A lendária equipa do FC Start |
Contudo,
há por ventura um filme que ocupa nas preferências de muitos entusiastas do Belo Jogo o lugar mais alto do pódio, no
que a filme de futebol diz respeito. Talvez assim o seja pela carga dramática,
e ao mesmo tempo emotiva, que a película carrega consigo, onde um grupo de
homens ousou desafiar a morte! Intitulado de "Fuga para a Vitória"
este mítico filme retrata a história daquele que ficou conhecido como o
"Jogo da Morte", um episódio da vida real acontecido em Kiev a 9 de
agosto de 1942.
Não é do filme realizado por John Huston e protagonizado por Michael Caine, Sylvester Stallone, Pelé, ou Osvaldo Ardiles, entre outros, que vamos falar - embora aconselhemos vivamente a vê-lo - mas antes da histórica verídica que esteve na sua génese.
O monumento que eterniza este jogo histórico |
Hitler
chamou a conquista de Kiev como "a maior batalha da história
mundial". A ocupação nazi impunha trabalho escravo à população local, a
qual era perseguida, presa, torturada e assassinada sempre que oferecia
resistência. Durante longos períodos desta ocupação, o povo de Kiev teve sua
ração alimentar reduzida a 200 gramas de pão por semana (o tamanho de uma caixa
de fósforos) e foi obrigada comer cães, ratos, corvos, e até esterco de vaca
para se alimentar! Reza a história que apenas em Kiev mais de 100.000 pessoas morreram
de fome.
Hitler
nutria, aliás, um ódio feroz pela União Soviética, nação que para si era a
personificação do Diabo, pois continha judeus, doisheviks e eslavos. Durante a
ocupação nazi mais ucranianos morreram na guerra do que qualquer outra nação: estima-se
entre 800 mil a 1 milhão de mortes (um terço de todas as perdas soviéticas).
E foi no meio de toda esta crueldade que se dá o tal evento desportivo que entrou para a história como o "Jogo da Morte". Importante será referir que no meio deste cenário de terror imposto pelas tropas nazis o futebol era um dos únicos refúgios da população de Kiev. Por esta altura, dois dos mais importantes clubes locais, o Dínamo e o Lokomotiv davam cartas nos retângulos de jogo. Os primeiros eram a equipa da polícia local, e viriam anos mais tarde a tornar-se numa das maiores potências do futebol soviético; ao passo que os segundos eram um conjunto constituído por operários ferroviários. Ambos os clubes estavam no auge até à invasão nazi, sendo que ambos seriam forçados a dissolver-se aquando a tomada de Kiev.
Um lance do Jogo da Morte |
A equipa do Start era aquilo que se chama uma verdadeira máquina de futebol, vencia todos os encontros em que participava, um facto que não escapou aos olhos dos alemães. Auto-intitulando-se como invencíveis, mais fortes que os seus semelhantes, os alemães viram nesta equipa uma oportunidade para subjugar e humilhar ainda mais os ucranianos, de tal modo que não demorou muito tempo a formarem uma poderosa equipa que tinha como missão defrontar e vencer o FC Start. Essa equipa alemã foi denominada de Flakelf e era composto por composta por membros da brigada antiaérea da Luftwaffe, a força aérea germânica. Este combinado alemão da força aérea era considerado o que os alemães tinham de melhor em Kiev.
O primeiro duelo entre os dois conjuntos, realizado no dia 6 de agosto de 1942, terminou com a vitória do Start por 5 a 1, resultado que foi considerado como uma humilhação para os germânicos, que de pronto exigiram a desforra.
A
notícia deste episódio - derrota - não só chegou a Berlim – e consequentemente
aos ouvidos de Hitler –, como também encheu de orgulho o povo ucraniano, que
assim via na figura dos craques padeiros os seus heróis nacionais.
Um aspeto atual da tribuna do Estádio Zenti |
E para garantir a vitória os alemães escolheram para árbitro do jogo um agente da Gestapo, o qual antes do apito inicial foi ao balneário da equipa do Start deixar o seguinte aviso: 'Vencer é morrer, perder é sobreviver!'. Ordenou ainda que os jogadores ucranianos fizessem a saudação nazi antes do início do encontro.
Estes,
não só não a fizeram como partiram para outro recital de futebol sobre a turma
alemã, que foi reforçada com outros jogadores de nomeada do futebol germânico
de então. O árbitro nazi fez vista grossa a rudes entradas dos alemães sobre os
ucranianos. Tudo valia para fazer enaltecer a raça ariana, desde socos no
guarda-redes do Start e pernas partidas a um ou outro jogador desta equipa.
O cartaz do Jogo da Morte |
De
aspeto sub-nutrido, esmurrados, cansados, o que é certo é que os jogadores
ucranianos não desanimaram e conseguiram efetuar uma fantástica reviravolta no
marcador ainda antes do intervalo, indo para o descanso a vencer por 3-1. Neste
período um outro oficial nazi entra no balneário do FC Start e relembra o
ultimato feito antes do pontapé de saída: 'Vencer é morrer, perder é
sobreviver!'.
No
reatamento a ameaça parece ter surtido efeito, já que os alemães marcam por
duas vezes. Dois golos que talvez tenha despertado o orgulho e ao mesmo tempo a
fúria dos ucranianos que quase de seguida apontam mais dois golos. 5-3, o
resultado final de um jogo que entrou para a história.
De orgulho ferido os nazis não perdoaram este humilhação, sendo que os jogadores ucranianos foram presos e torturados e quatro deles foram mortos. Esta é apenas uma das muitas versões de como acabou a fabulosa história do FC Start. Certo é que este triunfo entrou na história como um dos mais macabros acontecimentos do Planeta da Bola.
Conhecia este triste acontecimento.
ResponderExcluirJoão Moreira
ResponderExcluirOi! Encontrei um jogo valioso de futebol.
Brasil contra Argentina 1995.
https://youtu.be/Z5Bl45bl-Qs