quinta-feira, março 08, 2018

Emblemas históricos (14)... Bethlehem Steel Football Club



A histórica equipa do Bethlehem Steel que logrou vencer o seu primeiro título nacional em 1915

Não é possível caminhar no presente rumo ao futuro sem olhar para o passado, sem recordar o que nos trouxe até aqui e que irá nos transportar até mais além. A História - seja ela feita de boas ou de más memórias - é por demais importante para dizermos hoje quem somos e onde queremos estar amanhã. Ninguém é o que é no presente sem ter feito um percurso para ali chegar, e é aqui, neste ponto, que o passado ganha vida ao ser evocado. Bom, esta visão (pessoal) confere vida à nossa história de hoje, à história do Bethlehem Steel Football Club, ou recorrendo a linguagem metafórica, a raíz da popularidade do soccer norte-americano. Contrariamente ao que muitos historiadores, jornalistas ou simples entusiastas do belo jogo pensam, o futebol em Terras do Tio Sam não nasceu com a contratação de Pelé por parte do New York Cosmos na década de 70, nem com a atual projeção internacional da Major League Soccer, nem mesmo com a escandalosa vitória da modesta (e amadora) seleção yankee no Mundial de 50 às custas da então super-potência planetária Inglaterra, ou com o histórico terceiro lugar obtido pelo combinado norte-americano no primeiro Campeonato do Mundo da FIFA, realizado em 1930 no Uruguai.



A fábrica Bethlehem Steel
que construiu a América!
O soccer notabilizou-se muito antes de tudo isto, e muito por influência do Bethlehem Steel Football Club, considerado como a primeira potência clubística do futebol estado-unidense. Falar deste emblema implica abordar temas como a industrialização e a imigração, e é aqui que entra o nome da Bethlehem Steel, outrora, e também ela, uma super-potência da indústria norte-americana, e um símbolo do poderio industrial da nação yankee a nível internacional. Situada em Bethlehem esta empresa transformou por completo a pequena cidade do Estado da Pensilvânia, que sensivelmente a meio do século XIX deixou de lado a sua pacatez para passar a ser uma movimentada urbe, quadriplicando nas décadas seguintes a sua população. Com o seu vincado crescimento e consequente importância na economia norte-americana, a Bethlehem Steel passou a ser vista por cidadãos de vários pontos do globo como o passaporte para o sonho americano, como o veículo rumo à conquista de uma vida melhor numa nação que abria as suas portas ao Mundo. Fundada em 1857 esta empresa tornou-se simultaneamente num curto espaço de tempo no maior construtor naval e no segundo maior produtor de aço do país. Não é à toa que inúmeros historiadores se referem aos milhares de operários que passaram pela Bethlehem Steel como "o povo que ajudou a construir a América". Esta frase é sintomática da importância da fábrica que durante décadas foi a responsável pela produção dos rails para a construção das linhas de caminho de ferro de todo o país; pela construção de navios e aviões usados, respetivamente, pela Marinha e Força Aérea norte-americanas nas duas Grandes Guerras, ou pelo fabrico do ferro usado na construção de tantos e tantos arranhas céus hoje tão comuns em qualquer grande cidade norte-americana. O tal "povo que ajudou a construir a América" era composto por cidadãos forasteiros, imigrantes à procura de um futuro risonho, provenientes na sua maioria da Europa, e das ilhas britânicas muito em particular. Durante a semana o trabalho era duro, muito duro, mas ao fim de semana tempo havia para a diversão, para o convívio, e aí... entrava em ação o soccer! Entre a classe operária sobressaiam, nos tempos livres, os cidadãos de origem britânica, que entre si matavam saudades das suas terras natais dando vida àquele objeto mágico que com eles havia feito a longa travessia no Atlântico: a bola de futebol. Os animados duelos futebolísticos sucediam-se fim-de-semana após fim-de-semana na capital do ferro, não sendo de causar estranheza que em 1907 os operários da fábrica tivessem fundado o Bethlehem Football Club. 



O símbolo dos progenitores
do futebol nos EUA
Estes homens defenderam o recém criado emblema de forma totalmente amadora nos primeiros anos de atividade oficial, por assim dizer, disputando acesos duelos contra outras equipas amadoras locais. Será imperativo dizer que naqueles dias o profissionalismo ainda não havia visto a luz do dia no universo do soccer norte-americano. O grande ponto de viragem na história do clube acontece em 1914, quando a Bethlehem Steel Corporation decide tomar as rédeas da sua equipa, sobretudo ao nível financeiro, injetando nesta capital suficiente para a tornar no primeiro grande nome do futebol da América do Norte. O clube passa então a chamar-se Bethlehem Steel Football Club. Muitos dos imigrantes que tentaram naqueles dias a sua sorte no norte do continente americano eram igualmente grandes artistas da bola, sobretudo os que viajavam de Inglaterra, a pátria do futebol moderno, tendo a Bethlehem Steel Corporation iniciado a partir de então um recrutamento minucioso no sentido de captar os melhores futebolistas para a sua equipa. Aos atletas eram-lhes oferecidos bons empregos na fábrica, na qual trabalhavam de segunda a sexta-feira, deixando o fim-de-semana para fazer aquilo para o qual haviam sido contratados: jogar o melhor futebol que sabiam. 



