segunda-feira, maio 26, 2008

História dos Europeus de Futebol (4)... Bélgica 1972

Prosseguimos a nossa viagem pela maravilhosa história dos Campeonatos da Europa de Futebol para desta feita dar-mos uma vista de olhos àquilo que foi a quarta edição do certame, o Euro 1972. A prova atingiu nesta edição um recorde de participantes, mais precisamente 32 países, sendo a excepção a Islândia que mais uma vez decidia ficar de fora da fase de qualificação. Mais uma vez foram sorteados oito grupos de apuramento, desta feita todos eles com quatro selecções, sendo que o primeiro classificado avançaria para uma eliminatória final com vista a serem então definidos os quatro países que participariam na fase final, tudo igual ao que se fizera na edição anterior. Fase de qualificação que decorreu sem grandes surpresas, exceptuando as eliminações da Espanha, que teve o azar de cair no grupo da forte União Soviética, e da França que ficou em 3º lugar de um grupo dominado pela Hungria. Na derradeira eliminatória com vista ao apuramento para a fase final o sorteio ditou o confronto entre dois dos grandes colossos do futebol Mundial, a Inglaterra e a República Federal da Alemanha (RFA). E o impensável acabou por acontecer na "catedral" de Wembley onde os alemães bateram no jogo da 1ª mão os ingleses por 3-1, matando praticamente as aspirações britânicas quanto a uma presença na fase final. Na 2ª mão, em Berlim, empate a zero bola, e a RFA garantia a sua primeira presença numa fase final de um Euro. Outro escândalo aconteceu no confronto entre os campeões da Europa em título, a Itália, e a Bélgica com estes últimos a eliminarem os transalpinos. A Hungria bateu a Roménia e a União Soviética a Jugoslávia. Os soviéticos mantinham assim a tradição, ou seja, marcavam mais uma vez presença na fase final do Europeu. Hungria, RFA, União Soviética, e Bélgica eram assim os países que iriam estar presentes na fase final do Euro 72 que a UEFA decidiu realizar-se em terras belgas.

Bélgica acolhe a grande fase final


Três cidades belgas ficaram responsabilizadas pela UEFA para acolher a fase final do Euro, mais precisamente Antuérpia, Liège, e Bruxelas. A primeira meia-final decorreu no Bosuilstadion, em Antuérpia, entre a selecção da casa e a poderosa RFA comandada pelo "kaiser" Franz Beckenbauer. Os belgas tinham no entanto uma equipa de respeito, eram apelidados na altura como os "diabos vermelhos" e tinham entre outros um fabuloso jogador de seu nome Paul Van Himst, considerado ainda hoje como o melhor belga de todos os tempos na arte de jogar futebol. Mas os alemães não se intimidaram pelo facto de terem contra si um ambiente hostil e uma equipa de respeito e fizeram uma exibição de gala. Simplesmente não deram chances aos belgas. O baixo e poderoso avançado Gerd Muller fez dois golos, aos 24, e aos 71 minutos, que traduziram a superioridade mais do que evidente dos germânicos. A sete minutos do fim os belgas ainda deram um ar de sua graça quando Polleunis fez o 1-2, mas pouco mais puderam fazer perante a máquina alemã. O resultado peca até por escasso, pois a avalanche alemã foi de tal forma avassaladora que se o resultado tivesse mais dois ou três golos a seu favor não seria de estranhar. Desde logo ficou evidente que o rigor táctico, aliado à frieza e à força física das estrelas alemãs muito dificilmente deixaria escapar a vitória final deste Euro 72.

A tradição ainda era o que…era

Também no dia 14 de Junho, desta feita em Bruxelas, a União Soviética procurava atingir a sua terceira final em quatro participações em fases finais. Pela frente os soviéticos tinham a Hungria, que participava pela segunda vez (e última até à data) na sua história numa fase final (a primeira havia sido em 1964). A União Soviética chegava à sua quarta fase final com novos jogadores mas com a mentalidade de sempre, ou seja, rigor táctico e físico quanto baste. Este confronto de leste atraiu pouquíssimos espectadores ao Estádio Van der Stock, quiçá antevendo o jogo demasiado táctico e porque não dizê-lo sonolento que ambos os conjuntos praticaram. Foi um jogo "do gato e do rato" com as duas equipas à espera de um erro do adversário para poder vencer o jogo. Acabariam por ser os húngaros a cometer o erro fatal, aos 53 minutos, aproveitado por Konkov que ofereceu assim a terceira final à União Soviética. Húngaros que também se podem queixar da falta de sorte, ou de pontaria, porque antes do golo soviético desperdiçaram uma grande penalidade.

Medalha de bronze ficou em casa

Em Liège, no dia 17 de Junho, Bélgica e Hungria discutiram entre si quem ficaria com o bronze deste Euro 72. A qualidade da equipa da casa ficaria evidente e foram as suas duas estrelas mais cintilantes da época Lmbert e Van Himst a fazer os golos (ainda antes da meia-hora de jogo) do triunfo de 2-1 sobre a Hungria. Ficou a ideia de que se não fossem os poderosos alemães a Bélgica não desperdiçaria a oportunidade de vencer o "seu" Euro, pois tinham de facto uma equipa fantástica. Um conjunto de jogadores que foram digamos que a semente para as fabulosas equipas que os belgas apresentaram quer em fases finais de Europeus (1980, e 1984), quer de Mundiais (1982, 1986, 1990, e 1994), no fundo os anos de ouro ao nível do futebol deste pequeno país.

