segunda-feira, março 13, 2017

Flashes Biográficos (11)... Paulo Innocenti

Paulo INNOCENTI (Brasil): O futebolista brasileiro é visto globalmente como um diamante raro alvo de desejo generalizado. Poucos serão os países dos cinco continentes que não veneram hoje em dia nos seus retângulos de jogo um artista proveniente de Terras de Vera Cruz. A esse propósito abrimos hoje as portas do Museu para recordar aquele que foi o primeiro futebolista nascido no Brasil a transpor as fronteiras do seu país rumo a outras paragens, por outras palavras, o primeiro emigrante do futebol brasileiro a atuar no estrangeiro. Paulo Innocenti é o seu nome. Descendente de imigrantes italiano, Paulo veio ao Mundo a 11 de março de 1902, tendo como berço o Rio Grande do Sul, mas seria na grande cidade de São Paulo que se projetou no então muito jovem futebol brasileiro. Foi com a camisola do Paulistano, o então gigante do futebol paulista onde pontificava o lendário Arthur Friedenreich, que Innocenti deu os primeiros passos mais a sério na modalidade, tendo integrado a equipa que venceu o campeonato paulista de 1921, precisamente o ano em que este descendente de italianos vestiu pela primeira vez a camisola do emblema de São Paulo. Ali permaneceu até 1923, altura em que decide atravessar o Atlântico rumo à pátria da sua família, e mais concretamente até Bologna, para defender as cores do modesto Virtus durante a temporada de 1923/24. Quiçá sem se aperceber na altura, Paulo Innocenti entrava na história, ao tornar-se no primeiro jogador nascido no Brasil a atuar além fronteiras. Posicionando-se no terreno de jogo como defesa (na maior parte das vezes lateral) Innocenti destacou-se pelas suas qualidades desde pronto, e não seria de estranhar que o lendário mestre da tática Hermann Felsner, o arquiteto d' Il Grande Bologna, o chamasse para representar o emblema mais popular da cidade e um dos mais poderosos do calcio daquela época, precisamente o Bologna FC, onde sobressaiam nomes como Mario Gianni, Della Valle, ou o astro Angelo Schiavio. Nas duas temporadas (24/25 e 25/26) que envergou a maglia rosso blu o ítalo-brasileiro contribuiu para a conquista do scudetto de 1924/25, participando em 13 jogos dessa campanha vitoriosa. Posto isto decide em 1926 abraçar um novo projeto que acabava de ver a luz do dia no sul de Itália: a Sociatà Sportiva Calcio Napoli, fundada a 1 de agosto desse ano. Pippone, alcunha que entretanto arrecadou no país da bota devido ao formato pontiagudo do seu nariz, faz parte da história do Napoli, não só por ter tido a honra de ser o capitão de equipa no primeiro jogo oficial que os napolitanos efetuaram - ante o Inter de Milão - como também por ter sido o autor do primeiro golo da vida daquele emblema - ante o Genoa. Nas dez temporadas que jogou em Nápoles, Innocenti fez mais de 200 jogos com o clube, tendo inclusive sido neste período que atuou pela seleção nacional B italiana - já que ele um oriundi (descendente) - em quatro ocasiões. Após abandonar a carreira de futebolista em 1937, Paulo - ou Paolo para os italianos - Innocenti desapareceu praticamente do mapa futebolístico, continuando no entanto a viver em Nápoles, cidade a que passou a chamar de casa. Até que em 1943 é convidado pelo Napoli a substituir o então treinador Antonio Vojak, numa altura em que o clube se encontrava a competir na Serie B - segundo escalão do calcio. A aventura no banco seria curta, e pouco depois Pippone voltaria à sua condição de habitante anónimo de Nápoles até à hora da sua morte - devido a um ataque cardíaco - em 1983, curiosamente um ano antes de a cidade começar a viver sob os desígnios de D10S - Diego Armando Maradona.

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