O primeiro estádio construído na América
única e exclusivamente para o soccer
A paixão em torno do soccer crescia a olhos vistos na nação yankee nos anos 10, de tal forma que a modalidade ascende à elite do desporto norte-americano a par do baseball ou do american football. Esse aumento de popularidade do belo jogo entre o povo, fez com que Bethlehem Steel Corporation construísse o primeiro estádio destinado única e exclusivamente à prática do futebol: o Bethlehem Steel Athletic Field, com capacidade para cerca de 2400 pessoas - hoje em dia propriedade do Moravian College, que o destina para os jogos da sua equipa de futebol americano. A glória desportiva não tardou a chegar à cidade de Bethlehem, que na temporada de 1914/15 vê a sua equipa vencer a American League of Philadelphia, uma espécie de liga regional. Mas o ponto alto dessa temporada aconteceu na então competição rainha do soccer estado unidense, a U.S. National Challenge Cup - atual US Open Cup, ou Taça dos Estados Unidos da América. Foi a primeira grande competição futebolística da nação norte-americana, e vencê-la era o equivalente a conquistar a América! Na final, o Bethlehem Steel derrotou os Brooklyn Celtic por 3-1, numa partida realizada no Taylor Stadium, na Pensilvânia. Nesse encontro brilharam algumas das primeiras grandes estrelas da história do Bethlehem Steel FC, cidadãos de origem britânica que haviam chegado aos Estados Unidos com a missão de colocar o clube no topo da América, no que a futebol diz respeito. Tommy Fleming, autor de um golo nessa final e um dos jogadores mais preponderantes na conquista desse primeiro êxito, foi uma dessas primeiras estrelas. Nascido na Escócia, Fleming havia tido uma primeira incursão no futebol dos States na primeira década do século XX, ao serviço do Fore River, de Massachusetts, antes de regressar ao seu país para representar o Morton. Ele foi uma das primeiras contratações da Bethlehem Steel Corporation para defender as cores da sua equipa, tendo-o feito até 1924. É considerado pelos historiadores do futebol estado unidense como um dos primeiros grandes extremos daquele país. Ao lado de Fleming no campo de batalha estavam ainda nomes como John "Jock" Ferguson, Robert Millar e Robert Morrison, também eles escoceses de berço e contratados especificamente para ajudar o clube a encontrar o caminho da glória. Ferguson, por exemplo, era um experiente lateral esquerdo que havia atuado no Leeds City - a semente do atual Leeds United -, ao passo que Millar – um avançado - chegou à América proveniente do St. Mirren em 1911, tendo em 1915 apontado uns impressionantes 54 golos em 33 jogos ao serviço do clube de Bethlehem. Quinze anos mais tarde, e já na qualidade de treinador, Robert Millar liderou a seleção dos Estados Unidos da América no primeiro Mundial FIFA, realizado no Uruguai, onde aí conquistou um brilhante terceiro lugar, a melhor classificação obtida até hoje pela nação yankee em Mundiais. No centro do terreno atuava Robert Morrison, outro craque proveniente das Highlands, e que antes de chegar ao continente americano havia defendido por uma ocasião as cores da Escócia numa partida internacional contra a vizinha e inimiga Inglaterra.
O cortejo pelas ruas da cidade após a conquista da American Cup
Estes foram alguns dos craques que iniciaram o percurso vitorioso do Bethlehem Steel FC ao longo da década de 10, e que culminou com mais três triunfos na U.S. National Challenge Cup – nos anos de 1916 (vitória por 1-0 sobre o Fall River Rover), de 1918 (triunfo novamente alcançado diante do Fall River Rover, por 3-1) e de 1919 (vitória sobre o Paterson, por 2-0). Paralelamente a estas conquistas o conjunto de Bethlehem somou ainda os títulos da American Cup – em 1916, 1917, 1918 e 1919 –, outra competição de nível elevado no plano nacional do emergente soccer norte-americano. Encontramos aqui muitas “dobradinhas”, ou seja, o clube dominou em diversos anos as duas maiores competições do país. Por estes dias o Bethlehem Steel FC era indiscutivelmente a maior potência do futebol da América, fruto do grande investimento financeiro que a empresa que lhe dava o nome fazia ano após ano, recrutando no Reino Unido matéria prima de qualidade que acabaria por ter um papel preponderante não só no incremento da popularidade do futebol em Terras do Tio Sam como também, e sobretudo, na abertura dos caminhos do profissionalismo. Prova da grandiosidade do clube é o facto de 15 jogadores que integraram a equipa ao longo da década de 10 foram nomeados para o Hall of Fame do futebol dos EUA, a maior distinção que um atleta pode ter na sua carreira.