RFA no trono da Europa pela primeira vez

No Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, RFA e União Soviética mediam forças para ver quem sucederia à Itália como donos da Europa. Desde o apito inicial que a classe dos germânicos foi evidente o que provocou um claro desequilíbrio no "filme" do jogo. Muller, aos 27 minutos, começou a construir o triunfo, na sequência de uma arrancada magnifica de Beckenbauer desde o seu meio-campo. À entrada da área o capitão alemão serve Netzer que rematou de primeira à trave, na recarga Heynckes obriga o excelente guardião soviético Rudakov a uma grande defesa para a frente onde apareceu oportuno o goleador Muller que não perdoou. Já na segunda parte Wimmer, ao minuto 52, amplia a vantagem alemã após uma excelente desmarcação de Heynckes. E como não há duas sem três Gerd Muller aos 58 minutos fez o 3-0 final. De facto, esta foi uma das finais mais desequilibradas da história do Europeu. Rezam as crónicas da partida que em certos períodos os alemães trocaram a bola entre si mais de três dezenas de vezes durante largos minutos sem que os soviéticos os conseguissem importunar. Este seria o primeiro dos três títulos europeus que os alemães alcançaram ao longo da história (até à data). Era o principio da década de ouro do futebol da RFA, que dois anos mais tarde se sagraria campeã do Mundo, e que ao nível de clubes (através do Bayern Munique) também iria dominar o futebol europeu. Jogadores como Beckenbauer, Muller, Breitner, Netzer, Maier, e Hoeness começavam a entrar aqui na história do futebol mundial.

Curiosidades do Euro 72...
-Fiel à escola de grandes guarda-redes soviéticos na arte de defender grandes penalidades (Yashin defendeu ao longo da sua carreira 52!!!) a União Soviética agradeceu a Rudakov a presença na final depois deste defender um penalty na meia-final ante a Hungria.

-Com a sua maior estrela a titular, Florian Albert (tinha estado ausente na meia-final), no jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares, a Hungria optou pelo jogo duro ante os belgas, cometendo 13 faltas em 90 minutos. Coisa pouca para os dias de hoje!!!

-Jogo muito desequilibrado o da final. Domínio completo dos alemães numa época em que os atrasos para os guarda-redes ainda eram possíveis, embora a RFA nunca tenha feito isto neste jogo. De tal modo que o guardião Sepp Maier limitou-se a tocar na bola apenas nos pontapés de baliza!

Jogos:

Meias-finais

14 de Junho, em Antuérpia
Bélgica – RFA: 1-2 (Polleunis, aos 83’) (Muller, aos 24’, e 71’)

14 de Junho, em Bruxelas
Hungria – União Soviética: 0-1 (Konkov, aos 53’)

Jogos dos 3º e 4º lugares

17 de Junho, em Liège
Hungria – Bélgica: 1-2 (Ku, 53’) (Lambert, aos 24’; Van Himst, aos 28’)


Final
RFA - URSS: 3-0



18 de Junho, no Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas



Árbitro: Ferdinand Marschall (Áustria)


RFA: Sepp Maier, Horst-Dieter Hottges, Paul Breitner, Hans Schwarzenbeck, Franz Beckenbauer, Herbert Wimmer, Josef Heynckes, Uli Hoeness, Gerd Muller, Gunter Netzer, e Erwin Kremers. Treinador: Helmut Schon
União Soviética: Evgueni Rudakov, Revaz Dzodzuaschvili, Murtaz Khurtsliava, Vladimir Kaplichny, Iouri Istomine, Anatoli Banischevsky, Victor Kolotov, Anatoli Konkov, Vladimir Troschkine, Anatoli Baidachny, e Vladimir Onischenko. Treinador: Alexandr Ponomarjev Golos: Muller, aos 27’ e 58’, Wimmer, aos 52’.

Onze ideal do Euro 72:

Rudakov (União Soviética) Dzodzuashvili (União Soviética) Khuurtsilava (União Soviética) Beckenbauer (RFA) Breitner (RFA) Wimmer (RFA) Netzer (RFA) Heynckes (RFA) Lambert (Bélgica) Hoeness (RFA) Muller (RFA)


Melhor marcador:

Gerd Muller com quatro golos


Legendas das fotgrafias:


1- Logotipo oficial do Bélgica 1972
2- "Kaiser" Beckenbauer recebe o desejado troféu
3- Muller e Breitner festejam a vitória no Euro 72
4- Um momento da grande final entre alemães e soviéticos
5- A estrela da selecção belga: Paul Van Himst
6- Alemães dominaram completamente os soviéticos na final
7- O guarda-redes soviético Rudakov mostrou-se um digno sucessor do lendário Yashin


8- Os onze magníficos alemães que entraram em campo (na final) para fazer história
9- O melhor marcador do Euro 72, Gerd Muller, faz um dos seus dois golos na final

Vídeo: RFA - URSS


História dos Europeus de Futebol (3)... Itália 1968

A terceira edição daquela que era já a maior competição do futebol europeu sofreu algumas alterações. Desde logo a sua designação oficial, passando de Taça da Europa das Nações para Campeonato da Europa de Futebol. Depois a forma de apuramento para a fase final, que deixava de ser feita através de eliminatórias directas para ser realizada através de uma fase de grupos. Outra novidade nesta edição prendeu-se com a aceitação definitiva de todos os países membros da UEFA à competição, finalmente a República Federal da Alemanha, a Escócia, a Finlândia, e o Chipre disseram "sim" ao Euro. À partida para o Europeu de 1968 estavam inscritos 31 países dos 33 filiados na UEFA, já que Malta e Islândia (participantes nas duas anteriores fases de qualificação) resolveram ficar de fora. O sorteio de apuramento ditou então oito grupos, na sua quase total maioria constituídos por quatro equipas, a excepção era o grupo 4 que somente tinha três selecções. Os vencedores de cada grupo (oito selecções) jogaram então uma eliminatória a duas mãos para apurar os quatro países que iriam disputar a fase final. E os "felizardos" foram a Inglaterra (que eliminou a campeã da Europa em título, a Espanha), a Jugoslávia (eliminou a França), a Itália (afastou a Bulgária), e mais uma vez a União Soviética (eliminou a Hungria) que obtinha desta maneira a sua terceira qualificação para a fase final em outras tantas edições realizadas! Se dúvidas existissem quanto ao facto de os soviéticos serem uma das melhores equipas da Europa elas aqui ficavam desfeitas. Para sedear a fase final do Euro 68 a UEFA escolheria a Itália, sendo que as cidades de Nápoles, Florença e Roma seriam os palcos dos jogos.

