Matthias Sindelar, uma das maiores figuras da história da Taça Mitropa tenta aqui passar pelos defesas do Ferencvaros na meia-final de 1935 |
Iniciamos
hoje a penúltima de uma série de seis viagens pela era
dourada (1927-1939) da Mitropa Cup, a competição
progenitora das atuais eurotaças. E a nossa primeira paragem
nesta nova incursão ao passado da prova idealizada por Hugo Meisl
dá-se em 1935, ano em que um célebre cidadão belga
centrou em si as luzes da ribalta da 9ª edição da competição
continental.O seu nome? Raymond Braine, foi ele o general que
conduziu o exército do Sparta de Praga à conquista da Europa
do futebol pela segunda vez na história do mítico clube
checoslovaco. Com uma técnica sublime aliada a um apurado faro para
o golo, ele foi o ás de trunfo do Sparta de Ferro para
dizimar a feroz concorrência. Sparta que apareceu nesta edição da
Mitropa na condição de vice-campeão da Checoslováquia, tendo na
primeira ronda enfrentado outro antigo campeão do certame
continental, os austríacos do First Viena. O primeiro embate deu-se
na Áustria, tendo o Sparta oferecido o jogo ao inimigo, isto é,
permitiu que o First controlasse do princípio ao fim o rumo dos
acontecimentos, optando por jogar apenas em contra-ataque, criando uma série de lances
venenosos que semeavam o pânico no último reduto vienense. Num
desses lances Nejedly marcou o golo que valeu um precioso empate
(1-1) com que os checoslovacos deixaram a capital austríaca. Na
segunda mão, tudo foi diferente. O Sparta assumiu o jogo, partindo
com toda a sua armada para cima dos vienenses, que pouco
puderam fazer para evitar a derrota (5-3) e a consequente eliminação.
No plano individual Braine e Olidich Zajiek dividiram o protagonismo:
o primeiro foi o cérebro da equipa, ao passo que o segundo assumiu o
papel de goleador, ao apontar três dos cinco golos do emblema de
Praga.
Raymond Braine, a grande figura da 9ª edição da Taça Mitropa |
E
por falar na capital da então Checoslováquia, a outra equipa desta
cidade, o Slavia, também entrou com o pé direito na edição
de 1935 da Taça Mitropa, após vencer os estreantes do Szegedi,
modesto clube húngaro que foi arrasado na primeira mão da
eliminatória pelo endiabrado Kopecky, autor de três dos quatro
golos com que os campeões da Checoslováquia bateram (4-1) o quarto
classificado do campeonato húngaro na sua própria casa. Com a
passagem à fase seguinte praticamente assegurada o Slavia relaxou na
segunda mão, permitindo que o Szegedi saísse de Praga com uma
vitória por 1-0.
A
grande surpresa desta primeira ronda foi protagonizada por outro
caloiro nestas andanças, o Zidenice, que surgia na competição
por via do terceiro posto conquistado no campeonato da
Checoslováquia. Na entrada para a eliminatória o papel do Zidenice
na prova não seria mais do que um mero participante, até porque o
oponente dava pelo nome de Rapid de Viena, campeão da Áustria, e um
dos grandes candidatos ao triunfo final. A surpresa começou a ser
desenhada na primeira mão, quando diante do seu público o Zidenice
chegou ao intervalo a vencer os austríacos por 3-0, com a
particularidade destes três golos terem sido apontados por Vaclav
Prusa. Na segunda parte o Rapid puxou dos seus galões e conseguiu
reduzir para 2-3, resultado que encerrou o marcador, e que fazia
sonhar o campeão da Áustria com uma reviravolta fácil no seu
estádio. Como estavam enganados! Em Viena, o Zidenice alcançou um
empate a duas bolas – ao intervalo vencia por 2-1 –, garantindo
uma impensável qualificação para os quartos-de-final, colocando
assim rostos de espanto na Europa do futebol.
A
edição de 1935 da Mitropa Cup foi de má memória para a maioria
dos conjuntos austríacos. Depois do Rapid e do First Viena terem
dito adeus à competição logo na primeira eliminatória, o Admira
foi pelo mesmo caminho, após cair com estrondo aos pés do MTK de
Budapeste por um total de 9-4. Um desfecho que inicialmente até não
era de todo previsível, já que em Viena o Admira venceu por 3-2 o
seu adversário. Somente 3-2, há que sublinhá-lo, pois o
desperdício foi uma característica evidente na performance do
vice-campeão austríaco ao longo de toda a partida. Com muito menos
oportunidades de golo mas tremendamente eficazes na hora de rematar à
baliza os húngaros apontaram dois preciosos golos que lhes deram
grandes esperanças para o embate da segunda mão, golos esses
apontados por Heinrich Muller, jogador de nacionalidade... austríaca.
