O
homem das letras que hoje recordamos exerceu ainda cargos de chefia em "Sports
Ilustrados" e do jornal do Sport Lisboa e Benfica. Foi ainda
correspondente de inúmeros jornais internacionais, casos de "A Gazeta de
S. Paulo" , "Vida Desportiva", de Barcelona, "Mundo
Desportivo", também da cidade condal, e o "Football", de Paris. Era
acima de tudo um conhecedor profundo sobre o desporto de um modo geral, sendo a
prova disso o facto de ao longo da sua carreira ter abordado as mais diversas
modalidades, pese embora se sentisse mais à vontade a escrever sobre atletismo,
futebol, pugilismo e râguebi. Numa das raras entrevistas que deu, neste caso em
1950 à revista "Stadium", contou que esteve quase para ir ao primeiro
Campeonato do Mundo de futebol, realizado em 1930, em Montevidéu, mas na
véspera da partida para a capital do Uruguai terá comunicado a sua indisponibilidade
para viajar, porque em Lisboa se realizava uma prova de estafetas 4X4, sendo que
uma das equipas que nela entrava era a do Belenenses, clube que ele treinava
nessa modalidade, acabando assim Alberto Freitas de perder uma das páginas mais
importantes da história do futebol planetário. Atletismo que era a sua modalidade de eleição, tendo além de praticante, na sua mocidade, sido igualmente fundador e dirigente da Associação de Atletismo de Lisboa.
Nesta
entrevista à "Stadium", Alberto Freitas contava ainda que por aqueles
dias era tão só o jornalista que mais serviços fazia no estrangeiro,
relembrando que o primeiro havia sido um desafio de futebol entre as seleções
de Lisboa e de Madrid, precisamente em 1930. Nessa entrevista contava ainda que
teve convites para trabalhar fora de Portugal, mais concretamente no Brasil, em
São Paulo, mas declinou por estar mais interessado no desporto português,
escolhendo as suas reportagens nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1498, como um
dos trabalhos que mais prazer lhe deram. Em termos de Olimpíadas esteve ainda presente nos Jogos de Helsínquia (1952) e de Tóquio (1964), sendo que no regresso da capital nipónica seria homenageado pelo Comité Olímpico de Portugal precisamente pelas suas reportagens - eternizadas nas páginas do "Diário de Notícias", jornal para o qual escreveu como enviado especial aos Jogos Olímpicos - feitas em contexto olímpico.
Alberto Freitas era um jornalista preocupado com o estilo de escrita, assumindo, nessa mesma entrevista, que tinha um estilo próprio, algo que na sua opinião era indispensável ao jornalista. Retiramos desta sua entrevista uma visão curiosa do jornalista sobre a arte de escrever no desporto: «O jornalismo desportivo é o mais difícil de todos, porque requer verdadeira especialização, mas não deve ser embebido apenas de conceitos técnicos e táticos. Por exemplo, uma crónica de futebol para interessar o leitor e definir o jornalista, precisa de ser aligeirada pelo estilo, por um pouco de "romance", por um comentário sorridente. É necessário que o leitor viva o acontecimento sem se fatigar, ficando com disposição para ler os outros artigos do jornal».
Não
se considerava um jornalista amigo das polémicas, um estilo que nas suas
palavras não o seduzia. Dizia que não se contentava com o que sabia, procurava
informar-se sempre mais, comprando livros sempre que viajava para o estrangeiro
a fim de se instruir mais e estar ao lado dos melhores. E ele foi um dos
melhores, sem margem para dúvida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário