terça-feira, dezembro 23, 2014

Nomes e números da Taça Intercontinental (20)... 1981

TAÇA INTERCONTINENTAL

Ano de 1981
Esta foi sem dúvida umas das finais mais memoráveis da longa história da Taça Intercontinental. Frente a frente duas equipas lendárias, o poderoso e glorioso Liverpool dos anos 70 e inícios dos anos 80, e o mágico e fantasista Flamengo liderado pelo astro Zico. Levaram a melhor os brasileiros, graças a um recital de bola que eclispou por completo a aramada britânica.

Flamengo (Brasil) - Liverpool (Inglaterra): 3-0

Data: 13 de dezembro de 1981
Estádio: Nacional de Tóquio (Japão)
Árbitro: Rubio Vásquez (México)

Flamengo: Raul, Leandro, Mozer, Júnior, Marinho, Amdrade, Tita, Adilio, Zico, Lice, e Nunes. Treinador: Paulo Carpegiani.

Liverpool: Grobbelaar, Neal, Thompson, Hansen, Lawrenson, R. Kennedy, Lee, McDermott (D. Johnson, aos 51m), Souness, C. Johnson, e Dalglish. Treinador: Bob Paisley.

Golos: 1-0 (Nunes, aos 12m), 2-0 (Adilio, aos 34m), 3-0 (Nunes, aos 41m).
A épica final de 1981é ainda hoje descrita como um hino ao futebol espetáculo. Aqui fica pois o resumo desse clássico guardado religiosamente no baú do site brasileiro Imortais do Futebol: "A tarde em Tóquio era fria, mas de céu azul e um sol digno de Rio de Janeiro. O Flamengo parecia em casa diante daquele cenário e da torcida quase toda ao seu favor. Jogando de branco, o clube brasileiro queria impor seu jogo logo no início para não sofrer qualquer tipo de pressão inglesa. Mas os brasileiros apelaram. Desde o início, o Flamengo mostrou quem dava as cartas e quem realmente era bom de bola. O gramado estava queimado por causa do frio japonês, mas ainda sim era muito bom para o toque de bola refinado do time carioca. As jogadas saíam com naturalidade, sem pressa, na mais pura arte. O Liverpool não encontrava espaços diante de uma equipe muito bem armada por Paulo César Carpegiani, que sabia da qualidade de seus jogadores e conseguia montar um time compacto e flexível. Tanta qualidade resultou em gol logo aos 13 minutos. Nunes, pela esquerda, toca de calcanhar para Mozer. O zagueiro deixa com Zico no meio. O mesmo Nunes que havia tocado já partia em velocidade lá na frente. Zico viu. E fez um lançamento magistral para o “João Danado”, artilheiro das decisões. A bola foi de encontro ao atacante, o zagueiro Thompson tentou cabecear, mas furou. Nunes ajeitou e só tocou na saída do goleiro: 1 a 0. A festa começava no estádio Nacional. Com a vantagem no placar, o Flamengo tratou de esbanjar ainda mais a sua categoria. Toques rápidos pelo meio, avanço dos laterais, categoria de Júnior, dribles de Adílio, segurança absoluta de Andrade, plasticidade de Leandro, visão e desenvoltura de Zico… Era lindo ver aquele Flamengo jogar. Quer dizer, desfilar. Aos 33´, McDermott derruba Zico na entrada da área inglesa. Falta perigosa. O Galinho podia bater direto, ao seu jeito, e marcar um golaço característico, ou mesmo cruzar para Nunes, Lico ou Tita. Zico bateu direto, o goleiro Grobbelaar não segurou, Lico tentou, mas foi Adílio quem colocou a bola pra dentro: 2 a 0. Na comemoração, o “Neguinho Bom de Bola”, apelido criado pelo radialista Waldyr Amaral, mandou beijos para sua esposa na arquibancada – o craque estava em lua de mel (!). Mas quem estava de lua de mel era a torcida rubro-negra, que se encantava cada vez mais com seu time. Aos 41 minutos, Adílio começa uma jogada pela direita e toca para Zico no meio. O craque da camisa 10, que já havia participado dos dois primeiros gols, deixa Nunes sozinho com um passe milimétrico na direita no exato momento em que o camisa 9 parte em disparada. A zaga inglesa, em linha, deixou Nunes livre, que correu, correu e chutou no canto direito do goleiro Grobbelaar: 3 a 0. Não havia o que dizer. Nem o que temer. O Flamengo já era campeão mundial de futebol. Com três gols de diferença, Zico inspirado e um futebol virtuoso, os ingleses jamais teriam forças para reverter aquele placar. Já campeão do mundo, o Flamengo gastou a bola na segunda etapa. Os brasileiros estavam mais do que satisfeitos com a goleada construída na etapa inicial e não queriam humilhar os ingleses, que nem sequer foram mais incisivos no ataque. Eles ficaram postados na defesa, sem criatividade alguma e burocráticos. A torcida só teve o trabalho de curtir o show e os toques de Júnior, Leandro, Adílio e Zico, as disparadas de Lico e Tita, a ajuda de Nunes na marcação, a precisão e sutileza de Andrade, Mozer e Marinho, estes dois perfeitos na cobertura, nas jogadas aéreas e nos desarmes. Dava pena do goleiro Raul, que só ficava vendo aquele monte de jogadores à sua frente e nem sequer podia se aquecer do frio fazendo defesas. A zaga não deixava! Mas não tinha problema algum. Quando o juiz mexicano apitou o final do jogo, os torcedores podiam, enfim, soltar o grito de campeão.
O Flamengo campeão do Mundo
Vídeo: FLAMENGO - LIVERPOOL

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