quarta-feira, dezembro 30, 2009

Estrelas cintilantes (19)... Carlos

Pode não figuar nas primeiras páginas dos grandes jornais desportivos nacionais e internacionais como aparecem outros vultos das balizas por esse planeta fora. O seu nome pode não ser sinónimo de mediatismo mas é seguramente um dos bons guarda-redes a actuar na Primeira Liga Portuguesa da actualidade. Falamos de Carlos Alberto Fernandes, conhecido no “Mundo da Bola” simplesmente por Carlos. Confesso que a sua “chamada” ao Museu se deve em parte à admiração que nutro por este homem enquanto desportista. É um dos futebolistas que mais admiro na actualidade entre os milhares que evoluem pelos campos de futebol desse Mundo fora. Este humilde texto é digamos que uma homenagem a um atleta que me dá gosto ver jogar domingo a domingo no principal campeonato nacional.
Carlos é um atleta que chama inevitavelmente à atenção, não só pelas suas excelentes qualidades na arte de defender as redes mas também pelo toque de loucura com que o executa. Esta sua maneira de estar dentro de campo faz lembrar de certa forma outros “génios loucos” das balizas, como o argentino Gatti, o colombiano Higuita, ou os portugueses Zé Beto e Alfredo.
Nasceu em Kinshasa, na República Democrática do Congo, no dia 8 de Dezembro de 1979. Filho de emigrantes lusos efectuou em 1997/98 a sua primeira temporada como sénior, ao serviço do Vilafranquense, na altura a militar na 3ª Divisão Nacional. Com o emblema de Vila Franca de Xira ascendeu na temporada seguinte à 2ª Divisão Nacional, onde permaneceria por mais três épocas.
Não tardou as dar nas vistas pelos relvados secundários do país, e em 2001/02 o Campomaiorense, na altura a competir na Divisão de Honra (hoje denominada de Liga Vitalis) contratou os seus serviços. No Alentejo estaria apenas uma temporada, visto não ter efectuado um único encontro ao serviço dos “galgos”.
Viajaria então até Amora, onde na época seguinte actuaria com brilho em 14 ocasiões pelo clube local, a militar na 2ª Divisão Nacional.
As suas exibições chamariam novamente a atenção dos clubes profissionais, e em 2003/04 viajaria para o norte para defender as cores do Felgueiras na Divisão de Honra. Ao serviço destes actuaria em 33 encontros.
O primeiro grande salto seria dado na temporada seguinte, quando o conceituado Boavista (equipa que quatro anos antes se havia sagrado campeã nacional) requisitou os seus serviços. No Bessa viveria uma temporada e meia plena de... sucesso. Fez 33 jogos na sua primeira passagem pelo principal escalão do futebol português, tendo feito a sua estreia num jogo ante o Marítimo a 25 de Setembro de 2004. As suas exibições categóricas chamaram a atenção de emblemas internacionais, tendo a meio da época de 2005/06 o Steaua de Bucareste vindo a Portugal contrata-lo.
Os primeiros tempos na Roménia seriam de sonho. Carlos era tratado como um rei, de tal maneira que era praticamente impossível circular pelas ruas de Bucareste com a tranquilidade de um cidadão comum. Era o grande ídolo dos adeptos do mais popular clube daquele país, ajudando ainda nessa época o Steaua a alcançar as meias-finais da Taça UEFA. A cereja no topo do bolo seria a conquista do título romeno. Na época seguinte começou o decréscimo vertiginoso de popularidade do guarda-redes português. Algumas exibições menos conseguidas, entre outras a da derrota caseira ante o Real Madrid por 1-4 para a Liga dos Campeões, levaram o presidente do clube, Gigi Becali, a proferir uma polémica declaração, dizendo que oferecia 100 mil dólares a quem quisesse adquirir o passe de Carlos. Tais declarações criaram de imediato um enorme mau estar entre o jogador e o clube, consumando-se quase de imediato um divórcio mais do que prevísivel.

Ainda tentou, durante o que restava dessa época, a sua sorte no melhor campeonato do Mundo, o inglês, tendo prestado provas durante algumas semanas nos londrinos do Charlton.
Sem sorte regressou em 2007/08 ao futebol português, mais concretamente ao clube que o lançou para a rivalta, o Boavista. Pelas “panteras” fez 9 jogos de grande qualidade e não foi de estranhar que mais uma vez tivessem “chovido” convites do estrangeiro a requerer os seus serviços. Aventurou-se mais uma vez, desta feita para o longínquo Irão para jogar pelo Foolad. Também ai foi “estrela”, tendo feito 32 jogos por um dos mais populares clubes iranianos.
As saudades de casa e o desejo de competir num campeonato com mais fama, por assim dizer, fê-lo regressar a Portugal, sendo que no início desta temporada (2009/10) assinou pelo Rio Ave, do principal escalão nacional. Em Vila do Conde é um dos artistas da bola da equipa local, e um dos responsáveis pela boa campanha da equipa nortenha, sendo um dos títulares absolutos da mesma.
Terá, quiçá, em Janeiro próximo a grande oportunidade da sua vida para se mostrar ao Mundo, já que será o guarda-redes titular da selecção de Angola (país pelo qual se naturalizou recentemente) na prestígiada Taça das Nacões Africanas (também conhecida por CAN). Competição esta que curiosamente se irá realizar em solo angolano, sendo este um acréscimo de atenção a uma prova que já por si recebe os holofotes do Mundo inteiro. Aqui ficou pois a minha homenagem a este senhor das balizas.

Legenda das fotografias:

1- Carlos Alberto Fernandes

2- Sequência das imagens: no Boavista, no Steaua, no Rio Ave, e na selecção de Angola

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