Poucos
serão os jornalistas desportivos a quem se lhes perdoa – ou perdoou, no caso
daqueles que já nos deixaram – o facto de não esconderem a sua fervorosa paixão
por determinado clube que não aquele pelo qual o nosso coração bate. Por outras
palavras, poucos serão os mestres da pena
que ao longo da sua carreira recolheram aplausos e sobretudo são – ou foram –
merecedores da admiração de adeptos de todos os clubes pelo profissionalismo
exibido ao longo da sua carreira. Poucos serão ainda os que exibiram valores
como honestidade, justiça, imparcialidade, rigor, e claro está, talento para a
criação de verdadeiras prosas jornalísticas desportivas que serão lidas e
relidas eternamente tal e qual as grandes obras de vultos da História literária
de Portugal.
Em
suma, nomes que serão eternos quando o tema de conversa for: “grandes
jornalistas desportivos”, ou “verdadeiros jornalistas”. Uma “espécie” em vias
de extinção na atualidade no que ao jornalismo desportivo diz respeito, há que
dizê-lo.
Mas a
nossa figura de hoje apesar de pertencer a uma geração passada de grandes vulto
da comunicação social desportiva, continua no ativo, a brindar todos aqueles
que gostam de bom jornalismo com as suas histórias e talento para fazer bailar
as palavras.
Essa
ilustre figura é Vítor Cândido, notável jornalista que sobressaiu sobretudo ao
serviço de A Bola… e adepto confesso
do Sporting Clube de Portugal.
Natural
do Concelho de Arganil, Vítor Cândido foi não só um notável jornalista do
jornal da Travessa da Queimada como também um dedicado colaborador e dirigente
do clube de Alvalade.
Foi precisamente
o seu amor pelo Sporting que o introduziu no mundo do jornalismo desportivo,
quando ainda jovem acompanhava religiosamente algumas modalidades ditas
amadoras na toca do leão, o mesmo
será dizer, Alvalade.
Os
combates de boxe travados pelos pugilistas do seu amado clube a que assistia,
levaram elementos desta secção a convidar o então jovem Vítor Cândido a
colaborar mais de perto com esta. Depois do boxe seguiram-se as lutas amadoras
e o halterofilismo, secções que constatando in
loco a dedicação e competência daquele jovem em prol do Sporting também o
“requisitaram” para dar uma ajuda… nas “catacumbas” de Alvalade, como o próprio
Vítor Cândido ainda hoje se refere, com carinho e saudade, aos locais (sombrios)
onde estas modalidades então se desenvolviam/eram praticadas no reino do leão. Cenário bem diferente
daquele que é oferecido hoje no moderno e confortável Pavilhão João Rocha, a
casa das modalidades do Sporting. Outros tempos.
A sua
dedicação, sempre a custo zero, ao Sporting valeu-lhe em meados dos anos 80 um
convite da Direção presidida por Amado de Freitas para integrar os quadros
diretivos leoninos. Mas muito antes
deste convite um outro convite haveria de mudar a vida do jovem Vítor. Enquanto
acompanhante atento das modalidades do clube foi convidado pelo Jornal Sporting
(então o único órgão de oficial dos leões)
para escrever uns textinhos sobre as competições em que muitas dessas secções
do clube participavam. Era o pontapé de
saída de uma brilhante carreira de jornalista.
Os seus
atributos não demoraram a sair das fronteiras de Alvalade e eis que certo dia
recebe um telefonema do chefe de redação da Rádio Comercial, Fernando Correia,
que sabendo que Vítor Cândido acompanhava muitas competições dessas modalidades
lhe acenou com um convite de colaborador da rádio – que consistia em transmitir
à estação de rádio os resultados das várias competições, atendendo a que esta
não tinha então colaboradores em muitas das chamadas modalidades amadoras.
Uma
semana depois deste convite recebe outro telefonema. Era A Bola. Nomes históricos deste jornal, como Carlos Pinhão e Homero
Serpa convidam o jovem Vítor Cândido – que na altura, em termos profissionais,
era técnico de vendas – para colaborador.
Em
inícios dos anos 80 fixa-se no jornal da Travessa da Queimada, em cujas
páginas, nas décadas seguintes, cravou largas centenas – porque não dizer
milhares – de peças jornalísticas que fizeram a delícia dos verdadeiros amantes
do desporto, em particular do futebol. Fossem eles sportinguistas,
benfiquistas, portistas, ou de qualquer outro emblema.
Aliada
à sua mestria jornalística exibia com simplicidade à sua figura simpática e
amigo do seu amigo, traços de uma personalidade que lhe valeram não só a
admiração mas acima de tudo a amizade de centenas de figuras ligadas ao
desporto, independentemente da camisola que defendiam ou amavam. Quantos
jornalistas poderão gabar-se de terem cultivado amizade com “gentes” de
inúmeros clubes? Só os grandes, sem dúvida.
Paralelamente
à carreira de jornalista Vítor Cândido continuou ligado ao seu Sporting na
condição de dirigente, ora coordenando algumas modalidades amadoras, ora como
dirigente do futebol juvenil leonino. A sua dedicação extrema ao clube seria
por diversas vezes reconhecida, como por exemplo em 1981, altura em que foi
distinguido (na qualidade de dirigente do ano) com o Prémio Stromp, tão só o
mais alto galardão do Sporting.
No
jornalismo foi também por diversas vezes galardoado, destacando-se entre os
muitos prémios o de “Jornalista do Ano”, atribuído pela Associação Nacional de
Treinadores de Futebol, bem como o prestigiado Prémio Cândido de Oliveira.
Na
atualidade, Vítor Cândido tem exibido os seus créditos de exímio contador de
histórias na Sporting TV (televisão oficial do seu clube), dando vida a
inúmeros programas onde o passado se cruza com o presente.
Gostaria de ter uma conversa consigo. Já fomos amigos acerca de 60 anos. Um abraço
ResponderExcluirO Sr.Vitor Cândido enorme Jornalista e grande Enciclopédia de tudo que é SCP. Parabéns Mestre
ResponderExcluirCapitão de Halterofilismo nos anos 80 excelente pessoa e sportinguista de gema
ResponderExcluirGrande ser humano a maior enciclopédia do sporting clube de Portugal,um dos maiores defensores das suas gentes um forte abraço
ResponderExcluirLenda viva do jornalismo desportivo e do seu clube do coração. Um Amigo pra vida que tenho o privilégio de conhecer! Abraço Vítor Saúde.
ResponderExcluirUn profesional como pocos en Portugal.
ResponderExcluirUn caballero. Gran marido y buen padre, pero sobre todas las cosas un monumento a la amistad.
Que suerte que tuve en conocerte amigo Vítor! 💚
Mario.
Amigo Vítor Cândido, gostaria muito de um dia por poucos minutos falar consigo até por telefone. Eu também sou um grande contador de histórias, desde o c.o.l. ao meu grande S.C.P. grande abraço.
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