A vitória através de moeda ao ar!
Itália, Jugoslávia, União Soviética, e Inglaterra iriam então lutar entre si para ver quem sucederia à Espanha no trono do futebol europeu ao nível de selecções. Favoritos? Talvez os ingleses, que dois anos antes tinham encantado o Mundo ao vencer o "seu" próprio Mundial. Os campeões do Mundo tinham (teoricamente) no seu grupo de trabalho "armas" mais do que se suficientes para conquistar a Europa, tais como Bobby Charlton, Geoffrey Hurst, ou Bobby Moore. Os soviéticos eram uma equipa em remodelação, continuavam fortes, é certo, mas não tinham o fulgor da equipa que oito anos antes havia conquistado o Euro 60, e sobretudo já não tinham o seu grande "comandante", o lendário guarda-redes Lev Yashin. Os jugoslavos atingiam a sua segunda fase final, mas eram… uma incógnita. Quanto à equipa da casa poucos acreditavam que pudesse fazer algo de bom neste Europeu, pois ainda ninguém havia esquecido o escândalo que a "squadra azzurra" havia protagonizado dois anos antes no Mundial 66 onde foi vencida, eliminada (da fase seguinte), e ridicularizada, na primeira fase pela desconhecida Coreia do Norte! Por isso, as expectativas num triunfo final italiano eram muito ténues. Mas como estavam enganados os críticos da "azzurra"! Na primeira meia-final disputada a 5 de Junho no Estádio São Paolo, em Nápoles, os italianos jogavam contra a União Soviética. Um jogo que foi a prova provada, por assim dizer, de que no futebol por vezes a sorte é mesmo um factor decisivo. Mas já lá vamos. Este foi um jogo onde o medo levou a melhor, ou seja, as duas equipas temeram-se demasiado uma à outra durante os 90 minutos, não criando grandes oportunidades de golo ao longo deste período. O pendor defensivo imperou. E o cenário repetiu-se nos 30 minutos de prolongamento para azar dos quase 70 000 adeptos que estavam nas bancadas do São Paolo e que assistiram a um futebol extremamente cauteloso de parte a parte. E como na altura não havia desempates através de grandes penalidades o árbitro teve de decidir o vencedor do jogo através de… moeda ao ar! E a sorte saiu à equipa da casa que assim avançava para afinal de Roma, impedindo os soviéticos de disputarem a sua terceira final consecutiva.
Campeões do Mundo surpreendidos pelos jugoslavos na meia-final…
A equipa do seleccionador inglês Alf Ramsey era praticamente a mesma que dois anos antes havia conquistado o Mundo, mas em Florença esse estatuto de pouco ou nada serviu aos súbitos de "sua majestade" que sucumbiram aos pés de uma jovem Jugoslávia. Jovem mas deveras aguerrida, já que fizeram de tudo para travar os artistas ingleses, recorrendo por vezes a faltas duríssimas. Cartões amarelos para os jugoslavos foram mais do que muitos e houve até um vermelho, para Mullery. As oportunidades de golo não foram muitas, mas numa das poucas incursões dos jugoslavos à baliza do lendário Gordon Banks a estrela do conjunto de leste Dzajic mostrou o porquê de ser considerado um dos melhores atacantes da Europa antecipando-se a Bobby Moore e batendo o guardião inglês fazendo o único golo do jogo e pondo a sua equipa na final. 
 
… ficam com a medalha de bronze
 
A 7 de Junho encontraram-se no Estádio Olímpico de Roma duas das maiores potências do futebol mundial de então para decidir quem ficaria com o último lugar do pódio deste Euro 68. Um jogo onde o prestígio e o orgulho estava acima de tudo, e neste capítulo os ingleses levaram a "coisa" mais a sério. Para os homens de leste jogar este jogo de consolação não era o mesmo que jogar a final, onde haviam estado nas primeiras duas edições, e este facto de certa forma afectou-os, pois faltava-lhes algo determinante para vencer uma partida de futebol: motivação. Com Bobby Charlton nos seus melhores dias e com Moore a mostrar o porquê de ser um dos melhores centrais do planeta a Inglaterra venceu os soviéticos por 2-0, com um golo a meio da primeira parte (por Bobby Charlton), e outro na mesma fase da etapa complementar (por Hurst). 
 
Duas finais para apurar o campeão
 
No dia 8 de Junho o Olímpico de Roma engalanou-se para receber a final da grande competição. 70 000 espectadores lotaram as bancadas para ver um jogo extremamente táctico entre Jugoslávia e Itália. A esperança de ambos os treinadores era de que uma das suas estrelas pudesse num lance de inspiração resolver o jogo. E foi precisamente uma das muitas estrelas que esteve em campo nesse dia a abrir o marcador, mais precisamente Dzadic que aos 39 minutos bateu o guardião Zoff. Na segunda parte a equipa de leste teve duas oportunidades para "matar" o jogo mas desperdiçou-as, confirmando a máxima do futebol de que equipa que não marca sofre. E foi precisamente isso que aconteceu ao minuto 80 quando num livre directo Domenghini faz a bola passar entre a barreira para entrar na baliza. Foram precisos mais 30 minutos de jogo que pouca ou nenhuma emoção tiveram, sendo por isso necessário recorrer a uma finalíssima, algo que acontecia pela primeira vez na história desta então jovem competição. Dois dias depois no mesmo palco as equipas voltaram a encontrar-se. Jogar dois jogos no espaço de 48 horas era fisicamente uma tarefa complicada, algo que se viria a confirmar mais para o lado dos jugoslavos. A Itália com um banco mais apetrechado utilizou "sangue fresco" tendo dominando do principio ao fim o encontro. Riva, aos 12 minutos, e Anastasi, aos 31 minutos, deram o título à Itália. Os jugoslavos não tiveram a capacidade física e mental da primeira final e pagaram por isso. A Itália com nomes como Luigi Riva, Giacinto Facchetti, Sandro Mazzola, e o então promissor guarda-redes Dino Zoff conquistava o título Europeu (o seu único até à data) e recuperava o prestígio internacional perdido dois anos antes no Mundial 66. 
 
Curiosidades do Euro 68...

-Desgastada física (120 minutos com a Itália três dias antes) e emocionalmente (eliminados através de moeda ao ar) a União Soviética, a única equipa que marcara presença em todas as edições do Europeu até então saiu de Itália sem nenhum golo marcado!

-Joaquim Campos, árbitro português, que havia dirigido dois jogos nas fases finais dos Mundiais de 58, e 66, foi um dos fiscais de linha (hoje em dia denominados de árbitros assistentes) da finalíssima.

-Na finalíssima a Itália reforçou-se com cinco jogadores que não haviam participado na final (De Sisti, Salvadore, Rossato, Mazzola, e Riva) ao passo que a Jugoslávia apenas trocou um elemento (Petkovic por Hosic).

Jogos:

Meias-finais

5 de Junho, em Nápoles
Itália – União Soviética: 0-0* *apurada a Itália por moeda ao ar

5 de Junho, em Florença
Jugoslávia – Inglaterra: 1-0 (Dzajic, aos 86’)

Jogos dos 3º e 4º lugares

7 de Junho, em Roma
Inglaterra – União Soviética: 2-0 (Charlton, aos 39’; Hurst, aos 63’)

Final

8 de Junho, em Roma
Itália – Jugoslávia: 1-1 (Domenghini, aos 80’) (Dzajic, aos 39’)

Finalíssima

Itália - Juguslávia: 2-0
10 de Junho, no Estádio Olímpico de Roma
Árbitro: José Maria Ortiz, de Espanha
Itália: Dino Zoff, Pietro Anastasi, Tarcisio Burgnich, Giancarlo De Sisti, Ângelo Domenghini, Giacinto Facchetti, Aristide Guarneri, Sandro Mazzola, Luigi Riva, Roberto Rossato, e Alessandro Salvadore. Treinador: Ferruccio Valcareggi.

Jugoslávia: Ilija Pantelic, Mirsad Fazlagic, Milan Damjanovic, Blagoge Paunovic, Dragan Holcer, Vahidin Musemic, Dragan Dzajic, Miroslav Pavlovic, Jovan Acimovic, Dobrivoje Trivic, e Idiz Hosic. Treinador: Rajko Mitic Golos: Riva (12’), e Anastasi (31’).
Onze ideal do Euro 68:

Zoff (Itália) Fazlagic (Jugoslávia) Schesternev (União Soviética) Moore (Inglaterra) Facchetti (Itália) Domenghini (Itália) Osim (Jugoslávia) Mazzola (Itália) Dzajic (Jugoslávia) Hurst (Inglaterra) Riva (Itália)
Melhor marcador:

Dzajic (Jugoslávia) com dois golos
Legendas das fotografias:
1- Logotipo oficial do Itália 1968
2- Capitão italiano Facchetti ergue a Taça Henry Delaunay
3- A equipa da Itália que conquistou o Euro 1968
4- O célebre guardião transalpino Dino Zoff foi uma das peças chave do sucesso da sua equipa
5- Uma das grandes estrelas da fase final do Euro 68: o inglês Bobby Charlton
6- Imagem da finalíssima entre Itália e Jugoslávia
7- O homem que abriu caminho para o triunfo italiano: Luigi Riva
8- Um dos melhores jogadores do Mundo de todos os tempos: o italiano Giacinto Facchetti
9- O melhor marcador do Euro 68: Dzajic

Vídeo: ITÁLIA - JUGOSLÁVIA (Finalíssima)










sexta-feira, maio 23, 2008

História dos Europeus de Futebol (2)... Espanha 1964

O sucesso da primeira edição do Campeonato da Europa (na altura ainda denominado de Taça da Europa das Nações) foi notório na segunda edição da competição com o aumento do número de países participantes. Os 17 do certame inaugural passaram quatro anos depois para 29! Entre os novos aderentes destacavam-se a presença de duas super potências do futebol mundial, a Itália, e a Inglaterra. Dos 33 países filiados então na UEFA apenas quatro continuavam renitentes em aderir ao evento, nomeadamente a República Federal da Alemanha, o Chipre, a Finlândia, e a Escócia. A fase de qualificação não sofreu grandes alterações em relação à edição inaugural com a excepção da inclusão de mais uma eliminatória em virtude do aumento de participantes. Surpresas nas rondas de apuramento para a fase final existiram algumas, desde já a eliminação da Checoslováquia (aos pés da República Democrata da Alemanha) na ronda pré-eliminar. Checoslovacos que quatros anos antes tinham sido 3ºs no Euro 60, realizado como se sabe na França. Franceses que também nesta ronda eliminariam a estreante e poderosa Inglaterra. Nos oitavos-de-final a grande surpresa chamou-se Luxemburgo, equipa amadora e completamente desconhecida que eliminou a favorita Holanda. Os luxemburgueses estiveram às portas da fase final do Euro 1964, perdendo somente com a Dinamarca (na última ronda antes da fase-final) no terceiro jogo (depois de dois empates, um em casa e outro fora). Para além dos dinamarqueses atingiam a tão desejada e sonhada fase final do Euro 64, a Hungria, a campeã europeia em título União Soviética, e a Espanha. Seria este último país que a UEFA responsabilizaria de acolher a fase final do Campeonato da Europa de 1964.