Reconhecimento internacional



A equipa que esteve em digressão pela Suécia e Dinamarca em 1919
Dentro de portas o prestígio do Bethlehem Steel FC brilhava com uma intensidade crescente. Brilho esse que no final da década começava a transpor as fronteiras do continente americano rumo à Europa. Em 1919 o clube escreve mais uma página histórica, não só da sua existência como do próprio soccer dos EUA, ao tornar-se na primeira equipa profissional daquele país a atuar no Velho Continente. Quando a federação sueca enviou o convite à United Soccer Football Association para esta enviar a terras nórdicas uma equipa, a escolha do organismo norte-americano foi unânime: o Bethlehem Steel FC. Em Gotemburgo, Helsinburgo, Estocolmo e Copenhaga (na Dinamarca) a equipa efetuou vários jogas contra combinados locais, tendo vencido sete, empatado dois e perdido cinco. Os grandes campeões dos EUA, como foram anunciados aos quatro ventos pela Suécia e Dinamarca, jogaram para estádios repletos de curiosos entusiastas em ver em ação o popular clube de Bethlehem. Mais um facto que atesta a grandeza deste clube.

Archie Stark: o bombardeiro do soccer estado-unidense

Archie Stark
Já aqui foi dito que o crescimento do Bethlehem Steel FC foi concretizado graças ao dinheiro da Bethlehem Steel Corporation, que contratou em Inglaterra e Escócia – sobretudo neste último país – jogadores de elevada qualidade que conduziram este emblema à glória e fama internacional. Glória e fama que continuaram, de certa forma, a pairar sobre os céus de Bethlehem na década de 20, embora com menos intensidade do que nos anos 10. A explicação alude ao facto de a Bethlehem Steel Corporation ter começado a enfrentar alguns problemas financeiros no que ao investimento da sua equipa de futebol dizia respeito. Embora também, e há que frisá-lo, este abrandamento do clube no trilho das grandes conquistas nacionais tenha acontecido porque outros emblemas um pouco por toda a América começavam também eles a abraçar o profissionalismo e a contratar jogadores de referência que os conduzisse ao patamar da glória e fama que era habitado pelo Bethlehem Steel FC. Um desses emblemas, e principal rival do clube de Bethlehem na luta pela glória e fama a nível nacional era o Fall River Marksmen, do Estado de Massachusetts, e onde pontificavam alguns dos mais notáveis futebolistas estado-unidenses dessa segunda década do Século XX, entre outros, Jimmy Douglas – guarda-redes titular da seleção norte-americana no Mundial de 1930 –, o criativo médio escocês Jimmy Gallagher, Bert Patenaude – autor do primeiro hattrick num Campeonato do Mundo, precisamente em 1930 –, ou o luso descendente Billy Gonsalves, considerado por muitos como o maior jogador de todos os tempos do soccer da América. Se o domínio a nível estatal, ou regional, continuava a ser avassalador, no plano nacional o Bethlehem Steel FC apenas voltou a chegar à glória em 1924, na American Cup – após derrotar na final o grande rival de Fall River por 1-0 –, e em 1926 na U.S. National Challange Cup, na sequência de uma esmagadora vitória em Brooklyn (Nova Iorque) ante o Bem Millers por 7-2. Nesse triunfo o destaque maior vai para aquele que é considerado como o avançado mais mortífero da história do soccer nos EUA: Archie Stark. Nasceu em Glasgow (Escócia) nos finais do século XIX – mais concretamente em 1897. Archibald, o seu nome próprio, nunca defendeu qualquer emblema do seu país natal, já que muito cedo, com 14 anos, emigrou com os seus pais para New Jersey, tendo ali mesmo iniciado a sua aventura no soccer. Antes de ser contratado pelo Bethlehem Steel em 1924, Stark atuou em diversos clubes, alguns de menor dimensão, como o Kearny Scots (New Jersey), ou o Babcock & Wilcox, e noutros de maior nomeada, casos do New York Field Club e do Paterson. O escocês chega a Bethlehem numa altura em que a fábrica que gere o clube tem que vender algumas das suas principais pérolas futebolísticas para fazer face às dívidas acumuladas em torno do soccer. Abra-se um parênteses para dizer que Archie Stark era um velho sonho dos responsáveis do Bethlehem Steel FC, que em 1919, na digressão efetuada à Suécia e à Dinamarca, integraram o avançado escocês como jogador convidado nessa famosa digressão. A passagem de Stark por Bethlehem resume-se aos golos, às centenas de remates certeiros que fizeram dele o maior “bombardeiro” da história do futebol dos Estados Unidos da América (EUA). Senão vejamos. Na temporada de estreia (1924/25) ele faz o gosto ao pé por 70 ocasiões em 46 disputados (!), sendo que em termos percentuais isto equivale dizer que sozinho ele fez 52,75% dos golos da sua equipa. Este é um recorde que até hoje ninguém sequer ousou bater. Na época seguinte, a máquina de golos de Bethlehem voltou a fazer-se notar: 59 golos em 47 jogos. A veia goleadora de Stark foi decisiva para a conquista da quinta U.S. National Challenge Cup por parte Bethlehem Steel FC, que na grande final derrotaria o Bem Millers por 7-2 e com um poker do goleador escocês. Na temporada seguinte a inspiração goleadora da então grande referência de Bethlehem foi menos notada, mas ainda assim digna de registo: 25 golos em 33 jogos. Em 1927/28 ele fez 34 golos em 52 encontros, e na derradeira temporada ao serviço do clube a fasquia subiu para 49 golos em 42 encontros disputados.