O jogo de volta resumiu-se ao vendaval ofensivo do MTK, vendaval esse
que demorou 45 minutos a surgir, já que ao intervalo o Admira vencia
por 1-0. Os segundos 45 minutos foram então explosivos para a turma
da casa, que apontou sete golos, três deles por intermédio de Cseh.
Ai está Sindelar em mais um ataque às redes contrárias |
A
exceção ao pobre desempenho das equipas austríacas nesta 9ª
edição da Mitropa foi o Austria de Viena, conjunto cuja estrela
principal dava pelo nome de Matthias Sindelar, o Mozart do futebol,
como ainda hoje é conhecido. O Austria, que aparecia nesta
competição pelo facto de ter vencido a taça do seu país, mediu
forças com os italianos da Ambrosiana-Inter, reeditando assim a
final de 1933 da Taça Mitropa. Mais do que a reedição da citada
final ocorrida dois anos antes este jogo marcou o reencontro de dois
dos maiores génios do futebol internacional daqueles dias, Sindelar
e Giuseppe Mezza. Levou a melhor o austríaco, que esteve envolvido
nos cinco golos com que a sua equipa derrotou (5-2) os transalpinos.
No encontro de volta, em Viena, Sindi realizou mais uma soberba
exibição, culminada com a obtenção dos três golos com que o
Austria derrotou, mais uma vez, os vice-campeões de Itália.
Quem
também saiu humilhada da prova logo na primeira ronda foi a Roma,
que depositava na sua estrela-mor, Enrique Guaita, as esperanças em
afastar os húngaros do Ferencvaros. E a primeira mão, jogada na
capital italiana, até nem correu mal, já que um triunfo por 3-1,
com o destaque individual a ir para Scopelli, autor de dois golos. Em
Budapeste o descalabro aconteceu. Uma exibição verdadeiramente
assombrosa – no bom sentido – de Gyorgy Sarosi abriu caminho à
goleada de 8-0 (!) oferecido pelo vice-campeão da Hungria à squadra
orientada por Luigi Barbesino. Sarosi marcou por quatro vezes –
três delas de grande penalidade – abrindo desta forma o caminho
até... à grande final.
O onze da Fiorentina que em 1935 fez a estreia do emblema viola nas competições europeias |
Estreia
absoluta nestas andanças europeias teve a Fiorentina, que a 16 de
junho de 1935 media forças com o campeão da Hungria, o Ujpest, em
território inimigo. Mas nem este facto amedrontou os ragazzi de
Florença, sobretudo os dois extremos da equipa viola, Comini e
Gringa, os quais além de terem feito os dois únicos golos do jogo
semearam inúmeras vezes o pânico no reduto defensivo dos locais. Em
Florença o Ujpest arriscou tudo na tentativa de corrigir o resultado
negativo averbado em casa, exibindo uma postura totalmente ofensiva.
Porém, e uma vez mais, os italianos não baixaram a guarda, e
responderam na mesma moeda. O resultado final deste duelo de parada e
resposta foi um novo triunfo da Fiorentina, desta feita por 4-3, com
três dos golos viola a serem da autoria de Cesare Augusto Fasanelli.
Passagem
de eliminatória relativamente tranquila tiveram os penta campeões
italianos, a Juventus, que se desenvencilhou dos checoslovacos do
Viktoria Plzen por 8-4 – no total das duas mãos. Na Checoslováquia
a Vecchia Signora empatou a três bolas, enquanto que em Turim o
Viktoria foi autenticamente atropelado por 5-1, sendo aqui de
sublinhar a magnífica exibição individual de Giovanni Ferrari.
Página do jornal que retatou o massacre do Ferencvaros à Roma |
A
Taça Mitropa de 1935 foi farta em resultados avolumados. À
semelhança do que havia ocorrido na primeira ronda, os
quartos-de-final foram férteis em goleadas. A maior delas foi obtida
pelos futuros campeões, o Sparta de Praga, cujo tridente ofensivo –
Nejedly, Facsinek, e Braine – abateu o muro viola com sete tiros
certeiros. A segunda mão foi pois um passeio para os checolosvacos,
que jogando de forma descontraída – demasiado até – permitiram
que a Fiorentina se despedisse do certame com uma vitória (3-1.)
Melhor destino teve a outra equipa italiana por esta altura ainda em
prova, a Juventus, que da viagem até Budapeste trouxe uma
confortável vitória por 3-1. Uma vitória heróica há que
referi-lo, já que a Juve jogou com menos um homem desde os 40
minutos. Neste jogo a linha da frente dos transalpinos esteve
diabólica, em particular Ferrari, autor de um golo e de uma
belíssima exibição. Na segunda mão Ferrari voltou a fazer o gosto
ao pé, e depois disso foi a vez da defesa – edificada por Foni,
Rosetta, Bertolini, e Monti – da Juve brilhar a grande altura ao
travar a esmagadora maioria dos venenosos ataques dos contrários,
que só por uma vez conseguiram bater o guardião Valinasso.
Quem
continuou a surpreender a Europa futebolística foi o Zidenice, cujo
futebol mais físico causou mossa ao Ferencvaros, uma equipa
tecnicamente mais evoluída que os checoslovacos. 4-2 a favor do
surpreendente Zidencie, foi o score final da primeira mão. Em
Budapeste os vice-campeões húngaros deram a volta à eliminatória,
e que volta (!), conforme expressa o pesado marcador de 6-1 a seu
favor, com Toldi e Sarosi em evidência ao apontarem, cada um deles,
dois golos. Mais equilibrado foi o duelo entre o Austria de Viena e o
Slavia de Praga, resolvido num jogo extra. Mas já lá vamos. Na
primeira mão, ocorrida em Praga, o Slavia venceu por 1-0, enquanto
que na volta, em Viena, o Austria derrotou o seu oponente por 2-1.
Surgiu então a necessidade de um play-off, jogo decisivo este em que
Sindelar voltou a estar magnífico. Jogou (muito) e fez jogar todos
os seus companheiros, uma estupenda exibição coletiva que foi
concluída com uma robusta vitória por 5-2. Sindi fez um dos golos.
Gyorgy Sarosi, estrela do Ferencvaros e melhor marcador (9 golos) da Taça Mitropa de 1935 |
Necessidade
de um jogo de desempate voltou a surgir nas meias-finais, mais
concretamente no braço de ferro entre Sparta de Praga e Juventus. Na
primeira mão, realizada na capital da então Checoslováquia, o
setor recuado dos anfitriões exibiu-se a um nível perfeito,
impedido com classe que a temível linha avançada dos transalpinos
causasse estragos na baliza à guarda de Klenovec. A Juve saiu de
Praga derrotada por 2-0. E mais do que isso viu-se impedida de
utilizar Monti na segunda mão, já que o ítalo-argentino recebeu
ordem de expulsão no jogo do Estádio Strahov. A segunda mão teve
contornos dramáticos. Com dois golos de Borel a Juventus igualou a
eliminatória, mas à passagem do minuto 52 Nejedly gelou o tiffosi
presentes no Stadio Benito Mussolini, em Turim, ao reduzir para 1-2 e
recolocar o Sparta na frente do combate. Depois disto o jogo teve
quase única e exclusivamente sentido único, o da baliza forasteira,
e aos 85 minutos a Juve ganha uma grande penalidade a seu favor.
Castigo máximo que no entanto seria salvo pelo guardião Klenovec,
uma defesa festejada como se de um golo se tratasse, já que a
passagem à final estava praticamente assegurada. No entanto, os
jogos só terminam quando o árbitro apita, e em cima do minuto 90
Borel volta a faturar, levando a decisão para um play-off. No duelo
decisivo voltou a brilhar a estrela de Raymond Braine, jogador que ao
longo de 90 minutos causou enormes calafrios na defesa da Vecchia
Signora. O avançado belga apontou dois golos e viu ainda os seus
companheiros baterem Valinasso em mais três ocasiões, perfazendo
desta forma um resultado final de 5-1 a favor dos checoslovacos.
Toldi remata para o fundo das redes e coloca o Ferencvaros na final |
Na
outra meia-final o Ferencvaros voltou a mostrar que me casa era uma
equipa imbatível e acima disso tremendamente eficaz no plano
ofensivo. No entanto, a turma de Budapeste começou por sofrer às
mãos do Mozart do futebol, ou melhor, aos pés de Sindelar, jogador
este que abriu o marcador no Ulloi Ut Stadium. Depois disto o
goleador e capitão de equipa Gyorgy Sarosi mostrou todo o seu
talento finalizador, contribuindo com dois golos para a reviravolta
no marcador. Sarosi que haveria de sagrar-se o melhor marcador desta
edição, com nove remates certeiros. Sindelar ainda reduziu, mas a
dez minutos do final Kiss fez o 4-2 final para os húngaros. Em Viena
assistiu-se a um encontro de alto nível técnico, um jogaço de
futebol, como se diz na gíria. Sindelar, quem mais poderia ser,
abriu o marcador para o Austria, emblema que aos 58 minutos vencia
por 3-1 e desta forma empatava a eliminatória. Porém, na reta
final, apareceu Toldi, que fez o seu segundo golo da tarde e mais do
que isso garantiu que o Ferencvaros iria marcar presença na final da
Mitropa.
