Vamos dar hoje início a uma maravilhosa viagem pela não menos maravilhosa História dos Campeonatos da Europa de Futebol. À semelhança do que temos vindo a fazer com os Mundiais iremos relatar as principais histórias e factos da mais importante competição europeia. Inauguramos esta vitrina quando falta menos de um mês para na Áustria e na Suíça ter início a 13ª edição do Europeu de futebol. E como em todas as histórias vamos começar pelo início, isto é, por fazer uma viagem até 1955 ano em que o francês Henry Delauny, secretário-geral da UEFA, teve a ideia de criar uma competição continental ao nível de selecções. Na altura, eram disputados três grandes torneios no âmbito de selecções no Velho Continente, mais precisamente o Campeonato Internacional das Nações Britânicas (o qual juntava a Inglaterra, a Escócia, o País de Gales, e a Irlanda do Norte), a Taça Nórdica (disputada pela Dinamarca, Finlândia, Noruega, e Suécia), e o Campeonato da Europa Central (no qual participavam a Áustria, Hungria, Checoslováquia, e a Suíça). E eis então que nesse ano de 1955 Delauny propôs a criação de um campeonato que agregasse todas as nações da Europa, uma ideia que no entanto não seria bem acolhida por muitas da potências futebolísticas europeias da época, casos das selecções britânicas, da Alemanha, da Itália, e ainda da Suécia. Ficou desde logo definido que a nova competição se passaria a denominar Taça da Europa das Nações, nome que seria definitivamente alterado para Campeonato da Europa de Futebol, em 1968. Ficou igualmente assente que a competição seria disputada de quatro em quatro anos, à semelhança do que acontecia com os Campeonatos do Mundo. Em termos de formato foi definido que a Taça da Europa das Nações seria disputada por rondas pré-eliminares até aos quartos-de-final (jogadas sempre a duas mãos), sendo que as meias-finais, o jogo dos 3º e 4º lugares, e a final eram consideradas as verdadeiras fase finais da competição, e seriam disputadas num dos quatro países qualificados para essa fase final. A primeira fase final, ou primeiro Europeu, se preferirem, foi disputado no ano de 1960, sendo que as eliminatórias começaram dois anos antes. O pontapé de saída foi dado em Dublin, na República da Irlanda, a 5 de Abril, num jogo entre a equipa da casa e a Checoslováquia, tendo o primeiro golo sido da autoria do irlandês Liam Tuohy. Até à fase final seriam realizadas mais 24 partidas. Refira-se que nesta primeira fase de qualificação inscreveram-se 17 países (República da Irlanda, Checoslováquia, União Soviética, Hungria, França Grécia, Roménia, Turquia, Noruega, Áustria, Jugoslávia, Bulgária, República Democrata da Alemanha, Portugal, Polónia, Espanha, e Dinamarca). E os primeiros participantes da fase final de um Europeu seriam a Checoslováquia, a União Soviética, a Jugoslávia, e a França. E seria a este último país que a UEFA entregaria a responsabilidade de acolher a fase final da nova competição.
