Nattie HONEYBALL (Inglaterra): 8 de março, data em que em todo o planeta - ou pelo menos quase todo - assinala o Dia Internacional da Mulher. Também nós, Museu Virtual do Futebol, nos associamos a esta efeméride, recordando aquela que foi a pioneira da mulher no papel de... futebolista. Para isso será preciso recuar até ao século XIX, mais precisamente até aos anos 90 do referido século, tendo a pátria do futebol (Inglaterra) como cenário. Altura em que uma acérrima defensora dos direitos da Mulher decide atravessar a fronteira do preconceito e do machismo e assenta arraiais num terreno que até então era pisado unicamente por homens: o football. Falamos de Nettie Honeyball, uma cidadã londrina nascida em 1874 que entrou para a história como a pioneira do futebol... feminino. Corria o ano de 1894 quando a então desconhecida cidadã Nattie - cuja vida profissional e pessoal é ainda hoje para os historiadores desportivos um enigma - coloca um anúncio num jornal de Londres a solicitar cerca de 30 jovens do sexo feminino para formar um clube de futebol. Reunidas as tropas nasce o British Ladies Football Club, o primeiro emblema direcionado, única e exclusivamente, para o então inexistente futebol feminino. Os treinos decorrem nas zonas verdes do Alexandra Park e são ministrados por J.W. Julian, naqueles dias futebolista do Tottenham. Numa entrevista concedida em fevereiro do ano seguinte ao Daily Sketch, Honeyball explicou o porquê de ter dado tão arrojado passo: «Fundei o clube com o objetivo de provar ao Mundo que as mulheres não são essas criaturas ornamentais e inúteis que os homens "pintam". Devo confessar que é minha convicção de que em todos os assuntos os sexos estão profundamente divididos (...) e desejo a chegada de um tempo em que as mulheres se possam sentar no Parlamento e que tenham voz na gestão de todos os assuntos...».
O primeiro teste das futebolistas dá-se em março de 1895, tendo sido presenciado por cerca de 10.000 pessoas, as quais se deslocaram ao Crouch End londrino para assistir a uma partida entre equipas representativas do norte e do sul da capital britânica. Abra-se aqui um parênteses para dizer que a História diz-nos que este não foi o primeiro match 100 por cento feminino, uma vez que cerca de três anos antes, em Glasgow, há notícias de um desafio entre senhoras, desconhecendo-se, no entanto, os contornos do mesmo. Mas voltando a Crouch End para recordar que as nortenhas - que no seu eleven integravam Nattie Honeyball - venceram por 7-1, um match que motivou uma chuva de crónicas machistas por parte dos jornais da época, os quais não disfarçaram os tiques desse mesmo machismo que estava enraizado na sociedade da época. O Daily Sketch, que um mês antes havia entrevista Nattie, escreveu que «os primeiros minutos foram suficientes para demonstrar que o futebol feminino (...) está totalmente fora de questão. Um futebolista requer velocidade, disciplina, habilidade e coragem. Nenhuma destas quatro qualidades se viram no sábado. Na maior parte do tempo as senhoras vaguearam sem rumo pelo terreno de jogo num trote sem graça». Houve no entanto quem tivesse proferido palavras mais amáveis para as distintas senhoras que atuaram no recinto de Crouch End, como foi o caso do correspondente do diário The Sportsman, que sublinharia que: «É certo que os homens correm mais e rematam com mais força, (...) mas para além disso não acreditamos que a mulher futebolista desapareça na sequência de uns quantos artigos escritos por senhores sem qualquer simpatia pelo jogo nem pelas aspirações das jovens mulheres. Se a mulher futebolista morrer, morrerá a dar luta». Este último artigo estava certo. As British Ladies não se deixaram afetar pelas críticas e continuaram a percorrer caminhos até então exclusivos a homens, tendo realizado mais alguns jogos nos meses seguintes (um deles com cariz de beneficência, realizado em Brighton), antes de darem por terminada uma aventura que ficou na história, e que depois de ultrapassar dezenas de obstáculos no âmbito do preconceito e do machismo ao longo das décadas seguintes acabou por abrir - à semelhança do que aconteceu noutras áreas - o Mundo do futebol ao sexo feminino. Nada mais justo.
O primeiro teste das futebolistas dá-se em março de 1895, tendo sido presenciado por cerca de 10.000 pessoas, as quais se deslocaram ao Crouch End londrino para assistir a uma partida entre equipas representativas do norte e do sul da capital britânica. Abra-se aqui um parênteses para dizer que a História diz-nos que este não foi o primeiro match 100 por cento feminino, uma vez que cerca de três anos antes, em Glasgow, há notícias de um desafio entre senhoras, desconhecendo-se, no entanto, os contornos do mesmo. Mas voltando a Crouch End para recordar que as nortenhas - que no seu eleven integravam Nattie Honeyball - venceram por 7-1, um match que motivou uma chuva de crónicas machistas por parte dos jornais da época, os quais não disfarçaram os tiques desse mesmo machismo que estava enraizado na sociedade da época. O Daily Sketch, que um mês antes havia entrevista Nattie, escreveu que «os primeiros minutos foram suficientes para demonstrar que o futebol feminino (...) está totalmente fora de questão. Um futebolista requer velocidade, disciplina, habilidade e coragem. Nenhuma destas quatro qualidades se viram no sábado. Na maior parte do tempo as senhoras vaguearam sem rumo pelo terreno de jogo num trote sem graça». Houve no entanto quem tivesse proferido palavras mais amáveis para as distintas senhoras que atuaram no recinto de Crouch End, como foi o caso do correspondente do diário The Sportsman, que sublinharia que: «É certo que os homens correm mais e rematam com mais força, (...) mas para além disso não acreditamos que a mulher futebolista desapareça na sequência de uns quantos artigos escritos por senhores sem qualquer simpatia pelo jogo nem pelas aspirações das jovens mulheres. Se a mulher futebolista morrer, morrerá a dar luta». Este último artigo estava certo. As British Ladies não se deixaram afetar pelas críticas e continuaram a percorrer caminhos até então exclusivos a homens, tendo realizado mais alguns jogos nos meses seguintes (um deles com cariz de beneficência, realizado em Brighton), antes de darem por terminada uma aventura que ficou na história, e que depois de ultrapassar dezenas de obstáculos no âmbito do preconceito e do machismo ao longo das décadas seguintes acabou por abrir - à semelhança do que aconteceu noutras áreas - o Mundo do futebol ao sexo feminino. Nada mais justo.
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