O bilhete da 1ª mão da final da Taça Mitropa de 1935 |
Final
essa que começou por ser discutida em Budapeste, onde mais uma vez o
Ferencvaros ditou leis. Com apenas 30 minutos jogados já os húngaros
lideravam o marcador, e logo por dois golos de diferença! Pareciam
assim encaminhados para a glória final. Mas, ainda faltava muito
para que essa glória fosse alcançada. Faltava um segundo jogo, e
ainda a segunda parte da primeira mão, 45 minutos estes que foram
terríveis para o Ferencvaros. Em primeiro lugar, o emblema da
capital da Hungria ficou privado do seu grande goleador, Sarosi, que
abandonou o retângulo de jogo por lesão, e pior do que isso viu o
matador do adversário, Raymond Braine, reduzir para 1-2 aos 71
minutos, selando assim o resultado final. Na segunda mão, e mesmo
com Sarosi recuperado, o Ferencvaros não se conseguiu impor ao
Sparta de ferro, que logo aos 26 minutos inaugurava o marcador por
intermédio de Faczinek. A reviravolta na eliminatória foi
conformada pela grande estrela desta edição da Mitropa Cup, Raymond
Braine. Aos 34 minutos o belga fez o 2-0, e já no segundo tempo, aos
69 minutos, fez um novo golo, carimbando assim não só a vitória no
jogo como na competição. O Sparta, primeiro vencedor da competição
europeia, voltava a erguer o troféu, juntando-se assim – na altura
– aos italianos do Bologna na condição de clube que em mais
ocasiões triunfou na prova idealizada por Hugo Meisl.
Números
e nomes:
1ª
Eliminatória (1ª e 2ª mãos)
Admira
Viena (Áustria) – MTK Budapeste (Hungria): 3-2/1-7
Viktoria
Plzen (Checoslováquia) - Juventus (Itália): 3-3/1-5
First
Viena (Áustria) - Sparta Praga (Checoslováquia): 1-1/3-5
Ujpest
(Hungria) – Fiorentina (Itália): 0-2/3-4
Rapid
Viena (Áustria) - Zidenice (Checoslováquia): 2-2/2-3
Roma
(Itália) - Ferencvaros (Hungria): 3-1/0-8
Szegedi
(Hungria) - Slavia Praga (Checoslováquia): 1-4/1-0
Ambrosiana-Inter
(Itália) - Austria Viena (Áustria): 2-5/1-3
Quartos-de-final
(1ª e 2ª mãos)
MTK
Budapeste (Hungria) - Juventus (Itália): 1-3/1-1
Sparta
Praga (Checoslováquia) – Fiorentina (Itália): 7-1/1-3
Zidenice
(Checoslováquia) – Ferencvaros (Hungria): 4-2/1-6
Slavia
Praga (Checoslováquia) - Austria Viena (Áustria): 1-0/1-2/2-5
(desempate)
Meias-finais
(1ª e 2ª mãos)
Ferencvaros
(Hungria) - Austria Viena (Áustria): 4-2/2-3
Sparta
Praga (Checoslováquia) - Juventus (Itália): 2-0/1-3/5-1 (desempate)
Final
(1ª mão)
Ferencvaros
(Hungria) – Sparta Praga (Checoslováquia): 2-1
Data:
8 de setembro de 1935
Estádio:
Ulloi Ut, em Budapeste (Hungria)
Árbitro:
William Walter Walden (Inglaterra)
Ferencvaros:
Jozsef Háda, Gyula Polgár, Lajos Korányi, Károly Mikes, János
Móré, Nándor Bán, Mihai Tanzer, Gyula Kiss, Gyorgy Sarosi (c),
Géza Toldi, e Tibor Kemény. Treinador: Zoltan Blum.
Sparta
Praga: Bohumil Klenovec, Jaroslav Burgr (c), Josef Ctyroky, Josef
Kostalek, Jaroslav Boucek, Erich Srbek, Ferdinand Faczinek, Oldrich
Zajucek, Raymond Braine, Oldrich Nejedly, e Geza Kalocsay. Treinador:
Frantisek Sedlacek.
Golos:
1-0 (Toldi, aos 16m), 2-0 (Kiss, aos 27m), 2-1 (Braine, aos 71m).
Final
(2ª mão)
Sparta
Praga (Checoslováquia) – Ferencvaros (Hungria): 3-0
Data:
15 de setembro de 1935
Estádio:
Strahov, em Praga (Checoslováquia)
Árbitro:
Albert Foo (Inglaterra)
Sparta
Praga: Bohumil Klenovec, Jaroslav Burgr (c), Josef Ctyroky, Josef
Kostalek, Jaroslav Boucek, Erich Srbek, Ferdinand Faczinek, Oldrich
Zajucek, Raymond Braine, Oldrich Nejedly, e Geza Kalocsay. Treinador:
Frantisek Sedlacek.
Ferencvaros:
Jozsef Háda, Gyula Polgár, Lajos Korányi, Károly Mikes, János
Móré, Nándor Bán, Mihai Tanzer, Gyula Kiss, Gyorgy Sarosi (c),
Géza Toldi, e Tibor Kemény. Treinador: Zoltan Blum.
Golos:
1-0 (Faczinek, aos 26m), 2-0 (Braine, aos 34m), 3-0 (Braine, aos
69m).