E eis que chegamos ao momento alto da nova competição continental, o momento em que quatro selecções iriam lutar pela conquista da Taça da Europa, um bonito troféu que seria mais tarde baptizado com o nome do mentor desta prova, Henry Delauny, que não chegaria a ver o seu sonho ser tornado em realidade, uma vez que faleceu algum tempo antes da fase final. E o pontapé de saída foi dado no majestoso Parques dos Príncipes, em Paris, a 6 de Julho de 1960, que recebeu as equipas da França e da Jugoslávia, em jogo referente à primeira meia-final da competição. Um jogo que ficaria para a história, não só porque se tratou do primeiro de uma fase final do Europeu mas também pela grandioso espectáculo protagonizado pelas duas equipas. Os franceses mesmo sem a sua maior estrela da altura, Just Fontaine, que dois anos antes havia brilhado no Mundial da Suécia, estavam convencidos que iriam demonstrar em campo toda a sua superioridade para assim chegar ao primeiro sucesso europeu. Não foi a ausência de Fontaine que afectou a exibição dos franceses que estiveram em grande parte do jogo à frente do marcador. O golo inaugural da fase final foi no entanto apontado pelos visitantes por intermédio da sua estrela maior, Milan Galic, aos 11 minutos. Um minuto depois Vincent igualou para a França, para aos 43 minutos François Heutte colocar os anfitriões pela primeira vez na frente. Na 2ª parte o espectáculo continuou e aos 53 minutos Wisniesky aumenta a vantagem da França. Contudo, do outro lado estava uma grande equipa que nunca se deu por vencida, e aos 55 minutos reduz a desvantagem por intermédio de Zanetic. A faltar menos de meia hora para o árbitro belga Gaston Grandain dar por terminado o jogo o Parque dos Príncipes entra em delírio com o quarto golo da equipa da casa, da autoria de François Heutte, que bisava assim na partida. Poucos acreditariam que Les Blues não estariam na grande final. Mas o sonho acabaria por virar pesadelo em apenas cinco minutos, com os jugoslavos a apontarem três golos e a colocarem o resultado final em 5-4 a seu favor, carimbando o passaporte para a final. Tomislav Knez, aos 75 minutos, e Drazen Jerkovic, aos 78 e 79 minutos, foram os homens que calaram o anfiteatro parisiense. A outra meia-final foi disputada em Marselha, no Stade Velodrome, entre soviéticos e checoslovacos. Um jogo onde os soviéticos liderados pelo grande guarda-redes Lev Yashin desde cedo deram mostras de querer vencer. As oportunidades de golos do jogo pertenceram-lhes quase todas, não sendo de estranhar que derrotassem a sua congénere da Checoslováquia por 3-0. A estes últimos nem a sua estrela-mor, Masopust, considerado um dos melhores jogadores do Mundo da época, lhes valeu. A grande estrela do jogo foi Yashin, apelidado pelos críticos do futebol como a "aranha-negra" e tido por muitos como o melhor guardião de sempre. Neste jogo defendeu uma grande penalidade.
A 10 de Julho o Parque dos Príncipes engalanou-se para receber os dois finalistas do evento. Sob a arbitragem do inglês Arthur Ellis soviéticos e jugoslavos entraram em campo com vontade de fazer história. Do lado dos soviéticos a transpiração, do dos jugoslavos a inspiração. É desta forma que se pode fazer a leitura desta final. O futebol rendilhado e mais técnico dos jugoslavos seria ultrapassado pelo rigor, pela força e pela frieza táctica soviética. Jugoslávia que aproveitando a sua frescura física se adiantou no marcador aos 43 minutos por Milan Galic. No segundo tempo a União Soviética puxou dos seus galões e empatou o jogo ao minuto 49, por Metreveli. Com alguma dificuldade a equipa jugoslava ainda conseguiu levar a decisão para prolongamento. E aos 113 minutos os soviéticos deram a machadada final ao apontar o segundo, por Victor Ponedelnik, sendo que para a desgastada Jugoslávia era já quase impossível dar a volta ao marcador. Comandados por Yashin, e influenciados por "astros" como Valentin Ivanov, e Igor Netto a União Soviética sagra-se assim a primeira CAMPEÃ DA EUROPA DE NAÇÕES. Os soviéticos foram uns vencedores justos, embora não tenham entusiasmado. Contudo, mereceram a vitória graças à sua condição física e determinação. E ainda por levarem o novo torneio mais a sério que outros.