Archie Stark, com as cores
do Bethlehem Steel durante
a digressão escandinava
No total, Archie Stark fez 275 golos em 252 jogos disputados pelo Bethlehem Steel FC. Foi internacional pelos EUA em duas ocasiões, contra os vizinhos do Canadá, e a sua lenda só não é equiparável à de Billy Gonsalves por causa de uma simples digressão à Europa. Passamos a explicar esta curiosidade. Durante décadas a dúvida sobre quem teria sido o primeiro grande jogador do soccer norte-amerciano da História persistiu entre historiadores e simples apaixonados pelo belo jogo. Billy Gonsalves ou Archie Stark. Ambos rivalizaram entre si por esse estatuto, mas o luso descendente leva para muitos a melhor, não só divido à sua apurada técnica – Stark era mais um finalizador do que um mago dos dribles, como era Gonsalves – mas igualmente por o facto de ter declinado o convite para defender as cores dos EUA no primeiro Mundial de futebol. Stark preferiu aceitar o convite do Fall River Marksmen para realizar alguns jogos de exibição na Checoslováquia, Hungria e Áustria. Stark terá alegado que preferia viajar pela Europa do que ir a Montevideu jogar contra seleções de segunda linha do futebol planetário de então. No entanto, quem brilhou a grande altura foi a seleção yankee nesse primeiro Mundial, alcançando o já referido terceiro lugar, muito por influências das exibições de Billy Gonsalves que a partir de então passou a ostentar o estatuto de lenda maior do soccer. Historiadores desportivos norte-americanos ainda hoje opinam que se Stark tivesse integrado a comitiva dos EUA rumo ao Uruguai talvez a sua seleção tivesse regressado a casa com a… a taça na mão (!), caso o ataque da equipa nacional estivesse entregue à dupla Stark/Gonsalves. Suposições, apenas! No entanto, Archie ainda hoje detém um recorde na seleção nacional que apenas outros três jogadores (no caso, Aldo Donelli, Landon Donovan e Joe Max Moore) igualaram, isto é, o facto de ter apontado quatro golos num jogo, algo que aconteceu num dos duelos com o Canadá em novembro de 1925. 1930 foi precisamente o ano em que Stark deixou Bethlehem, tendo terminado a sua carreira no ponto de partida, isto é, em Kearny.



Voltando ao início desta nossa longa viagem para chegar ao fim de linha do grandioso Bethlehem Steel FC. Nos finais dos anos 20 o soccer dos EUA vivia dias conturbados, fruto das guerras entre a American Soccer League e a United States Football Association pelo controlo da modalidade em termos nacionais. Os clubes entraram na guerra, juntando-se a uma ou à outra entidade. Competições como a American Cup, foram extintas, o que levou a que alguns emblemas deixassem de competir. Outros como o Bethlehem Steel FC ignoraram boicotes, como o de 1928, ordenado pela American Soccer League, que face a isto decide expulsar o clube da U.S. National Challange Cup. A juntar aos problemas financeiros este seria o passo final do Bethlehem Steel FC rumo ao abismo, à extinção, algo que viria a acontecer em 1930. Em 2015 uma espécie de nostalgia veio ao de cima em Bethlehem quando foi anunciada a fundação de um nome soccer club na cidade, batizado de: Bethlehem Steel Football Club. Filial dos Philadelphia Union (clube da Major Soccer League), este novo emblema atua hoje nos terceiro escalão do futebol estado-unidense, na United Soccer League, e é não mais do que uma homenagem ao seu progenitor e pioneiro da história do futebol profissional dos EUA. Como sustentam inúmeros historiados norte-americanos, a história do Bethlehem Steel FC (original) é a história do futebol na América.

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