A turma do Sparta de Praga que em 1935 conquistou a segunda Taça Mitropa para o lendário clube |
1936:
Suíços entram em campo
Uma verdadeira relíquia: a medalha atribuida aos campeões da Taça Mitropa de 1936 |
A
grande novidade da 10ª edição da Taça Mitropa foi a inclusão de
uma nova nação na competição: a Suíça. Os helvéticos
fizeram-se representar por quatro clubes que pouca ou nenhuma luta
deram aos seus oponentes, numa demonstração clara de que no plano
futebolístico a Suíça estava ainda muito longe de países como a
Checoslováquia, a Hungria, a Áustria, e a Itália. Para acolher os
emblemas suíços no certame o comité organizador da Mitropa teve a
necessidade de incluir uma ronda pré-eliminar no calendário da
edição de 1936, ronda essa disputada entre os quatro representantes
da nação estreante e os quartos classificados dos campeonatos
nacionais dos quatro países habituais da prova. E as memórias da
estreia dos cavaleiros helvéticos nestas andanças europeias
resume-se a uma palavra: goleada. Sem grandes dificuldades o Zidenice
(Checoslováquia), o Phobus (Hungria), o Austria de Viena (Áustria),
e o Torino (Itália) afastaram de forma concludente, isto é, na
sequência de vitórias avolumadas, respetivamente o Lausanne-Sports,
o Young Fellows, o FC Bern, e o Grasshopper de Zurique.
Chegados
à 1ª eliminatória um dos embates mais apetecíveis opunha os
campeões húngaros, o MTK de Budapeste, aos vice-campeões da
Áustria, o First Viena. Na primeira mão, ocorrida na capital da
Hungria, esta última equipa mostrou o porquê de ter tido a defesa
menos batida – apenas 25 golos consentidos – no campeonato
austríaco de 35/36, ao barrar com êxito todas as investidas
húngaras à sua baliza. Mais do que isso fizeram dois golos, por
intermédio de Franz Erdl, que praticamente sentenciaram a
eliminatória. Na segunda mão assistiu-se a mais uma grande exibição
do First, e em particular de Gschweild, que além de ter apontado um
dos cinco golos da sua equipa deu outros a marcar na sequência de
belas jogadas individuais.
O
First não foi a única equipa de Viena a fazer a festa da passagem
aos quartos-de-final. O Austria, liderado pelo astro Matthias
Sindelar, iniciou uma caminhada que seria de glória ante os campeões
italianos de 1935/36, o Bologna, equipa esta que tinha colocado um
ponto final num reinado de cinco anos consecutivos da Juventus no
campeonato transalpino. Na primeira mão, jogada em Itália, os
bolonheses exibiram-se a grande nível no plano defensivo,
conseguindo anular os movimentos da grande estrela austríaca,
Sindelar, pese embora ao nível atacante não tenham conseguido
marcar mais do que dois golos, facto que a juntar ao golo sofrido
fazia com que os detentores do scudetto levassem uma vantagem
demasiado curta na bagagem para a segunda mão. Jogo este onde, e
como seria de esperar, os austríacos entraram a todo o gás,
chegando ao intervalo com uma vantagem de dois golos. Na segunda
parte o Bologna surgiu mais atrevido no retângulo de jogo, mas foi o
Austria, ou melhor, foi Sindelar, que deu a machadada final nas
aspirações italianas. Duas jogadas magistrais do Homem de Papel
culminaram na obtenção de dois golos – um deles da sua própria
autoria e outro de Camillo Jerusalem – que selaram o resultado
final em 4-0 a fazer dos austríacos, que desta forma continuavam em
prova.
Sindelar, sempre ele, a causar calafrios na defesa do Bologna |
Outra
equipa italiana que ficou pelo caminho foi o Torino, que fazia a sua
estreia nas competições europeias. A presença do emblema de Turim
na Taça Mitropa de 36 é apontada por muitos historiadores
desportivos como o início da lenda de Il Grande Torino, de um legado
que iria durar até 1949, ano em que um trágico acidente aéreo
eclipsou do mapa do futebol aquele que foi o conjunto mais brilhante
do futebol italiano da segunda metade da década de 30 e dos anos 40
do século passado. Mas voltando à edição de 1936 da Mitropa, o
Torino até nem entrou mal no duelo ante os húngaros do Ujpest, que
do mítico recinto dos italianos, o Stadio Filadelfia, sairam
derrotados por duas bolas a zero. Na segunda mão o Ujpest deu a
volta à eliminatória, e muito devido à ação de uma jovem estrela
que emergia então no emblema húngaro, estrela essa que dava pelo
nome de Gyula Zsengeller, avançado que muito contribuiu para o
robusto triunfo por 5-0 que abriu a porta dos quartos (-de-final) aos
vice-campeões da Hungria.
