://www.longara.blogspot.com/

Abraço