A fase final do Euro 64…


As cidades de Madrid e Barcelona foram as escolhidas para albergar os quatro jogos da fase final. As expectativas na selecção da casa eram enormes, todo um país se uniu em torno da sua equipa, inclusive o ditador Franco que aproveitou o evento para vincar a sua conduta política (o fascismo) com que vinha conduzindo o país. Tal como Mussolini havia feito no Mundial 1934 Franco aproveitou este Euro 1964 para promover a sua… política. Bom, mas passando ao que interessa mesmo, ao futebol, a primeira meia-final ocorreu no dia 17 de Junho num lotadíssimo Estádio Santiago Bernabéu, a casa do maior clube da Europa da época, o Real Madrid, entre a Espanha e a Hungria. 125 mil espectadores, um recorde que prevalece até aos dias de hoje num jogo de uma fase final de um Europeu, assistiram a uma difícil vitória da Espanha sobre a Hungria por 2-1. Os magiares, que sob a orientação técnica de Lajos Baroti (que anos mais tarde treinaria o Benfica) viviam uma fase de renovação. Longe iam os tempos em que a Hungria era tida como a melhor selecção do Mundo, onde pontificavam nomes como Puskas, Kocsis, ou Czibor. Esta Hungria aparecia em Espanha muito renovada, mas com alguns jogadores de grande gabarito como por exemplo Ferenc Bene, e Florian Albert, este último a grande estrela da companhia. Por seu lado a Espanha tinha uma equipa muito aguerrida, o exemplo perfeito daquilo que hoje é conhecido como a "fúria espanhola". A comandar esse grupo de guerreiros estava Luís Suaréz, um homem que ainda hoje é considerado por muitos como o maior jogador espanhol de todos os tempos. A equipa da casa foi quem mais fez pelo triunfo ao longo desta partida, e viu os seus esforços serem recompensados na etapa inicial com um tento de Jesus Pereda, aos 35 minutos. Quando os 125 mil adeptos espanhóis já festejavam a passagem à final, Bene, aos 84 minutos, restabeleceu a igualdade levando o jogo para prolongamento. A luta continuaria no tempo extra e eis que aos 115 minutos o velho estádio do Real Madrid veio abaixo quando um homem da casa, Amancio, colocou a Espanha na final ao fazer o 2-1. Até final o herói espanhol foi o guardião basco Iribar que com um grande naipe de defesas impediu os magiares de chegar a uma nova igualdade.


A outra meia-final…


No mesmo dia jogavam em Nou Camp, de Barcelona, a União Soviética e a Dinamarca. Os campeões da Europa em título chegavam a Espanha como o alvo a abater, e com uma equipa totalmente renovada em relação àquela que quatro anos havia conquistado em França a primeira edição do Europeu. Yashin, Ivanov, e Ponedelnik eram os únicos sobreviventes da equipa de 60. E para chegar à sua segunda final os soviéticos tiveram pela frente uma equipa esforçada da Dinamarca, mas que no fundo não passavam de um grupo de bons rapazes semi-profissionais que vinham a Espanha aprender com os melhores e… fazer turismo. A diferença entre as duas equipas foi nitidamente sentida em campo, e a União Soviética aplicou a chapa três ao conjunto nórdico sem grande dificuldade. No entanto, os dinamarqueses ainda fizeram duas ou três gracinhas neste jogo, pondo à prova aquele que era considerado o melhor guarda-redes do Mundo, Lev Yashin.


Os 3º e 4º lugares…


Também em Nou Camp, no dia 20 de Junho, foi disputada a partida para a apurar os 3º e 4º classificados. Um jogo que foi disputado quase sem público, somente 4 000 espectadores deslocaram-se ao anfi-teatro da Catalunha para verem jogar Hungria e Dinamarca. Era caso para se dizer que os catalães estavam mais interessados no que se passaria no dia seguinte onde a Espanha poderia obter a sua primeira grande vitória internacional do que neste jogo. Tal como na meia-final a Dinamarca fazia o papel de equipa mais fraca, não sendo de estranhar que desde muito cedo os húngaros confirmassem o seu favoritismo com um golo obtido aos 11 minutos por Bene. Mas de repente os dinamarqueses vão buscar forças onde ninguém imaginava e aos 82 minutos Bertelsen empata a partida obrigando a um prolongamento. A surpresa estava feita. Mas a maior qualidade técnica dos magiares viria ao de cima no tempo extra com a obtenção de dois golos (da autoria de Novak) que selariam em 3-1 o resultado final, dando assim a medalha de bronze à Hungria.


