O primeiro troféu internacional conquistado por um clube português
Clube Internacional de Futebol, popularmente designado por CIF, tornou-se em 1907 na primeira equipa portuguesa a atuar fora de portas, facto ocorrido em janeiro desse ano, quando os lisboetas se deslocaram ao reduto do Madrid FC (futuro Real Madrid). O CIF, reforçado com alguns craques ingleses do Carcavellos Club, venceu este jogo por 2-0, tendo este feito sido muito celebrado pelos jornais da época. Não demorou mais de dois anos a que o clube dos Pinto Basto voltasse a receber um convite de
nuestros hermanos para voltar ao país vizinho para um novo match, desta feita em Badajoz. Pela frente os portugueses tiveram o Sport Club Bacense, com a particularidade de em jogo estar a disputa de um troféu oferecido pelo município de Badajoz. Com as suas camisolas de listas verticais pretas e brancas, o Internacional era um clube que tinha nascido prestigiado, já que tinha sido fundado pela reunião de vontades de alguns dos mais destacados pioneiros do futebol em Portugal, com destaque para a família Pinto Basto.
Com um misto de jogadores portugueses e ingleses, o CIF era um emblema elitista e, a par dos ingleses do Carcavellos Club, tinha um prestígio inatacável.
Rezam as poucas crónicas existentes sobre este encontro que 4000 pessoas terão assistido ao duelo entre espanhóis e portugueses, e que o CIF terá apresentado no retângulo de jogo os seguintes jogadores: Gastão Pinto Basto, Merik Barley, Sidney Mascarenhas, João Figueiredo, Augusto Sabbo, Eduardo Luiz Pinto Basto, Luís Kruss Gomes, Carlos Sobral, Vieira da Silva, A. Barreto e Cecil Barley.
Quanto ao jogo consta que os portugueses estiveram sempre por cima, foram sempre superiores, impressionando a assistência com a sua técnica e complacência física. O resultado do jogo cifrou-se em 3-0 a favor dos lusos, graças a golos de Vieira da Silva, Luís Kruss Gomes e Augusto Sabbo, sendo que este último foi considerado como o homem do jogo, graças à sua apetência para organizador e condutor de jogo.
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Augusto Sabbo |
Augusto Sabbo nasceu em Lisboa a 27 de março de 1887 e tinha ascendência germano-húngara. Estudou na Alemanha, onde chegou a praticar futebol de forma oficial, tendo ainda passado algum tempo na Áustria e na Hungria, locais onde colheu muitos ensinamentos sobre o jogo. Na Alemanha estudou engenharia, sendo que no regresso a Portugal foi um dos responsáveis pela montagem da rede de tração elétrica em Coimbra, entre outras obras. No futebol, os tempos eram ainda muitos
verdes em Portugal, praticava-se um estilo de jogo algo rudimentar ainda, e Sabbo viria a tornar-se uma espécie de joia rara no
Planeta da Bola luso, já que possuía conhecimentos profundos do jogo e ademais era um visionário. Em Portugal, Sabbo iniciou-se no CIF como jogador, ali deu nas vistas, mas seria já como treinador nos anos 20 que ficaria imortalizado como um dos grandes nomes do nosso futebol. Dirigiu o futebol do Sporting em 1922/23 (quando os leões conquistaram o seu primeiro campeonato de Portugal), sendo que sensivelmente um ano antes, em 1921, foi escolhido para ser o cargo de primeiro seleccionador nacional. Porém, os jogadores não gostaram da dureza dos seus métodos e ele acabou por não orientar nenhum jogo da seleção. Em 1926 tornando-se no primeiro treinador remunerado ao serviço do Sporting, clube onde aplicou toda a sua sabedoria.
Em 1923, Sabbo editou em Lisboa um minucioso manual de 75 páginas, intitulado Football (Técnica e Didáctica de Jogo), sobre todos os aspectos importantes do futebol.
Para além de jogador e treinador disso foi árbitro e fez ainda parte das primeiras equipas de râguebi do Sporting. Faleceu a 30 de outubro de 1971.
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