Os
campeões em título, o Sparta de Praga, chegavam à edição de 1936
da Taça Mitropa com a moral em alta, não só porque eram os
detentores do troféu continental mas sobretudo porque haviam
colocado um ponto final no domínio de três anos consecutivos dos
vizinhos e rivais do Slavia no campeonato da Checoslováquia. No
entanto, e contra todas as previsões iniciais, o Sparta enfrentou
algumas dificuldades na eliminatória ante os estreantes do Phobus.
De forma confortável os campões checoslovacos venceram, em casa, o
encontro da primeira mão, por 5-2, com destaque para os dois golos
de Nejedly, mas no jogo de volta foram surpreendentemente dominados
pelos húngaros, que ao minuto 87 venciam por 4-1, e com este cenário
impunha-se a necessidade de um play-off para desempatar a contenda.
Contudo, nos segundos finais do jogo, surgiu o inspirado Nejedly, que
com um remate fatal fez o 2-4 final que classificou o Sparta para a
ronda seguinte. Foi por pouco que o campeão não caiu à primeira.
Embate entre Roma e Rapid |
Franz
Binder foi o herói do Rapid de Viena no jogo da primeira ante os
italianos da Roma. Com dois golos na conta pessoal o avançado
austríaco contribiu assim para um triunfo de 3-1 da sua equipa,
resultado que no entanto não foi suficiente para avançar na
competição, já que na capital transalpina a turma local goleou por
5-1.
Outro
dos grandes destaques individuais desta 10ª edição da Taça
Mitropa foi o italiano Giuseppe Meazza, a grande estrela da
Ambrosiana-Inter e da Squadra Azzura da década de 30. Peppino, como
era carinhosamente tratado pelos companheiros de equipa e pelos
adeptos da bola, foi a principal figura da eliminatória ante os
checoslovacos do Zidenice, ao apontar sete (!) dos 11 golos com que os
transalpinos afastaram sem dificuldade – com um resultado global de
11-3 – o quarto classificado do campeonato checoslovaco da
temporada anterior. Meazza que seria o melhor marcador desta edição,
com 10 tentos.
Pautado
pelo equilíbrio foi o embate entre o Ferencvaros e o Slavia de
Praga. Na primeira mão, em Budapeste, os vice-campeões da Mitropa
da época anterior exerceram um domínio avassalador sobre o seu
oponente, performance essa expressa numa vitória por 5-2, sendo que
quatro dos cinco golos dos húngaros foram apontados pelo matador
Gyorgy Sarosi. Na segunda mão inverteram-se os papéis, com o Slavia
a cilindrar o seu oponente por 4-0 e a garantir desta forma a
passagem à ronda seguinte.
Por
fim, a grande surpresa desta 1ª eliminatória, a eliminação do
campeão austríaco, o Admira, diante dos estreantes checoslovacos do
Prostejov. A surpresa, ou escândalo, como então foi descrita este
embate, começou a ser desenhado em Viena, bela cidade de onde o
Prostejov saiu com um triunfo de... 4-0!!! Drozd foi o grande herói
dos novatos checoslovacos, ao apontar um hattrick nesta partida. Na
segunda mão o Admira ainda tentou consertar os tremendos estragos
feitos pelos checoslovacos em Viena, sendo que com apenas 10 minutos
jogados já Bican e Hahnemann haviam colocado os campeões da Áustria
a vencer por 2-0. No entanto, e depois desta entrada fulgurante do
Admira, o Prostejov aguentou-se, foi travando os ataques do seu
adversário, e aos 67 minutos reduziu para 1-2, sentenciando quase de
imediato a eliminatória. O golo dos anfitriões despoletou a fúria
dos vienenses, que até final viram cinco dos seus jogadores serem
expulsos por comportamento violento. Que triste fim para o campeão
da Áustria.
"Peppino" Meazza, aqui a evidenciar toda a sua genialidade |
O
futebol italiano começava nos anos 30 a mostrar a sua tendência
para a rigidez defensiva que hoje em dia o caracteriza. No duelo da
primeira mão dos quartos-de-final a Ambrosiana-Inter abdicou por
completo do seu setor atacante para passar 90 minutos a jogar... à
defesa diante do First Viena. Perante o ferrolho italiano só por
duas ocasiões os austríacos conseguiram marcar, garantindo assim
uma vitória justa mas que se iria revelar demasiado curta na viagem
para Milão. Aqui, a Ambrosiana-Inter mudou o chip e assumiu
desde cedo o controlo do jogo, levando o perigo por diversas ocasiões
à baliza contrária. A igualdade a uma bola registada ao intervalo
não traduzia aquilo o que se havia passado no relvado durante os
primeiros 45 minutos, onde os italianos foram nitidamente melhores.
Porém, a justiça acabaria por chegar na etapa complementar, onde a
Ambrosiana-Inter repetiu a dose e esmagou por completo o First,
apontando três golos que selaram o marcador em 4-1 e acima de tudo
garantiram a presença nas meias-finais.