10 de Julho, em Paris
União Soviética – Jugoslávia: 2-1
Árbitro: Arthur Ellis (Inglaterra)
União Soviética: Lev Yashin, Givi Chokheli, Anatoli Maslenkine, Anatoli Krutikov, Iouri Voinov, Igor Netto, Slava Matreveli, Valentin Ivanov, Victor Ponedelnik, Valentin Boubokine, e Mikhail Meshki. Treinador: Gavril Kachalin
Jugoslávia: Blagoge Vidinic, Vladimir Durkovic, Fahrudin Jusufi, Ante Zanetic, Jovan Miladinovic, Zeljko Perusic, Dragoslav Sekularac, Drazen Jerkovic, Milan Galic, Zeljko Matus, e Bora Kostic. Treinador: Ljubomir Lovric
Golos: Galic (43’), Metreveli (49’), e Ponedlenik (113’). Onze Ideal do Europeu:
Domínio dos países de leste na fase final
E eis que chegamos ao momento alto da nova competição continental, o momento em que quatro selecções iriam lutar pela conquista da Taça da Europa, um bonito troféu que seria mais tarde baptizado com o nome do mentor desta prova, Henry Delauny, que não chegaria a ver o seu sonho ser tornado em realidade, uma vez que faleceu algum tempo antes da fase final. E o pontapé de saída foi dado no majestoso Parques dos Príncipes, em Paris, a 6 de Julho de 1960, que recebeu as equipas da França e da Jugoslávia, em jogo referente à primeira meia-final da competição. Um jogo que ficaria para a história, não só porque se tratou do primeiro de uma fase final do Europeu mas também pela grandioso espectáculo protagonizado pelas duas equipas. Os franceses mesmo sem a sua maior estrela da altura, Just Fontaine, que dois anos antes havia brilhado no Mundial da Suécia, estavam convencidos que iriam demonstrar em campo toda a sua superioridade para assim chegar ao primeiro sucesso europeu. Não foi a ausência de Fontaine que afectou a exibição dos franceses que estiveram em grande parte do jogo à frente do marcador. O golo inaugural da fase final foi no entanto apontado pelos visitantes por intermédio da sua estrela maior, Milan Galic, aos 11 minutos. Um minuto depois Vincent igualou para a França, para aos 43 minutos François Heutte colocar os anfitriões pela primeira vez na frente. Na 2ª parte o espectáculo continuou e aos 53 minutos Wisniesky aumenta a vantagem da França. Contudo, do outro lado estava uma grande equipa que nunca se deu por vencida, e aos 55 minutos reduz a desvantagem por intermédio de Zanetic. A faltar menos de meia hora para o árbitro belga Gaston Grandain dar por terminado o jogo o Parque dos Príncipes entra em delírio com o quarto golo da equipa da casa, da autoria de François Heutte, que bisava assim na partida. Poucos acreditariam que Les Blues não estariam na grande final. Mas o sonho acabaria por virar pesadelo em apenas cinco minutos, com os jugoslavos a apontarem três golos e a colocarem o resultado final em 5-4 a seu favor, carimbando o passaporte para a final. Tomislav Knez, aos 75 minutos, e Drazen Jerkovic, aos 78 e 79 minutos, foram os homens que calaram o anfiteatro parisiense. A outra meia-final foi disputada em Marselha, no Stade Velodrome, entre soviéticos e checoslovacos. Um jogo onde os soviéticos liderados pelo grande guarda-redes Lev Yashin desde cedo deram mostras de querer vencer. As oportunidades de golos do jogo pertenceram-lhes quase todas, não sendo de estranhar que derrotassem a sua congénere da Checoslováquia por 3-0. A estes últimos nem a sua estrela-mor, Masopust, considerado um dos melhores jogadores do Mundo da época, lhes valeu. A grande estrela do jogo foi Yashin, apelidado pelos críticos do futebol como a "aranha-negra" e tido por muitos como o melhor guardião de sempre. Neste jogo defendeu uma grande penalidade.
O último lugar do pódio…
A 9 de Julho o Velodrome de Marselha recebia a partida para a apurar os 3º e 4º classificados. Ao campo subiam as equipas derrotadas nas meias-finais, França e Checoslováquia. Os franceses ainda abalados pelo "terramoto jugoslavo" dias antes entraram em campo com várias alterações no seu "onze". Para eles ser segundos no "seu" Europeu era igual a ser últimos. Postura diferente foi encarada pelos checoslovacos que entraram em campo com o pensamento na vitória desde o apito inicial. Além de que acabar a competição no último lugar do pódio era uma situação de algum prestígio. Os franceses arrastaram-se pelo campo durante todo o jogo, facto aproveitado pelos jogadores de leste para se adiantar no marcador aos 58 minutos por Bubnik. Acabariam por selar o triunfo a dois minutos do fim por intermédio de Pavlovic.
