segunda-feira, setembro 14, 2015

Flashes Biográficos (3)... Sidney Pullen

SIDNEY PULLEN (Inglaterra): Venerada em todo o globo a arte natural do futebolista brasileiro tem levado milhares de jogadores nascidos em Terras de Vera Cruz a exibir o seu talento nos mais variados cantos dos Cinco Continentes. Não só clubes como também diversas seleções nacionais têm ao longo da história importado a mestria do futebolista brasileiro no sentido de dar o tal toque artístico às suas equipas. É comum vermos grandes seleções mundiais, como Espanha, Portugal, ou Itália incorporarem nos seus onzes atletas de origem brasileira, mas... e o contrário, seria possível vermos ao lado de Neymar na seleção canarinha um jogador de outra nacionalidade? Impensável. O Brasil é quiçá o maior produtor planetário de diamantes futebolísticos e provavelmente nunca teria a necessidade de naturalizar jogadores de outros cantos do globo para dar força às suas seleções. Mas nem sempre foi assim. Nos inícios do século XX, mais concretamente na década de 10, quando tudo começou, quando a seleção brasileira dava os primeiros passos na sua - hoje - gloriosa caminhada dois estrangeiros tiveram a honra de envergar o manto sagrado do Brasil, um era português, de seu nome Casemiro do Amaral - e de quem já aqui falámos - e o outro inglês, Sidney Pullen de seu nome. Dos dois Pullen foi o primeiro a representar oficialmente a seleção brasileira, facto ocorrido na primeira edição do Campeonato Sul-Americano de Futebol, em 1916. Nascido em Southampton a 14 de julho de 1895, Sidney era filho de um inglês e de uma brasileira, tendo viajado para a América do Sul - mais precisamente para o Rio de Janeiro - ainda muito jovem na companhia de seus pais. E consigo trouxe a paixão pelo futebol - tão popular em terras britânicas por aqueles dias - tendo iniciado uma promissora carreira no Paysandu com apenas 17 anos de idade. Com as cores deste emblema venceu um Campeonato Carioca, sendo que com o extinção deste clube em 1915 Pullen transferiu-se para o Flamengo, cuja camisola envergou em 130 ocasiões até 1923, ano em que deixou a competição. Pelos rubro-negros Sidney apontou cerca de meia centena de golos e venceu inúmeros títulos, sendo que entre os mais pomposos destacam-se os campeonatos cariocas de 1920 e de 1921. 
As boas atuações do britânico no meio campo flamenguista - Pullen atuava como médio centro - fizeram com que fosse chamado a representar a seleção brasileira na primeira grande competição disputada na América do Sul, o Campeonato Sul-Americano - hoje denominado de Copa América - que em 1916 conheceu então a sua edição inaugural, ocorrida na Argentina. Pullen atuou nos três jogos que a seleção disputou em Buenos Aires, tendo o primeiro ocorrido a 8 de julho desse ano, diante do Chile. Nos dois encontros seguintes a seleção brasileira atuou com outro estrangeiro, o já falado guarda-redes português Casemiro do Amaral, mas já ninguém tirava Pullen da história, já que ele havia sido o primeiro estrangeiro a jogar oficialmente pelo Brasil. Nesse mesmo campeonato outro facto histórico ocorreu envolvendo o nome de Sidney Pullen. A partida entre Chile e Argentina esteve a um passo de não se realizar pelo facto de não ter sido encontrado um árbitro para a dirigir! No entanto, e face a uma sugestão da organização as duas seleções concordaram que o jogo fosse arbitrado por Sidney Pullen! 1916 seria mesmo um ano marcante na vida do jogador, já que além da presença na primeira edição da copa - onde o Brasil terminou em terceiro lugar - e de ter sido o primeiro estrangeiro a vestir a camisola da seleção foi obrigado a regressar à Europa para combater pelo seu país na I Guerra Mundial, facto que o levou a interromper a sua carreira desportiva até 1917, altura em que regressou ao Rio de Janeiro, onde viria a falecer em 1950. 

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