A
outra equipa italiana ainda em prova, a Roma, saiu de cena de forma
inglória. Realizou uma magnífica exibição em Praga, diante do
Sparta, na primeira mão da eliminatória, exibição essa que no
entanto não ficou traduzida num resultado positivo muito por culpa
do seu inexperiente guarda-redes de 17 anos, Fulvio Bernardini, que
na hora h sucumbiu ao poder de fogo dos atacantes Braine e Nejedly.
Seria pois com uma desvantagem de 0-3 que a Roma iria receber na
segunda mão os detentores do ceptro, num jogo que começou de forma
eletrizante com dois golos logo nos primeiros dois minutos! Os
romanos abriram o marcador mal o árbitro deu início ao duelo, sendo
que no minuto seguinte o Sparta empatou. Depois disto os
checoslovacos remeteram-se à defesa, e até final o resultado não
mais foi alterado.
A
aventura dos estreantes do Prostejov terminou aos pés do Ujpest,
última equipa esta que sob o comando da jovem estrela Gyula
Zsengeller dominou ambas partidas da eliminatória, acabando por
vencer com um total de 3-0.
Em
Viena, o Austria precisou apenas de 45 minutos para garantir uma
confortável vitória por 3-0 no encontro da primeira mão diante do
Slavia de Praga. Sindelar, Sesta, e Nausch foram os homens golos dos
austríacos, que na segunda mão exibiram-se de forma majestosa no
plano defensivo, consentindo apenas um golo aos vice-campeões da
Checoslováquia.
A talentosa squadra da Ambrosiana-Inter que chegou às meias-finais da Mitropa em 36 |
Milão
testemunhou um grande jogo de futebol protagonizada pela
Ambrosiana-Inter e pelo Sparta de Praga, a contar para a primeira mão
das meias-finais. Os campeões da nação de leste beneficiaram de
uma intervenção infeliz do defesa transalpino Ernesto Mascheroni
para se colocarem em vantagem logo aos 9 minutos, vantagem essa que
seria ampliada três minutos depois pelo temível dianteiro belga
Braine. Os nerazzurri reagiram bem, e à passagem do quarto de hora
Ferrari reduziu. Até ao intervalo a avalanche italiana iria causar
mais estragos junto da baliza de Klenovec, primeiro por Meazza, aos
31 minutos, e posteriormente por intermédio de Ferraris, que ao
minuto 35 colocou a Ambrosiana-Inter em vantagem. No entanto, do
outro lado estavam dois dos maiores goleadores do futebol continental
de então, Raymond Braine e Oldrich Nejedly. Este último empatou a
partida a quatro minutos do descanso, ao passo que o belga recolocou
o Sparta na liderança aos 72 minutos. Zaycek deu a machadada final
aos 84 minutos, selando o marcador em 5-3 a favor do Sparta, que
assim tinha caminho aberto para uma nova final. Em Praga, na segunda
mão, os italianos ainda lutaram por um final feliz, mas do outro
lado Braine teve uma nova tarde verdadeiramente diabólica, apontando
dois dos três golos com que o Sparta obteve um novo triunfo e
carimbou a passagem ao encontro decisivo.
E
se Braine foi o herói da meia-final entre Sparta e Ambrosiana-Inter,
Sindelar não quis ficar atrás do belga e vestiu também ele a capa
de herói da eliminatória entre o Austria de Viena e o Ujpest. No
entanto, a primeira mão, ocorrida na Hungria, ficou manchada pela
violência, primeiro entre jogadores de ambas as equipas, e depois
entre adeptos. De tal modo que a polícia foi chamada a intervir no
sentido de evitar uma batalha campal. No plano desportivo, o Austria
levou a melhor, por 2-1. Na segunda mão o talentoso Gyula
Zsengeller ainda deu esperanças ao Ujpest, depois de inaugurar o
marcador no Estádio do Prater. A entrada fulgurante dos húngaros
seria no entanto sol de pouca dura, já que depois disto apareceu...
Matthias Sindelar. O Mozart do futebol liderou o assalto do Austria à
baliza húngara, apontando dois golos e dando outros a marcar,
contribuindo, e muito, para que o Austria vencesse por claros 5-2 e
garantisse a presença em mais uma final.
Liderado pelo Mozart do Futebol - Matthias Sindelar - o Austria de Viena voltou em 1936 a subir ao topo da Europa do futebol |
A
6 de setembro de 1936 o Estádio do Prater, em Viena, recebeu 42.000
espetadores ansiosos por ver aquele que se previa ser um hino ao
futebol espetáculo, prevendo-se emoção e golos em catadupa. O
Sparta chegava à capital da Áustria com um invejável registo de
uma centena de golos apontados em 26 partidas disputadas –
repartidas entre o campeonato checoslovaco e a Mitropa Cup!!! Porém,
a veia goleadora dos rapazes de Praga não se fez notar, muito devido
à soberba performance da defesa local, que anulou com mestria os
perigosos avançados Braine e Nejedly. Não querendo ficar atrás do
setor homólogo, também a defesa do Sparta esteve impecável na hora
de travar... Sindelar. Resultado final: 0-0. Em Praga, uma semana
mais tarde, o Estádio Strahov foi pequeno demais para o número de
entusiastas que não quiseram perder o segundo assalto da grande
final. Mais uma vez o Austria esteve intransponível no plano
defensivo, sendo aqui de destacar a aexibição do defesa Mock que
bloqueou com garra e arte todas as tentativas de Raymond Braine
importunar o guardião Zohrer. Karl Sesta fez o mesmo com Nejedly. Do
lado oposto do campo estava Sindelar, que aos 67 minutos pegou na
bola e como que num ápice de magia colocou-a magistralmente nos pés
de Jerusalem que fez o único golo do jogo, o golo da vitória, o
golo do segundo título continental para o Austria de Viena.
Nomes
e números:
Pré-Eliminatória
(1ª e 2ª mãos)
Zidenice
(Checoslováquia) - Lausanne-Sports (Suíça): 5-0/1-2
Young
Fellows (Suíça) Phobus (Hungria): 0-3/2-6
FC
Bern (Suíça) – Torino (Itália): 1-4/1-7
Austria
Viena (Áustria) - Grasshopper (Suíça): 3-1/1-1
1ª
Eliminatória (1ª e 2ª mãos)
MTK
Budapeste (Hungria) - First Viena (Áustria): 0-2/1-5
Zidenice
(Checoslováquia) – Ambrosiana-Inter (Itália): 2-3/1-8
Sparta
Praga (Checoslováquia) - Phobus (Hungria): 5-2/2-4
Rapid
Viena (Áustria) – Roma (Itália): 3-1/1-5
Admira
(Áustria) - Prostejov (Checoslováquia): 0-4/3-2
Torino
(Itália) – Ujpest (Hungria): 2-0/0-5
Bologna
(Itália) - Austria Viena (Áustria): 2-1/0-4
Ferencvaros
(Hungria) - Slavia Praga (Checoslováquia): 5-2/0-4
Quartos-de-final
(1ª e 2ª mãos)
First
Viena (Áustria) – Ambrosiana-Inter (Itália): 2-0/1-4
Austria
Viena (Áustria) - Slavia Praga (Checoslováquia): 3-0/0-1
Sparta
Praga (Checoslováquia) - Roma (Itália): 3-0/1-1
Prostejov
(Checoslováquia) – Ujpest (Hungria): 0-1/0-2
Meias-finais
(1ª e 2ª mãos)
Ambrosiana-Inter
(Itália) - Sparta Praga (Checoslováquia): 3-5/2-3
Ujpest
(Hungria) - Austria Viena (Áustria): 1-2/2-5
Final
(1ª mão)
Austria
Viena (Áustria) – Sparta Praga (Checoslováquia): 0-0
Data:
6 de setembro de 1936
Estádio:
Prater, em Viena (Áustria)
Árbitro:
Giuseppe Scarpi (Itália)
Austria
Viena: Rudolf Zohrer, Karl Andritz, Karl Sesta, Karl Adamek, Johann
Mock, Walter Nausch (c), Franz Riegler, Josef Stroh, Matthias
Sindelar, Camillo Jerusalem, e Rudolf Viertl. Treinador: Jeno Konrad.
Sparta
Praga: Bohumil Klenovec, Jaroslav Burgr (c), Josef Ctyroky, Josef
Kostalek, Jaroslav Boucek, Ludovit Rado, Ferdinand Faczinek, Oldrich
Zajucek, Raymond Braine, Oldrich Nejedly, e Geza Kalocsay. Treinador:
Frantisek Sedlacek.
Final
(2ª mão)
Sparta
Praga (Checoslováquia) – Austria Viena (Áustria): 0-1
Data:
13 de setembro de 1936
Estádio:
Strahov, em Praga (Checoslováquia)
Árbitro:
Rinaldo Barlassina (Itália)
Sparta
Praga: Bohumil Klenovec, Jaroslav Burgr (c), Josef Ctyroky, Josef
Kostalek, Jaroslav Boucek, Ludovit Rado, Ferdinand Faczinek, Oldrich
Zajucek, Raymond Braine, Oldrich Nejedly, e Geza Kalocsay. Treinador:
Frantisek Sedlacek.
Austria
Viena: Rudolf Zohrer, Karl Andritz, Karl Sesta, Karl Adamek, Johann
Mock, Walter Nausch (c), Franz Riegler, Josef Stroh, Matthias
Sindelar, Camillo Jerusalem, e Rudolf Viertl. Treinador: Jeno Konrad.
Golo:
0-1 (Jerusalem, aos 67m)
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