Espanha conquista o seu maior feito no futebol


O fascismo de Franco contra o comunismo dos soviéticos, era assim que era visto o duelo da final do Euro 64. Franco que num camarote do Santiago Bernabéu fez parte de uma multidão de 105 00 espectadores que ansiavam por uma vitória da "fúria espanhola" sobre uma das melhores equipas da época. A Espanha entrou à Espanha, cheia de motivação e com vontade de resolver bem cedo a questão. E logo aos 6 minutos Pereda pôs os seus compatriotas em delírio ao apontar o primeiro golo do jogo. Solicitado por Amancio o extremo-direito Luis Suaréz centrou de primeira para a área com a bola depois de tocar nos pés de um defesa soviético a ir para aos pés de Pereda que abriu o marcador. A festa da casa duraria apenas dois minutos, pois após um lançamento de Mudrik para Khusainov, que beneficia de um erro clamoroso de Revilla, este último jogador soviético bate o guarda-redes Iribar e faz o 1-1. A partir daí o jogo passou a ser disputado essencialmente a meio-campo com os guarda-redes Iribar e Yashin a serem meros espectadores. Os soviéticos apostavam no rigor, os espanhóis na sua grande estrela Suaréz. E quando já todos esperavam por um novo prolongamento o milagre aconteceu. Ao minuto 84 Pereda desmarca-se pela direita, cruza a meia altura para a entrada fulgurante de Marcelino que bateu sem apelo nem agrado o desamparado Yashin. Era a loucura em Madrid. A Espanha acabava de vencer o seu primeiro, e único até ao momento, grande título internacional de futebol.


Curiosidades do Euro 64…


-A ausência de fair-play: No golo decisivo da Espanha ante a Hungria, na meia-final, o árbitro bela Bavier deveria ter parado o jogo para dar assistência ao médio húngaro Nagy, que estava deitado no relvado. Não o fez, e Lapetra marcou o canto, Marcelino cruzou e Amancio rematou para o fundo das redes.


-Se a final tivesse terminada empatada nos 120 minutos teria sido necessário uma finalíssima, marcada para o dia 23 de Junho, no Estádio Mestalla, de Valência. E se nessa finalíssima a igualdade durasse após o prolongamento a decisão da questão seria resolvida por… moeda ao ar!
-Num domingo de chuva em Madrid, a Espanha nem sentiu a falta de um dos seus jogadores mais talentosos, Del Sol, que foi convocado pelo seleccionador Villalonga mas só apareceu em Espanha no dia 15 por imposição do seu clube de então a Juventus. Na meia-final foi suplente, mas na final nem ao banco foi.



Jogos:


Meias-finais


17 de Junho, em Madrid

Espanha – Hungria: 2-1 (Pereda, aos 35’; Amancio, aos 115’) (Bene, aos 84’)


17 de Junho, em Barcelona

Dinamarca – União Soviética: 0-3 (Voronin, aos 19’; Ponedelnik, aos 40’; Ivanov, aos 87’)


Jogos dos 3º e 4º lugares


20 de Junho, em Barcelona

Hungria – Dinamarca: 3-1 (Bene, aos 11’; Novak, aos 107’, e 110’) (Bertelsen, aos 82’)



Final


21 de Junho, no Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid


Espanha - União Soviética: 2-1


Árbitro: Arthur Holland (Inglaterra)


Espanha: José Iribar, Feliciano Revilla, Fernando Olivella, Isacio Calleja, Ignacio Zoco, José Fuste, Amancio, Jesus Pereda, Marcelino Martinez, Luís Suaréz, e Carlos Lapetra. Treinador: José Villalonga


União Soviética: Lev Yashin, Victor Chusitkov, Albert Schesternev, Edouard Mudrik, Valeri Voronin, Victor Anickine, Igor Chislenko, Valentin Ivanov, Victor Pondedelnik, Alexei Korneev, e Galimzian Khusainov. Treinador: Gavril Kachalin


Marcadores: Pereda, aos 6’, Khusainov, aos 8’, e Marcelino, aos 84’.
Onze ideal do Europeu:



Yashin (União Soviética) Rivilla (Espanha) Olivella (Espanha) Amancio (Espanha) Novak (Hungria) Zoco (Espanha) Suaréz (Espanha) Bene (Hungria) Albert (Hungria) Ivanov (União Soviética) Pereda (Espanha)
Melhores marcadores:*


Pereda (Espanha) Bene (Hungria) Novak (Hungria)


*todos com dois golos
Legendas das fotografias:


1- Logotipo oficial do Espanha 1964


2- O "onze" da Espanha que fez história na final ante a poderosa União Soviética


3- Um momento do empolgante jogo das meias-finais entre espanhóis e magiares


4- Espanha celébra um golo na final contra os soviéticos


5. A estrela da selecção húngara: Florian Albert


6- Espanhóis posam para a fotografia já com a taça na mão


7- O treinador espanhol Villalonga é levado em ombros após a vitória final


8- Um dos muitos duelos da grande final


9- O palco da final: o majestoso Santiago Bernabéu, em Madrid


10- Primeira página do diário desportivo espanhol Marca noticiando a grande conquista


11- O espanhol Pereda, um dos melhores marcadores do Euro 64


12- Mais um momento de grande perigo protagonizado pela Espanha na grande final
Vídeo: ESPANHA - URSS