…e a grande final
A 10 de Julho o Parque dos Príncipes engalanou-se para receber os dois finalistas do evento. Sob a arbitragem do inglês Arthur Ellis soviéticos e jugoslavos entraram em campo com vontade de fazer história. Do lado dos soviéticos a transpiração, do dos jugoslavos a inspiração. É desta forma que se pode fazer a leitura desta final. O futebol rendilhado e mais técnico dos jugoslavos seria ultrapassado pelo rigor, pela força e pela frieza táctica soviética. Jugoslávia que aproveitando a sua frescura física se adiantou no marcador aos 43 minutos por Milan Galic. No segundo tempo a União Soviética puxou dos seus galões e empatou o jogo ao minuto 49, por Metreveli. Com alguma dificuldade a equipa jugoslava ainda conseguiu levar a decisão para prolongamento. E aos 113 minutos os soviéticos deram a machadada final ao apontar o segundo, por Victor Ponedelnik, sendo que para a desgastada Jugoslávia era já quase impossível dar a volta ao marcador. Comandados por Yashin, e influenciados por "astros" como Valentin Ivanov, e Igor Netto a União Soviética sagra-se assim a primeira CAMPEÃ DA EUROPA DE NAÇÕES. Os soviéticos foram uns vencedores justos, embora não tenham entusiasmado. Contudo, mereceram a vitória graças à sua condição física e determinação. E ainda por levarem o novo torneio mais a sério que outros.
Meias-finais
6 de Julho, em Paris
França – Jugoslávia: 4-5 (Vincent, 12’; Heutte, 43’ e 62’; Wisnieski, 53’) (Galic, 11’; Zanetic, 55’; Knez, 75’; Jerkovic, 78’ e 79’)
6 de Julho, em Marselha
Checoslováquia – União Soviética: 0-3 (Ivanov, 34’ e 56’; Ponedelnik, 66’)
Jogo dos 3º e 4º lugares
9 de Julho, em Marselha
Checoslováquia – França: 2-0 (Bubnik, 58’; Pavlovic, 88’)
Final 10 de Julho, em Paris
União Soviética – Jugoslávia: 2-1
Árbitro: Arthur Ellis (Inglaterra)
União Soviética: Lev Yashin, Givi Chokheli, Anatoli Maslenkine, Anatoli Krutikov, Iouri Voinov, Igor Netto, Slava Matreveli, Valentin Ivanov, Victor Ponedelnik, Valentin Boubokine, e Mikhail Meshki. Treinador: Gavril Kachalin
Jugoslávia: Blagoge Vidinic, Vladimir Durkovic, Fahrudin Jusufi, Ante Zanetic, Jovan Miladinovic, Zeljko Perusic, Dragoslav Sekularac, Drazen Jerkovic, Milan Galic, Zeljko Matus, e Bora Kostic. Treinador: Ljubomir Lovric
Golos: Galic (43’), Metreveli (49’), e Ponedlenik (113’). Onze Ideal do Europeu:
Yashin (União Soviética) Durkovic (Jugoslávia) Masopust (Checoslováquia) Ivanov (União Soviética) Novak (Checoslováquia) Metreveli (União Soviética) Netto (União Soviética) Sekularac (Jugoslávia) Kostic (Jugoslávia) Galic (Jugoslávia) Ponedelnik (União Soviética) Melhores marcadores:*
Heutte (França) Galic (Jugoslávia) Jerkovic (Jugoslávia) Ivanov (União Soviética) Ponedelnik (União Soviética)
*todos com dois golosLegendas das fotografias:
1- Logotipo oficial do primeiro Campeonato da Europa de Futebol
2- A bonita taça que premeia o vencedor do Europeu, baptizada de Henry Delauny
3- Soviéticos saudam o público após garantirem o triunfo na final
4- O palco da primeira final do Euro: o Parque dos Príncipes, de Paris
5- Capitão soviético Netto ergue a taça
6- O lendário guarda-redes Lev Yashin, considerado a grande estrela deste Europeu 1960
7- François Heutte, o melhor marcador da França no Euro 1960
8- Dois capitães de equipa cumprimentam o árbitro inglês Ellis antes do pontapé inicial da final
9- Soviéticos dão a volta de honra ao campo com o capitão Netto a segurar o troféu conquistado
10- Yashin e Netto mostram a taça na chegada a Moscovo
11-A equipa da casa: a França
11-A equipa da casa: a França
12- Victor Ponedelnik, o autor do golo do triunfo na final
13- Uma das grandes estrelas deste primeiro Euro, o jugoslavo Milan Galic
14- O "onze" da União Soviética que ficou imortalizado na história
Vídeo: URSS - JUGOSLÁVIA
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