Há muito tempo que “namorávamos” este museu, que ansiávamos conhecer
não só a história que ele guarda mas de igual modo a sua ímpar e imponente
beleza. E eis que após algumas tentativas frustradas lá fomos num sábado pela manhã visitar este templo da história de um clube também ele ímpar, o Académico
Futebol Clube. Situada em pleno coração da Cidade do Porto, a sala de
troféus/museu do popular Académico alberga mais de 100 anos de história de uma
associação eclética, fundada no ano de 1911, uma agremiação pensada e criada
por estudantes e para estudantes, e que ao longo dos anos talvez por ter sangue
jovem a correr nas veias adotou um espírito futurista e empreendedor que a
tornariam numa das instituições mais modernas e ricas – no que toca a
património – de Portugal.
Apesar de ser um clube multifacetado, com várias
modalidades, foi o futebol que esteve na génese da fundação do Académico, como
dava conta a edição de 28 de abril de 1911 do Jornal de Notícias. «Devido à
iniciativa e boa vontade de alguns estudantes, acaba de formar-se nesta cidade
um team escolar de football composto por jogadores das diferentes escolas desta
cidade e que representa os estudantes do Porto em todos os desafios. Este team
jogará com o nome de Team Académico do Porto…». O Académico esteve intrinsecamente sempre ligado
à burguesia portuense, e a julgar por isso o facto de nos primórdios ter aquele
que era considerado o complexo desportivo mais imponente de toda a Península
Ibérica. Quem não se lembra do Estádio Lima, o primeiro grande recinto
desportivo de grandes dimensões no nosso país? Neste museu são possíveis
vislumbrar algumas recordações desse nobre e hoje extinto estádio.
Bom, mas centremo-nos nesta visita, no qual fomos conduzido de forma extremamente simpática por José Luís Rego, Presidente do Conselho da História, Galardões e Sócios do Académico, um verdadeiro sábio no que toca à história do clube. O epicentro da nossa visita foi o Palacete do Lima, situado na Rua de Costa Cabral, onde está instalado o museu academista, um palácio imponente que resistiu aos avanços do tempo, e que mantém o seu traço histórico e antigo. Este palacete pertenceu a João António de Lima, rico capitalista da cidade no século XIX, “brasileiro” de torna viagem, que ao falecer em 18 de agosto de 1891 deixa a sua avultada fortuna e bens à sua companheira de então, Dona Luzia Joaquina Bruce, casal cujo “retrato” figura em ponto grande na entrada do salão principal de troféus. Com a morte desta senhora os terrenos onde estavam situados a Quinta do Lima e o palacete ali existente passam para as mãos da Santa Casa da Misericórdia do Porto que no futuro iria alugar o espaço ao Académico para ali se implantar o já falado complexo desportivo do Lima.
Bem, mas voltando ao museu, e
apesar de o futebol ter estado na génese do clube, as vitrinas/prateleiras
guardam taças, medalhas, diplomas, fotografias e outros galardões de muitas outras
modalidades onde o clube se foi distinguindo ao longo da sua história. É de
rara beleza a sala, ou salão, principal de troféus, com o seu teto alto e
trabalhado, com mobiliário antigo, dando a sensação de estamos a entrar numa
máquina do tempo rumo ao um passado longínquo. Em suma, aqui ficam algumas
imagens que atestam aquela que foi uma visita inesquecível à história de um
clube que marcou e marca a… História do desporto nacional.
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