quinta-feira, maio 15, 2008

sexta-feira, maio 09, 2008

História dos Europeus de Futebol (1)... França 1960

Vamos dar hoje início a uma maravilhosa viagem pela não menos maravilhosa História dos Campeonatos da Europa de Futebol. À semelhança do que temos vindo a fazer com os Mundiais iremos relatar as principais histórias e factos da mais importante competição europeia. Inauguramos esta vitrina quando falta menos de um mês para na Áustria e na Suíça ter início a 13ª edição do Europeu de futebol. E como em todas as histórias vamos começar pelo início, isto é, por fazer uma viagem até 1955 ano em que o francês Henry Delauny, secretário-geral da UEFA, teve a ideia de criar uma competição continental ao nível de selecções. Na altura, eram disputados três grandes torneios no âmbito de selecções no Velho Continente, mais precisamente o Campeonato Internacional das Nações Britânicas (o qual juntava a Inglaterra, a Escócia, o País de Gales, e a Irlanda do Norte), a Taça Nórdica (disputada pela Dinamarca, Finlândia, Noruega, e Suécia), e o Campeonato da Europa Central (no qual participavam a Áustria, Hungria, Checoslováquia, e a Suíça). E eis então que nesse ano de 1955 Delauny propôs a criação de um campeonato que agregasse todas as nações da Europa, uma ideia que no entanto não seria bem acolhida por muitas da potências futebolísticas europeias da época, casos das selecções britânicas, da Alemanha, da Itália, e ainda da Suécia. Ficou desde logo definido que a nova competição se passaria a denominar Taça da Europa das Nações, nome que seria definitivamente alterado para Campeonato da Europa de Futebol, em 1968. Ficou igualmente assente que a competição seria disputada de quatro em quatro anos, à semelhança do que acontecia com os Campeonatos do Mundo. Em termos de formato foi definido que a Taça da Europa das Nações seria disputada por rondas pré-eliminares até aos quartos-de-final (jogadas sempre a duas mãos), sendo que as meias-finais, o jogo dos 3º e 4º lugares, e a final eram consideradas as verdadeiras fase finais da competição, e seriam disputadas num dos quatro países qualificados para essa fase final. A primeira fase final, ou primeiro Europeu, se preferirem, foi disputado no ano de 1960, sendo que as eliminatórias começaram dois anos antes. O pontapé de saída foi dado em Dublin, na República da Irlanda, a 5 de Abril, num jogo entre a equipa da casa e a Checoslováquia, tendo o primeiro golo sido da autoria do irlandês Liam Tuohy. Até à fase final seriam realizadas mais 24 partidas. Refira-se que nesta primeira fase de qualificação inscreveram-se 17 países (República da Irlanda, Checoslováquia, União Soviética, Hungria, França Grécia, Roménia, Turquia, Noruega, Áustria, Jugoslávia, Bulgária, República Democrata da Alemanha, Portugal, Polónia, Espanha, e Dinamarca). E os primeiros participantes da fase final de um Europeu seriam a Checoslováquia, a União Soviética, a Jugoslávia, e a França. E seria a este último país que a UEFA entregaria a responsabilidade de acolher a fase final da nova competição.


Domínio dos países de leste na fase final

E eis que chegamos ao momento alto da nova competição continental, o momento em que quatro selecções iriam lutar pela conquista da Taça da Europa, um bonito troféu que seria mais tarde baptizado com o nome do mentor desta prova, Henry Delauny, que não chegaria a ver o seu sonho ser tornado em realidade, uma vez que faleceu algum tempo antes da fase final. E o pontapé de saída foi dado no majestoso Parques dos Príncipes, em Paris, a 6 de Julho de 1960, que recebeu as equipas da França e da Jugoslávia, em jogo referente à primeira meia-final da competição. Um jogo que ficaria para a história, não só porque se tratou do primeiro de uma fase final do Europeu mas também pela grandioso espectáculo protagonizado pelas duas equipas. Os franceses mesmo sem a sua maior estrela da altura, Just Fontaine, que dois anos antes havia brilhado no Mundial da Suécia, estavam convencidos que iriam demonstrar em campo toda a sua superioridade para assim chegar ao primeiro sucesso europeu. Não foi a ausência de Fontaine que afectou a exibição dos franceses que estiveram em grande parte do jogo à frente do marcador. O golo inaugural da fase final foi no entanto apontado pelos visitantes por intermédio da sua estrela maior, Milan Galic, aos 11 minutos. Um minuto depois Vincent igualou para a França, para aos 43 minutos François Heutte colocar os anfitriões pela primeira vez na frente. Na 2ª parte o espectáculo continuou e aos 53 minutos Wisniesky aumenta a vantagem da França. Contudo, do outro lado estava uma grande equipa que nunca se deu por vencida, e aos 55 minutos reduz a desvantagem por intermédio de Zanetic. A faltar menos de meia hora para o árbitro belga Gaston Grandain dar por terminado o jogo o Parque dos Príncipes entra em delírio com o quarto golo da equipa da casa, da autoria de François Heutte, que bisava assim na partida. Poucos acreditariam que Les Blues não estariam na grande final. Mas o sonho acabaria por virar pesadelo em apenas cinco minutos, com os jugoslavos a apontarem três golos e a colocarem o resultado final em 5-4 a seu favor, carimbando o passaporte para a final. Tomislav Knez, aos 75 minutos, e Drazen Jerkovic, aos 78 e 79 minutos, foram os homens que calaram o anfiteatro parisiense. A outra meia-final foi disputada em Marselha, no Stade Velodrome, entre soviéticos e checoslovacos. Um jogo onde os soviéticos liderados pelo grande guarda-redes Lev Yashin desde cedo deram mostras de querer vencer. As oportunidades de golos do jogo pertenceram-lhes quase todas, não sendo de estranhar que derrotassem a sua congénere da Checoslováquia por 3-0. A estes últimos nem a sua estrela-mor, Masopust, considerado um dos melhores jogadores do Mundo da época, lhes valeu. A grande estrela do jogo foi Yashin, apelidado pelos críticos do futebol como a "aranha-negra" e tido por muitos como o melhor guardião de sempre. Neste jogo defendeu uma grande penalidade.


O último lugar do pódio…


A 9 de Julho o Velodrome de Marselha recebia a partida para a apurar os 3º e 4º classificados. Ao campo subiam as equipas derrotadas nas meias-finais, França e Checoslováquia. Os franceses ainda abalados pelo "terramoto jugoslavo" dias antes entraram em campo com várias alterações no seu "onze". Para eles ser segundos no "seu" Europeu era igual a ser últimos. Postura diferente foi encarada pelos checoslovacos que entraram em campo com o pensamento na vitória desde o apito inicial. Além de que acabar a competição no último lugar do pódio era uma situação de algum prestígio. Os franceses arrastaram-se pelo campo durante todo o jogo, facto aproveitado pelos jogadores de leste para se adiantar no marcador aos 58 minutos por Bubnik. Acabariam por selar o triunfo a dois minutos do fim por intermédio de Pavlovic.


…e a grande final

A 10 de Julho o Parque dos Príncipes engalanou-se para receber os dois finalistas do evento. Sob a arbitragem do inglês Arthur Ellis soviéticos e jugoslavos entraram em campo com vontade de fazer história. Do lado dos soviéticos a transpiração, do dos jugoslavos a inspiração. É desta forma que se pode fazer a leitura desta final. O futebol rendilhado e mais técnico dos jugoslavos seria ultrapassado pelo rigor, pela força e pela frieza táctica soviética. Jugoslávia que aproveitando a sua frescura física se adiantou no marcador aos 43 minutos por Milan Galic. No segundo tempo a União Soviética puxou dos seus galões e empatou o jogo ao minuto 49, por Metreveli. Com alguma dificuldade a equipa jugoslava ainda conseguiu levar a decisão para prolongamento. E aos 113 minutos os soviéticos deram a machadada final ao apontar o segundo, por Victor Ponedelnik, sendo que para a desgastada Jugoslávia era já quase impossível dar a volta ao marcador. Comandados por Yashin, e influenciados por "astros" como Valentin Ivanov, e Igor Netto a União Soviética sagra-se assim a primeira CAMPEÃ DA EUROPA DE NAÇÕES. Os soviéticos foram uns vencedores justos, embora não tenham entusiasmado. Contudo, mereceram a vitória graças à sua condição física e determinação. E ainda por levarem o novo torneio mais a sério que outros.


Meias-finais


6 de Julho, em Paris
França – Jugoslávia: 4-5 (Vincent, 12’; Heutte, 43’ e 62’; Wisnieski, 53’) (Galic, 11’; Zanetic, 55’; Knez, 75’; Jerkovic, 78’ e 79’)


6 de Julho, em Marselha

Checoslováquia – União Soviética: 0-3 (Ivanov, 34’ e 56’; Ponedelnik, 66’)


Jogo dos 3º e 4º lugares


9 de Julho, em Marselha

Checoslováquia – França: 2-0 (Bubnik, 58’; Pavlovic, 88’)
Final 

10 de Julho, em Paris

União Soviética – Jugoslávia: 2-1

Árbitro: Arthur Ellis (Inglaterra)

União Soviética: Lev Yashin, Givi Chokheli, Anatoli Maslenkine, Anatoli Krutikov, Iouri Voinov, Igor Netto, Slava Matreveli, Valentin Ivanov, Victor Ponedelnik, Valentin Boubokine, e Mikhail Meshki. Treinador: Gavril Kachalin

Jugoslávia: Blagoge Vidinic, Vladimir Durkovic, Fahrudin Jusufi, Ante Zanetic, Jovan Miladinovic, Zeljko Perusic, Dragoslav Sekularac, Drazen Jerkovic, Milan Galic, Zeljko Matus, e Bora Kostic. Treinador: Ljubomir Lovric

Golos: Galic (43’), Metreveli (49’), e Ponedlenik (113’). Onze Ideal do Europeu:

Yashin (União Soviética) Durkovic (Jugoslávia) Masopust (Checoslováquia) Ivanov (União Soviética) Novak (Checoslováquia) Metreveli (União Soviética) Netto (União Soviética) Sekularac (Jugoslávia) Kostic (Jugoslávia) Galic (Jugoslávia) Ponedelnik (União Soviética) Melhores marcadores:*

Heutte (França) Galic (Jugoslávia) Jerkovic (Jugoslávia) Ivanov (União Soviética) Ponedelnik (União Soviética)

*todos com dois golosLegendas das fotografias:

1- Logotipo oficial do primeiro Campeonato da Europa de Futebol

2- A bonita taça que premeia o vencedor do Europeu, baptizada de Henry Delauny

3- Soviéticos saudam o público após garantirem o triunfo na final

4- O palco da primeira final do Euro: o Parque dos Príncipes, de Paris

5- Capitão soviético Netto ergue a taça

6- O lendário guarda-redes Lev Yashin, considerado a grande estrela deste Europeu 1960

7- François Heutte, o melhor marcador da França no Euro 1960

8- Dois capitães de equipa cumprimentam o árbitro inglês Ellis antes do pontapé inicial da final

9- Soviéticos dão a volta de honra ao campo com o capitão Netto a segurar o troféu conquistado

10- Yashin e Netto mostram a taça na chegada a Moscovo

11-A equipa da casa: a França

12- Victor Ponedelnik, o autor do golo do triunfo na final

13- Uma das grandes estrelas deste primeiro Euro, o jugoslavo Milan Galic

14- O "onze" da União Soviética que ficou imortalizado na história


Vídeo: URSS - JUGOSLÁVIA



sexta-feira, maio 02, 2008

Lista de Campeões... Liga Intercalar

A Liga Intercalar foi talvez a competição do futebol português que teve a vida mais curta! Surgida na temporada de 2007/08 a prova era destinada aos jogadores jovens e aos menos utilizados dos clubes que nela participaram. A 1ª edição foi disputada por clubes das associações de futebol do Porto (associação fundadora da prova) e de Braga, sendo que nas duas edições posteriores a competição seria alargada aos clubes da Associação de Futebol de Lisboa. Quando se pensava que estariamos perante uma prova com futuro, um verdadeiro campeonato nacional de reservas, eis que em 2009/10 a Liga Intercalar chegou ao fim. Seguidamente deixamos aos visitantes dos três únicos campeões da prova.

2007/08: VARZIM

2008/09: FC PORTO

2009/10: ESTORIL